Farlaine é um detetive do mundo do rock que trabalha para o ramo musical. Um dia, é obrigado pegar um caso e seguir uma garota que pode ter pistas valiosas sobre a misteriosa morte de um vocalista de heavy metal. Acaba preso num labirinto de corrupção, trapaça e assassinatos.
A História e as informações que você sempre quis saber sobre seu Artista/Banda preferidos, Curiosidades, Seleção de grandes sucessos e dos melhores discos de cada banda ou artista citado, comentários dos albúns, Rock Brasileiro e internacional, a melhor reunião de artistas do rock em geral em um só lugar. Tudo isso e muito mais...
9 de dezembro de 2010
Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 8
Olá pessoal! "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás" apresenta aos amantes do gênero mais algumas bandas obscuras e com discos marcantes que foram lançados nos anos 80 e início dos 90, período que engloba a famosa "Fase de Ouro do Hard Rock".
HEAVY PETTIN
Lettin Loose
(1983 - Polydor Records)
Vindo de Glasgow, a maior cidade da Escócia, o embrião desta banda data de 1975, quando os amigos de infância Gordon Bonnar (guitarra), Brian Waugh (baixo) e Gary Moat (bateria), começaram a tocar juntos. Mas oficialmente a carreira do Heavy Pettin (nome retirado do disco "No Heavy Petting", do UFO) começa mesmo em 1981, quando tocou pela primeira vez em sua cidade com o Cuban Hells, já tendo sua formação completa com o vocalista Steve Hayman e o guitarrista Punky Mendoza.
Tocando exaustivamente e com uma fita-demo que atraiu bastante interesse rodando pelo Reino Unido, a banda consegue um contrato com a Polydor, o que lhes possibilita uma co-produção com Brian May (Queen) e liberar um ótimo primeiro disco, "Lettin Loose", em 1983. E sabe-se lá qual motivo, as canções deste registro saíram também em outro disco autodenominado e apresentando uma outra capa.
Com um ótimo vocalista que chamou muita atenção, dois guitarristas talentosos e seção rítmica idem, o Heavy Pettin conquistou os críticos pela energia de seu rock´n´roll inocente, com refrãos bem sacados e solos cheios de melodias pegajosas. Faixas como "In And Out Of Love", "Love Times Love", "Rock Me" e "Devil In Her Eyes" resultaram em muita badalação em torno de seu nome, e logo de cara abrem as apresentações do KISS e Ozzy Osbourne pela Inglaterra.
O pessoal trabalha duro para ter chances de penetrar no concorrido e lucrativo mercado norte-americano, e a força de "Rock Ain´t Dead" (85) mantém a boa fase do conjunto, excursionando pela Europa com o Nazareth, Venom, METALLICA, Pretty Maids, Magnum, etc. Tudo ia bem e estavam fazendo seu nome.
Mas eis que, em 1987, sua gravadora resolve colocar o Heavy Pettin para representar o Reino Unido no concurso Eurovision. A canção escolhida para concorrer foi "Romeo", que iria entrar em seu terceiro álbum chamado "Big Bang". Resultado: o Heavy Pettin não se elege no dito concurso, e a Polydor, num gesto bastante camarada, dá as costas ao conjunto, não se dando ao luxo de nem mesmo lançar o álbum já gravado. Fim da história.
Tudo o que o Heavy Pettin construiu desmoronou, tanto que "Big Bang" ficou na gaveta ainda até 1989, quando o selo FM Revolver se dispôs a lançá-lo, mas o estrago foi mesmo grande, pois este disco recebeu críticas das mais diversas. O conjunto ainda libera o caça-níqueis "Demos ´98" (99) e um ao vivo "Heart Attack Live" no ano seguinte. Mas é só, infelizmente.
TWO-BIT THIEF
Another Sad Story … In The Big City
(1990 - Relativity Records)
Em termos de música pesada, é impossível não associar San Francisco (Califórnia, EUA) com a grande cena do Thrash Metal nos anos 80. Mas nesta cidade obviamente também se executavam outros gêneros que deram alguns bons nomes ao underground, e o Two-Bit Thief é um destes produtos gratificantes, mesmo que praticamente desconhecido.
O conjunto começou suas atividades em 1990, com a união dos amigos Andy Andersen (voz), Chris Scaparro (guitarra), Rick Strahl (baixo) e Eric Brecht (bateria). Assim como o Junkyard (Hard Rock - parte 02), este quarteto pertencia à cena punk da cidade, situação que perdurou por apenas alguns meses, pois, seja lá se foi com a entrada do guitarrista Ron Shipes ou uma opção decidida entre todos os músicos, o fato é que sua orientação musical acabou indo para os lados de um Hard Rock um tanto quanto visceral.
E o pessoal trabalha rápido, pois neste mesmo ano debutaram com "Another Sad Story… In The Big City", um trabalho com muita atitude e que não negava completamente as origens de seus músicos. Suas canções possuem uma seção instrumental que é Hard Rock, mas a voz gritada de Andy mantém influências do passado, com linhas vocais que lembram as bandas de Hardcore. Um cruzamento um tanto quanto difícil e que confunde o ouvinte numa primeira audição.
Também é impossível deixar de mencionar os covers para "Remedy" (Rose Tattoo's), e principalmente "Folson Prison Blues", onde destroem um clássico de Johnny Cash, transformando-o num suco de metal, punk e rockabilly em pouco mais de dois minutos e meio de execução.
Apesar de muitos considerarem "Another Sad Story… In The Big City" uma grande promessa, as ambições pelo mainstream da banda foram frustradas pelo apego que tinham com o underground. Quem iria prestar atenção em músicas tão nervosas, com letras que tinham conteúdo social e uns músicos que se vestiam com o desleixo punk? E nem vou entrar em detalhes sobre suas apresentações... Basta dizer que eram de uma energia crua e contavam com vários moicanos, amigos dos tempos idos, abrindo algumas rodas entre o público.
O conjunto segue aos trancos e barrancos, levando uma vida insana pelas estradas, liberando ainda "Gangster Rebel Bop" (93) e "One More For The Road" (95), quando decide encerrar suas atividades. O vocalista Andy Andersen ainda teve forças para montar um novo projeto chamado Andyboy, com canções mais acústicas e que contou com alguns ex-membros do Two-Bit Thief gravando como convidados, registro que também não vingou.
CRAAFT
Second Honeymoon
(1988 - RCA Records)
O Craaft é um dos pioneiros da cena rock´n´roll da Alemanha, pois começou suas atividades em Frankfurt no ano de 1983, tendo como núcleo inicial dois músicos que haviam tocado no grupo Tokyo: o vocalista Klaus Luley e o tecladista Franz Keil, que logo trazem para o time o guitarrista Reinhard Besser. O trio trabalha duro, vai refinando sua música e consegue um contrato com a gravadora Epic, que libera um debut auto-intitulado em 1986, numa linha musical com influência das bandas norte-americanas da época.
Como a repercussão é bastante favorável, o baixista Tommy Keiser (ex-Krokus) e o baterista Tom Schneider se juntam ao conjunto, e então o Craaft começa a excursionar com o Europe e QUEEN. Mesmo tendo conquistado bom terreno em pouco tempo, Besser se despede do grupo e, para seu segundo disco, o novo homem da guitarra é Marcus Schleicher.
E agora sim as canções de "Second Honeymoon" parecem ter saído de uma banda verdadeiramente alemã! Os arranjos estão praticamente irretocáveis para os amantes de Hard Rock melódico com referências do AOR. Com certa pompa, refrãos marcantes e teclados em profusão, as músicas mostram uma banda que faz questão de não abrir mão de guitarras com boas doses de distorção. Em suma, mesmo mais melódico, o Craaft honrou as boas posições alcançadas pelo trabalho anterior.
É um disco recomendado aos fãs do Bonfire, Scorpions e até mesmo do KISS da década de 80. Com um repertório bem variado, destacam-se pesos-pesados como "Chance Of Your Life", "Twisted Up All Inside", "Running On Love", e a bonita balada "Jane".
Mas a formação do Craaft continua instável e são adicionados Denny Rothardt (baixo) e Vitek Spacek (guitarra) para concluir seu terceiro e último registro, "No Tricks Just Kicks" (91). Infelizmente a gravadora não faz uma divulgação que renda frutos concretos fora do mercado alemão e, mesmo o grupo tendo colocado no mercado discos incríveis, sua carreira não dura por muito mais tempo e deixa muitos admiradores na saudade, em especial pelo continente europeu.
KIK TRACEE
No Rules
(1991 - BMG/RCA)
Formado em 1988, em Los Angeles, Califórnia, pelo vocalista Stephen Shareaux, os guitarristas Michael Marquis e Gregory Hex, no contrabaixo Rob Grad e nas baquetas Johnny Douglas, o Kik Tracee apareceu bem no finalzinho dos dias de glória do glam rock, recebendo amplo apoio de uma grande gravadora e tendo seus negócios gerenciados por ninguém menos que Sharon Osbourne.
Em 1991 a banda debutou em alto estilo com "No Rules", tendo Dana Strum (Slaughter) como o responsável pela sua produção. E, como bem disse Strum, este disco realmente é um cruzamento entre Living Colour, The Cult e Guns N'Roses.
Mas, como todos se lembram, a década de 90 não foi o melhor dos momentos para os grupos de Hard Rock... Mesmo assim, a banda ainda insiste e disponibiliza o EP "Field Trip" (92), com seis canções que não entraram em "No Rules". Mas este é outro registro que passa despercebido em meio à displicência do mercado para com as bandas que não tocassem música alternativa.
E nem mesmo os rumores de 1992, onde se cogitava que Shareaux seria o novo vocalista do MOTLEY CRUE, ajudaram a conseguir apoio para o Kik Tracee liberar outro disco, que já estava todo composto e acabou sendo rejeitado pela BMG. Resumindo: a banda termina no ano seguinte totalmente ignorada pelas grandes massas.
Shareaux ainda se manteve no meio musical fazendo parte do Flipp e criou ainda uma nova banda que tocava psicodélico chamada Revel 8. Já o guitarrista Gregory Hex montou o Deep Audio e o baixista Rob Grad se envolveu com o Superfine, projetos que não deram em absolutamente nada.
BLACKTHORNE
Afterlife
(1993 - Blackthorne Music)
O termo melhor aplicável para o Blackthorne é "Supergrupo"!
E não subestimem esta denominação. Este projeto ganhou forma no começo da década de 90 com o guitarrista Bob Kulick (que já passou pelo Meat Loaf, quebrou um "galho" para o KISS e W.A.S.P., etc). Aos poucos foram chegando músicos importantíssimos para o mundo do rock´n´roll, como o vocalista Graham Bonnet (Alcatrazz, Rainbow, MSG, Impelliteri, etc), o tecladista Jimmy Waldo (Alcatrazz), o baixista Chuck Wright (Quiet Riot, Giuffria, House Of Lords) e, por fim, o baterista Frankie Banalli (Quiet Riot, W.A.S.P.), que acabou substituindo o baterista original, Grag D´Ângelo (Antrax, White Lion).
Gravado em Hollywood, o disco trazia ainda alguns convidados também já conhecidos, como o irmão de Bob, Bruce Kulick (o famoso guitarrista do Kiss), Steve Plunket (do infame Autograph) e Astrid Yung (Sacred Child), colocando suas vozes nos refrãos. Há canções co-escritas em parceria com Mark Ferrari (Kell) em "Hard Feelings"; e Dennis St. James (Speedway Boulevard, Balance) na faixa "Breaking The Chains".
E com um time deste porte fica impossível não dar um voto de confiança ao Blackthorne... "Afterlife" é o único fruto desta união de estrelas e foi lançado em 1993, sendo que tanta habilidade reunida em prol da música resultou num disco de um rock´n´roll tão enlouquecido que, em algumas ocasiões, beira o Heavy Metal.
Com uma seção rítmica deliciosa, "Afterlife" tem como destaques a própria faixa-título, vigorosa e muito pesada; e a incrível "We Won't Be Forgotten", que se caracteriza pelo belo trabalho da guitarra e um refrão totalmente melódico. Há hards clássicos como a divertida "Breaking The Chains", onde os instrumentistas colocam seus egos para fora e praticamente brincam com a canção; e ainda "Over And Over" e "Baby You're The Blood".
Naturalmente que os compromissos de seus músicos não permitiriam que um projeto deste porte rendesse muito mais do que um registro. Tanto que, por exemplo, Banali levou adiante o então extinto Quiet Riot; Bonnet ainda cantou muito no Forcefield e posteriormente em sua carreira-solo, com o álbum "Underground" (97).
De qualquer forma, Blackthorne, assim como qualquer outro projeto onde Mr. Bonnet ponha sua voz crua e distintiva, fez de "Afterlife" um trabalho amado, odiado e até mesmo devidamente ignorado.
HONEYMOON SUITE
Racing After Midnight
(1988 - WEA Records)
Vindo do Canadá, o veterano Honeymoon Suite - assim chamado em homenagem às Cataratas do Niágara, a capital não-oficial das luas-de-mel canadenses - está na ativa desde o distante ano de 1982. Formado pelo vocalista Johnnie Dee e o guitarrista Derry Grehan, a dupla assina com a WEA de seu país e a formação se completa com Ray Coburn (teclados), Gary Lalonde (baixo) e Dave Betts (bateria).
Algumas músicas de seu primeiro disco auto-intitulado (84) entram no esquema dos vídeos-clipe, algo que estava começando naqueles tempos. Assim o disco se sai muito bem nas paradas de sucesso de seu país e, inclusive, no cobiçado mercado norte-americano, possibilitando excursões com o JETHRO TULL, Jouney e Heart.
A boa fase continua com "The Big Prize" (85), com vários hits que tocam agora também pelo continente europeu e Japão, com novas turnês que são bastante comentadas. Deste álbum, a canção "What Does It Take" foi incluída na trilha sonora do filme "One Crazy Summer", de John Cusack. E pelo jeito o Honneymoon Suite gostou da experiência, pois a partir daí emplacam várias faixas para séries de TV como "Miami Vice" e filmes como "Lethal Weapon", com Mel Gibson e Danny Glover; "The Wraith" e alguns outros.
Como Coburn deixa temporariamente a banda, seu terceiro álbum de estúdio, "Racing After Midnight", tem como tecladista Rob Preuss. Produzido por Ted Templeman (também produtor do Van Halen), o disco sai em 1988 e segue com a mesma fórmula já conceituada, mesclando muito Hard Rock com doses cavalares de pop. Graças às músicas "Love Changes Everything", "Looking Out For Number One", "Cold Look" e "It's Over Now", o álbum fica entre os 10 primeiros do Canadá, mas não obtém a mesma repercussão nos EUA.
Independentemente disto, este belo trabalho se caracteriza por ser o último álbum que consegue realmente fazer sucesso. Somente em seu país, as vendas de seus primeiros três discos excederam a 600.000 unidades, resultando por aí em muitas e merecidas premiações.
Em 1991, Lalonde e Betts deixam o conjunto, sendo substituídos por Steve Webster (da banda de Billy Idol) no baixo e Jorn Anderson na bateria. Neste mesmo ano lançam "Monsters Under The Bed", que consegue apenas uma moderada repercussão. Mas os canadenses gostam de sua música e vão tocando pelos anos seguintes com várias trocas de músicos, tendo somente os amigos Dee e Grehan como os membros da formação vencedora.
Somente em 2002 liberam outro álbum de estúdio chamado "Lemon Tongue", que sai sob um selo independente. E este mesmo álbum foi disponibilizado na Europa sob o título "Dreamland", com algumas canções inéditas. O Honeymoon Suite segue firme tocando em sua terra, tendo soltado em 2006 uma coletânea dupla chamada "Feel It Again: An Anthology", sendo um ótimo item para os amantes de rock´n´roll orientado para as rádios.
DIRTY WHITE BOY
Bad Reputation
(1990 - Polydor Records)
Um excelente conjunto cuja existência foi muito breve… O Dirty White Boy, inicialmente denominado China Bull, começou suas atividades em Los Angeles, Califórnia, no ano de 1988, tendo como fundador o conceituado guitarrista norte-americano Earl Slick, que fez fama ao tocar com John Lennon, David Bowie, Jonh Wait, entre vários outros.
Apesar de haver rumores de que Slick tenha tentado trabalhar com o vocalista Steve Hayman (ex-Heavy Pettin), o fato é que a formação do Dirty White Boy se completou com a voz de David Glen Eisley (ex-Giuffria), além de F. Kirk Alley no contrabaixo e Keni Richards (ex-Autograph) na bateria.
Com o time pronto, os músicos passam a trabalhar rapidamente nas canções de seu primeiro registro, liberado sob o nome "Bad Reputation". Mas não há sincronia entre os ouvintes: enquanto o público de seu país não mostra interesse nos singles "Lazy Crazy" e "Let's Spend Momma's Money", boa parte da crítica especializada tece elogios rasgados a seu rock´n´roll de alta qualidade embebido em blues.
Como as vendas não iam bem pelas terras norte-americanas, o Dirty White Boy não perde tempo e parte para extensas apresentações pela Europa, onde foram muito bem recebidos. Mas a política da gravadora acabou por dispensá-los rapidamente. Isso é que é vida curta...
Mas vários de seus músicos ainda estão na ativa e tocando com músicos conhecidos por aí. Slick juntou-se ao Little Caesar (Hard Rock 05), que até executava um som parecido com o do Dirty White Boy; David Glen Eisley mostrou as caras em Murderer's Row com Bob Kulick, tocou com seu velho colega Giuffria e ainda com o guitarrista Craig Goldy (Dio) no Craig Goldy´s Ritual.
Em 2001, Eisley lançou seu segundo álbum solo, "The Lost Tapes", que inclusive traz três canções ("Boot Hill Blues", "Lay Down Your Love" e "Back Of My Hand") que tinham como destino entrar no segundo e nunca lançado álbum do Dirty White Boy.
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Parte 03 - Satânicos e visionários
E quando tudo parecia estar na mesmice e a rotina derrotista de lutas por um lugar ao sol típica de Birmingham ameaçava se abater sobre nossos heróis... eis que os ventos das mudanças, fossem elas ruins ou não, sopram sobre a terra. Ou melhor, o Earth. A banda que já era praticamente tudo que conhecemos hoje em dia só não o era por ainda não ter encontrado um direcionamento criativo e temático interessante e original, que cativasse os fãs com uma proposta diferente desde o primeiro momento. Este dia, entretanto, logo chegou, partindo da cabeça de um boquiaberto e risonho Geezer Butler, após uma tão reles sessão de cinema... Quem diria. Mas antes disso, ainda, a apreensão por causa de um certo namoro Tony Iommi-Jethro Tull ainda teria que ser experimentada, e os rapazes, apesar de já devidamente empresariados por um ex-trumpetista de jazz que caiu dos céus (ou teria subido do inferno?) ainda teriam que acertar os pontos com algumas platéias por aí - dentre elas, a mais desanimada que eles já enfrentaram.
Parte 3 - Satânicos e visionários:
O final do ano de 1968, para a banda, se dá com uma novidade que lhes renderia um susto, na verdade duplamente chocante: agradável por um lado, mas não muito por outro.
Em uma das recentes gigs do Earth, eles haviam sido vistos por um curioso flautista com sotaque escocês chamado Ian Anderson. Esta simpática figura, que mais parecia um fazendeiro do País de Gales fingindo ser um conde de fleuma refinada, apesar dos trajes boquirrotos, era, na verdade, o vocalista e mentor musical de uma banda que vinha despontando em Londres naquele finalzinho de 1968, com uma turnê que andava deixando todo mundo meio embasbacado com o tal de "folk rock pesado" promovido por eles. Se tratava do Jethro Tull. Dentro do curto espaço de tempo de seis meses, a banda se tornaria o xodó da imprensa britânica de rock da época, apontada como uma das grandes novas sensações que chegavam para ficar, diante de um panorama musical que, naquele final de 68, não era dos mais estimulantes: tanto Beatles quanto Rolling Stones enrolados com projetos incertos e que não desandavam - os primeiros por causa da ruptura cada vez mais próxima, se acabando enquanto gravavam o álbum/filme Let It Be, e os segundos, perdendo o guitarrista Brian Jones e meio sem saber o que fazer; o Cream estava morto, extinto, e o próximo projeto de Eric Clapton, o Blind Faith, ainda iria demorar muito para sair da incógnita; o PINK FLOYD ainda estava se acostumando com a vida sem Syd Barret, e David Gilmour e Roger Waters ainda demorariam um pouco para se adequarem ao som "espacial" a que se proporiam a fazer com a banda; e o Led Zeppelin não tinha nem nascido direito ainda, ou melhor, já existia, com o nome de "New Yardbirds" (que era o jeito que Jimmi Page tinha arrumado de montar uma nova banda a partir das cinzas dos Yardbirds e cumprir algumas datas de turnês na Europa) - e entretanto, Plant & Page e cia., mesmo quando começassem a fazer sucesso, no ano seguinte, seriam prontamente rechaçados pela mídia musical, sofrendo uma detratação que ainda demoraria muito para assentar e dar-lhes algum prestígio por parte da crítica.
Foi nesse cenário vago que o JETHRO TULL apareceu entusiasmando todos com o seu tal "folk rock pauleira", enveredando por temas longos e de inspiração céltico-druída, com pitadas sonoras daquilo que já antecipava em muito o rock progressivo da década seguinte, passando a receber diversos prêmios de grupo revelação e, já em 1970, figurando entre os principais protagonistas do Festival da Ilha de Wight, o famoso "Woodstock inglês".
Foto ao lado: Jethro Tull.
Anderson, entusiasmado com o sucesso nascente de seu grupo, andava pensando em reformulações no seu som e novas propostas para a gravação do primeiro LP deles (que acabaria sendo lançado no ano seguinte), indo a vários shows e observando diversas bandas em ação, ele se engraçou com Tony Iommi e a versatilidade aliada à brutalidade nas guitarradas do rapaz. Na verdade, foi numa das performances do Earth em que Iommi solava num estilo de blues, bem slide, é que Anderson teve a idéia de chamá-lo para figurar como guitarrista em algumas apresentações do JETHRO TULL, não desconsiderando a idéia de, caso tudo corresse bem e Iommi se adaptasse bem ao Jethro, incluí-lo definitivamente no grupo.
Foto ao lado: Rolling Stones Rock and Roll Circus
Se por um lado isso representava um golpe no estômago de Ozzy, Bill e Geezer, - que já haviam se acostumado àquela formação e que achavam que Iommi, em uma banda em ascensão como o Jethro, nem pensaria em tocar mais com eles - por outro lado, era a garantia de dias melhores para o Earth, já que com o dinheiro que Iommi receberia por aqueles dias excursionando com o Jethro, as muitas contas e gastos pendentes do grupo poderiam ser pagas, e ainda sobraria um troco para comprar mais equipamento. A banda tinha que se desdobrar, afinal, se quisesse continuar vivendo de sua própria música, e a vida não estava fácil mesmo! Foi assim, então, que mesmo correndo o risco, Ozzy e os rapazes deram um "até mais" a Iommi, mesmo imaginando que, no dia em que ele voltasse para revê-los, poderia ser para não ensaiar e nem entregar dinheiro algum, mas sim para dar uma notícia não muito agradável. Talvez fosse o futuro do cara como guitarrista - ninguém podia se intrometer no destino dele, afinal.
Foto ao lado: Aparição do Jethro Tull no especial de TV "Rock n'Roll Circus" - repare em Iommi, no cantinho direito, de chapéu.
Foi graças a isso que, hoje em dia, quando assistimos à histórica apresentação dos ROLLING STONES para a TV britânica, intitulada The ROLLING STONES Rock and Roll Circus (gravada nos dias 10, 11 e 12 de dezembro), e que ficou engavetada por muitos e muitos anos antes que Mick Jagger se convencesse que era um momento realmente importante do rock e que devia ser lançado para o grande público, é que podemos ver, durante a apresentação do novato Jethro Tull por lá, um esquálido e tímido Tony Iommi, dublando a guitarra no cantinho da tela (já que foi tocado um playback para Ian Anderson, somente, cantar em cima e solar com sua flauta).
Naqueles dias, Iommi estava com o grupo, e com eles permaneceu tocando, em shows e pequenas apresentações, até meados de janeiro de 1969. Nem registros de gravações do guitarrista com o grupo parecem existir, a não ser umas duas ou três músicas presentes em discos piratas, mas só suspeitas. Na verdade, Iommi alega ter permanecido com o grupo só por duas semanas, e que não teria mesmo gostado do estilo de som a que o JETHRO TULL se propunha, preferindo a sua proposta original (e mais pesada), junto com Ozzy e cia. "Toquei no JETHRO TULL durante duas semanas. Mas eu me sentia mais em casa no Black Sabbath; no Jethro, eu não tinha certeza de que ia me encaixar". Também o jeitão sorumbático de Ian Anderson, um beberrão bicho-grilo dado a conversas-cabeça que soavam a grego para Iommi e que recusava-se a dar qualquer palavra final para qualquer novo músico que acompanhava a sua banda até que uns bons meses tivessem se passado. Assim, Iommi retorna a Birmingham com a grana prometida nos burros, reencontra Ozzy, Bill e Geezer, e todos juntos comemoram a sua volta e o dinheiro recebido com uma bela cervejada num dos pubs locais após uma noite de show.
Foto ao lado: Jim Simpson, o primeiro empresário do Black Sabbath, em foto mais recente.
Era o início de 1969. E o grupo ainda se chamava Earth. Eles estavam batalhando pesado no circuito de enfumaçados barzinhos e pubs de Birmingham e cercanias quando um promotor de shows de bandas pop e rock de algum renome na região, Jim Simpson, foi bater na porta da casa de Iommi, certa noite. Simpson era um trumpetista de jazz frustrado, que havia passado por várias bandas do gênero em sua juventude, e agora era o proprietário do apagado selo Big Bear Records, que gravava novos artistas e revelações em shows no norte da Inglaterra, a maioria sem grande expressão; ele empresariava alguns grupos ingleses de pouca ou nenhuma importância, que hoje não entram nem em nota de rodapé de enciclopédias de rock, e já havia ajudado a promover alguns festivais e turnês de rock em lugares como Manchester, Glasgow, Blackpool, Liverpool e a própria Birmingham. O cara tinha inegáveis conhecimentos e contatos com algumas pessoas influentes no meio musical inglês da época, mas nada muito surpreendente, ou que excedesse a popular rodada de canecos de cerveja feita antes ou após um show qualquer, entre empresários, músicos e parasitas de toda a espécie. De tais contatos informais, no entanto, havia nascido uma invariável notoriedade no circuito de shows Liverpool-Hamburgo, sendo que sempre fez parte do currículo de estórias pessoais de Simpson alegar que, inclusive, já havia viajado com os BEATLES várias vezes para a Alemanha, em uma das muitas excursões dos garotos de Liverpool para tocar lá, no posteriormente famoso Star Club. Isso o fazia, conseqüentemente, ter portas abertas na casa de shows, para levar para lá os artistas que quisesse.
Esse papo foi, obviamente, jogado em Iommi, que por sua vez, o jogou no resto dos integrantes da banda. E imagine só o brilho nos olhos de Ozzy quando ele ficou sabendo que o tal Simpson, que já havia estado com - supremacia das supremacias - os BEATLES, estava querendo assinar com o Earth para uma turnê na Alemanha, justamente em Hamburgo, no mesmo Star Club onde os Fab Four haviam tocado! Apesar da tradicional carranca com que o incrédulo e arredio Ozzy recebia os promotores de eventos e empresários pés-de-chinelo que rondavam o grupo, nos seus primeiros dias, a reação a Simpson, por conta disso, foi bem diferente.
Foto ao lado: Black Sabbath, nos primeiros tempos.
Bill Ward se lembraria dessa época e a recordaria, em entrevistas anos mais tarde, que aqueles, apesar de terem sido anos muito difíceis para a banda, foram também dos mais divertidos - como de praxe em várias bandas que depois se tornam famosas e perdem aquele gosto pela simplicidade e pelos prazeres sutis da batalha pelo sucesso. Alguns meses antes de serem contatados por Simpson, o Earth havia arrumado uma van de segunda mão - bem, na verdade, parecia ser de décima, ou vigésima... - , concedida com as graças de um primo de Geezer Butler, que era tão velha e estourada, que o grupo passava mais tempo fora dela, a empurrando e fazendo pegar no tranco, do que dentro. Com isso, chegavam todos ofegantes, e às vezes sujos de graxa, aos lugares dos shows. Ozzy conta que "pelo menos, surtia o efeito de uma bela carroça para carregarmos o nosso equipamento na época".
Foi no meio destes tempos difíceis, e a apenas quatro dias de caírem nas graças de seu primeiro empresário, Jim Simpson, que o Earth considerou seriamente a hipótese de mudar de nome, e acabou o fazendo. Conforme já dito no capítulo anterior, "Earth" era um nome que parecia estar meio manjado nas redondezas, já utilizado por outra banda e também, em Londres, pelo novo grupo que Manfred Mann havia montado. Assim, Ozzy e os outros vinham pensando, nos últimos tempos, em trocar o nome da banda definitivamente para outro. O estopim para que isso acontecesse, determinando, na verdade, não só uma mudança de nome de banda, mas também, de todos os rumos da postura que o rock pesado e a música pop teriam nos anos seguintes, se deveu a vários fatores.
É preciso se lembrar que o ambiente libertário e contracultural dos anos 60 propiciou o aparecimento de diversas novas ondas e tendências que, fazendo a cabeça da juventude da época, eram a oferta de modos de vida e de pensamentos alternativos àqueles já consolidados pelo establishment, pela cultura oficial - que nos EUA, por exemplo, tinham o seu exemplo mais claro no famoso American way of life nascido da era Roosevelt, após a Segunda Guerra Mundial. Com os subsídios de uma economia turbinada pelo sucesso nas campanhas bélicas mundiais dos anos anteriores, e uma administração ágil e dinâmica, os Estados Unidos da América passaram a exercer, dos anos 40 em diante, uma ditadura cultural sobre todo o globo terrestre muito evidente, fazendo de sua língua, roupas, música, cinema, literatura etc. símbolos e parâmetros para tudo que se desenvolvesse no panorama de cultura dos países ocidentais. Esta ditadura, obviamente, era fundamentada nas ideologias propagadas pelos WASP - a maioria da população norte-americana de então, white (brancos), anglo-saxon (anglo-saxões) e protestants (protestantes). De rígidos padrões morais e éticos conservadores, subservientes às hegemonias existentes da religião protestante e da figura masculina na sociedade, das hierarquias militares e do respeito às instituições, os princípios WASP se proliferaram pelo mundo inteiro agregados à cultura norte-americana, estabelecendo a dita "cultura oficial" ou "dominante". É o que vemos até hoje, por exemplo, desde em certos regulamentos de edifícios e condomínios até em novelas e programas de uma Rede Globo, quando verdades sociais como a pobreza, a homossexualidade, o preconceito racial, a explosão demográfica e outras figuras incômodas ao pensamento conservador protestante são mascaradas ou simplesmente banidas graças à ditadura do Ibope e da mídia, tão entremeadas no subconsciente coletivo estão as idéias WASP.
As leis da física, todavia, já nos ensinavam que para toda uma ação, há uma reação. Pensadores (dentre eles, filósofos, sociólogos e psicólogos), artistas e religiosos alternativos, como gurus e líderes espirituais, do mundo inteiro, passaram a perceber esse alastramento da ideologia WASP no painel ocidental, e passaram a se dedicar em todas as suas obras e trabalhos, a denunciar esta ampla e irrestrita ditadura cultural, massificada e onipresente graças aos meios de comunicação cada vez mais poderosos - lembre-se que em um curto espaço de tempo, do final dos anos 40 ao final dos 50, televisão, rádio, cinema, discos e imprensa escrita se desenvolveram de uma forma tal que todo o globo terrestre já estava sendo coberto. Como uma década de libertação dos dogmas e padrões impostos que foram, os anos 60, obviamente, dariam chance a todas estas pessoas que vinham trabalhando contra a cultura oficial estabelecida de se expressarem melhor - e isso veio não somente por elas, mas também por toda uma nova geração que já estava ouvindo atentamente as suas orientações. Foi assim, então, que os beatniks dos anos 40 e 50, os cantores folclóricos de protesto, os gurus indianos e líderes espirituais do Oriente, e escritores, filósofos, políticos e críticos de renome, como Bertrand Russel, Freud, Jung, Marcus, Che Guevara, e muitos outros, seriam todos introduzidos e eternizados no pensamento da geração jovem dos anos 60 - e que logo se desdobraria no grande movimento contracultural da nação hippie.
Como um movimento, entretanto, tão geral e pancultural que era (no sentido de juntar diversas correntes e tendências culturais), os hippies acabariam não só atraindo forças bastante positivistas para este contexto, como também, forças bem negativas. Assim como tudo que era experimentação e novidade era válido, como uma forma de quebrar as regras impostas pela cultura ocidental viciada e conservadora, de "romper as barreiras" e "ultrapassar os limites", em um linguajar bem típico da época (e que celebrizou as letras de Jim Morrison, dos DOORS, em canções como Break on Through, por exemplo), várias propostas alternativas de vida, provenientes de religiões fora do eixo protestantismo-catolicismo ocidental, vieram à tona. Foi assim que diversas seitas e religiões como budismo, xamanismo, hinduísmo - até mesmo o messianismo muçulmano - começaram a repentinamente aparecer de norte a sul do continente americano. E, junto a elas, também veio o satanismo.
Foto ao lado: Anton LaVey
Não se sabe ao certo de onde se originam as raízes do satanismo ocidental, mas têm muito a ver com os ritos pagãos e cultos que sobrevivem em diversas comunidades ancestrais, desde épocas imemoriais, de regiões da Europa como a Noruega, Groenlândia, Nova Zelândia, Suécia e Grã-Bretanha. Tido por sociedades secretas de ocultismo como um desvio na vertente das seitas celtas e druidas que originariam a hoje popular Wicca, ou seita dos bruxos e bruxas, o satanismo começou a crescer na América em pequenas comunidades rurais de imigrantes, que teriam trazido os costumes e tradições de fazer oferendas e cerimônias a Belzebu da Europa Central, como uma forma de ter prosperidade e bons resultados nas colheitas. Rezam as lendas que, nas antigas florestas norueguesas, banquetes cheios de vinho, frutas, carnes e sangue de animais mortos em sacrifício eram oferecidos a um representante do demônio sobre a Terra, designado durante certo período pela comunidade de camponeses como cornudo, por se paramentar de uma vestimenta em que era obrigatório o uso de uma máscara, feita de couro de alces e imitando as feições do diabo, ostentando longos chifres. Quando estavam próximos os períodos do plantio, geralmente em meados de maio, que era um dos quatro feriados chamados de "meio trimestre" pelos celtas (dias em que os bruxos e bruxas se punham a festejar e descansar), chamado de Beltrane, geralmente as comunidades satanistas davam início aos preparativos para estas celebrações em que oferendas eram entregues ao Belzebu para que a colheita do ano fosse próspera. Daí nasceu a palavra Sabbath, ou "sabá", em português, que é o nome dado a esta cerimônia secreta em que os pagãos da Europa Central invocavam o Senhor das Trevas. O nome origina-se de um dia de descanso religioso, que Moisés havia mandado os homens terem, no sétimo dia da semana. Subvertido pelas ordens ocultas de bruxaria, na Idade Média, o sabá acabou se agregando ao feriado de Beltrane, tido como uma oportunidade festiva para bruxos e bruxas se reunirem e celebrarem seus feitos, sempre em um dia de sábado, à meia-noite, sob a presidência de Satanás. E assim, foi gradativamente sendo incorporado pelas comunidades ocultistas da Europa Central, mantendo a tradição: sendo realizado na época de Beltrane, antes do início do plantio, em um sábado à meia-noite, com um líder escolhido para representar o demônio, vestido como tal, e a quem eram feitas oferendas, em um clima de grande depravação, um verdadeiro bacanal repleto de vinho, comida e sexo. Detalhe interessante sobre os sabás originais que ocorriam nas florestas da Europa Central, contados por vários historiadores, é que quando mostrava ser muito infrutífera a terra a ser cultivada, era necessário que uma noiva da comunidade prestes a se casar, devidamente virgem, fosse oferecida ao Belzebu, para que este a deflorasse, restituindo a fertilidade do solo a ser cultivado. Relatos acerca de outros cultos falam na morte de crianças, o que, queiramos ou não, ainda é noticiado por vários informes sobre fatos ocultos e sobrenaturais até os dias de hoje.
A questão é que, na loucura libertária e de extensa diversidade de propostas dos anos 60 para se fugir da mesmice WASP, cultos arraigados em certas comunidades ocultas como o satanismo acabaram chegando à América, ou mesmo ganhando força onde já existiam, na Europa mesmo. De repente, por mais estranho e maligno que isso parecesse, ficou "in" ser satânico, ou ter um ar meio decadente e "do mal", estava na moda - influência clara das seitas satanistas que passaram a se proliferar no circuito underground das artes, a partir da segunda metade dos anos 60. Devido a isso, começamos a ver gente como Anton LaVey, o auto-denominado "sacerdote de Satã", fundar a sua Igreja Satânica, nos anos 60, com vários adeptos famosos do jet-set internacional; o cineasta de vanguarda Kenneth Anger, que entraria para a história do cinema marginal com as suas "obras-primas", filmes cabeça de estética altamente lisérgica e visual decadente, encenando rituais de bruxaria e cenas de seitas malditas, como Invocation of My Demon Brother e Lucifer Rising, esta última com trilha sonora originalmente composta por Jimmi Page, outra figurinha tarimbada no meio satânico e estudioso das ciências ocultas de Aleister Crowley, assim como Anger; o músico Bobby Beausoleil, outro doido, amigo de Arthur Lee, do Love, que acabou se envolvendo com Kenneth Anger, atuando em seus filmes e, enlouquecido pela filosofia satanista, cometendo assassinato; além, obviamente, de todas as outras personalidades que, em maior ou menor grau, acabaram ajudando a promover o culto ao chifrudo: o já citado Jimmi Page, Mick Jagger e os ROLLING STONES (com discos como Their Satanic Majesties Request e a música "Sympathy for the Devil" - ele próprio amiguinho de Kenneth Anger e cogitado diversas vezes para atuar em seus filmes e compor suas trilhas sonoras), as amantes de Jagger, Keith Richard e Brian Jones (a cantora Marianne Faithful e a devassa modelo e atriz Anita Pallenberg - ambas estudiosas de magia negra), e o artista performático londrino Arthur Brown (do grupo psicodélico Crazy World of Arthur Brown, de grande sucesso em 1967 com uma música inspirada no soul de James Brown que exaltava o inferno! - "Fire"). Também o cineasta Roman Polanski entrou na onda, com aquele que é, para muitos, o primeiro filme sério sobre satanismo na sociedade ocidental: O Bebê de Rosemary, de 1968. Polanski, aliás, que na época era casado com a atriz Sharon Tate, que foi uma das vítimas trágicas diretas da proliferação de seitas dos anos 60, morta pelo bando de lunáticos de Charles Manson - que, inclusive, possuía em suas fileiras alguns ex-membros de seitas satânicas americanas.
Foto ao lado: O "cineasta bruxo" Kenneth Anger
Para a maioria dessa galera do cenário pop, o satanismo, assim como várias outras tendências naqueles efervescentes anos 60, não acabariam passando de mais um "embalo de verão", e logo muitos deles acabariam abandonando a brincadeira por coisas mais sérias - com a honrosa exceção, é claro, de Jimmi Page, que continuou mais enfronhado no negócio ainda, a ponto até de comprar aquele castelo, que pertenceu a todo-mundo-sabe-quem, em 1972.
Como se vê, a contracultura acabou provocando uma grande aproximação do satanismo com a mídia e o grande público, ainda que a níveis bem superficiais e inocentes (talvez...), e quando ela foi finalmente engolida pela cultura ocidental oficial, o que acabou acontecendo mesmo contra a vontade dos hippies (já que o establishment, desde então, aprendeu a absorver tudo e subvertê-lo aos seus interesses, por causa do dinheiro, of course), o satanismo foi junto, sendo incorporado ao mundo pop. E não adiantariam nada as críticas de grupos fundamentalistas cristãos, ou mesmo a chacina promovida pela Família Manson, naquele ano de 1969 - o estrago da introdução do satanismo no mundo das artes pop já estava feito.
Foto ao lado: O Exorcista (1973): grande sucesso do cinema de horror "satânico"
Sintomas do grande ibope que o satanismo deu, do início dos anos 70 em diante, são os sucessos cinematográficos de O Exorcista e A Profecia, e na área da música, tudo quanto é estória que começou a circular acerca do Led Zeppelin, AC-DC, Kiss, ou mesmo os nossos focalizados, o Black Sabbath. Até grupos mais xarope, como os Eagles, tiveram a sua venda de discos aumentada quando se cogitou que alguns deles, como o guitarrista Joe Walsh, tinham composto o grande hit da banda, "Hotel Califórnia", inspirados em um dos hotéis pertencentes à seita satanista de Anton LaVey (em 1976). Se hoje algum moleque acha simpáticas algumas capas de discos do IRON MAIDEN ou do Deicide, curte as lendas em torno do Led Zeppelin, ou filmes de terror como Stigmata e Advogado do Diabo (que, em uma de suas cenas finais, no discurso de Al Pacino como Lúcifer, faz uma menção bem direta a essa atração que o Mal exerce na humanidade), é por causa dessa grande capacidade que a mídia teve de capitalizar em cima do satanismo e torna-lo atraente e familiar.
Pois é, foi no meio de todo esse clima altamente propício a que o horror e as trevas imperassem no meio artístico, que Geezer Butler (e não Ozzy, ao contrário do que reza a lenda), em um belo dia de sábado (exatamente!), à noite, vai a um cinema de Birmingham que ficava quase em frente de sua casa, onde estava sendo exibido um filme chamado, justamente, BLACK SABBATH (O Sabá Negro), uma produção inglesa da Hammer, famosa produtora de filmes B de terror de Londres que já havia dado a luz a sucessos como Drácula (com Christopher Lee), Castelo da Morte, O Solar Maldito e astros do gênero, como Vincent Price, Peter Cushing e o já citado Lee. BLACK SABBATH (1963), o filme, estrelava uma lenda do gênero, o veterano Boris Karloff (que havia sido o primeiro ator a encarnar o monstro Frankenstein no cinema, em 1932), e falava, justamente, sobre os tais rituais satânicos ocorridos à meia-noite, organizados por bruxos para invocar o tinhoso. Geezer saiu do cinema assombrado, pois sempre fora vidrado em coisas sobrenaturais - mas, ao mesmo tempo, ria da galerinha que formava fila para assistir à próxima sessão, uns fazendo "buuu" e outros se borrando de medo. Aquilo era engraçado - pessoas pagando para sentirem medo - e, já pressentindo o clima da época e sentindo a reação dos jovens que estavam indo ao cinema, vidrados com as cenas horripilantes dos rituais, o jovem baixista viu uma idéia germinar rapidamente em sua cabeça.
Foto ao lado: Pôster original do filme 'Black Sabbath', que deu origem ao nome da banda.
Primeiro, ele foi para casa e, já há alguns dias tentando compor alguma coisa própria para a banda (que, segundo Simpson, tinha que criar repertório se quisesse fazer sucesso, não podia só ficar mais presa a covers), sem nenhum sucesso, começou a fantasiar em cima das cenas que havia visto horas antes no filme de Karloff, e começou a rascunhar algo, em cima do nome: "Black Sabbath". Nos ensaios do dia seguinte, Geezer começou a conversar com os rapazes sobre o filme que havia visto, e como aquilo tudo o havia impressionado. Iommi perguntara o preço do ingresso, que Ozzy achara caro. "Por que um bando de garotos pagaria, então, uma boa grana simplesmente para sentir calafrios?", indagou Geezer. Ozzy se impressionou, e começou a pegar ali a linha de raciocínio a que Geezer queria chegar. O tal negócio de fazer horror e falar no capeta andava fazendo sucesso. Todos ficaram encucados: como, então, fazer horror na linha musical, como uma banda? No cinema era outra coisa. Geezer, então, tirou do bolso o rascunho da noite anterior, escrito com o mesmo nome do filme, e mostrou para os caras. Ozzy pegou o papel, coçou a cabeça... "Acho que podemos fazer algo aqui assim...", e aos poucos uma letra bastante original (e polêmica, para a época) foi surgindo:
Estávamos em abril de 1969. Em poucos dias, para o orgulho de papai Thomas e mamãe Lilian, Ozzy estaria embarcando para a sua primeira turnê internacional com a banda. Dinheiro que era bom, entretanto, nada. Mas Ozzy já havia se comprometido a entregar todo o cascalho que ganhasse nos shows para ajudar a pagar as despesas de casa. "Eu tenho certeza que, se você não torrar tudo nos canecos, você trará", alfinetou o bonachão Sr. Thomas. A banda ainda se chamava Earth, pois os quatro rapazes ainda não haviam se decidido se o lance de pôr um nome como "Black Sabbath" no grupo e começar a tocar no assunto magia negra seria realmente legal - por isso, pelo menos para a primeiras gigs em Hamburgo, resolveram deixar tudo como estava.
Datam dos dias 25, 27 e 28 de abril, 3, 10 e 20 de maio as primeiras apresentações da banda de Ozzy e Iommi na cidade onde os BEATLES começaram a realmente ser o que seriam. E ali, também, o Earth deu tudo de si e consolidou uma fama que já vinha sendo construída em várias cidades inglesas por onde passavam. O peso e a intensidade da cozinha de Geezer e Ward, unidas aos vocais desesperados e selvagens de Ozzy, mais a guitarra cortante e mastodôntica de Iommi, levaram ao êxtase as platéias alemãs desde o primeiro momento.
Vendo que o público estava em suas mãos, o grupo consegue novas datas e shows com a ajuda de Jim Simpson, que se revela realmente eficiente. Arrasam em sua passagem pelo notório Henry's Blues Club, de Carlisle (por onde já havia passado gente como o Savoy Brown), e durante todo o mês de maio, seguem por gigs em pequenas cidades alemãs, da fronteira, e mais passagens por Edinburgh, Cambridge, Glasgow, e outras cidades inglesas. Chegam a participar de um pequeno festival nos subúrbios de Londres - lá, inclusive, têm a sua primeira experiência com um estúdio de gravação, ainda que amador. Bancados por Simpson, só para ver como é que seu som estava saindo, gravam uma fita demo com cinco canções (incluindo uma que é somente uma improvisação jazz, bem ao estilo de Wes Montgomery, de sete minutos) em uma máquina monaural, de somente dois canais, ao vivo mesmo: duas das canções são "The Rebel", que eles já tocavam desde os primeiros tempos em Birmingham, e uma outra, composta recentemente, e ainda sem nome, que eles resolveram batizar de "A Song for Jim", em homenagem ao empresário, já que ele estava custeando, do seu próprio bolso, aquela primeira sessão. Essas raríssimas canções, só disponíveis em discos piratas hoje difíceis de encontrar, podem ser ouvidas, em trechos, na primeira parte de uma coletânea em vídeo sobre a história do BLACK SABBATH lançada em 1992: The BLACK SABBATH Story.
Apesar do crescente sucesso do grupo em pequenos palcos e salões, nem tudo eram rosas ainda para os rapazes do Earth. Alguns dias depois da passagem por Londres, em um show em Cardiff (terra natal de outra banda pesada que iria beber muito na fonte do BLACK SABBATH - o Budgie), a platéia de teor universitário, jovens estudantes ingleses tipicamente snobbish, resolve não prestar muita atenção ao Earth no pequeno concerto que eles estavam dando em um pub local. Era o que bastava para atrair a ira de Ozzy, enfurecido com o nariz empinado de muitos daqueles filhinhos-de-papai que preferiam folk songs e um bom papo-cabeça enquanto bebericavam seus lagers.
- Direito para o céu! - berrou ele aos músicos da banda, num código para que elevassem os volumes dos PA's de seus instrumentos ao máximo. Bill emendou com uma ruidosa introdução, espancando violentamente a batera a ponto de quebrar a ponta de uma das baquetas - e continuando com a mesma, como se nada tivesse acontecido! Iommi dava início, então, àquela famosa passagem pauleira de "Warning", a longa música que fecharia o primeiro álbum do grupo, então em gestação. Funcionou de introdução para que o grupo atacasse "Blue Suede Shoes", um cover que Ozzy adorava, nos primeiros tempos, e mandassem quarenta minutos ininterruptos do melhor que o repertório deles continha, na época. E nada. Entre uma música e outra, nas poucas paradas que o grupo fez, Ozzy rosnava uma piadinha ou outra ao microfone com desdém, numa espécie de zombaria pela falta de atenção do público. Mas não obtinha nenhuma vaia em resposta, apenas silêncio - não havia nenhuma reação, nada! Ao final de tudo, todo o sangue que o grupo deu, e todo o volume, e a platéia do lugar permanecia impassível, como se ninguém estivesse tocando na frente deles. Para Ozzy, aquilo era inacreditável. Todo aquele som, todo aquele rock, e os boyzinhos cabeludos com cara de comedores de mingau se comportavam como se tudo fosse apenas muzak (música de elevador).
Houve uma pausa de meia-hora para que os músicos descansassem e se reabastecessem com alguma cerveja, e o dono do lugar chegou neles, meio que sacaneando, perguntando-lhes se era sempre assim no lugar de onde eles vinham ou se realmente não haviam pago ninguém para espalhar o boato de que eles eram quentes. O esquelético Geezer mal se agüentava em pé de cansaço, e mal segurava o seu caneco, de tão estourados que estavam seus dedos, enquanto Iommi observava o público do local, rindo no meio das cervejadas e ficando tontos como um bando de bêbados idiotas, com um olhar quase contemplativo, lacônico e tentando analisar matematicamente a situação, sem beber nada. Bill e Ozzy, enquanto isso, no auge da ira, haviam dado uma saída por alguns minutos, alegando que iam buscar cigarros em outro lugar, pois os dali eram "pura merda de vaca enrolada", numa justificativa bem cortês ao barman para recusarem uma cartela. Na verdade, haviam era saído, sem que o atônito Jim Simpson percebesse, em busca de algo, no mínimo, inusitado para chamar a atenção daquele público difícil de cativar.
Às 10:45 da noite, de volta ao palco, Iommi e Geezer afinam seus instrumentos e olham de modo indagador para Bill, que vai tomando seu lugar no assento da bateria. Sem que tenham nem tempo de lhe dirigir uma palavra, Bill começa uns toques e repiques, chamando a primeira música do segundo set, e quando Geezer começa a deslizar os seus magoados dedos sobre as quatro cordas, ele olha para trás e tem um choque!
Um Ozzy completamente pintado de tinta roxa, da cabeça aos pés, adentra o palco, uivando como um louco e pulando, em headbangin' acelerado, como se estivesse sofrendo de um acesso perigosíssimo e em seus minutos finais de vida. Iommi mal pode conter o riso, mas dá início ao som, e eles atacam novamente. E a platéia - pasmem! - fica assustada e presta atenção em Ozzy somente nos primeiros segundos, e depois... volta a beber e a conversar ruidosamente de novo, pouco se lixando para o esforço do vocalista e sua banda em esquentar o ambiente.
Ao final daquela noite, tida para sempre pela banda como uma de suas mais estranhas, fracassadas, e engraçadas, ao mesmo tempo, Ozzy, totalmente pintado, esgotado e exausto, puxa um caneco de cerveja do balcão do bar enquanto a banda desmonta o equipamento, avista um rapazinho saindo trôpego de bêbado em direção à rua, e se apóia em seus ombros, os dois quase se estatelando juntos no chão ao cruzarem a porta de saída.
- Nunca mais quero cantar para um bando de merdinhas como vocês - sussurra ele ao pobre indivíduo enquanto lhe empurra mais uns goles de cerveja... Bill Ward testemunharia que o vocalista ficaria o resto da noite pintado, e apenas na manhã do dia seguinte, após sessões de banho ininterruptas, ele conseguiria se livrar da "maldita tinta púrpura", após 4 horas!
Foto ao lado: O lendário Star Club, em Hamburgo (Alemanha).
Na verdade, este incidente no início da carreira da banda serve para mostrar bem uma divisão de gostos que se tornaria muito clara no decorrer dos anos, não só para o BLACK SABBATH como para outros grupos de rock pesado que se tornariam populares: a recusa de certas parcelas de público em reconhecer ou mesmo tentar apreciar um rock mais amplificado, denotando a primeira grande onda de preconceito que ocorreria com esta nova tendência que começava a despontar.
Em junho, novo retorno a Hamburgo. E nos shows dos dias 12 e 16 de junho, a banda resolve tirar o às da manga e testar o que eles vinham mais cogitando: a nova postura satânica. Talvez por puro experimentalismo, ou até mesmo por uma revolta com o que havia acontecido em Cardiff, Ozzy e os rapazes resolvem testar o "lance" urdido por Geezer naquelas duas datas que eles tinham na Alemanha.
No final do primeiro show, Ozzy anuncia uma nova música, que irá deixar todos ensandecidos. E emendam com os primeiros acordes, macabros e tonitruantes, de "Black Sabbath". De início, a platéia parecia mesmerizada, hipnotizada. Aos primeiros trechos da letra horripilante, cantada por Ozzy, ouvem-se "uaus" assustados na platéia e alguns berros de delírio de fãs já meio chapados. Em um dos momentos, Ozzy, por instinto, resolve assumir o seu lado ator e encarnar o próprio demônio, soltando uma risada diabólica e galhofeira no final da parte lenta da canção. É o sinal para que a platéia urre em um dos mais ensurdecedores gritos que o Star Club já presenciou. Enquanto tocam, Geezer e Iommi se entreolham sacando que o lance realmente funciona. De repente, uma súbita parada. Iommi começa a golpear a guitarra com aqueles riffs frenéticos e nervosos que anunciam a parte mais rápida e pesada da música. Entra a bateria - Ward começa a espancá-la como um louco. O ritmo acelere e Ozzy anuncia a chegada de todos ao reino dos infernos. O público pula, agita, delira e berra alucinadamente, principalmente após Ozzy: "No, no, please... no!!!", numa imprecação aterradora, como se estivesse realmente se afogando em um dos lagos de fogo ferventes de Dante. É o clímax. A guitarra de Iommi reverbera assustadoramente, e o lugar todo parece estar se agitando junto, balançando como se houvesse um terremoto naquela verdadeira panela de pressão humana. Era uma fria noite de apenas doze graus centígrados, mas ali dentro do Star Club parecia que todos estavam, realmente, nos quintos dos infernos queimando, pulando e gritando! Ao final de tudo, a platéia pede por bis clamorosamente. Do backstage, Jim Simpson sorri sarcasticamente para eles, lhes acenando sinais de vitória com as duas mãos: o caminho é esse, está escolhido e não há mais o que esperar. De agora em diante, o Earth vai se chamar BLACK SABBATH, e assumirá uma nova postura, inédita para qualquer banda até então: um visual escuro, macabro e sério. A primeira banda realmente dark da história do rock - já que os Doors não contam, só Morrison é que era mais sombrio...
É em julho de 1969 que ocorre a mudança de postura definitiva da banda - esta é uma foto promocional que acabaria ficando de fora do primeiro compacto do grupo, em 1970, denunciando a ligação com os temas macabros que faria a discutida fama do grupo.
Reza a lenda que, quatro meses de shows depois, já sob o novo nome, e angariando uma verdadeira legião de fãs de roupas escuras e cabelos desgrenhados que começava a se formar em torno da banda aonde quer que fossem, receberam, no escritório de Simpson, em Birmingham, a visita de um olheiro da Vertigo Records, um selo de porte médio mas com muita gana de entrar pra valer no mercado de rock inglês, para assinarem o seu primeiro contrato para a gravação de um disco. Era a concretização de um sonho antigo pelo qual tiveram que batalhar arduamente e com muita originalidade, seguindo seus instintos e sempre enfrentando toda a sorte de adversidades do destino com o intuito de se imporem. Ozzy, após assinar a folha com a caneta de Simpson, hesitou em entrega-la de volta ao empresário: "Peraí, deixa eu me picar todo com ela pra sacar que eu não estou sonhando!". Era final de novembro de 1969, e dali a poucos dias, no início de dezembro, todos os quatro cavaleiros do apocalipse deveriam estar em Londres, em um pequeno estúdio no centro da cidade, alugado pela Vertigo, para começarem as gravações do seu primeiro single e do LP. Para o compacto, uma decisão ainda essencial naqueles dias em que o mercado fonográfico todo se dirigia para o sucesso imediato ou o fracasso retumbante de uma banda pelo desempenho de um disquinho simples nos charts, era consenso de todos que uma música composta dois meses antes, e que vinha tendo boa receptividade ao vivo, chamada "Wicked World", devia figurar como carro-chefe do disco. A música que dava título à banda e ao primeiro LP também era uma pérola, mas alguns executivos da Vertigo simplesmente ficaram receosos de lançar uma música com uma letra daquelas como primeiro compacto de um grupo estreante. Era o primeiro imbróglio do BLACK SABBATH com os problemas burocráticos das gravadoras...
Para que fosse possível a realização de nossa pesquisa, foi consultado o seguinte material:
Black Sabbath: The OZZY OSBOURNE Years
by Robert V. Conte, C. J. Henderson
Paranoid: Black Days With Sabbath and Other Horror Stories
by Mick Wall - Paperback
Ozzy Unauthorized
by Sue Crawford - Paperback
Ozzy Talking: OZZY OSBOURNE in His Own Words
by OZZY OSBOURNE, Harry Shaw - Paperback
Black Sabbath: An Oral History
by Mike Stark, Dave Marsh (Editor) - Paperback
Top Rock especial: BLACK SABBATH – A História
Luiz Seman
A História do Black Sabbath
Revista SHOWBIZZ Especial
A Família Black Sabbath
pôster – Antonio Carlos Miguel, Ed. Som Três
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