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29 de março de 2011
Parte 16 - O Disco, os Filmes e as Perseguições
Tomaram um ácido e pernoitaram na residência. Era uma noite de lua cheia e fizeram caminhadas pelos jardins da propriedade. Ao voltar, Marianne e Anita contam que viram um fantasma sussurrando pelos corredores. De manhã, Mick acorda cedo e é encontrado no jardim tirando um tema que não sai de sua cabeça. Não é nada completo, mas dentro de alguns anos, será a base de “Sister Morphine.”
Mick, Marianne & Jimi
De volta a Londres, foram para o Speakeasy, um clube que abrira em janeiro daquele ano. Lá, assistiram the Jimi Hendrix Experience tocando o seu set. Marianne já o tinha visto antes, no início do ano, em outra ocasião, e Mick, no ano anterior em Nova York, quando ele ainda era desconhecido e pedia uma chance para alguém promove-lo. Ao final do set, Hendrix reparou o casal e lentamente navegou entre o mar de groupies até sua mesa. Vendo-o chegar, Mick talvez estivesse pensando e lamentando a oportunidade que ele perdeu em não contratá-lo para sua firma com Oldham, ainda em Nova York. Agora é tarde. Hendrix também deveria estar pensando algo similar, ao caminhar até aquela mesa. Pensando na ironia de Jagger saindo de sua casa só para assistí-lo, agora que ele estava ficando famoso, mesmo sem sua ajuda.
Jimi Hendrix
Hendrix pegou uma cadeira, colocou-a entre Mick e Marianne e se sentou. De costas para Mick Jagger, ignorando-o solenemente, Jimi espreme Marianne contra a parede, e lhe sussurra, lábios no ouvido, "Vamos embora daqui só nos dois. Você não quer ficar aqui com este babaca. Vem comigo." O som da casa estava tocando e Jagger não podia ouvir o papo. Ele percebe que algo estava acontecendo mas se mantém frio e impávido como um bom inglês.
Não é a primeira vez que Hendrix convida Marianne para a cama. No inicio do ano, quando ela foi assistí-lo, não foi diferente. Jimi tenta seduzi-la, contando-lhe o que vai fazer quando ela estiver sobre seus lençóis. Joga mentiras doces, insinuando que compos "The Wind Cries Mary" pensando só nela. Marianne ri e educadamente declina o convite, mesmo que toda molhada de vontade de ir. Ela tinha acabado de se mudar com Nicholas para morar com Mick e não iria arriscar estragar algo que estava começando tão bem. Pela segunda vez, Marianne feliz com seu amante atual, novamente dispensa Jimi Hendrix. Ele então, deixa a mesa.
Semolina Pilchard
Brian está mal e tem sua situação agravada por perseguição da polícia em atividade extra oficial. A razão pela qual Brian está constantemente mudando de hotel em hotel é para despistar a polícia. Mas o Sgt. Pilchard e seus assistentes acabam sempre por descobrí-lo e visitá-lo, prometendo vistoriar a casa. A situação começa em Maio mas vai se prolongando e piorando pelo decorrer do ano. Então, em junho, Nikki Browne, viúva de Tara Browne, convida Brian e Suki a irem com ela até sua casa de praia em Marbella, na Espanha. É uma forma de Nikki agradecer a bondade mostrada por Brian na época da morte de Tara.
Brian e Suki ficam hóspedes de Nikki por alguns dias, depois passando a se hospedar no New Marbella Club, onde permanecem por algumas semanas. Sem dinheiro em espécie para pagar a conta, Brian está passando parte do tempo de seu descanso mandando, via telex, mensagens tanto para o escritório dos Rolling Stones, como o de Allen Klein, pedindo verba para pagar uma estadia calculada em $300. Ao voltar para Londres, se hospedando agora no Skindles Hotel em Maidenhead, os problemas voltam a assombrá-lo. O suadouro para conseguir liberar um dinheiro que em essência é dele, demonstra quão pouco respeito se tem por Brian Jones dentro da organização Rolling Stones. O melhor serviço é dispensado apenas para Mick e Keith. Os demais aparentemente recebem tratamento de músicos de apoio.
Mick Teme a Saída de Brian
Antes da volta de Brian da Espanha, há vários rumores cercando os Stones. Mick está, como sempre, falando em nome da banda, se posicionando como sendo "apenas" um quinto dos Rolling Stones e que a banda é a soma de suas partes. Mick fala da intenção de parar de excursionar por um tempo, pois todos estão cansados da estrada. O que se passa mesmo é que estão preocupados em serem banidos de certos países por causa da acusação de posse de entorpecentes. Um banimento oficial em série pode se tornar publicidade ruim, portanto evita-se. Na prática, apenas o Japão irá recusar a entrada da banda no país, uma situação que só iria mudar na década de noventa.
Conversando com a imprensa, Mick também garante que Brian, ao voltar da Espanha, irá retornar às gravações com a banda, e que qualquer boato sobre sua saída dos Rolling Stones é uma mentira. Mick no fundo teme a possível queda de popularidade da banda caso Brian Jones saia, pois ele é ainda uma força carismática muito grande. Brian tem todas as razões para sair. Ele está insatisfeito com a falta de espaço para expor qualquer composição sua para a banda, e odeia a música psicodélica que Mick está obrigando todos a gravar. Sem falar no mal estar que ficou no ar desde que Keith roubou sua namorada. Musicalmente, Brian está cheio de convites para trabalhar com trilha sonoras para filmes. Há muitas opções no seu horizonte.
Por via das duvidas Mick sonda secretamente, através de terceiros, a possibilidade de Jimmy Page aceitar assumir ser guitarrista dos Rolling Stones, caso Brian Jones realmente resolva sair. Outro assunto que Mick procura esclarecer é quanto a tentativa do sistema agregar responsabilidades sobre os artistas pop, pela conduta de jovens que os imitam. Jagger quer deixar claro que ele assume responsabilidades de artista apenas quando está no palco, mas que a sua vida particular pertence somente a ele mesmo. Depois viaja com Marianne passando uma temporada na Irlanda, antes de todos voltarem para o estúdio concentrando-se novamente no álbum.
Desentendimentos no Estúdio
As sessões se arrastam, com atrasos sendo cada vez mais constantes. Andrew Oldham ficava deprimido ao ver o acordo feito, de todos chegarem na hora, sendo desrespeitado. Oldham e Glyn Johns ficam até as duas da manhã aguardando Mick e Keith chegarem. Brian não gosta desta música pseudo espacial - pseudo psicodélico. Diz claramente: "Isto não é rhythm & blues, isto sequer é rock 'n' roll! Este material não é música que representa a banda Rolling Stones!" Entre discussões, Brian gravaria diversos instrumentos, embora constantemente reclamando das composições. Keith começa então a levar Anita para o estúdio, e com sua presença, Brian começa a se calar. Anita, recém chegada de Roma, ainda dominada pelo psique de seu personagem A Rainha Negra da Galáxia, aproveita e se vinga, rindo alto enquanto está abraçando e beijando Keith.
Brian seca por dentro e passa a faltar às sessões, agora sem motivos aparente. Manda dizer que está se sentindo mal e simplesmente não vai. Quando ele aparece, está extremamente chapado. Mesmo assim, seu talento musical é no mínimo impressionante. Para executar uma parte no piano, ele teve que ser escorado por uma cadeira, de tão entupido de Mandrax que estava. Sem a cadeira ele cairia para os lados. No entanto, na hora de gravar, ele tocou sua parte perfeitamente. Em dias menos intoxicados, ele fugiria para o estúdio do lado. Brian teria achado uma harpa e resolveu explorar o instrumento. Novamente, como uma lenda se repetindo, durante o tempo que levou para Ian Stewart o encontrar, Brian já estava tirando musica com a harpa, o instrumento mais complexo de toda uma orquestra.
Depois piora ainda mais. Brian passa a chegar no estúdio em um estado deplorável, totalmente sem condições de produzir qualquer música. Ele mesmo chegou a comentar em retrospecto que era como se sua mente não lhe permitisse mais tocar. Brian estava se matando e acaba internada, não agüentando a pressão e o abuso químico. Passa a ter consultas com um psiquiatra, sendo inclusive internado periodicamente. As sessões no Olympic Studios continuam mas nem sempre se sabe quem vai aparecer à noite. Keith Richards também está lidando com seu inferno astral. Apesar de saber que Brian cavou seu próprio buraco, não consegue deixar de sentir culpa vendo o colega desintegrar por causa de Anita. Keith evita Brian, e a pressão envolvida neste rompimento o impulsionaria a experimentar com mais drogas. Varias coisas gravadas não passaram pelo crivo e ficaram como outakes, arquivados até hoje, ocasionalmente saindo em algum pirata. Canções com nomes esdrúxulos como "Bathroom Toilet" e "Golden Painted Fingernails" estão ainda guardadas nos cofres.
Marianne No Cinema
Marianne começa a trabalhar em um filme chamado "I'll Never Forget What's 'Isname", contracenando com Oliver Reed e Orson Wells. Sua participação é pequena porém histórica, pois Marianne foi agraciada com a questionável honra de ser a primeira pessoa a dizer o palavrão "Fuck" em um longa metragem. Logo chegariam convites para outras produções.
O Controle dos Stones
Enquanto isto, Mick começa a trabalhar na promoção do disco novo. Todas as decisões estão sob sua tutela, Oldham ficando totalmente à margem. Toda energia de Mick Jagger está direcionada para os Rolling Stones. Ele não só compõe as músicas junto com Keith, como também é responsável por toda parte de publicidade e promoções, sendo a última e decisiva palavra sobre tudo referente à banda. Ele assume agora também a produção do disco, se bem que para o Satanic Majesties, ele teve muita ajuda de Glyn Johns, o engenheiro de som.
Só Lendo
Toda esta energia e atenção têm como subproduto o distanciamento entre ele e Marianne. Ele chega sempre exausto em casa e o casal se tornam amigos que, quando muito, gostam de ler juntos. Recentemente conheceram um mago chamado Kenneth Anger que era seguidor de Aleister Crowley. Anger divulgou para todos com quem ele teve contato, sobre a vida e obra de Crowley, deixando muitos curiosos e interessados. Marianne, como também Anita, tiveram grande interesse em livros tratando de assuntos relevantes a magia negra. Crowley passou a ser leitura obrigatória. Em casa, Mick quase não tem interesse por sexo e Marianne começa a se inquietar no seu papel de dona-de-casa entediada. Ela logo aceitaria trabalhar em outro filme para sair de casa e mudar de ares.
A Capa
As amizades entre Mick e Michael Cooper estão estreitando em função da amizade entre Nicholas Dunbar, filho de Marianne, e Adam Cooper, filho de Michael. Com isso, o fotógrafo contratado por Oldham, Gered Manokowitz, é dispensado, de forma que ficasse evidente que Andrew Oldham não mandava mais na casa. No estúdio, Mick Jagger se aproxima de Oldham, de costas para Manokowitz que está sentado na poltrona, e diz "Para capa decidimos o seguinte..." Em momento algum falaram com Manokowitz que seus serviços não seriam mais necessários, mesmo ele estando ali no recinto. Não por qualquer problema em relação a qualidade de seu trabalho. Foi apenas a maneira encontrada para estabelecer para Oldham e quem quer que seja, de que quem define as coisas agora dentro da banda eram Mick e Keith.
Michael Cooper foi pago para fazer uma capa psicodélica. Dia 13 de setembro, os Rolling Stones então viajam para os Estados Unidos para tirar a foto da capa. Foi idéia do Cooper de fazerem a foto na Pictorial Pictures, em Mount Vernon; NY. A imigração americana passou horas com Keith e Mick até liberarem o visto de entrada. Depois seguiram para o estúdio.
Cooper tinha reunido um cem número de objetos, que colocou em um canto. Explicou sua idéia de que a banda mesmo deveria decorar o set. Depois adicionaram plantas, utilizaram jet spray, e foram adicionando detalhes. No final, se vestem com fantasias até Michael começar a tirar as fotos, primeiro com uma câmara comum. Depois com uma máquina fotográfica japonesa capaz de tirar fotos em 3D, encomendada especialmente para a ocasião.
No dia seguinte, já em Manhatten, a banda está reunida com Allen Klein em seu escritório para terminarem oficialmente as relações com Andrew Oldham. Andrew saiu de forma elegante, dizendo que "nós nos separamos porque não havia mais a necessidade da presença um do outro." Mick diria "Estávamos nos produzindo sozinho e querendo fazer as coisas de forma diferente do que o Andrew faria." Na verdade, Mick Jagger sozinho é quem passa a empresariar os Rolling Stones. Jagger contrata Jo Bergman, uma das secretárias do falecido Brian Epstein, falecido empresário dos Beatles, como sua secretária particular.
Antes do Cinema
Sempre que Mick e Marianne começam a se distanciar excessivamente, geralmente por causa do trabalho, acabam arrumando um jeito para viajar para um canto qualquer. O padrão irá se repetir várias vezes durante os próximos anos. Com a desculpa de que Marianne irá participar de outro filme e ficará um longo período fora do país, o casal pega um avião para Amsterdam e depois Paris. Querem ficar juntos o máximo de tempo possível antes das filmagens iniciarem. Charlie e Shirley estão invariavelmente juntos cuidando da casa, dos cavalos e seus outros passatempos menos badalados. Estão concluindo a mudança para Peckham, o novo lar. Bill Wyman está trabalhando com a banda The End, preparando o novo compacto "Loving Sacred Loving". Curiosamente, esta canção dentro de duas décadas, será resgatado e vendido em discos piratas como sendo uma gravação dos Beatles com os Rolling Stones juntos. Um ótimo exemplo da união de ganância com ignorância.
Quando voltam, Mick e Marianne são obrigados a se mudar de casa, novamente por causa de reclamações dos vizinhos em função dos fãs sempre a espreita na frente do prédio. Mick estava de olho há tempos em uma mansão em Berkshire perto de Newbury, que fora quartel general do militar Oliver Cromwell no século XVII. Esta será a primeira residência que Mick Jagger irá comprar e não alugar como as anteriores. Antes de poderem se mudar para lá, a casa passaria por uma reforma que levaria quase dois anos para ser concluída.
A Garota da Moto
No outono, Marianne viaja para Heildelberg, Zurich e Genova, participando das filmagens de outro filme, desta vez como atriz principal. O filme é um soft porn chamado La Motocyclette (A Garota da Moto) e lhe renderá um bom dinheiro embora ela mesma ache o filme horrível.
Durante as filmagens, ela contracena com Alain Delon, grande galã francês da década. Apesar de atraente, Alain praticamente intimou Marianne a trepar com ele, e passou a ser desagradável quando ela o recusou. De passagem pela França, ela tira fotos promocionais e o fotografo da sessão se apaixona por ela. Ele a segue para Heidelberg, onde iniciaria as filmagens. Durante os três meses que levou para fazer o filme, Marianne passaria a ter um romance com este fotografo, Tony Kent. Quando ela passou a receber flores de Mick, vindas da Inglaterra, começou a desconfiar que ele já estava sabendo de Tony.
Outubro Maldito Para Brian
Outubro de 1967 foi um mês infeliz para Brian Jones. Sua decadência física e psicológica não o impede de estar sempre freqüentando a noite. Assim, ele é visto em um clube na mesma noite e no mesmo horário que um homem que mais tarde seria encontrado morto. Brian é obrigado a prestar depoimento e a polícia irá vasculhar o histórico de sua vida recente. Suposições de envolvimento no crime são apenas mais um agravante nos nervos do músico. Na prática não houve nenhuma acusação formal, e em tempo o assunto seria esquecido.
Brian então pega seu carro e sai da cidade passando por Wells, Taunton, Penzance, St. Ives e depois, de avião, volta a freqüentar Marbella na Espanha. Ele volta a tempo de seu julgamento. Nenhum dos outros Stones estavam presentes e apenas um público moderado apareceu para assistir. Brian chegou ao local trazido pelo chofer Tom Keylock que depois foi levar Mick, Keith, Glyn Johns e Ronnie Schneider para o aeroporto. Os quatro iriam trabalhar na mixagem do disco em Nova York.
O Julgamento - Brian
Brian estava impecavelmente bem vestido, de terno e gravata listrados no estilo imitando os anos trinta. O primeiro a ser julgado foi o amigo Stash, de nome e título, Príncipe Stanislau Klossowski de Rola que declarou-se apenas um convidado na casa. Nada incriminador fora encontrado com ele na ocasião e toda queixa fora retirada pela acusação. Brian então se declarou culpado da posse de maconha e de autorizar sua residência a ser usada para o consumo de maconha. Ele nega as acusações de posse de Methedrine e cocaína. Ele nega qualquer envolvimento com drogas pesadas e seu advogado pede que se leve em consideração que em momento algum o Sr. Jones tentou esconder para a polícia o fato dele ter a posse da maconha em sua residência, no momento da blitz.
Seu advogado, James Comyn explica que desde a referida batida policial, o Sr. Jones não tem mais nenhum envolvimento com qualquer tipo de entorpecente, declarando inclusive, que eles são um problema e não uma solução. Sr. Jones tem tido recentemente sérios problemas de estafa e está no momento em tratamento e pretende continuar sob cuidados médicos. Que sua historia pessoal é um exemplo de porque não se deve tomar drogas e é isto que ele prega hoje em dia. Outros testemunhos incluem o Sargento Detetive David Patrick, que concordou que a quantidade encontrado na residência era consideravelmente pequena, e o psiquiatra Dr. Leonard Henry, que confirmou que já atendeu o Sr. Brian Jones em oito ocasiões e o seu paciente tem mostrado melhoras significativas mas não deveria ir para uma prisão. Sua falta de condições de lidar com pressões sugere que ele seja internado em um hospital o quanto antes. Dr. Henry conclui que o estigma de emprisonamento poderia levar o Sr. Jones ao suicídio. Dr. Anthony Flood, outro psiquiatra que atendeu Sr. Jones em julho, o descreve também como um homem doente e com um grande potencial para o suicídio.
Após cinco horas de julgamento e uma parada para o almoço, a sentença foi declarada no inicio da tarde. Brian Jones foi inocentado da acusação de posse de Methedrine e cocaína mas culpado pelo uso de maconha e de ter autorizando o uso em sua residência. O desejo era que a sentença fosse uma multa ou tratamento, coisa que Brian já estava fazendo. Mas por ser um Rolling Stone e tendo inúmeros fãs, pesou ao juiz a necessidade de dar o exemplo e assim, sentenciou Brian Jones a nove meses de cadeia, além de pagar despesas pelo julgamento na ordem de £265. Brian sem mostrar nenhum sinal de emoção é retirado da corte e levado para a cadeia no porão. Meia hora depois, estava a caminho da Wormwood Scrubs, aos prantos.
No dia seguinte os jornais reclamam que nove meses é excessivo e iria provavelmente transformar Brian Jones em um mártir. Protestos eram conduzidos pacificamente em Kings Road, mas ao final do dia transformaram-se em uma batalha campal contra a polícia. Entre os adolescentes presos estava Chris Jagger, irmão de Mick Jagger. Brian ficaria preso por dois dias antes de James Comyn conseguir que um juiz liberasse Brian para aguardar a apelação sob fiança. Para isto, Comyn trouxe novamente os dois psiquiatras que repetiram seus testemunhos para o juiz da corte suprema, J. Donaldson, que pediu fiança no total de £750.
Paranóia de Perseguição
Fotógrafos aguardavam na saída da cadeia e Brian mostrou um sorriso, acenando e falando como era bom estar novamente em liberdade. Foi levado para um pub em Middlesex onde tomou algumas cuba libres (Coca-cola com rum) sozinho e depois foi para a casa de campo de um amigo. Por dentro, Brian estava dilacerado. Reconhecia os fatos como prova irrefutável de que "eles" estavam querendo pegá-lo, existindo sem sombra de dúvida uma conspiração para acabar com ele. Brian toma uma quantidade absurda de pílulas (anfetaminas), depois se entupindo de cocaína, ficando totalmente fora de si e acordado por dois dias.
Na noite do segundo dia ele saiu com Mariella Novotny, conhecida groupie para todas as ocasiões. Foram para um clube em Convent Garden onde todos lá o congratularam pela sua liberdade. Brian é convidado a subir no palco e tocar com a banda da casa, convite aceito para a alegria destes. No meio do som, Brian, tocando um baixo acústico emprestado por um dos músicos, começa a destruir o instrumento com a sola de suas botas. Depois, com o instrumento no chão despedaçado, continua tocando um baixo acústico invisível em suas mãos, curtindo um som que só ele ouvia. O público acha tudo mise-en-scène e aplaude festivamente. Brian depois entra em crise de choro e é levado de volta pra casa. Lá, ele sequer consegue falar, o choro inundando sua alma, até que ele acaba desmaiando. Mariella chama uma ambulância temendo que ele morra ali mesmo e Brian acaba sendo levado para o St. George's Hospital. Dentro de uma hora ele já estava bem e pegando um taxi para casa. Oficialmente ele foi diagnosticado com estress, mas todos dentro do convívio sabem que o problema são as drogas e a forma destrutiva com que ele as usa.
Mick, Keith e Klein Analisam a Situação de Brian
Mick já há tempos não se socializa com Brian. Mas de Nova York, todos estavam interessados no encaminhamento de sua situação legal. Além da mixagem do Her Satanic Majesties Request, o novo álbum sem data ainda para lançamento, outros assuntos levam a dupla para o escritório de Allen Klein. A decisão de não excursionar enquanto a situação de Brian não estiver definida é tomada. Mick teme perder fãs se chutarem Brian da banda e prefere aguardar uma definição legal antes de declarar publicamente que Brian não tem condições de excursionar. Caso ele seja realmente impossibilitado, Mick, Keith e Klein concordam inicialmente que é preferível excursionar como um quarteto mais Stu, do que procurar outro guitarrista.
Embora esta fosse a decisão tomada, não é este o sentimento dos três. No final prevaleceu o medo de Mick de perder o carisma que Brian trazia para a banda. Klein não o suportava e quer tirar Brian da jogada para poder botar a banda na estrada novamente. Keith também está mais interessado em ter alguém confiável para ajudá-lo musicalmente. O disco novo mostrou-lhe quão difícil era recriar os detalhes e sonoridades que Brian conseguia na guitarra, tão essencial para o som dos Rolling Stones. Keith não gostou do resultado final deste álbum e se sente inseguro de segurar a barra das guitarras sozinho. Vez por outra, podia-se ouvir de Keith pequenos comentários sobre Brian como "Não sabemos o que fazer com ele" ou "Vê se alguém consegue arrumar uma mulher pra cuidar dele".
Ciranda Judicial
De volta à Inglaterra, um agravante acontece com as finanças da banda. Em meio ao processo judicial que Eric Easton move contra Andrew Oldham, Decca Records e Nanker Phelge Music, os advogados de Easton conseguem que a justiça retenha pagamentos em direitos autorais vindos do mercado americano e inglês. Este dinheiro seria então depositado em uma conta temporária, até que Easton e Oldham chegassem a um acordo. Easton em meio ao processo acabaria implicando e processando também Allen Klein por perdas causadas pela quebra de contratos pendentes, assinados durante a "gestão" de Easton.
Apple
Em final de 1966, os Beatles foram aconselhados pelo seu departamento de finanças a diversificar seus investimentos gastando um pouco mais do dinheiro ganho para não serem devorados pelo imposto de renda. Uma vez caindo na categoria de super taxação, John, Paul, George e Ringo estavam pagando cerca de 90% dos seus ganhos em imposto. O primeiro entre vários passos que os Beatles tomariam no verão de 1967, em função desta sugestão, seria de criar uma firma prontamente batizada de Beatles Company. Outros projetos incluiriam o de montar uma boutique de modas e a compra de uma ilha.
Paul McCartney convida Mick Jagger a pensar sobre a possibilidade das duas bandas se juntarem como sócios. A notícia chegou a ser divulgada, embora apenas como boato. A proposta é um reflexo do fato de os Beatles estarem sem seu empresário Brian Epstein e os Stones, estando sem representação, presos ao duelo jurídico envolvendo Eric Easton, Andrew Oldham e Allen Klein.
Os Beatles visionam uma firma que irá dar condições para outros artistas produzirem artisticamente, e estes trabalhos chegarem ao mercado de consumo, sem o costumeiro tratamento frio e impessoal das grandes empresas e gravadoras, somente interessados em lucro. Paul sonha alto e projeta planos para uma firma que irá englobar música, poesia, além de produzir e vender manufaturados. Embora Mick Jagger chegasse a cogitar a possibilidade de os Rolling Stones unirem esforços e fortunas com os Beatles, ele estava na verdade mais interessado em limitar o empreendimento em apenas ser proprietário de um estúdio de primeira linha. Suas conversas com Paul giravam em torno do estúdio para servir às duas bandas, não comprando muito a idéia deles conseguindo gerenciar uma grande corporação que cuidaria de todos os aspectos dos negócios.
Com a visível diferença entre os ideais dos dois, Mick se desculpou explicando que, na prática, todo capital de giro da banda estava preso na justiça, em função do caso pendente entre Easton e Oldham. Mantendo a mente aberta para o futuro, Jagger autoriza sua secretária particular Jo Bergman a procurar um novo escritório para os negócios dos Rolling Stones, onde teria também um espaço para se montar um estúdio. Solicitou também que fosse registrado o nome Mother Earth, considerando este um nome ideal para o futuro estúdio.
A Beatles Company acabaria se tornando a Apple Corp. e os Stones teriam que aguardar mais três anos até poderem ter em suas mãos, o hoje conhecida selo Rolling Stones Records. De bom, o assunto serviu para colocar os Stones nos jornais sensacionalistas fofocando sobre assuntos mais artísticos, do que os últimos relatos policiais.
Keith & Anita em Redlands
Keith está ajeitando a casa ao seu gosto. Uma vez que o casal permanecia boa parte da semana em Londres, já que os Stones estavam gravando, passaram a ocorrer uma série de furtos em Redlands que estavam irritando o casal. Obviamente fruto de fãs, uma vez que os objetos roubados eram geralmente bobagens, provavelmente como souveniers, enquanto deixavam para trás os tapetes, moveis e outras coisas de valor. Keith então mandou levantar um muro em frente à casa, estendendo-o por boa parte da propriedade. Arrumou também uns cães para vigiar a propriedade, dois labradores, Yorkie e Bernie, e mais um dinamarquês chamado Winston. Os furtos persistiram, então, Keith mandou instalar um sistema de alarme que soava na delegacia de policia mais perto. Os fãs passaram a curtir a adrenalina de entrar, achar algo e sair, dentro dos dez minutos que levava para a policia chegar na residência. Vez por outra, a policia pegava alguém. Keith prontamente registrava queixa, o que custava aos jovens uma pesada multa para evitar cadeia. "Bem feito por se deixar ser pego." comentaria Keith depois. "Se há uma coisa que não suporto, é um ladrão amador."
O casal gostava de receber os amigos dando festas quase todos os fins de semanas. Michael Cooper, Tony Sanchez, Mick e Marianne, são alguns dos que constantemente eram convidados a passar o dia por lá. Brian também era convidado mas ele evitava o lugar, não gostando de estar tão perto de Anita, ainda sendo extremamente atraído por ela. Keith passou um tempo interessado em arco e flecha e tinha um set na casa. Com a casa veio também um pequeno bote de madeira a remo que Keith vez por outra usava no açude. O bote se mostrou particularmente útil para Keith conseguir resgatar várias de suas flechas, uma vez que ele quase nunca acertava o alvo. Em tempo acabou comprando um pequeno hovercraft, que lhe custou uma pequena fortuna. Com ele, Keith passou a zunir a toda velocidade pelo açude subindo em seguida pelo gramado. Quando a novidade passou o brinquedo ficou encostado na garagem.
Their Satanic Majesties Request
Finalmente em novembro, o álbum estava pronto para ser lançado porém a Decca breca o álbum recusando o nome escolhido, Her Satanic Majesties Request. Deixam claro que não irão ajudar os Rolling Stones a insultar a Rainha e um meio termo viu chegar nas lojas no dia 8 de dezembro o álbum com o título de Their Satanic Majesties Request.
A capa chamava atenção com sua exclusiva foto em três dimensões e a capa interna oferecia um labirinto criado por Brian Jones. Sua brincadeira nascia do intuito de distrair o público, que ele imaginava, provavelmente iria ouvir a música chapado enquanto tentavam encontrar a saída. O álbum fora produzido por Mick Jagger com contribuições de Keith Richards e muita ajuda de Glyn Johns. Arranjos de cordas são de John Paul Jones, e os teclados em grande maioria são de Nicky Hopkins. Outros teclados são ora de Keith Richards, Brian Jones ou Bill Wyman. Steve Marriot embora não creditado, faz os backing vocals em "In Another Land".
O compacto escolhido para promover o álbum foi "In Another Land" de Bill Wyman, por ser a única canção de amor do álbum inteiro. A critica não ficou muito impressionada e o álbum foi severamente castigado com palavras como pretensioso, indulgente e catastrófico. A maioria comparava o disco com uma tentativa infeliz de tentar imitar Sgt. Pepper's dos Beatles. O consenso crítico concluía que o álbum é um exemplo da crise de identidade por que a banda passa, confundindo a moda psicodelica com evolução musical. Aguardava-se o próximo trabalho na expectativa de poder avaliar se a banda iria voltar a crescer ou cair de vez. Brian Jones ao ler as criticas desfavoráveis teria dito "Graças a Deus! Agora quem sabe, podemos voltar a tocar música novamente." Apesar de toda insanidade, seus instintos musicais continuavam aguçados.
Um Rápido Descanso
Buscando um descanso depois de um ano cheio de "incidentes", os cinco membros se distanciam. Charlie está em casa com a mulher, sem participar da mixagem ou qualquer atividade relacionados com os Stones desde o encerramento das gravações. Bill viaja com Astrid para Nova York e depois para as Bahamas, onde seu irmão mora com a esposa. Brian troca de carro, substituindo seu Rolls Royce prateado Mark2 por um azulado Mark3. Ele então viajou com o carro pelo oeste do país. Antes de viajar, soube que Linda Keith estava doente e internada, imediatamente se prontificando a pagar suas despesas hospitalares, além de lhe mandar flores todos os dias, enquanto ela se recuperava. Logo voltariam a namorar.
Em um programa de rádio chamado Top Gear, estão presentes Mick, Brian e Charlie para entrevistas sobre o disco. Mick foi eficaz em defender o trabalho "Não fazemos música comercial, fazemos a música que gostamos e se for comercial, tanto melhor." Charlie realça o fato que o disco foi feito sobre extrema pressão durante um ano particularmente desgastante, haja visto que levou de fevereiro até quase novembro para as gravações serem concluídas. "Acho um milagre que conseguimos produzir qualquer coisa neste período. Precisávamos encontrar um novo caminho pois a era que nos deu o boom musical de Liverpool já acabou." Brian embora sempre contra o disco, perante o público defendeu o produto que carrega o nome Rolling Stones. "Este álbum é muito pessoal, enquanto considero Sgt. Pepper's mais introspectivo. Nossas vidas foram afetadas ultimamente por questões sócio-políticas que acabam sendo refletidas na nossa música. De certa forma, canções como "2000 Light Years From Home" são proféticas e não introspectivas. Tratam de coisas que acreditamos poder acontecer; mudanças de valores e atitudes. Entretenimento está um tédio e comunicação é o que vale."
Julgando a Apelação no caso Brian
Dia 12 de dezembro, Brian estava novamente em corte para ouvir os testemunhos dos psiquiatras relatando seu estado mental. Mick e Marianne estavam lá para dar força, assim como Tom Keylock e Stash. Um dos psiquiatras escolhido pela justiça e um outro escolhido pelo próprio réu confirmam o estado frágil de seu psique. A divulgação pública do seu estado de saúde foi péssimo para sua imagem e é esta imagem que perdura até hoje, realçada pela sua morte tão prematura. Mas estes testemunhos foram cruciais para que o juiz colocasse de lado a sentença original, obrigando Brian a três anos de liberdade condicional, além de assistência e acompanhamento psiquiátrico. O juiz Parker foi enfático em lembrar ao Sr. Jones que o que ele está recebendo é misericórdia da justiça e que ele deve se manter longe de problemas para não piorar sua situação.
Três dias depois de ser absolvido, Brian está de motorista novo, John Coray, que o leva para seu restaurante favorito, Alvaro, onde Brian encomenda comida para levar para casa. Coray encontra Brian algumas horas depois desmaiado no chão. Chama uma ambulância e novamente leva Brian para o St. George's Hospital. Dentro de uma hora, apesar das recomendações médicas para ele passar a noite hospitalizado, Brian volta para casa. Recomendações então são feitas para que ele tire férias. Novamente a declaração oficial é colapso nervoso devido ao estress causado provavelmente pelo julgamento. Na prática, esses desmaios repentinos passarão a ser comuns. Brian também declararia que está com dor de dente, tendo que extrair dois, após consultar um dentista.
Brian, que passara desde a blitz de maio, a morar em hotéis, alugou finalmente um pequeno apartamento em Belgravia na rua Chesham. Lá passou a morar novamente com Linda Keith. Juntos, com mais a companhia do amigo Stash, viajam para o Ceilão, onde passam o natal e ano novo. Porém, com suas roupas extravagantes e pitorescas para a época, mormente em um país asiático de terceiro mundo, somando com seus cabelos longos, Brian acaba sendo mal tratado e recusado em dois hotéis. No terceiro hotel, ele apelou jogando logo um bolo de notas no balcão e dizendo furiosamente para o recepcionista que ele não era um pobretão, que trabalha pelo seu dinheiro, e que se recusa a ser tratado como um cidadão de segunda classe.
Temores Mal Resolvidos
Mick temia que seu erro de julgamento em relação ao disco novo acabaria por devolver poder dentro da banda para Brian. Mick não conseguia enxergar que Brian não era mais uma ameaça e que mal se agüentava em pé. No fundo, embora Mick não diga, ele sabe que toda a imagem de bad boy que ele e Keith desfrutam, e tudo que eles falam em suas músicas, Brian Jones vive em seu dia a dia. Brian Jones é a imagem dos Rolling Stones na vida real. Brian curtia orgias sexuais, lesbianismo, sadomasoquismo, além de muita droga e muita bebida. Brian representava o hedonismo dos sixties em toda sua plenitude, enquanto Mick morava em um castelo com a filha de uma baronesa e ficava furioso se alguém derramasse café em seu tapete persa. Mick conversando com a imprensa fala do disco novo, de novos projetos mas sempre deixando um espaçozinho para dar uma alfinetada no Brian. Frases como "Estamos planejando excursionar novamente. Menos o Brian pois ele não pode deixar o país.", ou "Vamos arrebentar no Japão. Todos menos Brian pois ele se tornou um druggie."
Entre os projetos novos, Mick delira falando da possibilidade da banda ir à selva Amazônica, morar por algumas semanas com os índios, informando que embora nada ainda havia sido preparado, sua intenção era de a FAB levá-los até alguma aldeia primitiva e depois buscá-los. Fariam um filme de tudo e logicamente sua música iria refletir parte desta experiência. Depois Mick viajaria até Nice onde Marianne estava terminando as últimas cenas do filme. Keith e Anita aproveitam para voltarem para Marrocos, com intenções de novamente visitarem Tangier e Marrakesh. Bill e Astrid vão para a Suécia passar o fim de ano com sua irmã. Charlie e Shirley ficam em Sussex como normalmente fazem. Charlie havia feito uma série de desenhos em formato para cartões de natal, que presenteou aos amigos. A idéia acabaria sendo aproveitada para os cartões, reproduzidos em grande escala, que acompanharam como brindes a edição de dezembro do jornal do fã clube oficial da banda. Antes do natal chegar, o disco Their Satanic Majesties Request, mesmo sendo severamente criticado, teria vendido mais do que The Magical Mystery Tour dosBeatles nos Estados Unidos e chegara à categoria de disco de ouro.
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Demonoir - 1349
Por Ben Ami Scopinho
Depois de toda a controvérsia em função dos muitos experimentos que resultaram no interessantíssimo "Revelations Of The Black Flame" (09), eis que o 1349 retorna com seu quinto álbum de estúdio, agora lançado via Prosthetic Records. E "Demonoir" já vem sendo alardeado por aí como uma obra que visa resgatar a velocidade pustulenta oferecida no passado, tão apreciada pelos blackbangers. Uhn... Bom, quase isso.
A realidade é que "Demonoir" é dividido em duas entidades bem distintas: Black Metal de um lado e Ambient Music do outro. Ou melhor, ambas estão intercaladas. Analisando a faceta metálica em si, fatalmente o 1349 voltou à rapidez apocalíptica, com riffs hipnóticos e por vezes com influências Thrash, muitos blast beats de um Frost obcecado pela velocidade, além das vocalizações tão demoníacas do sempre competente Ravn.
Os noruegueses trabalham bem, pois "When I Was Flesh" e "Psalm 7:77" são retornos óbvios aos primórdios do 1349. Mas quando a dinâmica aumenta é que aparecem os melhores resultados, como é o caso de "The Devil Of The Deserts", que se mantém muito veloz, mas com várias mudanças de tempo, alguns riffs Thrash e até breves pianos injetando uma tônica matadora nessa ótima composição.
Ainda que a qualidade da maioria das faixas Black Metal seja inquestionável, muitos sentirão nas passagens ambientais um verdadeiro obstáculo para a fluidez da audição... Batizadas como "Tunnel Of Set", elas estão divididas em sete partes e utilizadas como introdução em cada uma das canções propriamente ditas, verdadeiros delírios lúgubres que até se assemelham ao que a horda fez no último álbum.
E, mesmo que algumas destas espessas atmosferas se revelem interessantes - em especial a terceira e sétima partes -, o fato de elas serem tão pontuais e não mescladas às estruturas metálicas, esses túneis, muitas vezes, não levam a lugar nenhum. Em suma, ao se tratar do tradicional Black Metal escandinavo, "Demonoir" se mantém apenas como um bom álbum, mostrando que a peste norueguesa ainda não deu sinais de abrandar. Bem, talvez um pouquinho...
Contato:
Formação:
Olav 'Ravn' Bergene - voz
Idar 'Archaon' Burheim - guitarra
Tor Risdal 'Seidemann' Stavenes - baixo
Kjetil Vidar 'Frost' Haraldstad - bateria
1349 - Demonoir
(2010 / Prosthetic Records - importado)
01. Tunnel Of Set - I
02. Atomic Chapel
03. Tunnel II
04. When I Was Flesh
05. Tunnel III
06. Psalm 7:77
07. Tunnel IV
08. Pandemonium War Bells
09. Tunnel V
10. The Devil Of The Deserts
11. Tunnel VI
12. Demonoir
13. Tunnel VII
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Revelations Of The Black Flame; Works Of Fire, Forces Of Hell - 1349
Por Ben Ami Scopinho
Ainda que o 1349 não seja uma unanimidade entre os devotos do Black Metal, é inegável que o conjunto construiu a reputação de ser um dos mais frios e obscuros nomes da Escandinávia. Agora, com seu quarto álbum chamado "Revelations Of The Black Flame", a praga norueguesa apresenta enormes experimentações e, consequentemente, mudanças em sua música.
Esta nova fase mostra um 1349 se reinventando, buscando inspiração no lado mais inquietante e desolador do gênero ao rechear sua música com ritmos lentos e ambientações. Mas, se estas sofisticações reduziram a maior parte da velocidade alucinante de outrora, fica a certeza de que o novo álbum não está mais acessível. Longe disso, tudo é por demais primitivo para manter essa impressão por muito tempo.
Talvez a presença de Tom G. Warrior (Celtic Frost) dando um apoio na produção tenha influenciado para que a sonoridade tenha estas características... Com muitos interlúdios um tanto quanto assustadores e algumas passagens que remetem diretamente ao Black Sabbath, o repertório apresenta composições interessantíssimas como “Serpentine Sibilance”, a instrumental com pianos “Misanthropy” e “Uncreation”.
E, surpresa herética para muitos! Há um cover impensável por aqui. “Set The Controls For The Heart Of The Sun” foi gravada originalmente em 1968 para constar em “A Saucerful Of Secrets”, o segundo álbum doPink Floyd (não, não estou brincando...!), e esta releitura está completamente dentro da nova proposta dark ambient a que o 1349 se propõe.
Finalizando, a Somber Music providenciou para que a edição brasileira de “Revelations Of The Black Flame” trouxesse também o EP “Works Of Fire, Forces Of Hell”, (muito bem) gravado ao vivo em Stockholm em dezembro de 2005. E, aqui sim, o caro leitor encontrará aquela arrogante velocidade absurda que empurrou o blasfemo 1349 para outros países.
Formação:
Ravn - voz
Archaon - guitarra
Seidemann - baixo
Frost – bateria
Homepage: www.legion1349.com
1349 - Revelations Of The Black Flame
(2009 - Candlelight Records / Somber Music - nacional)
01. Invocation
02. Serpentine Sibilance
03. Horns
04. Maggot Fetus... Teeth Like Thorns
05. Misanthropy
06. Uncreation
07. Set The Controls For The Heart Of The Sun
08. Solitude
09. At the Gate...
Works Of Fire, Forces Of Hell - Live Stockholm 2005
01. Hellfire
02. Chasing Dragons
03. Satanic Propaganda
04. I Am Abomination
05. Manifest
06. Slaves To Slaughter
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Hellfire - 1349
Por Ben Ami Scopinho
1349 pode ser um nome bastante incomum para se batizar uma banda, mas não quando se trata de um grupo de Black Metal da Noruega, afinal, este foi o ano em que este país foi assolado pela peste bubônica que dizimou nada menos do que dois terços de sua população. A banda está na ativa desde 1997 e “Hellfire” é seu terceiro álbum, lançado originalmente em 2005, e que está chegando somente agora ao público brasileiro via Somber Music.
Como foi dito acima, o estilo é o Black Metal, daqueles enraizados até o fundo da alma norueguesa. Mas aos poucos o 1349 vem procurando diversificar seus arranjos, inserindo passagens levemente cadenciadas como nas espetaculares “To Rottendom” e “From The Deeps”, enquanto “Sculptor Of Flesh” é claramente influenciada por Slayer e se mostra o provável destaque unânime entre as oito composições do disco. Mas nem sempre há acertos, pois sabe-se lá o real motivo, não dá para entender um resultado tão abafado aplicado justamente na longa faixa-título, com seus longos 14 minutos...
De qualquer forma, isso não ofusca o fato de este ser um bom álbum. As guitarras estão decididamente mais técnicas, mas as performances individuais que realmente chamam a atenção é a de Frost (Satyricon, Keep Of Kalessin), que literalmente pulveriza sua bateria e consegue ser muito criativo em meio a toda a velocidade das canções; e ainda a forma com que Ravn usa suas cordas vocais – não que seja tão diferente se comparado aos outros vocalistas do gênero, mas há algo especial em seu timbre que consegue segurar a atenção do ouvinte.
Ainda sobre Ravn, há por aí uma citação do próprio vocalista sobre este álbum: “... se você pode sentir o fogo do inferno enquanto ouve a nossa música, já atingimos o nosso objetivo". É claro que isso cabe aos devotos da velha escola do Black Metal norueguês e aos amantes da música extrema em geral decidir, mas as chances de alguém se queimar (no melhor dos sentidos) são grandes!
Formação:
Ravn - voz
Archaon - guitarra
Tjalve - guitarra
Seidemann - baixo
Frost - bateria
1349 – Hellfire
(2005 / Candlelight Records – 2008 / Somber Music – nacional)
01. I Am Abomination
02. Nathicana
03. Sculptor Of Flesh
04. Celestial Deconstruction
05. To Rottendom
06. From The Deeps
07. Slaves To Slaughter
08. Hellfire
Homepage: www.legion1349.com
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Psychedelic Sounds Of 13th Floor Elevators - 13th Floor Elevators
Por Denio Alves
Roky Erickson era louco de pedra.
Roky Erickson tomou mais drogas do que Syd Barret e Brian Jones juntos. Roky Erickson deixava os amplificadores de sua garagem de ensaios ligados no pico por horsas a fio, só pra ouvir a microfonia sem parar, infernizando os vizinhos. Roky Erickson era constantemente preso pela polícia do Texas. Roky Erickson fora internado num manicômio para loucos da pior espécie, e tratado com eletrochoques. Roky Erickson deixava os vários televisores de sua casa ligados fora do ar, todos juntos, para captar as mensagens vindas dos marcianos. Roky Erickson provavelmente já havia sido abduzido e trazido de volta à Terra pelos ET’s muitas vezes.
Pessoalmente, eu prefiro a última estória. Uma série de lendas correu o mundo já sobre a figura de Roky Erickson, um ícone do rock de garagem fuleiro que o mundo esqueceu. O pior de tudo: 90% de todas estas estórias absurdas são a mais pura verdade.
Não há como falar nos Thirteenth Floor Elevators sem tocar no assunto Roky Erickson – o seu líder e componente principal, o cantor que, durante décadas, foi incensado nos quartos escuros e garagens vagabundas de todo garotinho que, algum dia, teve a ousadia de se perder nos sons dourados da psicodelia torta e barata das bandinhas americanas de rock da última metade dos anos 60. Por todo esse vigor e essa economia de recursos mesmo é que elas desenvolveram um gênero no rock que só muitos anos depois seria devidamente apreciado e receberia verdadeira atenção: o garage rock. Mas aquilo que, muitos anos antes do movimento punk acontecer, estava predestinado a ser a luz-guia de gente como Johnny Rotten e Joey Ramone – esse tal de rock de garagem americano -, flertava com uma lisergia das mais pesadas, e teria em Roky Erickson, muito provavelmente, seu expoente máximo. Os Thirteenth Floor Elevators formavam, junto a outras quatro bandas, aquilo que eu gosto de chamar de “o quinteto sagrado” do rock de garagem sessentista. Blues Magoos, The Seeds, Chocolate Watch Band e Strawberry Alarm Clock, na minha opinião, são o que de mais louco e agressivo a fase 1965-1968 do rock ianque conseguiu produzir. Sei que muita gente, também, gostaria de acrescentar os imorais The Sonics à lista, de hits abusados como “The Witch” e “Strychnine”. Gente despirocada e criativa, que ia muito além dos limites impostos pela psicodelia de bandas britânicas que haviam recém invadido a América, como os Beatles, Stones, Animals e Yardbirds. O que eles faziam era catar o som desse pessoal, aumentar quase tudo ao máximo, e acrescentar um toque muito pessoal de ousadia e sacanagem, fosse nas letras ou nas sinuosas viradas de ritmo. Como consequência, tiveram poucos sucessos na lista dos mais vendidos – não eram considerados tão “originais” quanto medalhões americanos da época, como The Byrds, Doors ou Buffalo Springfield. Mas, mesmo regurgitando aquele sonzinho inglês do blues, que havia por sua vez sido inspirado no próprio rockinho americano dos anos 50, da forma mais primal e extravagente possível, devolveram aos EUA um pouco do orgulho de serem os legítimos pais da criança que até hoje jovens de todo o mundo amam adorar.
De toda essa galera, entretanto, como eu já disse, acho que os Thirteenth Floor Elevators eram os expoentes máximos. Por que? Por causa de todas as circunstâncias adversas que rondavam a trajetória dos garotos, e por causa de sua inventividade e extrema cara-de-pau em serem, como eles mesmos se proclamavam em início de carreira, a única verdadeira “banda de rock do Texas”. Que loucura... Imaginar que lá nos cafundós de uma das regiões mais caipiras do Tio Sam, terra de cowboys e música country, cinco lunáticos se reuniram para fazer rythim n’ blues pauleira com letras centradas em experiências astrais de ascensão espiritual (através da erva, diga-se de passagem) e viagens de discos voadores. O grupo era composto por Roky Erickson, um jovem de apenas 17 anos egresso do grupo The Spades, Stacy Sutherland (guitarra), Benny Thurman (baixo), John Walker (bateria), e o membro fundador Tommy Hall – um porra-louca estudante de filosofia da Universidade de Austin e “irmão de ácido” de Roky, que, metido em experiências com novos instrumentos musicais, havia inventado o grande lance que destacou a sonoridade dos Elevators dentre os outros grupos de sua época: um jug elétrico, que lembrava aquelas máquinas de barulho pulsante das naves em filmes de ficção científica, e espargia seus ruídos estelares durante as execuções das músicas do grupo.
O próprio nome do grupo era uma afronta às instituições americanas mais conservadoras, e uma de suas grandes fobias: o medo do número 13, inclusive no concernente a andares de prédios. Em muitas cidades dos EUA, os edifícios sempre evitaram o andar 13, que era comumente fechado e abandonado, pois dificilmente havia moradores dispostos a enfrentar tal superstição. O nome da banda, entretanto, era Thirteenth Floor Elevators, ou seja, os Elevadores para o Décimo-Terceiro Andar! Era pura ousadia, ainda mais se você julgar que estamos falando duma época de conservadorismo, os anos 60. No entanto, como aquela foi uma década de quebra de tabus também, nada mal o surgimento de Erickson e sua gangue.
Assim que começaram a arrepiar a vizinhança das garagens onde ensaiavam, eles saíram para as primeiras festinhas e bailinhos, já fazendo covers azeitadas dos grupos ingleses, como Rolling Stones e Kinks. Logo, Erickson desenvolveria um estilo muito pessoal de cantar, aprendendo tudo de improviso mesmo: a voz adolescente e escrachada emulava aquilo que um crítico americano, uma vez, chamou de “a versão capenga de Mick Jagger”.
Logo, portanto, chamaram a atenção do prestimoso e bom observador Denny Zeitler, dono da Independent Music Sales, uma pequena gravadora de San Francisco – que, naquele outono de 1966, já se preparava para o que viria a ser o mágico Verão das Flores de 1967, que daria pontapé ao movimento hippie. Em uma visita ao Texas, ouve falar da bandinha de Erickson e foi conferir. Resultado: soube enxergar o potencial do grupo e os contratou para o single de uma música que vinha do repertório do grupo anterior de Erickson, e que os Elevators tocavam nos shows, levando a platéia ao delírio: “You’re Gonna Miss Me”. Essa composição do próprio Erickson, produzida por Gordon Bynum, flertava perigosamente com a surf music de Los Angeles e o som dos Animals e Stones, beirando a piração total e ainda adicionando um solo de gaita alucinado em meio a tanta barulheira. Acabaria sendo o único verdadeiro hit dos esquecidos Elevators, atingindo o 3.º lugar da parada nacional naquele ano.
O êxito do compacto, alavancado pela ajuda de vários amigos radialistas que iam do interior até a Costa Oeste americana – formando uma verdadeira rede de execução que ajudou a música a se tornar um sucesso - motivaria a International Records, de Houston, Texas, a comprar a banda e bancar a produção do seu primeiro LP, produzido pelo novato Lelan Rogers – irmão do (pasmem!) cantor country Kenny Rogers. É essa obscura obra-prima, empoeirada no sótão das esquisitices rock, que analisamos aqui.
O disco abre com o hit “You’re Gonna Miss Me”, na mesma versão lançada em compacto – mas que dá somente uma esparsa idéia do banho de ácido e loucura que vem depois. A produção totalmente tosca – com certeza uma das piores já realizadas na história do rock! - não impede que o ouvinte deleite o verdadeiro mundo bizarro e esquizofrênico de alucinações que sai da mente de Erickson e do som de sua banda.
“Roller Coaster”, que vem depois, é uma pérola magnética, em andamento vertiginoso, que embarca o ouvinte em uma viagem encharcada de narguilé indiano pela montanha-russa do descobrimento interior. A capa multi-colorida, junto ao encarte original do álbum, trazem uma enigmática figura que reflete tudo isso e a concepção original do rock piscodélico segundo Erickson: é quando, como ele mesmo dizia, “a pirâmide encontra o olho”. Em meio a um riff de guitarra super marginal e um crescendo ensandecido, ouvem-se os gritinhos esganiçados de Erickson e o jug ensandecido de Tommy Hall emoldurando a loucura sonora. Já “Splash (Now I’m Home)” é uma das mais belas baladas que o rock psicodélico dos anos 60 já urdiu, reflexiva e bucólica, exaltando um encontro com a “consciência superior”.
Músicas como “Fire Engine” e “Reverberation”, por sua vez, estão envoltas em uma tensão rítmica pulsante e sempre em ebulição, especialmente a última, com o seu refrãozinho grudento. Já “You Don’t Know”, “Monkey Island” e “Tried to Hide” visitam parâmetros do rythim n’ blues já há muito esquecidos, reconduzindo-os à realidade do LSD e dos experimentalismos sonoros de leves pinceladas folk, com uma batida simplesmente atmosférica. Outra faixa mais lenta do disco, “Kingdom of Heaven”, talvez seja uma das melhores músicas de Erickson em todos os tempos – diante da introdução de guitarra mais espacial e alienígena já criada que dá entrada a uma letra pra lá de etérea (prova inconteste dos contatos de Erickson com seres cósmicos!), o cantor filosofa sobre os mistérios da reinterpretação do homem sobre a imagem bíblica de Deus, levado por um rito cadenciado de baixo, bateria e jug, lisérgico à última potência. “...And the kingdom of heaven is within’ you” (...E o reino dos céus está dentro de você”) é a revelação que Erickson despeja sobre ouvidos desavisados.
The Psychedelic Sounds of 13th Floor Elevators não vendeu quase nada, foi um fracasso comercial retumbante, e condenou Roky Erickson e seu grupo a fazerem shows vagabundos pelos cafundós do Texas e de outras cidades americanas pelo resto de sua carreira. Nas áreas centrais do psicodelismo americano (como Los Angeles e San Francisco), a banda nunca mais atingiu o êxito esperado após o sucesso do primeiro single. Com algum esforço, entretanto, ainda viriam a gravar mais dois álbuns de estúdio – Easter Everywhere (1967), com uma produção bem melhor, e o sensacional último álbum, Bull of the Woods (1968) - antes de desaparecerem por completo. Erickson, assim como outros grandes heróis do rock sessentista, chafurdaria feio em seus próprios vícios e pirações, sendo preso um pouco antes do lançamento do último LP, por posse de maconha. Apareceria alguns bons anos depois, já velho e barbudo, em algumas publicações sensacionalistas americanas, que o apontavam como “o lunático líder de uma banda dos anos 60 que gosta de se trancafiar em casa com televisores fora do ar no último volume para fazer contato com marcianos”. Surgiram daí também os boatos, confirmados, de que o cantor havia passado uma boa temporada, durante os anos 70, internado em um manicômio de Houston, recebendo tratamento de eletrochoque para se livrar das drogas. Reza a lenda que, para seu azar, havia sido “instruído” por um advogado a alegar que tinha distúrbio mental para escapar de uma pesada pena como traficante, quando de sua prisão. Daí ele foi mandado para o Rusk State Hospital, onde ficou por cinco anos recebendo descarga elétrica nos miolos e no saco. Grande cura eles operaram no cara... Apesar de todos esses percalços, Erickson ainda reuniu forças para, ao sair de lá, em 1975, editar um belo livro de poesias e montar a banda Roky Erickson & The Aliens. Um verdadeiro sobrevivente, sem dúvida.
Quando o mundo redescobriu, nos anos 80 e 90, o mundo mágico do rock psicodélico americano, época de renascimento do interesse por Jim Morrison e seus Doors, Jimi Hendrix e vários outros, muitos outros grupos foram arrastados a rodo por essa onda, sendo os Thirteenth Floor Elevators um deles. Venderam mais discos, repletos de raridades, e coletâneas, em formato CD, do que jamais venderam em vinil nos anos 60, durante a época em que existiam. Somente a partir de então Roky Erickson e sua obra brilhante, vanguardista, extremamente mal gravada e divulgada, foram redescobertos. Shine on you crazy diamond !
Denio Alves, 26, natural de Valença-RJ, é crítico, escritor, ensaísta, diletante de poesia, ouvinte e praticante, nas horas vagas, de rock e todas as demais formas de música popular ou de vanguarda que do gênero advenham. Além de técnico em computação, professor de inglês e estudante de Direito, é também pesquisador cultural e artístico das demais mídias de expressão e comunicação, já havendo atuado como colaborador de diversos fanzines na década de 90 do século passado e fundador do célebre veículo alternativo Eram os Deuses Zineastas?. Participou ativamente, em Ituiutaba-MG, onde reside, do processo de formação e criação das bandas de garagem Bloody Garden e Essence, ao lado de Edgar Franco, Gazy Andraus e demais personalidades do underground do Triângulo Mineiro, como guitarrista, vocalista e compositor. Para ele, de Peter, Paul & Mary até Morbid Angel, vale tudo musicalmente... desde que te deixe com um belo sorriso na face, claro.
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