Embora ficassem atordoados com as coisas ruins que liam, Andrew adorou a controvérsia e fez questão de dar mais gás para o assunto. Sua lógica era de que controvérsia vendia jornais e os jornais venderiam os Stones, portanto quanto mais controvérsia gerassem para os adultos, mais os seus filhos iriam adorá-los. Andrew instruiu a banda, principalmente Brian e Mick, os homens de frente, a não serem corteses com os jornalistas e a jogada promocional se mostrou extremamente funcional.
Pat e Julian, então com dois anos, aparecem no backstage em uma das apresentações da banda e Brian não resiste em ficar brincando com seu filho, apresentando-o a todos. Ele é chamado atenção severamente por Andrew, que acusa sua atitude de ferir a imagem de um roqueiro durão. Ele não poderia mais divulgar que era um pai. Tinha que se mostrar "disponível" para as fãs. Esta era a imagem! Brian mesmo a contragosto, obedece.
Jogando Com a Publicidade
São os primeiros a abandonar os terninhos para as apresentações, tradição tão enraizada no "business" nos dois lados do Atlântico, que deixou até Andrew preocupado se seria boa idéia ou não quebrar. Mas a jogada promocional mais famosa foi um artigo intitulado "Você Deixaria Sua Filha Casar Com Um Rolling Stone?" que serviu para reforçar a imagem de uma banda com membros rebeldes e perigosos, deixando apavorados os pais de todo o Reino Unido. Esse artigo os promoveria para a categoria de 'oficialmente' perigosos e ajudaria a inflar o chamado 'generation gap' (vácuo entre gerações) que separava o gosto dos jovens do gosto dos seus pais. Oldham diria que "os Beatles fazem músicas que até adultos gostam" como que para acirrar ainda mais a rixa que foi rapidamente assimilada pela imprensa e os fãs. De fato, se a estratégia dos
Beatles era de serem encantadores, a dos
Rolling Stones era a de serem vistos como repulsivos. Quanto mais a geração adulta falava mal dos Stones, mais ajudavam sua popularidade perante os jovens.
As coisas começam a acontecer rapidamente para a banda, uma atrás da outra. Sessões de fotos para publicidade, organização de um fã clube oficial e muitas apresentações ao vivo. Com a banda abandonando a idéia de qualquer tipo de uniformização, Oldham descobre que Brian, Keith e Mick não são facilmente controláveis. A essa altura, estão tocando praticamente toda noite indo de um lado a outra no van do Stu. Começaram a se apresentar cada vez mais fora de Londres em salões maiores onde vez por outra começavam
brigas por causa dos cabelos compridos.
Lembrando que a estética aceitável para o comprimento dos cabelos masculinos era até a altura das orelhas, ter o cabelo ultrapassando este limite era considerado de mau gosto. Os Beatles abriram esta porta aos olhos do público, e os Stones seguiram a tendência cobrindo totalmente as orelhas com cabelo. Bill Wyman conta que além das reclamações que ouvia no seu trabalho formal, voltando para
casa de condução, encontrava os olhares de reprovação do povo. Vez por outra, teve que ouvir comentários do tipo "Não deveria ser permitido gente assim em lugares públicos." Wyman que sempre cresceu em áreas difíceis, embora prefira a paz, é um sujeito que não deixa barato. "Eu sou pago para estar assim, qual é a sua desculpa?" Com o pique de atividade que são obrigados a manter e com o futuro lhe parecendo extremamente promissor, Bill Wyman larga seu emprego formal e compra um baixo novo, pagando algo a vista pela primeira vez na vida. Stu e Charlie também não agüentam o ritmo da jornada dupla e seguem o exemplo de Bill. Só Mick Jagger continuaria seus estudos até final de setembro quando toma coragem para também largar sua faculdade, tornando-se um Rolling Stone em tempo integral.
O publico que era de 300 a noite já está chegando a 800 por noite. Pela quantidade de pessoas que os Rolling Stones estão atraindo, suas apresentações não cabem mais em clubes e passam a ser vistos praticamente só em teatros espaçosos. Por volta do início de agosto, as constantes idas e vindas de van por toda Inglaterra começam a afetar a saúde de Brian. Ele é alérgico a diversos tipos de remédios comuns e ao tomar medicação imprópria, tem uma reação violenta a ponto de sua pele começar a descascar. Diferentes tipos de problemas, todos relacionados com sua saúde, o fariam perder diversos shows em ocasiões diferentes. Nestas noites, a banda tocaria com Ian Stewart ao piano.
Um dos mais significativos shows que fizeram foi no Richmond Jazz Festival. A rixa entre o pessoal elitista do jazz contra o pessoal do rock ainda existia mas mesmo assim Giorgio Gomelsky conseguiria colocá-los entre as atrações. Uma banda de rhythm & blues tocando em um festival exclusivamente dedicado ao jazz foi em si, uma quebra de tradição. Porém no dia 11 de Agosto, ao abrir os portões, haviam 1.500 pessoas só para ver os Stones. Os organizadores do festival tiveram que relocar a banda para a tenda principal, impressionados com a recepção que receberam. A partir desta, as bandas de rhythm & blues passam a ter mais acesso a festivais como este e a organização muda até o nome do evento para The Richmond Jazz And Blues Festival, mostrando assim, a nova mentalidade.
Easton Cuida Das Financias
Com tantas apresentações e viagens para lhe manter ocupado, Easton tira das mãos de Brian toda a parte financeira e o dinheiro passa a somar uma média de £193 para cada um, por semana. Uma soma muito maior que um emprego ortodoxo, como por exemplo um operário, traria para casa. Mais tarde descobriu-se que Brian teria um acordo secreto com Easton de receber mais £5 pelo fato de ser o líder do grupo. Existem relatos de Brian exigindo os melhores quartos em hotéis, especificamente melhores do que o do resto da banda, para marcar o fato que ele é o líder. Outras historias contam que em uma conversa reservada com Easton, ele comentaria que a voz do Jagger era fraca e que não haveria problemas se a direção (Easton e Oldham) quisesse substitui-lo. Essas e outras atitudes mais arrogantes, típicas ilusões de grandeza, o distanciaria dos demais e seu respeito dentro da banda como líder começava a extinguir.
Eric Easton arrumara um acordo com a Vox, firma que fazia amplificadores e instrumentos. A Vox forneceria um set de equipamentos para a banda em troca da publicidade. Entre o material, está a guitarra modelo "Teardrop" feito especialmente para Brian Jones.
Passados alguns dias, a banda grava no Hampstead Studio, "Fortune Teller" e "Poison Ivy" para o segundo compacto. Todos ficaram bastante satisfeitos desta vez, embora permanecera uma dúvida se essa seria mesmo a melhor música para deslanchar de vez a banda nas paradas. A Decca entrou em produção e a uma semana da data de lançamento, a banda decidiu segurar o compacto em prol de outro. Apenas não sabiam ainda qual.
Giorgio novamente arrumou outro show para a banda, em que eles tocaram para 800 pessoas. Algumas pessoas que trabalhavam para a TV estavam lá, procurando rapazes e moças que dançavam bem para participar de um programa jovem. Eles acabaram ficando impressionados com a banda. Um convite aos Stones foi feito, e no dia 26 de Agosto tocaram ao vivo no programa "Ready, Steady Go!", com Jagger pulando no palco e as meninas ficando histéricas na platéia. Jagger já evoluíra em muito seu pique de palco, se mexendo e tentando estimular excitação ao público que o assistia, através da música. Pessoas por todo Reino Unido que nunca tiveram a oportunidade de vê-los ou sequer tinham ouvido falar no nome Rolling Stones, ficaram conhecendo a banda. Cartas e mais cartas inundaram a sede da TV, a grande maioria de jovens elogiando a atração e algumas de país se queixando do mau gosto da
programação. Em pouco tempo a banda voltaria seguidamente.
Em Setembro pediram as chaves do apartamento em Edith Grove. Brian então foi morar com Linda Lawrence na casa dos pais dela em Windsor. Keith e Mick passaram a morar juntos na Mapesbury Road em Hampstead. Pouco depois Andrew se mudou para lá. Quando Chrissy Shrimpton fez 18 anos, passou a trabalhar como secretaria na Decca e também foi morar em Hampstead com Mick. Essas mudanças de endereços teriam maiores repercussões dentro da estrutura da banda no futuro.
O Proximo Compacto
Decca exerce pressão exigindo material para o novo compacto, mas os rapazes não conseguiam escolher uma canção adequada dentro das várias do repertório. Foi quando por um acaso, Andrew descendo a Jermyn Street a pé, vê um taxi encostando. "Olá Andrew; entre." Era Paul McCartney acompanhado de John Lennon que vinham de um outro compromisso. Como já se conheciam dos tempos em que Andrew trabalhava para Brian Epstein, ele foi logo contando a situação delicada em que os Stones se encontravam em relação ao seu próximo lançamento fonográfico. Paul então oferece "I Wanna Be Your Man" que ele havia começado a escrever pensando em um número para seu baterista Ringo Starr cantar. O taxi então desvia para o Studio 51, onde a banda ensaiava e prontamente ofereceram a canção. "A letra só tem o refrão" disse John, "mas se vocês gostarem da música, terminamos ela agora mesmo". Com John na guitarra e Paul, usando o baixo do Wyman, ensinam a música e cantam o refrão. Sendo canhoto, Paul teve que tocar o instrumento ao contrario, exercendo a difícil tarefa com perfeição, para o espanto de Wyman. Após ouvirem a canção, Brian diz que gostou e então todos concordaram que era uma ótima canção. John e Paul foram então para uma sala ao lado para terminá-la e cinco minutos depois estavam de volta. "Esqueceram algo?" perguntou Bill, "Querem um violão para ajudar?" "Não, está pronta."
Logo que Lennon e McCartney deixam o recinto, os Stones começaram a mexer na música para enquadra-la mais ao seu som. Brian tocando slide guitar deu outra sonoridade e todos ficaram satisfeitos. No De La Lane Studio, no dia 7 de Outubro, a banda parte para gravar finalmente o seu segundo compacto. Brian abandona a idéia original do slide tradicional, em prol do uso de um gargalo de garrafa na guitarra, o que deu um som totalmente novo dentro da concepção que os Stones tinham da música um mês antes. Esta inclusive é a primeira vez que se grava o chamado 'bottle neck guitar' (guitarra com gargalo de garrafa) no Reino Unido. Como sobrou pouco tempo de estúdio para gravar o lado B, inventaram um tema na hora, fortemente inspirado em "Green Onions" de Booker T. & The MG's. A canção foi batizada "Stoned". Como Andrew estava na França, o disco foi produzido competentemente por Eric Easton.
A Primeira Excursão
Embarcaram então para uma grande excursão abrindo para Bo Diddley e The Everly Brothers. Mas antes da excursão começar, Bo Diddley teve uma apresentação na rádio BBC, no programa "Saturday Club" com Charlie, Bill e Brian tocando como sua banda. Bo e os rapazes se deram muito bem e o som agradou tanto que um convite para excursionar a Europa como sua banda de apoio teve que ser gentilmente recusado. Mas o convite em si serviu para afagar os egos dos três. Stu compra uma van nova, tipo Kombi especialmente para estrear a excursão. Perto da metade da tour, Little Richard se juntou à troupe, reerguendo sua carreira mais uma vez. Durante o evento, os Stones ficavam assistindo nas coxias às apresentações de Diddley e Richard e procuraram aprender. Toda a excursão foi um grande aprendizado para a banda e preparou-os para o que viria a ser a rotina de seu futuro. Bo Diddley também gostou de assistir o show dos Stones e quando perguntaram o que ele achou da banda, Bo como sempre, foi claro "Esse Brian Jones toca muito bem slide guitar. Ele não está de brincadeira e é ele quem puxa sua banda para cima. É a única pessoa que conheço que consegue tirar o meu som direito."
Os Everly Brothers tiveram dificuldade para se manterem como atrações principais, tendo grande parte do publico deixando o recinto antes deles subirem ao palco. A excursão durou quase dois meses com trinta shows em sessenta noites, a maior turnê dos Stones até então. Quando tocaram em Cheltenham, Brian procura novamente Pat Andrews e lhe oferece recursos financeiros regulares para as necessidades de Julian.
A era das groupies começava a aparecer, com os rapazes dormindo com uma menina nova a cada noite. Brian como sempre, um faminto sexual, trouxe até uma menina com ele na van, trepando com ela sentado entre os rapazes, durante o caminho da volta para casa. Morando na casa dos país de Linda Lawrence, sua atual namorada, simplesmente abandonou a menina com Bill, Charlie e Stu na van. Ela sem dinheiro, acabou hospede da família Wyman aquela noite e Diana, esposa do Bill, teve que engolir as explicações e juras de inocência do marido.
I Wanna Be Your Man/Stoned foi lançado em novembro de 1963, na semana em que os
Beatles tocariam para a rainha; outra ótima jogada de marketing para o compacto e mais um acerto calculado previamente por Andrew. Muita gente comprou por se tratar de uma música da dupla Lennon-McCartney. A imprensa especializada, que falou muito bem do compacto, ficou satisfeita que os Stones finalmente lançassem algo mais perto do seu som ao vivo. Outros criticaram o acabamento da gravação, queixando que as guitarras acabaram mixadas mais alto do que as vozes. Mas no geral, a impressão da maioria é favorável aos Stones.
Andrew apresentaria Mick e Keith a Gene Pitney, um cantor e compositor americano radicado na Inglaterra, cuja carreira Oldham pretendia cuidar. Os três fizeram uma certa amizade e mostraram sua primeira composição como dupla: "My Only Girl". Gene quis gravá-la mudando antes a estrutura para uma balada, mais ao seu estilo. Depois, ao lado de Jagger & Richards, alterou a letra que passou a se chamar "That Girl Belongs To Yesterday". Seriam estes os primeiros passos, para a longa carreira de compositores que a dupla passaria a ter.
Andrew e Sua Liderança
A mudança de Andrew Oldham para Mapesbury Road não é por acaso e sua repercussão mudaria muita coisa dentro da historia da banda. Além da velada paixão platônica que Andrew tinha por Mick, existia na mudança um envolvimento relacionado a negócios e dinheiro. Andrew tinha a necessidade de ter controle sobre seus artistas e Brian, Keith e Mick morando juntos, eram demasiadamente unidos. Com a saída de Brian da casa, Andrew entrou e investiu em duas frentes. Primeiro, convencendo Mick e Keith a escreverem suas próprias canções, conscientizando os dois que a suas carreiras não teriam longevidade se ficassem só trabalhando com canções obscuras. Afinal, quantas canções obscuras existem para serem descobertas? A atitude de Jagger sempre foi a de que um inglês não pode escrever rhythm & blues sem parecer falso, porque se trata de uma música essencialmente negra e americana, duas coisas que eles não são. Alem do mais, eles são interpretes e não compositores. Depois de ver quão fácil John Lennon e Paul McCartney escreviam suas canções, suas convicções começaram a minguar. A atitude de Keith foi mais nos moldes de "já que é assim, vamos escrever como um duo e rachar a grana dos direitos autorais." Andrew certa vez, literalmente trancou os dois dentro da cozinha só permitindo que saíssem quando tivessem uma canção apresentável. Saíram de lá com "My Only Girl".
A segunda frente era plantar a semente de discórdia entre os dois e Brian. A razão de ser desta atitude não é gratuita. Andrew sabe que Brian é um purista e que jamais se sentiria confortável abandonando sua integridade musical. De fato, Brian já dava sinais de desconforto em relação a algumas das músicas mais acessíveis do novo repertório da banda. Mas dentro dele revolve um pequeno duelo entre seu amor e seriedade em relação ao verdadeiro blues, e o sabor inebriante do estrelato. Brian sendo a cabeça musical dos Rolling Stones, não pensava comercialmente. É portanto um obstáculo a ser vencido por Andrew para ele poder criar, dento da banda, uma máquina de hits que garantiria sucesso comercial. Em outras palavras: dinheiro no seu bolso. A banda começa a se dividir com Andrew, Mick e Keith de um lado e Brian, Bill e Charlie do outro.
Os
Rolling Stones foi uma das bandas que mais se apresentaram ao vivo em 1963. Se individualmente seus membros tinham pouco em comum, viajar e tocar extensivamente em excursões uniu todos. Ao final do ano, já estava ficando difícil andarem livremente pela cidade sem ser incomodados por fãs pedindo autógrafos. Em pelo menos duas apresentações de fim de ano, a banda que abre para eles era The Detours que tinha em seu guitarrista, um nome que ainda viria a ser conhecido, Pete Townshend. É em uma dessas apresentações que Pete assiste Keith Richards girar o braço em 360º ao tocar, ainda esquentando, backstage. Acha incrivelmente interessante e em tempo passa a imita-lo, iniciando assim um estilo para sempre ligado a sua imagem. Anos depois Pete descobre através do próprio Keith que este sequer recorda de ter feito o chamado "estilo hélice" alguma vez. Quanto ao primeiro natal depois de se tornarem um sucesso, Keith com muita satisfação comenta, "Neste natal, sou eu quem vai distribuir os presentes lá em casa." Linda Lawrence descobre que está gravida e Brian novamente vai ser pai. Tentam um aborto mas o médico se recusa a fazer a operação.
Stonemania
O ano de 1964 não altera a rotina de shows, shows e mais shows. Diferente do ano anterior, a banda já está mais ambientada no estúdio e com o processo de gravação. A cada nova canção da dupla Jagger-Richards que é registrado e recebe elogios, pior fica o complexo de inferioridade de Brian. Os únicos a serem incentivados a compor eram Mick e Keith. De inicio, Brian ainda se aventurou a mostrar um poema aos dois, sendo recebido com um "Você não sabe escrever Brian!" Sem aprovação ou incentivo de ninguém da banda, Brian timidamente se cala e guarda sua poesia para si e para sua namorada. Linda, sendo uma das poucas pessoas a ler ou ouvir alguma coisa composta por Brian, descreve suas letras como espiritualmente românticas, falando do seus sentimentos.
É lançado Not Fade Away/Little By Little, clássico de Buddy Holly que recria uma versão branca do ritmo de Bo Diddley. A versão dos Stones, bem mais negra, se torna o primeiro compacto da banda na América. Cria-se um interesse no público americano em conhecer os Stones, e a canção vai direto a No. 3 no Reino Unido, o primeiro compacto dos Stones a ir tão longe, tão rápido. Este fato faz a diretoria da Decca solicitar um LP. Paralelamente iniciam-se conversações para a primeira excursão americana. A cada show, as loucuras do público pioram e cada vez mais policiais em maior quantidade são exigidos.
Stu e seu assistente Spike desmontando equipamento após outro show
Em diversas ocasiões são obrigados a entrarem nos teatros vindo dos fundos, tendo que pular um muro atrás ou ao lado do local. Isto, quando não precisam também entrar através de uma janela lateral, pois todas as entradas convencionais estão tomados por pessoas. Durante os shows, mulheres na frente são esmagadas pelas mulheres atrás querendo chegar mais perto. Torna-se comum ver as meninas sendo levadas para fora e atrás do palco, deitadas pelos corredores adjacentes. Quando a banda termina o set, o teatro toca o hino nacional, tática com intuito de apaziguar os ânimos enquanto a banda foge. O set por sinal, era basicamente composta pelas canções "Talkin' Bout You", "Poison Ivy", "Walkin' The Dog", "Pretty Thing", "Cops And Robbers", "Jaguar And The Thunderbird", "Don't Lie To Me", "I Wanna Be Your Man", "Roll Over Beethoven", "You Better Move On", "Road Runner", "Route 66", "Bye-Bye Johnny" e "Not Fade Away".
Ao final do ano de 1963, Mick já tinha amadurecido todo seu estilo particular de se apresentar, deixando para trás aquele menino que só sabia sacudir a cabeça. Todo o sua espressão corporal canta com ele agora, e a reação do público, tanto feminino como em alguns casos, masculino, estão receptíveis para sua performance. Certa noite, ao iniciar "Not Fade Away", antes mesmo que Jagger começasse a cantar, a histeria foi tão grande que as meninas avançaram sobre o palco, todas ao mesmo tempo. Os rapazes largaram seus
instrumentos e correram como se temendo pela vida. Charlie e Brian tiveram suas roupas rasgadas, Keith e Mick correndo mais rápido escapuliram ilesos. Stu ficou para trás aguardando uma oportunidade para recolher o equipamento.
Divisões e Exigências
Mick e Keith não viajam mais na van com o resto da banda. Vão geralmente ou no carro de Andrew ou no de Mick, uma vez que Keith não dirigia. Na van estão sempre Stu e Bill; Brian ocasionalmente indo no seu carro e dando carona a Charlie. Mick tornava-se cada vez mais comprometido com manter a imagem de mau da banda para a imprensa. Passou a exigir que Charlie deixasse os cabelos crescerem ainda mais, pois sua imagem mais parecia de um jazzista respeitável, como também exigiu que ele adiasse o seu casamento com Shirley, sua noiva. Nada para Mick era mais importante do que a carreira dos
Rolling Stones. Charlie e Shirley acabaram casando sem que Mick e Andrew soubessem.
Em pé, Paul McCartney e Brian Epstein; sentados, Jimmy Phelge e Brian Jones
A dupla Jagger-Richard escreve outra canção, "Shang A Doo Lang" que não tiveram coragem de usar e passaram-na para a pequena Adrienne Posta. Adrienne é outra artista que Andrew produziu. Na festa de aniversario, comemorando seus 16 aninhos, Andrew e todos os Stones compareceram. Também na festa estavam os Beatles. Paul McCartney que a esta altura de sua vida, morava na casa da família Asher, estava tendo um acesso muito maior a cultura em um formato mais amplo. Levado pela sua namorada Jane Asher, ele passa a freqüentar galerias de arte, hobby que nunca cultivou em Liverpool, sua cidade natal. Fizeram amizades com um jovem dono de galeria chamado John Dunbar e o casal tomou a liberdade de convida-lo a festa. Dunbar compareceu acompanhado de sua namorada, a bela Marianne Faithful.
Marianne Faithful
Marianne Evelyn Faithful, nascida dia 29 de Dezembro 1946, aos 17 anos, era o típico exemplo de menina que para o trânsito quando passa. Ela conta que descende da aristocracia, uma vez que aparentemente sua mãe era uma baronesa na Áustria. Supostamente perderam o titulo e a fortuna durante a guerra e Marianne passou quase sua infância inteira longe dos pais, morando em uma escola dirigida por freiras chamada St. Joseph's Convent School. Na festa conversou com todos mas estava entediada com a conversa. Ela sonhava com gente de classe como seu namorado intelectual, não um bando de músicos agredindo a sociedade com seus cabelos compridos. Mick a desejava e encontrou dificuldades de esconder isso de Chrissy, presente ao seu lado.
Andrew também a desejava, mas para outros propósitos. Andrew viu que com seu rosto carismático, Marianne Faithfull facilmente faria o país apaixonar-se por ela. Sem ouvir uma nota sequer, queria criar uma carreira para ela como cantora. Conversou com Dunbar que não se opôs embora no fundo não tenha gostado da idéia. Mas Marianne nem levou a proposta em consideração de tão absurda que lhe pareceu. Andrew passou os próximos meses fazendo lobby em cima de Dunbar até convencerem Marianne a viajar até Londres nas próximas ferias escolares e assinar um contrato com ele.
Jagger escreveu "As Tears Go By" inspirado na sua beleza e não só ofereceu a canção para ela cantar, mas fez questão de assistir e participar de todo o processo da gravação. Marianne estava visivelmente desconfortável com a situação de ter Mick, Keith e Brian alternadamente dando convites indiretos para ela ir dormir com um deles. Dos três, o único que provocou seu libido foi Brian Jones, mas ela era apaixonada por John Dunbar e pouco depois da canção estourar nas rádios ela engravidou e casou. Sua gravidez não atrapalhou sua carreira mas as viagens para promover seus discos, aos poucos minavam seu casamento.
O Primeiro Álbum
Jagger compôs "Little By Little" em parceria com Phil Spector, que Andrew trouxe para conhecer e ajudar a produzir o primeiro álbum da banda. O disco, intitulado simplesmente de The
Rolling Stones, encontrou as lojas em Abril e incluía basicamente covers de suas músicas favoritas. O compacto Not Fade Away/Little By Little que começou em terceiro lugar nas paradas inglesas em Fevereiro, chega a primeiro em Abril. Spector adorou a música dos Stones e excitou todos a irem tocar na América. "Eles vão adorar sua imagem de cabeludos."
Bob Dylan após a sua excursão à Inglaterra também voltou pra casa alertando todos sobre quão bom e excitante eram esses
Rolling Stones.
Após sua terceira excursão pelo Reino Unido, a banda saiu de ferias, cada um para um canto. Mick e Chrissy foram a Paris. Brian foi de carro para Escócia passar alguns dias. Ele se mudou definitivamente da casa dos pais de Linda em Windsor passando a morar em Belgravia, na Chester Street ao lado da aristocrática residência de Lady Dartmouth. Brian descobrira no mês anterior que outra namorada sua, Dawn Malloy, com quem ele vem saindo ocasionalmente desde o inicio do ano, está gravida e portanto, ele será pai novamente, pela quinta vez. Bill e sua família foram para o interior hospedados em um hotel em Lyndhurst. Charlie e Shirley foram para Gibraltar. Quando o casal não voltou a tempo dos primeiros gigs depois das férias, Brian procurou novamente pelo Carlo Little. Este não sendo encontrado, foi convidado então Micky Waller, que estava tocando com Marty Wilde (ex- Marty Wilde & the Wild Cats). Backstage, conhecem Jimmy Page.