O começo
A história do Dead Kennedys começa quando Eric Boucher respondeu a um anúncio que procurava por vocalistas para uma nova banda de rock. O autor do anúncio era o guitarrista East Bay Ray. Logo após, Eric assumia a alcunha de
Jello Biafra, baseado na fracassada guerra civil nigeriana, na qual a região sudeste da
Nigéria tentou se tornar independente proclamando a
República de Biafra. Os dois se juntariam ainda ao baixista Klaus Flouride, a um segundo guitarrista conhecido apenas pela alcunha de "6025" e ao baterista Bruce Slesinger. O ano era
1978, a política americana agonizava nas mãos conservadoras e a repressão e a insatisfação social tornava o período excepcionalmente propício para o surgimento de uma nova tendência musical: o hardcore - uma evolução americana e agressiva do punk inglês.
Seguindo a linha de pensamento anárquica de Biafra, a banda desde cedo se focou nas letras e na ideologia nelas contidas, abusando de sátiras irônicas e ácidas para criticar diversos temas sociopolíticos americanos, como o consumismo, o "American Way of Life", as guerras, os políticos liberais conservadores, a igreja, a polícia entre outras.
Em
1979, o então misterioso guitarrista "6025", deixa de integrar a banda oficialmente (mas continua se apresentando com a banda e ajudando com composições).
Sucesso
Ainda em
1979 surge o primeiro single da banda: "
California Über Alles", uma crítica direta ao então governador da
Califórnia,
Jerry Brown. Após o sucesso, o grupo lança mais um compacto com a badalada "
Police Truck", criticando a violência policial e a famosa "
Holiday In Cambodia", um hino antibelicista repleto de ironia e humor negro.
Nesse mesmo ano, Jello Biafra, militante político anarquista e agitador cultural de uma nova vanguarda musical, candidata-se ao cargo de prefeito de São Francisco. Entre suas propostas, previa que os políticos fossem obrigados a circular com um nariz de palhaço e que os policiais fossem escolhidos em votação direta com a população. Com slogans como "Apocalipse agora! Jello para prefeito", alcançou o quarto lugar com mais de 6 mil votos.
Em
1981 lança pelo novo selo o EP
In God We Trust, inc., uma prévia do segundo álbum onde se destaca toda a ironia e acidez da banda sobre a igreja. Logo em seguida é lançado o compacto "
Too Drunk to Fuck" que apesar de proibida alcançou muito espaço nas rádios. Neste mesmo compacto foi gravada a polêmica música "Nazi Punks Fuck Off" escrita devido ao descontentamento de Jello em relação aos nazi-fascistas que começavam a surgir na cena
punk, e também para atacar seus inimigos declarados: o
The Exploited, uma banda
punk formada em
Edinburgo,
Escócia em
1979, acusada de várias atitudes fascistas, como a declaração do vocalista de que odiava negros e latinos.
Em
1982 Slesinger, então baterista, deixa a banda e em seu lugar entra Darren H. Peligro.
Também em
1982, com a nova formação, lançam o segundo álbum da banda, o "Plastic Surgery Disasters" apresentando a já habitual irreverência da banda unida a um som melhor trabalhado e mais maduro do que os álbuns anteriores.
Decadência
Em
1985 sai o polêmico "Frankenchrist", trazendo um encarte do artista suíço H.R. Giger (Landscape No. 20: Where We Are Coming From) mostrando ilustrações de pênis e vaginas, gerando o maior processo criminal na carreira da banda, que se arrastaria por dois anos. Processados por distribuição de pornografia a menores, a banda teve as cópias do disco apreendidas e entrou em recesso. É criada então a No More Censorship Defense Fund, uma organização que lutava pelo direito de expressão artístico, tendo como um dos fundadores Jello Biaffra, e após a união com nomes importantes como Frank Zappa, Little Steven e Paul Kantner, conquistam a absolvição da banda por 7 votos contra 5, alegando que o encarte estava dentro de um contexto artístico do disco e que o grupo não obrigava ninguém a consumir seu produto. Com uma musicalidade diferenciada o álbum ainda gera controvérsias entre os fãs da banda.
Lançado ainda no meio da batalha legal da banda, em
1986 sai "Bedtime for Democracy", último álbum de inéditas da banda, considerado um disco fraco, mas trazendo hits como "Anarchy for Sale". Depois desse trabalho os Kennedys resolvem se separar e dar continuidade aos projetos pessoais de cada um. Biafra seguiu carreira solo, participou de discos de outros artistas (como o
Ministry e o
Sepultura) e com a Alternative Tentacles, passou a produzir outras bandas.
Em
1987 foi lançado "Give me Convenience or give me Death", uma compilação dos sucessos da banda. Jello é então processado pelos outros ex-integrantes da banda, que alegavam que os direitos autorais não foram pagos corretamente. Em
2000 Jello Biafra perde a batalha legal contra o baixista Klaus Floride, o guitarrista East Bay Ray e o baterista Darren H. Peligro, perdendo o controle sobre o catálogo da banda, embora mantivesse os direitos autorais por ser autor da maior parte das músicas.
Atualmente
Em
2001 saiu "Mutiny on the Bay", único registro oficial ao vivo da banda, contendo os hinos "California Über Alles" e "Holiday in Cambodia", além de um dos inúmeros discursos de Jello Biafra contra as guerras.
Também em
2001, trazidos pela produtora independente Ataque Frontal, o grupo realizou um controverso show no
Brasil, sem o vocalista Jello Biafra, que criticou a banda remanescente por ser gananciosa, dizendo em entrevista que "Eles foram à
América do Sul enganar os fãs, os fãs têm que decidir se eles querem ou não fazer parte desta farsa".