28 de agosto de 2010

Preparem os bolsos: Rush e Bon Jovi vêm aí, haja dinheiro!

Recentemente, mais dois grandes nomes do rock internacional confirmaram sua presença em palcos brasileiros. Rush  e BOM JOVI tocarão por aqui em outubro, para alegria de seus milhares de fãs, que já se preparam para gastar suas economias em ingressos vendidos a preços exorbitantes.

A vinda dessas bandas ao Brasil não é grande novidade, já que de uns anos para cá o país se firmou como um dos principais destinos das turnês dos grandes nomes da música mundial. É só uma banda anunciar sua nova excursão de shows, que os brasileiros já esfregam as mãos, ansiosos pela confirmação das datas no país.

Esfregam as mãos e preparam o bolso. As entradas estão ficando cada vez mais caras e inacessíveis. Um bom exemplo é a diferença de preços cobrados pelos shows do Rush entre 2002 e este ano.
Na turnê Vapor Trails, o ingresso mais caro em São Paulo custava R$350, no setor chamado “pista VIP”. Hoje, o ingresso para o mesmo setor, agora rebatizado de “pista Premium”, no mesmo estádio do Morumbi, custa R$500. Aumento de 30%. O pior é lembrar que há 8 anos, o setor podia realmente ser chamado de VIP, com cadeiras colocadas bem próximas ao palco (Para se ter uma ideia, imaginando o palco posicionado em um dos gols do campo de futebol, esses assentos ficariam na grande área). Hoje, além de não ter cadeiras, a tal “pista VIP” se espalha por uma área bem maior do campo, chegando até bem próximo do círculo central. Ou seja, o fã pago mais caro hoje para ficar em pé e provavelmente mais longe do palco.

O pessoal costuma culpar as altas do dólar e da inflação como motivos para o aumento. Mas uma pesquisa rápida no Google mostra que em 2002 o dólar estava variando entre R$2,50 e R$3,00 -- em 2010 nem chegou a R$2,00. A inflação anual não chega a dois dígitos desde 2003.

Além do mais, essa história toda de “pista VIP” é uma novidade bem perversa. Os fãs mais antigos devem se lembrar que antes os setores de um estádio ou casa de shows eram divididos de uma maneira bem simples: arquibancadas (quanto mais próxima ao palco, mais cara) e pista. Apenas pista. Não existia essa história de VIP, Premium ou qualquer outra coisa que prometa uma maior proximidade do palco a troco do suado dinheiro do fã.

Outra coisa que assusta o espectador é a famosa “taxa de conveniência”, cobrada por algumas lojas para vender as entradas. A Fnac de São Paulo, por exemplo, cobra 20% a mais por cada ingresso. Uma pessoa desavisada pode pensar que a rede francesa está cobrando taxas européias sobre os ingressos, mas não é bem assim. Em Lisboa, a mesma Fnac cobra apenas €1,00 por entrada. Já em Barcelona, as taxas são mais altas, mas não chegam a muito mais que 10% do valor da entrada. Enquanto isso, no Hemisfério Sul...

Por essas e por outras as pessoas vêm recorrendo a carteirinhas de estudante falsificadas para tentar comprar as entradas por preços mais acessíveis. Erro de um lado, erro de outro. A farra dos ingressos também é justificada pela farra das carteirinhas de estudante. A solução seria protestar, fazendo um super boicote aos shows. Mas que fã vai deixar de ver sua banda preferida? Então o jeito é se conformar e continuar juntando dinheiro. Quem sabe quem vai desembarcar por aqui no ano que vem?

Por Flávio Dagli 

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