Por volta do ano 2000, o baixista/vocalista Jason Netherton saiu do Dying Fetus, que estava justamente ganhando mais e mais destaque no underground, um fato que pegou os fãs de surpresa. Por sorte, ele montou o Misery Index e nesses últimos 10 anos a banda tem lancado trabalhos cheios da brutalidade do death metal, com a rapidez do grindcore e com letras de base política/social. Um dia antes da banda encerrar a turnê européia no festival Tuska Open Air (Finlândia), Jason falou sobre o Misery Index e também sobre o tempo dele no Dying Fetus.
Eu acho que já perguntaram pra você isso antes, sobre o nome da banda, por que você decidiu usar esse nome? Eu não tenho certeza se muitas pessoas sabem o que Misery Index significa, eu acho que nos Estados Unidos as pessoas sabem, mas a razão do nome era para dar algum tipo de afirmacão que a banda tem letras políticas?
Quando eu quis formar essa banda, eu queria algo mais indetificável, letras baseadas na realidade e na sociedade. Então eu sempre tive na minha mente esse nome do álbum do Assück, parecia bom e ficou preso na minha mente e decidi usar. Era para ser uma banda projeto. Eu não acho que muitas pessoas nos Estados Unidos sabem o que «Misery Index» significa, é um tipo de termo econômico obscuro e antigo. Tem esse significado também que é interessante, para calcular a miséria de um país.
O nome Misery Index é bem adequado para tempos como esses. Eu na verdade achava que muitas pessoas nos Estados Unidos sabiam o que esse termo significa.
Esse termo tem sido usado recentemente para criticar o Obama. É na verdade um termo dos anos '70 que foi usado durante a presidência do Carter, eu acho que foi quando inventaram esse termo.
Ok, vamos então falar da situação atual da banda. Ano passado, «o guitarrista» ”Sparky” Voyless deixou a banda, e ele estava desde começo da banda?
Sim, quase. Eu formei a banda com um outro cara e depois de uma ano, o Sparky entrou na banda e ele estava com a gente desde então.
Qual foi a razão dele sair da banda depois de tanto tempo?
Ele não estava mais feliz, eu acho que a razão veio originalmente de algum desacordo de negócios, mas parecia que ele tinha outras coisas acontecendo na vida dele e ele não estava feliz com as turnês e esse tipo de coisa.
E como tem sido com Dan Morris «N.: o novo guitarrista» agora? Ele tem tocado já por 1 ano, não é?
É. Tem sido fantástico, é como uma família, estamos confortáveis.
E você conhece ele já por muito tempo ou alguém o recomendou?
A gente cresceu na mesma área, ele tem estado em algumas bandas de Maryland durante os anos, mais recentemente ele estava no projeto Criminal Element com os outros caras. Ele sabia as nossas músicas porque a gente gravou nossos álbuns com ele, a pre produção no estúdo caseiro dele, então foi uma transição natural.
Então ele é um membro permanente?
Sim.
Vocês tem promovido o novo álbum por 1 ano se eu não me engano, como tem sido a turnê?
Boa. Fizemos 3 turnês nos Estados Unidos, uma na Europa e alguns festivais esse ano. Fomos para alguns outros lugares também, Colômbia, Sudeste da Ásia, Oriente Médio, temos viajado bastante.
Esse show do Tuska amanhã «N.: a entrevista foi conduzida no dia 23 de julho» é o último show na Europa ou vocês têm mais shows?
Esse vai ser o último do ano, eu acho que a gente vai voltar no começo do próximo ano. Eu não sei se já foi anunciado ainda então não vou confirmar mas eu acho que a gente voltará em fevereiro ou março, e eu acho que vai ser só isso por um tempo.
Vocês recentemente assinaram um contrato com essa gravadora francesa, Season of the Mist. Qual foi a razão para sair da Relapse e por que vocês decidiram justamente ir com a Season of the Mist?
Bem, porque queríamos ter uma possibilidade de fazer um álbum que a gente gostaria de gravar. Os recursos da Relapse eram de certa maneira limitados para nós, então... em outras palavras conseguimos um orçamento melhor para gravar com a Season of the Mist. Nós só tivemos três semanas e meia «para gravar», então a próxima vez queremos fazer um álbum mais ambicioso e mais longo, algo como 50 minutos «de duração», ter influências diferentes. Ter mais tempo para mixar, isso foi importante pra gente, além disso eu acho que a gente queria mudar um pouco de cenário, algo diferente. Além do mais, eles «Season of the Mist» têm muitas bandas legais, então...(risos). Eles são uma boa gravadora também.
O que mais vocês têm planejado para esse ano? Eu li que vocês tem esse split com o Lock Up, ele já saiu?
Já saiu.
Ah ok...
É um 7'' por uma gravadora de um amigo nosso, uma gravadora da República Tcheca, que se chama Damage Done Records. Eles entram em contato, não tínhamos uma música então a gente escreveu uma em alguns dias e gravamos no estúdio caseiro do Dan. Na verdade é uma música lenta, não tem nenhum blast beat ou coisa assim, é um pouco estranho que a gente fez o split com o Lock Up com uma música meio lenta. Ficou assim (risos). É legal para o 7'' porque é bem diferente pra gente, é mais como... não sei, uma música de ritmo médio do estilo do Gojira.
Isso é uma direção que vocês estarão seguindo com o próximo álbum?
Não, a gente sempre teve em nossos álbuns músicas mais lentas, porque a gente não quer um álbum que logo do comeco até o fim seja somente grind ou algo assim. Somos realmente uma banda de death metal que tem muito de grind. Eu acho que você sempre pode esperar da gente esses tipos de música, mas aconteceu dessa maneira com essa música «do split».
Vocês vão começar a gravar em breve ou qual é o plano?
Não, eu acho que esse vai ser a pausa mais longa entre os álbuns que teremos porque a gente têm outras coisas pessoais acontecendo também. Nosso guitarrista se casou e vai ter um filho, eu vou voltar para a universidade, então vai ser... talvez entremos em estúdio no próximo ano.
Se eu não me engano, esse ano marca 10 anos de Misery Index, como você vê esse 10 anos com a banda? Como eles têm sido?
Foi muito rápido. Eu acho que... não é como quando você é um adolescente e todos os anos parecem levar uma eternidade para envelhecer, mas agora todos os anos vão mais e mais rápido. É igual quando você está em turnê, é... eu acho que quando você está fazendo algo que ama, o tempo passa mais rápido. Se você está realmente feliz com você mesmo, você não se preocupa com tempo.
Verdade.
Tivemos bons momentos e tudo foi incrivel. Tivemos a chance de ver o mundo algumas vezes e isso era um dos objetivos, fazer muitas turnês.
Você mencionou que você vai voltar para a universidade, então eu queria perguntar à você... já que não dá pra depender somente com o Misery Index, o que vocês têm feito fora da banda?
Bem, tivemos trabalhos casuais... entre as turnês, eu fiz de tudo, de eletricista até trabalhar numa loja de livros. Os outros caras trabalharam em clubes, fazendo segurança... qualquer trabalho que você pode achar entre as turnês, e que você deixa e depois pode retornar. Tem sido difícil porque você vive de mês em mês tentando pagar seu aluguel. É uma maneira legal de viver por um tempo, você está fazendo música e viajando, tendo boas experiências e às vezes isso vale mais do que trabalhar das 9 até as 17, poupando dinheiro para algo. Eu acho que vamos ter alguns tipos de mudança porque a gente não pode fazer isso...Mark «Kloeppel, guitarrista/ vocalista» vai começar uma família.
Você vê a banda continuando por muito tempo?
Bem, eu sei que agora a gente se sente inspirado, e eu acho que se você está inspirado, você se sente que quer expressar dessa maneira, e isso é importante. Você vê algumas bandas que estão aí que tocam porque é a única coisa que eles sabem fazer, eu não acho que eles têm a paixão de tocar, eles vão e conseguem as ”grandes” garantias e coisa assim, e vão pra casa... eu acho que pra gente, ainda queremos tocar, talvez não forçar muito como a gente têm feito, mas talvez algo como uma turnê aqui e ali.
Bem, eu gostaria de perguntar algumas coisas sobre o Dying Fetus. Como foi formada e essa foi a sua primeira banda?
Nós começamos o Dying Fetus depois da banda que a gente tinha no colegial. O John «Gallagher, guitarrista/ vocalista do Dying Fetus e co-fundador da banda»... a gente tinha uma banda de power metal no colegial, uma banda de power com thrash metal chamada Damnation, e a gente tocou por alguns anos no colegial, fizemos uma demo. Nessa época a gente começou a escutar death metal, por volta de 1990 e decidimos que queríamos fazer isso «death metal» então, e a gente começou o Dying Fetus em 1991. Foi isso... passamos por mudanças nas formações.
Qual foi a banda que fez você mudar o que queria fazer? Que fez seguir essa linha death metal?
Provavelmente o Obituary e o
Deicide, quando começamos a escutar essas bandas de Florida, eles eram simplesmente... do nada a gente tava nessa busca de escutar algo mais pesado, descobrir qual era a melhor. Na verdade o
Sepultura, eu lembro quando eu vi o vídeo do ”Inner Self” na MTV, eu achei que era a coisa mais pesada no mundo. Daí a gente descobriu as outras bandas da Roadracer «N.: Roadrunner Records», como o Obituary e o
Deicide, essa onda do death metal começou. Era uma época onde você ia à loja comprar qualquer coisa e era fantástico, porque tudo ainda era novo, todos eram espontâneos. Depois de algum tempo começou a ter essas bandas que queriam soar iguais, então era uma boa época.
Desse tempo com o Dying Fetus, você tem algum álbum favorito, algum que você tem bastante orgulho?
Provavelmente o ”Killing on Adrenaline”. Quando a gente conseguiu o Kevin Talley na banda foi uma mudança porque bateristas naquela época, mesmo na metade dos anos '90, eram difíceis de achar, aqueles que podiam realmente tocar blast pesado e pedais duplo. A gente o encontrou no Texas, era dessa maneira, você tinha que achar bateristas na outra parte do país. Quando ele se juntou à banda as coisas ficaram bem legais, tinha um processo de compor bem espontâneo e energético, algo que raramente acontece. Eu gosto do jeito que saiu «o álbum ”Killing on Adrenaline”», apesar que a mixagem poderia ter sido melhor, mas ainda assim é bem pesado.
Provavelmente muitos fãs do Misery Index sabem que você tocou e cantou no Dying Fetus, você escuta pedidos dos fãs pra tocar algo do Dying Fetus?
Sim, algumas vezes eu escuto algum grito como ”Kill Your Mother, Rape Your Dog”.
Você toca se eles insistirem?
A gente nunca toca (risos).
Recentemente a Relapse relançou alguns álbuns do Dying Fetus, você estava envolvido com isso? Eles chegaram a pedir para você escrever algumas notas sobre os álbuns?
Sim, eu escrevi todas as notas e dei as faixas extras. Eu trabalhei com o John já que ele não tinha essas coisas, e o John queria que eu fizesse isso, escrever essas notas porque eu acho que ele não gosta muito de fazer esse tipo de coisa. Foi legal.
Bem, acho que é só isso. Obrigado pela entrevista!
Legal, obrigado.