O website The Guardian (http://www.guardian.co.uk) publicou uma matéria reportando depoimentos de ex-professores de música de alunos que hoje são grandes rockstars e músicos.
Jill Bird, ex-professora de música dos integrantes da banda MUSE, Matthew Bellamy (vocal, guitarra e piano), Christopher Wolstenholme (baixo, voz secundária e teclado) e Dominic Howard (bateria e percussão), deu seu depoimento sobre eles. Confira abaixo a tradução feita pelo site Muse Brasil (http://musebrasil.com/):
"Quando comecei a trabalhar em Teignmouth no verão de 1990, Matt e Dom já estudavam lá há 6 meses. Eu me lembro de ouvir Matt tocar guitarra num show de fim de período, e pensar: "Minha nossa, ele só tem 12 anos". Já no final do ensino médio, Chris já fazia parte da banda de Matt e Dom. A banda se chamava Gothic Plague. Outros adolescentes tocavam suas guitarras mais por diversão, mas eles eram tão comprometidos, tão determinados, tão prontos.
A escola não tinha dinheiro. Era horrível, sério. No máximo, um baixo funcionando, um tocador de fita cassete, um kit de bateria muito ruim, e salas em péssimo estado. Mas eles não se importavam. Apenas pediam: "Professora, podemos ensaiar? Podemos ensaiar?". Por sorte, o departamento de música ficava num prédio antigo a 200 metros da escola, então eles podiam fazer quanto barulho eles quisessem. Aquilo foi um daqueles estranhos momentos inesperados que mudaram as coisas para eles.
Matt e Dom eram de uma turma super criativa. Todos eles exploravam vantagens um dos outros. É o tipo de coisa que você vê apenas uma vez na vida. Numa turma normal, se eu colocasse algo para tocar que não fosse heavy metal, todos reclamariam. Na turma deles, se eu colocasse Chopin ou Steve Reich, eles entravam no clima. Havia também um oboísta na turma. Todos esses fatores contribuíram para aquela atmosfera de criatividade. Ainda consigo perceber toda essa criatividade na música do Muse. As vezes fico pensando como as coisas seriam diferentes hoje se eles tivessem entrado em outro ano. O fato de eles precisarem ir a Exeter assistir shows foi importante também. Nada acontecia nas redondezas, então eles tinham que se virar para se divertir.
Eles nunca ficavam satisfeitos com suas composições. A maioria dos adolescentes de 14-15 anos pensariam: "Isso ficou muito bom!", mas não eles. Eles sempre queriam fazer melhor. Chris, principalmente. há 16 anos atrás Chris estava genuinamente fazendo o impossível com seu baixo. Eu dava notas máximas para ele, e dizia "Chris, isso já está fantástico. Não há como te dar uma nota mais alta". E ele dizia: "Mas há algo de errado". Ser comprometido daquele jeito naquela idade era extraordinário.
Eu juntei dinheiro para comprar um gravador de rolo. Era para a escola – Mas na verdade era para eles, porque eu sabia que o equipamento que tínhamos era limitado. Sei que não podia, mas eu deixava eles levarem o gravador para casa nos fins de semana também. Eu não sabia como aquilo funcionava, então nós estávamos aprendendo juntos. O incentivo é tão importante para os jovens, e eu ainda percebo isso na Saturday Music School em Totnes, onde eu trabalho. Incentivar dá a eles tanto prazer, um motivo para eles se esforçarem.
Ver os meninos se tornarem uma grande banda foi emocionante. Principalmente quando eles retornaram a Teignmouth para fazer os dois shows em casa ano passado. Eu fui uma das primeiras a comprar ingressos, mas eles entraram em contato comigo para dizer que tinham separado ingressos para mim. Na cidade naquela noite, eu vi muitos dos meus alunos que não via há 10 anos. Eles diziam: "Não é ótimo, professora? Não é ótimo?!". Era, e ainda é."
Fonte desta matéria: Muse Brasil