29 de agosto de 2011

Helloween: Um raio-X de "Twilight of the Gods"


Este artigo falará de "Twilight of the Gods" do HELLOWEEN, mais um clássico do heavy metal. O HELLOWEEN  foi uma das primeiras bandas de metal na Alemanha e é pioneiro no metal melódico. A "Twilight of the Gods" está no CD de estreia de Michael Kiske nos vocais da banda, uma lenda no estilo. Além de todos esses fatores, a TOTG é uma ótima música, se você gosta de músicas rápidas e melódicas, ela é um prato cheio.
Mas o que falar da letra? É genial! A TOTG foi lançada em 1987, o muro de Berlim ainda não tinha caído, era o fim da guerra fria. Osentimento de que o mundo poderia ser destruído em uma guerra nuclear ainda não tinha se dissipado por completo. Seria compreensível criticar a guerra fria em si, mas ao invés disso, Kai Hansen foi mais longe e criticou a humanidade.
A música narra eventos que ocorrem em um país fictício no futuro chamado convenientemente de “Insania”. É importante perceber que esses “deuses” citados na música são uma metáfora para o nosso modo de vida, coisas como progresso tecnológico, cultura e tradição. A ideia de que trocamos os nossos deuses antigos por deuses novos e melhores é uma forma de ironizar a prepotência da humanidade que passou a acreditar, com o avanço da ciência, que poderia finalmente controlar a natureza.
Já na segunda estrofe da música, é possível perceber os efeitos colaterais dessa mudança de perspectiva em relação à natureza e à tradição. A partir do momento em que o povo de Insania cria seus novos deuses, eles se tornam dependente deles. A percepção de que “Nós ainda precisamos de mais alguns deles para estar protegido contra o outro lado / Enquanto nós formos mais fortes, nada irá acontecer conosco” deixa isso bem claro. Outra sacada legal, é que esse “outro lado” nem aparece mais no resto da música, a ideia é mostrar a paranoia da guerra fria, onde tanto os americanos quanto os soviéticos se armavam freneticamente, até um ponto que poderiam destruir a Terra várias vezes.
Passado dois anos desde a parte inicial da narrativa, a coisa começa a desmoronar. Tudo aquilo que as pessoas de Insania acreditaram que garantiria a sua segurança, se voltou contra os próprios “insanianos” e agora não há mais nada o que fazer, esses “deuses” eram tudo que eles tinham. Pensando na metáfora, a partir do momento que a humanidade se apoia no progresso, a esperança é depositada sempre no futuro, quando esse futuro não se confirma, não temos mais nada para nos sustentar.
A ideia básica é que a racionalidade só é benéfica ao lado da emoção (sensibilidade). A racionalidade é muito útil para nos explicar como fazer as coisas, mas quando ela começa a nos dizer o que fazer, ficamos dependentes de nossas próprias criações. A partir do momento que uma sociedade é guiada por estudos puramente objetivos e governada por técnicos burocratas sem opinião, ela abdica de sua própria liberdade de escolha.
Texto de Vinícius Silva.
Originalmente publicado em:

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