Recentemente, mais dois grandes nomes do rock internacional confirmaram sua presença em palcos brasileiros. Rush e BOM JOVI tocarão por aqui em outubro, para alegria de seus milhares de fãs, que já se preparam para gastar suas economias em ingressos vendidos a preços exorbitantes.
A
vinda dessas bandas ao Brasil não é grande novidade, já que de uns anos
para cá o país se firmou como um dos principais destinos das turnês dos
grandes nomes da música mundial. É só uma banda anunciar sua nova
excursão de shows, que os brasileiros já esfregam as mãos, ansiosos pela
confirmação das datas no país.
Esfregam as mãos e preparam o bolso. As entradas estão ficando cada vez mais caras e inacessíveis. Um bom exemplo é a diferença de preços cobrados pelos shows do Rush entre 2002 e este ano.
Na
turnê Vapor Trails, o ingresso mais caro em São Paulo custava R$350, no
setor chamado “pista VIP”. Hoje, o ingresso para o mesmo setor, agora
rebatizado de “pista Premium”, no mesmo estádio do Morumbi, custa R$500.
Aumento de 30%. O pior é lembrar que há 8 anos, o setor podia realmente
ser chamado de VIP, com cadeiras colocadas bem próximas ao palco (Para
se ter uma ideia, imaginando o palco posicionado em um dos gols do campo
de futebol, esses assentos ficariam na grande área). Hoje, além de não
ter cadeiras, a tal “pista VIP” se espalha por uma área bem maior do
campo, chegando até bem próximo do círculo central. Ou seja, o fã pago
mais caro hoje para ficar em pé e provavelmente mais longe do palco.
O
pessoal costuma culpar as altas do dólar e da inflação como motivos
para o aumento. Mas uma pesquisa rápida no Google mostra que em 2002 o
dólar estava variando entre R$2,50 e R$3,00 -- em 2010 nem chegou a
R$2,00. A inflação anual não chega a dois dígitos desde 2003.
Além
do mais, essa história toda de “pista VIP” é uma novidade bem perversa.
Os fãs mais antigos devem se lembrar que antes os setores de um estádio
ou casa de shows eram divididos de uma maneira bem simples:
arquibancadas (quanto mais próxima ao palco, mais cara) e pista. Apenas
pista. Não existia essa história de VIP, Premium ou qualquer outra coisa
que prometa uma maior proximidade do palco a troco do suado dinheiro do
fã.
Outra coisa que assusta o espectador é a famosa “taxa
de conveniência”, cobrada por algumas lojas para vender as entradas. A
Fnac de São Paulo, por exemplo,
cobra 20% a mais por cada ingresso. Uma pessoa desavisada pode pensar
que a rede francesa está cobrando taxas européias sobre os ingressos,
mas não é bem assim. Em Lisboa, a mesma Fnac cobra apenas €1,00 por
entrada. Já em Barcelona, as taxas são mais altas, mas não chegam a
muito mais que 10% do valor da entrada. Enquanto isso, no Hemisfério
Sul...
Por essas e por outras as pessoas vêm recorrendo a
carteirinhas de estudante falsificadas para tentar comprar as entradas
por preços mais acessíveis. Erro de um lado, erro de outro. A farra dos
ingressos também é justificada pela farra das carteirinhas de estudante.
A solução seria protestar, fazendo um super boicote aos shows. Mas que
fã vai deixar de ver sua banda preferida? Então o jeito é se conformar e
continuar juntando dinheiro. Quem sabe quem vai desembarcar por aqui no
ano que vem?
Por Flávio Dagli