12 de janeiro de 2011

Melechesh: explicações faixa-a-faixa de The Epigenesis


O guitarrista/vocalista Ashmedi, do MELECHESH, publicou as explicações, faixa a faixa, das músicas do álbum “The Epigenesis”, lançado em outubro pela Nuclear Blast Records.
Leia as explicações abaixo:
“Ghouls Of Nineveh” (Monstros de Nineveh):
"Esta canção mostra como um riff pode ser eficaz e devastador! É muito poderoso e vive, quebra o pescoço. A música em si gira em torno de um riff singular, não muito comum no metal extremo. Algumas pessoas esperavam um começo padrão para o álbum, ou seja, uma canção mais rápida, e rejeitamos a ideia. Essa música dá o mote para um álbum multi-facetado. Esta música é quase como um hino. “Ghouls Of Nineveh” gira em torno de divindades Sírio/Mesopotâmia, que são os Annunaki.
Alguns dos sinos de bronze que você ouve são resultado de um pilão de cobre e um almofariz que encontrei na minha casa em Jerusalém, onde passei minha infância e que peguei quando a visitei. O pilão de cobre e o almofariz já estavam em minha casa, há muito tempo, e ainda estavam quando eu fui por lá em 2009. Eu experimentei com ele e o som era brilhante.
Melhor do que qualquer sino que eu conheço. Então o confisquei e foi usado no álbum como um instrumento de percussão!

O solo de guitarra final foi improvisado no local e o belo solo de piano foi dividido entre o engenheiro Rubem e eu. Este Fazioli Grand piano custa tanto quanto uma casa em algumas partes dos EUA ($ 120,000), então eu estava um pouco cuidadoso com ele!"
“Grand Gathas Of Baal Sin” (Grandes Gathas para o Senhor Sin):
"Gathas são os escritos sagrados de Zaratustra. No entanto, eu gosto de integrar temas e fiz Gathas para o Senhor Sin (Baal não é apenas uma divindade, mas na verdade a palavra significa Senhor). Sin é o nome da divindade mesopotâmica da lua, por isso é um jogo de palavras. Musicalmente, essa música é para se assemelhar a um tumulto ou a um turbilhão de caos, com tons de riffs frenéticos, que rompe com escalas épicas do Oriente Médio e batidas. Os tons do tambor nesta música representam tambores de guerra ou de tambores rituais.
Com as caixas de som certas, os tons da bateria são explosivos e bombásticos.
O grupo cantando "Sin Baal Sin Baal" me lembra os rituais sufis. Há uma pequena parte no final como uma jam, com guitarras sem distorção. Isso foi puramente por acaso: a fita estava rolando e eu só conseguia ouvir a linha de bateria e fui improvisando em alguns canais. Eventualmente, nós pensamos 'ok, vamos usá-lo'. A nota final na música é a Santur Pérsico".
“Sacred Geometry” (A Sagrada Geometria):
"O significado da Geometria Sagrada remete à ideia de que o cosmos, embora caótico, tenha um sentido de ordem e de geometria definida, como, por exemplo, elementos cristalinos. Até mesmo o símbolo do caos é geométrico! Formas e padrões fazem da existência do real e surreal possíveis! Muitas estruturas divinas ou templos espirituais têm sido construídos sobre esse princípio! Mesmo Pitágoras estudou sobre esse assunto.
Ele descobriu que pressionando uma corda no meio produzia uma oitava relativa à nota da corda, basicamente uma versão maior da mesma nota, enquanto uma proporção de 2:3 produz uma quinta perfeita, e 3:4 produz uma quarta perfeita. Pitágoras acreditava que essas relações harmônicas davam à música poderes de cura que podiam "harmonizar" um corpo desbalanceado.
Simbolicamente, lírica e musicalmente, essa música é a geometria sagrada. O riff principal, o que soa muito cativante e oscila orientalmente, baseia-se em um padrão físico geométrico, mas também tem as oitavas e quintas! As letras falam sobre os Annunaki e sua mensagem aos filhos da Suméria (humanos). Eu fiz uma linha de vocais limpos, o que parecia expressivo e adequado. Além disso, formamos um coro com os membros da banda e que são um casal de amigos. Três senhoras vieram fazer as peças femininas abstratamente no fundo. Essa canção é um círculo perfeito!"
“The Magickan And The Drones” (O Mágico e os Sussurros):
"Essa música tem um approach mais black thrash, mas ainda tem partes épicas, como no início e no fim, bem como no meio.
A intro, tem uma sonoridade de uma guitarra elétrica vintage semi-acústica e foi improvisada enquanto eu estava em um projeto de estúdio, em Roterdão. Ela tem um sentimento desolador que define o clima. Um cenário do tipo “calma antes da tempestade”! Os riffs explosivos criam um ambiente ritualístico e prólogo proverbial. Então a música continua a todo vapor. A letra tem um duplo significado: o mitológico místico, mas também outro. Essa música, para mim, representa a perfeição de black/thrash metal e graciosamente adiciona elementos do rock! O “outro” sobrepõe diversos elementos, como guitarras que soam como chifres antigos (graças a alguns amplificadores vintage), enquanto o riff ritualístco continua. Parece muito apocalíptico. Essa é a sua História!"
“Mystics Of The Pillar” (Místicos do Pilar):
"Esta é uma das músicas que costumamos chamar de ritualística, profundamente enraizada nos sons do Oriente Médio. Essa música é hipnótica, é como uma serpente! Foi escrita num violão elétrico de 12 cordas e também foi gravada com ela.
No entanto, usamos cordas no fundo durante o álbum para manter um som coeso. Existem duas versões desta canção: ambas têm finais totalmente diferentes. Nós escolhemos uma para o álbum.
Nós não sabemos quando e se a outra vai ressurgir. Estou confiante de que irá. O título se refere aos místicos que dedicam suas vidas à meditação e, para atingirem seus objetivos espirituais, meditam sobre pilares de isolamento e de elevação espiritual simbólica. As letras não são para a frente e têm significados subliminares. A última nota, enquanto a guitarra está sumindo, você ouvir barulho das guitarras. Eu tinha vontade de gritar/tossir sobre o captador de guitarra. Foi espontâneo, mas queríamos mantê-lo já que ele tinha um charme sutil.
Na metade da música tem uma parte com uma Yayli Tanbur, tocada por Cahit Berkay (MOGOLLAR da banda de rock 60’s da Anatólia, ainda ativa). Plus Harun Kolcak é um cantor bem conhecido na Turquia e fez as ornamentações vocais enquanto eu estava, basicamente, falando em línguas nesta parte".
“When Halos Of Candles Collide” (Quando Halos das Velas Colidem):
"Uma música instrumental perfeitamente colocada, dá ao álbum uma nova dimensão. Esta composição me faz lembrar de ragas indianas. A peça começa com uma sitar indiana acústica, um instrumento com um som muito místico.
Parecia natural tocar e foi preciso muito para fazer esta parte completa. A parte do meio é feita com um violão de 12 cordas elétrico, que soa muito vintage. Moloch e eu meditavámos sobre a ideia de escalas indianas. Ele então gravou uma demo para esta parte que soou monumental. Nós decidimos usá-la.
Eu adicionei outras belas guitarras de 12 cordas e o híbrido violão elétrico/sitar. A peça gradualmente cai para a sitar novamente. Perfeito para a meditação e reflexão. É um fôlego necessário antes da faixa seguinte!"
“Defeating The Giants” (Derrotando os Gigantes):
"Esta canção começa com um riff de guitarra old school e uma melodia de sitar. O sitar dá a impressão de uma transição racional após o intrumental anterior. Os dois primeiros riffs da música foram escritas por volta de 1995-1996, em Jerusalém. Nós nunca pensamos em utilizá-los, pelo menos não até agora. Quando eu ouvi algumas fitas de ensaios antigas, daquela época, eu tinha os dois principais riffs acompanhados pela bateria e fiquei impressionado.
A parte intermediária e as pontes são diferentes e muito dinâmicas, com intensidade. Ainda tem rolos lógicos da bateria e, em seguida, uma batida quebra pescoço com quase apenas notas descendentes.
A canção retorna à sua intensidade e o que eu particularmente gosto é a maneira como ela termina. Ao invés de uma batida no prato Crash, há uma batida em um prato Ice Bell. É muito difinitivo e representa o fim de um ritual de banimento. O prato Ice Bell tem várias histórias conosco. Ele aparece em todos os álbuns do Absu, exceto o último, e em todos os álbuns do Melechesh, exceto o primeiro.
“Illumination - The Face of Shamash” (Iluminação - O Rosto de Shamash):
"Esta foi a primeira canção escrita para o álbum. Assim como eu tinha a demo em minhas mãos, eu suspirei de alívio. Esse foi o início, a primeira pedra do zigurate sonoro conhecido como “The Epigenesis”. Eu gravei vários tipos de cânticos de monges tibetanos. A música entra em uma blast beat, enquanto a batida dos pedais no bumbo mantém o ritmo das batidas do Oriente Médio. É uma música agressiva, mas ainda oferece quebras com melodias do Oriente Médio. As letras falam de meu alucinante, mas iluminador encontro com o deus do sol da Mesopotâmia, Shamash. Um monte de metáforas aqui! No Oriente Médio, Shams significa sol em árabe e Shemesh o mesmo em hebraico.
A música evolui de uma forma muito dramática e com um épico final. Nós a tocamos ao vivo em fevereiro passado. Ela não tinha nenhum título e nenhuma letra. Agora estamos ansiosos para levar essa música para o palco com um título pomposo e um cantar insano."
“Negative Theology” (Teologia Negativa):
"Como posso descrever isso? Muitos se adiantarão à conclusões antes de compreenderem o conceito. É a teologia negativa? Eu digo muitas vezes que é.
O princípio disto (da teologia) é proporcionar às pessoas um conjunto de orientações e esperança, o que não é tão ruim. Mas quando se olha para a quantidade de pessoas mortas, você tem que pensar! Mas, independentemente dessa questão, o título da canção se refere a isso? Eu digo: “Não”. Teologia negativa, na verdade, é um sistema de negar o que não é divino, com a esperança de descobrir o divino no final. Esse é um sistema de pensamento utilizado em cada crença! Foi utilizado para descobrir as ações dos Annunaki ou qualquer um dos criadores, se houver algum! Essa música foi feita com uma guitarra de 12 cordas e tem uma linha de bateria bastante técnica e dinâmica.
A música oferece alguns ritmos black metal de quebrar o pescoço. Compus essa música ao mesmo tempo em que estava num HEAVEN & HELL no “talo”. Coincidentemente e fatalmente, eu estava fazendo os vocais em estúdio, quando fui interrompido e informado que DIO havia falecido. Eu não podia mais trabalhar naquele dia, então eu tomei uma bebida e depois tentei gravar alguns vocais como um tributo. Foi muito duro. Então paramos a sessão depois de algumas horas e fui dormir."
“A Greater Chain Of Being” (Uma Grandiosa Cadeia do Ser):
“Esta é uma instrumental com instrumentos tradicionais do Oriental Próximo. Essa música representa música sufi ou a antiga música clássica oriental. Isso não é muito comum na vida social e no Oriente Médio, pois é considerado underground! É profundo e espiritual, e mostra a você, que deve enfrentar a si mesmo, meditando ou viajando. Temos feito tais composições no passado, porque nos sentimos próximos a elas. É outra dimensão de Melechesh. Muitos nos pediram para compor mais músicas como esta, porque não têm acesso a tal música. Foi um deleite nos obrigar, mesmo que teríamos feito isso de qualquer maneira. Desligue as luzes, computador, desligue o telefone e viaje. "
“The Epigenesis” (A Hipergênese):
"Disseram que é uma das nossas canções mais completas, realizadas com guitarras elétricas de 12 cordas. Chamaram isso de uma viagem ao mundo da Melechesh, ou também de Melechesh no modo psicodélico. É outra canção, embora auto-indulgente.
Não queríamos fazer uma demo para esta faixa, mas sim desenvolvê-la durante o processo de composição, que muitas vezes durava até as primeiras horas da manhã. Queríamos que os ouvintes se sentissem ali com a gente, na sala de ensaios. Os solos de guitarra foram improvisados, resultando numa sensação de improviso à música. Os solos foram registrados à noite, sem uma agenda.
Os corredores do estúdio duplicaram os pontos de ressonância. Sim, as reverberações dessa música eram "artesanais", colocando um microfone no corredor para pegar o som distante e o eco de nossas guitarras. Muitas coisas aconteceram durante a gravação desta canção, o que fez tudo funcionar perfeitamente como um quebra-cabeças construído. Você pode ouvir melodias elaboradas do Oriente Médio, heavy metal, thrash metal e de rock psicodélico, todos na mesma faixa. A faixa mais longa que já escrevemos. Um verso em nossas letras se refere a todos os títulos de nossos álbuns. Um conceito muito interessante para nós. Este é o testemunho da Epigênese".

A Epigênese foi gravada no recém construído Babajim Studios, em Istambul, Turquia. O álbum foi mixado por Rúben de Lautour e masterizado por Pieter Snapper. A banda escolheu gravar o álbum inteiramente em Istambul, em uma tentativa de capturar a atmosfera inspiradora. Babajim Studios é dirigido por alguns dos melhores engenheiros de som na Turquia.
A capa do quinto álbum foi feita pelo famoso ocultista e artista britânico John Coulthart, com quem a banda já havia trabalhado antes.
O Melechesh vai abrir para o Rotting Christ em sua próxima turnê de março/abril de 2011. Junto com eles estarão a banda de Death Metal polonês Hate, Abigail Williams (USA) e Lecherous Nocturne (USA).
As datas da turnê são as seguintes:
Março
9 - Jaxx – W. Springfield, VA
10 - Championship Bar & Grill – Trenton, NJ
11 - Montage Music Hall – Rochester, NY
12 - Rocko’s – Manchester, NH
13 - The Palladium – Worcester, MA
14 - Crazy Donkey – Farmingdale, NY
15 - Petite Campus – Montreal, QC
16 - Mod Club – Toronto, ON
17 - Blondie’s – Detroit, MI
18 - Peabody’s – Cleveland, OH
19 - Reggie’s Rock Club – Chicago, IL
20 - Station 4 – St. Paul, MN
22 - The Republik – Calgary, AB
23 - Starlite Room – Edmonton, AB
25 - El Corazon – Seattle, WA
26 - Hawthorne Theatre – Portland, OR
27 - DNA Lounge – San Francisco, CA
28 - Chain Reaction – Anaheim, CA
29 - The Key Club – Hollywood, CA
30 - Brick by Brick – San Diego, CA
31 - U.B’s Bar – Mesa, AZ

Abril
1 - The War Legion Underground – Amarillo, TX
2 - The Marquee – Tulsa, OK
3 - Rail Club – Ft. Worth, TX
4 - Emo’s – Austin, TX
5 - Walter’s – Houston, TX
7 - Brass Mug – Tampa, FL
8 - The Masquerade – Atlanta, GA
9 - Volume 11 – Raleigh, NC
10 - The Casbah – Charlotte, NC
Fonte desta matéria: Melechesh Official

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