"Æquilibrium" é o mais novo álbum do Torture Squad e reflete suas experiências após vencer o Metal Battle de 2007, onde passou a contar com o apoio da Wacken Records e excursionar pela Europa por duas vezes desde então.
O novo disco mostra a banda continuando a progredir na fúria tão particular de seu Thrash / Death Metal, e, aproveitando a ocasião, o Whiplash! conversou com os batalhadores Castor (baixo) e Vítor Rodrigues (voz) para saber detalhes deste álbum e os planos para o futuro. Confiram aí:
Whiplash!: Olá pessoal. O Torture Squad passou a contar com uma considerável estrutura após ser consagrado o vencedor do Metal Battle de 2007, o que lhes possibilitou que realizassem alguns de seus sonhos. A realidade das últimas tours e seus frutos correspondeu às expectativas?
Castor: Com certeza foi um divisor de águas pra banda, pois isso nos deu mais condições em começar um trabalho mais sólido na Europa. As últimas duas turnês que fizemos (2008 / 2009), já com o suporte da Wacken Records, foram muito bem aceitas pelos lugares onde passamos e estamos colhendo bons frutos até hoje! O ponto alto, em minha opinião, foi a Killfest Tour, em que fizemos no ano passado abrindo para o Exodus e Overkill, realmente aquilo foi um marco em nossa carreira!
Vitor Rodrigues: Já tínhamos feito uma pequena turnê em 2006. Com a vitória no Metal Battle em 2007 pudemos retornar no ano seguinte e aproveitamos e fizemos uma turnê abrangendo 20 países e no ano seguinte tivemos a felicidade de tocar com os caras do Exodus e Overkill, ou seja, correspondeu sim às nossas expectativas porque o Torture Squad é banda de estrada. Queremos tocar bastante e mostrar nossa arte pros quatro cantos do mundo, e foram inúmeros destaques que fica até difícil escolher um.
Whiplash!: Com "Æquilibrium", seu estilo continua o mesmo, mas me pareceu que vocês quiseram fazer algumas coisas diferentes. Além disso, também mudaram de estúdio e produtor... O que você acha que o novo disco tem para oferecer que talvez os álbuns anteriores não possuíssem?
Castor: Cada álbum da banda, desde a nossa demo tape “A Soul In Hell” até o mais recente álbum “Æquilibrium”, sempre mantivemos o mesmo estilo de composição porque isso é o que mais amamos fazer, Death / Thrash Metal. Mas em cada trabalho nosso você pode notar coisas ‘diferentes’, mas que soa nosso estilo. O que acontece também é a evolução natural que nós vamos tendo com os nossos instrumentos, mas que só vem para enriquecer mais a nossa música, mas nunca mudar o nosso estilo.
Castor: Nós trocamos de estúdio e produtores nesse álbum por uma sugestão do Augusto, que trabalha no estúdio Norcal e conhecia bem o equipamento, os produtores e a forma deles trabalharem, e que poderia ser interessante se fizéssemos a gravação do álbum lá. Então, fizemos uma reunião com os produtores (Brendan Duffey e o Adriano Daga) e eles captaram bem a ‘vibe’ da banda para o novo trabalho e decidimos trabalhar com eles. Eu particularmente estou muito feliz com o resultado final do álbum!
Castor: Ele está bem ‘raçudo’, orgânico e PESADO! Foi o melhor som de baixo que tirei até hoje nessa gravação! Eu apenas usei o meu próprio backline que uso ao vivo, baixo Washburn Banton 5, cordas Elixir 0.45, amplificador David Eden WT 800 e o pedal Samsamp bass drive e nada mais!
Vitor Rodrigues: O novo disco oferece um Torture Squad atingindo a maioridade. Ele mostra a nossa evolução musical e lírica, mas sempre mantendo nosso estilo de compor. Nossa base sempre será o Metal. Em matéria de vocais, eu optei em não abusar de muitos agudos ou graves, aliás, não me preocupei, apenas senti a ‘vibe’ das músicas e o teor das letras e deixei o feeling me guiar.
Whiplash!: Fica claro em várias de suas letras uma preocupação com os problemas que a sociedade enfrenta, como é o caso de "Holiday In Abu Ghraib" e "174". Pois bem, país corrupto por natureza, população politicamente apática e presidenciáveis esquivos das responsabilidades do Estado em prol dos votos de grupos religiosos... Em suma, quais suas expectativas para os próximos anos desse Brasil varonil?
Vitor Rodrigues: É preocupante. Não sinto firmeza em nada do que é falado ou feito. Isso é triste, mas é o reflexo da política em que estamos. Mas a reação tem que sair do povo. Temos vários exemplos em que a força da população mudou o quadro de um país, por exemplo, a Revolução Francesa. Mas para isso o povo tem que acordar e tratar aqueles que dirigem o país como seus funcionários, e não superiores.
Whiplash!: Confesso que achei a capa do novo álbum bastante simples, considerando o atual status do Torture Squad. Sei que cada um pode ter sua interpretação, mas, como artistas, que tipo de ligação vocês quiseram transmitir entre o título "Æquilibrium" e a imagem do arame farpado embebido em sangue?
Castor: Queríamos algo real e simples e que tivesse algo relacionado com a gente. Para nós essa capa representa muitas coisas, tipo o arame farpado é uma figura que representa barreira. E em toda a nossa carreira nós sempre enfrentamos barreiras e quando você ultrapassa uma, é porque você deu seu sangue nisso!
Vitor Rodrigues: Ficamos intrigados pelo fato de que tudo na vida é equilíbrio. Por exemplo, se você fizer exercícios demais, pode sofrer um estiramento; ao mesmo tempo em que não fizer, a sua saúde pode deteriorar. E para manter esse equilíbrio você tem que se esforçar, se disciplinar, tem que enfrentar e ultrapassar barreiras, dar o sangue para que seu objetivo seja alcançado. Isso vale em todos os aspectos da vida.
Whiplash!: Sob a tutela da Wacken Records, o Torture Squad pode ser considerado como um 'novo' grupo em vias de crescimento. Existe algum tipo de pressão dos negócios capaz de influenciar sua Música? Como é a relação com esse selo, afinal?
Castor: Cara, a gente não sofre nenhum tipo de pressão deles em relação ao nosso trabalho, som, etc... Nós temos uma relação bem de boa com a galera lá. A banda aqui já tem 17 anos de trabalho, mas lá somos uma banda nova e temos que começar um trabalho novo lá. Até agora eles tem nos dado um bom suporte, como disse, por exemplo, na última turnê que fizemos lá no ano passado com o Exodus e Overkill.
Vitor Rodrigues: Não sofremos nenhuma pressão e nossa relação é muito boa.
Whiplash!: Vocês regravaram a faixa "The Unholy Spell" em "Æquilibrium" para o público ter um maior contato com suas composições antigas. Não há planos para relançar lá fora alguns de seus antigos trabalhos, ou uma compilação dos mesmos?
Castor: Sim, a gente regravou “The Unholy Spell” para a galera que só conhece os trabalhos novos da banda , principalmente no exterior, poderem ter a chance de conhecer um pouco agora. Os discos antigos estão todos disponíveis para o caso de algum selo lá quiser relançar. Acho que também isso poderá rolar em função dos novos trabalhos da banda sendo lançados lá e das turnês em que geralmente surge a oportunidade de conhecer alguma pessoa interessada de gravadora e que viu o potencial da banda ao vivo.
Whiplash!: E quais os planos para a turnê de "Æquilibrium"? Considerando que este é o segundo álbum pela Wacken Records, o Torture Squad poderá ter uma maior estrutura, tanto de pessoal quanto de palco, se comparado com a série de shows que fizeram para divulgar "Hellbound"?
Vitor Rodrigues: Temos muita lenha pra queimar fora do Brasil. O mais importante é tocar, mostrar a arte e aos poucos vamos nos estruturando.
Castor: Cara, como diz o grande finado Bon Scott “It´s a long way to the top if you wanna rock and roll”. Estamos com os pés no chão e, passo a passo, vamos nos estruturando e sempre buscando o melhor.
Whiplash!: Certamente é um assunto delicado, mas, tocando pela Europa, vocês sentiram algum tipo de preconceito pelo fato de serem latinos-americano? Por mais que se negue, em alguns países existe um declarado 'sentimento de reserva' quanto aos não-europeus...
Castor: Vixe, velho, até agora isso é lenda pra mim. Sempre fomos bem tratados lá e não sofremos nenhum tipo de preconceito até agora.
Vitor Rodrigues: De forma nenhuma. Aliás, muito pelo contrário. Não tivemos nenhuma manifestação de xenofobia ou coisa do tipo.
Whiplash!: É inegável que nossas bandas estejam em excelente fase e liberando discos incríveis Brasil afora... Mas o maior problema é o espaço e condições dignas para mostrarem sua Música. Em sua opinião, qual o motivo de tanta ineficiência? Haveria uma solução a curto ou médio prazo para essa realidade?
Castor: Eu acho que a infra-estrutura do país e a falta de investimentos de pessoas e empresas (gravadoras, agencias de show, empresários, etc...) não ajudam a melhorar e fazer da nossa cena tão forte como é na Europa, por exemplo.
Castor: Os poucos que temos aqui, e que trabalham sério nestes aspectos, são tão guerreiros quanto as bandas, porque nem sempre eles conseguem sobreviver do underground. Temos excelentes bandas, um grande público fiel ao Metal, mas o nosso país não dá estrutura necessária para que o nosso underground seja tão profissional como é no exterior. Mas, como disse, tem uma galera aqui que é muito profissional nas produções de shows, em gravadoras, revistas e webzines, etc, que sempre vem aos trancos e barrancos como as bandas e mantendo a chama do underground sempre acessa aqui no país do ‘Rebolation’...
Vitor Rodrigues: A solução é espalhar a palavra. Mostrar que existe uma história do Metal nacional. ‘Catequizar’ essa molecada aí para que eles continuem a tradição e não ficar aceitando essas porcarias que vemos na TV. Coisas que tentam enfiar goela abaixo. E mais, precisamos de pessoas especializadas nos meios de comunicação, pessoas que não confundam headbanger com maconheiro, bandido ou adorador de satã.
Whiplash!: Bicho, gostaria de encerrar dizendo que assisti ao DVD "Live At Wacken 2007 - 18 Years In History", e foi emocionante o anunciado do júri, dizendo "Torture Squad!!!" como o vencedor do Metal Battle de 2007. É algo para qualquer headbanger brasileiro sentir imenso orgulho de nosso cenário musical. Valeu! O espaço é de vocês para os comentários finais...
Castor: Cara, me lembro muito bem daquele dia, foi uma emoção indescritível! Estávamos lá participando do Metal Battle e já felizes da vida por estar tendo a oportunidade de tocar no WOA. Na hora que anunciaram a gente como vencedores foi realmente FODA!!!!
Vitor Rodrigues: A sensação de vencer o Metal Battle de 2007 foi como se nós tivéssemos ganhado a Copa do Mundo. Foi algo marcante que carregarei por toda a minha vida. Bem, quero agradecer imensamente o site pela oportunidade e desejando muito Metal a todos os headbangers.
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