31 de dezembro de 2010

Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 15

Lá pela década de 1980 o planeta viu muitas grandes bandas de Hard Rock surgirem. E, apesar do famigerado excesso em seu visual, alguns destes grupos possuíam tal poder de expressão que sobreviveram aos modismos posteriores, renovaram sua base de fãs e, melhor, até mesmo conseguiram resgatar a energia dos dias de glória com seus discos mais recentes.


Mas entre estes gigantes havia centenas de nomes menores. Muitos nem conseguiram deixar um registro para a história, mas vários outros gravaram trabalhos que conquistaram sua cota de admiradores sem fazer grande estardalhaço comercial. E a série “Hard Rock – Aqueles que ficaram para trás” surgiu com o intuito de resgatar alguns dos álbuns destas bandas de segundo escalão, geralmente obscuros ao grande público.

SHOTGUN MESSIAH
Shotgun Messiah
(1989 / Relativity Records)

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Há décadas que a Suécia exporta excelentes bandas e dos mais variados estilos. Em 1985, Zinny J. Zan (voz), Harry K. Cody (guitarra), Tim Tim Skold (baixo) e Pekka ‘Stixx’ Ollinen (bateria) se fantasiavam do mais ultrajante glam e inicialmente batizaram sua banda como Kingpin. Após três anos dedicados aos ensaios e tocando onde tivesse oportunidade, o quarteto enfim lançou em seu país “Welcome To Bop City”, cuja proposta era bastante calcada nos então veteranos Mötley Crue e Ratt.
Mas, por mais que os suecos dessem duro e tocassem em todo e qualquer buraco para divulgar sua música, não conseguiam fazer grande sucesso... Decididos em alcançar estrelato, tomam a corajosa decisão de se mudar para o lugar que mais valorizava o Hard Rock no planeta, ou seja, a colorida e luminosa Los Angeles do final dos anos 1980.
E, como era um período de mudanças, o Kingpin passa a se chamar definitivamente Shotgun Messiah e rapidamente remixou o disco que havia liberado inicialmente em seu país natal, lançando-o agora como “Shotgun Messiah” nos EUA e Europa. E, dentro das circunstâncias, o álbum até que conseguiu uma posição razoável, pois alcançou a 99º nos charts.
Após tocarem pela região, alguns atritos entre Zan e o resto da banda culminou na expulsão do vocalista. Assim sendo, quem assumiu o microfone foi o baixista Tim Tim e para o contrabaixo recrutaram o norte-americano Bobby Lycon.
Agora o Shotgun Messiah iria adentrar em sua melhor fase, o que se verificou em 1991 com “Second Coming”, um disco muito maduro e que revelou o mais famoso hit da banda, "Heartbreak Blvd". Ainda assim o álbum alcançou o distante 199º das ditas paradas – mas, apesar da importância que invariavelmente muitos dão a isso, o fato é que as canções possuíam melhores arranjos, mais despojados e crus, com as linhas vocais de Tim Tim influenciando em muito na sonoridade final.
Foi nessa época que o Shotgun Messiah mostrou a influência que sofria do Punk Rock, exibida de forma explícita em 1992 com o EP “I Want More”, com versões de canções do RAMONES, Stooges e New York Dolls, inclusive abrindo para ninguém menos que os mercenários ingleses do Sex Pistols. Mas, de concreto, nada acontecia a nível comercial.
A insatisfação atingiu tal proporção que somente sobrou o vocalista Tim Tim e o guitarrista Cody para continuar com as aventuras do Shotgun Messiah. E a aventura seguiu por rumos mais industriais, tão diferente do Hard Rock de alguns anos atrás... Então não deu outra: "Violent New Breed", de 1993, foi um total fiasco nas vendas e o Messiah pôde, enfim, descansar em paz.
Skold passou por vários projetos, sendo o mais relevante a sua parceria com Taime Downe (Faster Pussycat) no industrial Newlydeads. De 2002 a 2008 Skold também substituiu Twiggy Ramirez como o baixista da banda de MARILYN MANSON e atualmente está trabalhando com afinco em sua carreira solo.

BULLETBOYS
Bulletboys
(1988 / Warner Brothers Records)

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Natural da Califórnia, o Bulletboys tomou forma em 1986 com Marq Torien (voz), Mick Sweda (guitarra), Lonnie Vencent (baixo) e Jimmy D'Anda (bateria). E vale mencionar que anteriormente o vocalista Torien tocou guitarra por três meses no Ratt e até conseguiu uma audição para tentar preencher a vaga de Randy Rhoads na banda de Ozzy Osbourne; além de a dupla Sweda e Vencent terem passado pelo King Kobra.
O Bulletboys foi comparado desde o início com o VAN HALEN. Ainda que não fosse assim tão similar a nível musical, havia alguns motivos para tanto, como o fato de a performance de Torien ser tão enérgica quanto à de David Lee Roth, ou ambas as bandas terem como produtor Ted Templeman, que inclusive deu grande apoio ao Bulletboys para que este assinasse com a Warner Brothers Records, que, oras vejam, também era a gravadora do VAN HALEN.
De qualquer forma, seu primeiro disco auto-intitulado chegou ao público em 1988 e logo a seguir a banda começa a tocar pelo seu país com o Cinderella, Cheap Trick, BON JOVI, Poison e Winger. E no ano seguinte passaram pela Inglaterra, totalizando aproximadamente 400 shows para a divulgação de seu debut.
Paralelo às apresentações, composições como “Hard As A Rock”, "Kissin 'Kitty" e o single "Smooth Up In Ya" fizeram com que o disco atingisse platina pelas vendas, permitindo que o quarteto gozasse do almejado estrelato no final do movimento glam de Los Angeles.
Mas seu próximo álbum demorou muito para ser lançado, chegando ao mercado somente em 1991, época em que o mundo da rock´n´roll estava começando a mudar radicalmente. “Freakshow” foi gravado tendo seu vocalista constante problemas nas cordas vocais e mostrava um Bulletboys ampliando seu horizonte musical ao incorporar o blues e funk ao Hard Rock. Estas características ficavam bem exemplificadas em “THC Groove” e “Talk To Your Daughter", fazendo com que o disco tivesse um astral mais alternativo.
Apesar das dificuldades dos novos tempos, o Bulletboys não se intimidou e seguiu na luta pela sobrevivência, adaptando sua música de acordo com as necessidades da ocasião. E “Zaza”, de 1993, ainda era um álbum de rock, mas com um acentuado pop, se comparado com seus antecessores.
A partir daí, o grupo constou na onda das demissões perpetradas pelas grandes gravadoras. E para ajudar, Mick Sweda e Jimmy D'Anda decidiram seguir outros rumos para sua carreira, sendo respectivamente substituídos por Thomas Pittam e Robby Karras. Assim, o osso duro do Bulletboys liberou “Acid Monkey” em 1995, permitindo que a nova formação percorresse todo o país para divulgar esse disco. Mas a sonoridade ainda mais alternativa afastou de vez até mesmo o mais ferrenho defensor da banda e, devido às baixas vendas, o Bulletboys jogou a toalha e encerrou as atividades.
Somente em abril de 1999 é que a formação clássica se reúne para tocar no Estádio Adelante, na Califórnia. O Bulletboys novamente provou o gosto do sucesso, pois a resposta do público mostrava que sua química continuava intacta. E dizem que foi em homenagem aos fãs que, no ano seguinte, a banda regravou todos os seus hits para a coletânea “Burning Cats And Amputees”. Mas a homenagem se mostrou inútil, pois os tais fãs simplesmente não aprovaram as novas versões de seus antigos sucessos...
Posteriormente, e tendo somente o vocalista Marq Torien como membro da formação original, o Bulletboys continuou a reinventar sua música, liberando em 2003 o disco “Sophie”, que inclusive apresentava como convidado Sebastian Bach, do SKID ROW. Depois, outra compilação chamada “Smooth Up In Ya - The Best Of” (06) e o ao vivo “Behind The Orange Curtain” (07), e mais nada.
Ainda que sua música tenha se descaracterizado do Hard Rock ao longo dos anos, é inegável que a intensidade do debut “Bulletboys” faça com que este seja considerado por muitos como um destes raros clássicos no estilo.

SHY
Excess All Areas
(1987 / BMG Records)

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Era o início da década de 1980 quando o Trojan tinha Birmingham como base. Sua proposta era quase um Heavy Metal Tradicional, bem mais pesado se comparado com muitos dos tantos grupos que pipocavam pela Inglaterra. Com o passar do tempo os músicos foram modelando sua sonoridade, tornando-a bem mais intrincada e AOR, e, aí sim, adotou o nome Shy como definitivo.
Curiosamente, o vocalista Tony Mills foi despedido um dia antes de o resto da banda receber a inesperada oferta para gravar um disco com a Ebony Records, cujos empresários aprovaram a faixa “Tonight” que o Shy emplacara na coletânea “Metal Warriors”.
Obviamente Steve Harris (guitarra), Paddy McKenna (teclados), Mark Badrick (baixo) e Alan Kelly (bateria) tiveram que engolir um belo sapo e chamar o desafeto de volta. Assim, feito as pazes, em 1983 estréiam com “Once Bitten... Twice...”, cuja repercussão pela mídia especializada foi bastante positiva.
Positiva a ponto de algumas grandes gravadoras começarem a sondar o novo potencial lucrativo da região. E, como o contrato com a Ebony era para apenas um disco, não deu outra: o Shy partiu para vôos mais altos ao assinar com a RCA.
Com Roy Davies assumindo o contrabaixo, “Brave The Storm” chega às prateleiras em 1985. Além dos excelentes teclados, a produção de Tony Platt (AC/DC) merece créditos, em especial com o resultado obtido nas vozes, tão elogiado que Mills foi comparado com ninguém menos do que Geoff Tate, do Queensrche. Para a divulgação do novo disco, o Shy parte excursionando com o UFO, Magnum, Twisted Sister, BON JOVI e vários outros.
Um fato lembrado até os dias de hoje ocorreu em território italiano, quando o MANOWAR, profissional como é, simplesmente cortou a energia enquanto o Shy estava tocando para um público estimado em 6000 pessoas. Os norte-americanos metidos a bárbaros alegaram incompatibilidade musical – e isso seria motivo para tal atitude? – mas os ingleses simplesmente sugeriram que sua atuação estava chamando muito a atenção, mais do que o próprio MANOWAR. Então...
A RCA decidiu que o Shy deveria passar uns tempos em Los Angeles para absorver o Hard Rock norte-americano antes do novo processo de composição. Passado esse período de ‘absorção’, em 1987 os músicos se deslocam para a Holanda e, sob a produção de Neil Kernon (Dokken, Queensrche), liberam seu terceiro álbum. “Excess All Areas” se revelou o maior sucesso comercial do grupo, tendo como carro-chefe “Break Down The Walls”, composta em parceria com Don Dokken, que impulsionou o disco à 75º posição dos charts britânicos.
Mesmo com a excelente fase, surgem desentendimentos entre o Shy e sua gravadora, e a banda opta por continuar sua carreira com a MCA Records. Novamente retornam aos EUA para buscar inspiração, mas “Misspent Youth”, de 1989, resulta em algo muito aquém da incontestável consistência de seu antecessor. Os músicos não poupam Roy Thomas Baker (Queen, The Cars), alegando que este simplesmente não se esforçou em nada em prol das canções.
Vale mencionar que, mesmo com as boas resenhas que seus discos anteriores invariavelmente receberam, a relação entre o Shy e a imprensa – em especial com o pessoal da Kerrang – nunca foi das melhores. Neste estado de espírito, a banda tinha que defender um álbum que eles mesmos consideravam um fracasso a jornalistas ingleses não tão amistosos. Além disso, nem mesmo a excursão que fizeram com o Badlands, Enuff Z'Nuff e o Sleeze Beez minimizou as constantes desavenças entre Mills e o baterista Allan Kelly.
Descontente com tudo, o vocalista simplesmente pediu as contas. Ao Shy não restou alternativa a não ser procurar um substituto à altura, e sobrou para o norte-americano da Califórnia John Ward, que já tinha passado pelo Madam X e pela banda do SLASH. E, mesmo o homem tendo feito bonito em “Welcome To The Madhouse”, de 1994, os antigos fãs eram exigentes e clamavam pela volta do carismático Mills.
Somando à equação o Grunge desestabilizando todo o cenário de Hard Rock e Heavy Metal nessa época, o resultado somente poderia ser o Shy também caindo no ostracismo. Mas esse ostracismo não impediu que os ingleses continuassem compondo. Tanto que, em 1999, e com Tony Mills provisoriamente no microfone, liberaram nada menos do que três álbuns: “Regeneration”, “Let The Hammer Fall” e o ao vivo “Live In Europe”.
Após algumas negociações, Mills aceita ficar em definitivo no Shy, mas desde que Kelly seja demitido, o que fatalmente ocorreu, afinal, geralmente é mais fácil achar outro baterista, não é mesmo? O EP “Breakaway” chega ao mercado em 2002, onde a banda se apresenta como um sexteto, agora com a inclusão das baquetas de Bob Richards, a guitarra de Ian Richardson e o teclado de Joe Basketts.
No ano seguinte, o CD completo. “Unfinished Business” possibilita que o Shy seja novamente notado pelo público, o que aconteceu de forma definitiva em 2005 com os bonitos arranjos de “Sunset And Vine”, onde a banda obtém uma merecida repercussão que há muito não via.
Mas Mills se mostra um verdadeiro indeciso... Mesmo com a perceptível ascensão do Shy, o vocalista novamente abandona seu porto para ingressar no norueguês TNT. Ironicamente, o próprio Shy, então tendo Lee Small assumido o microfone, foi quem abriu as apresentações durante a turnê da banda que roubara seu precioso e atrapalhado cantor.
Atualmente há notícias de o Shy estar preparando um novo álbum, mas, por favor, nem me perguntem quem será o vocalista, ok?

BRIGHTON ROCK
Take A Deep Breath
(1986 / WEA Records)

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Um excelente grupo do Canadá, que começou sua trajetória em Niagara Fall no ano de 1982, quando os amigos Greg Fraser (guitarra) e Steve Skreebs (baixo) decidiram montar sua própria banda de rock´n´roll. Batizada como Heart Attack, os primeiros dias foram conturbados devido ao grande rodízio de músicos que entraram e saíram rapidamente de sua formação.
O maior problema era o vocalista ideal que não aparecia. Mas na época, na vizinha Hamilton, também havia um cantor que procurava a banda ideal – seu nome era Gerry McGhee, que não estava nada satisfeito no The Rockers... E foi somente quando as partes se encontraram que tudo começou a acontecer.
O trio trabalhou arduamente sob o nome Brighton Rock e, após estabilizar a formação com Martin Victor (teclados) e Mark Cavarzan (bateria), liberaram um EP independente e auto-intitulado em 1985. A faixa “Barricade”, além de obter grande apoio do público e mídia, recebeu ainda o reconhecimento instantâneo da gravadora WEA.
Bem amparados, “Young, Wild And Free” foi produzido por ninguém menos do que Michael Wagner e liberado em 1986 a nível mundial (alguém viu esse disco no Brasil?). Seu Hard Rock seguia uma linha mais inglesa e, graças à “We Came To Rock” e a balada “Can't Wait For The Night”, os canadenses partem para sua primeira tour pelos EUA e Europa, mas não antes de John Rogers assumir os teclados.
Empolgados pela estréia tão bem sucedida, tanto em vendas como pela presença do público em suas apresentações, o Brighton Rock entra em estúdio cheio de idéias para as novas canções. Sob a produção de Jack Richardson, em 1988 o grupo retorna com "Take A Deep Breath", que rapidamente alcança a 22º posição em seu país e logo em seguida arrebata o certificado de outro graças às excelentes "One More Try" e "Hangin' High 'n' Dry". Com tão boas notícias, o grupo começa a divulgar o novo disco pela Inglaterra.
Em meio às composições para o terceiro disco, John Rogers pede as contas. Assim sendo, o Bringhton Rock, aborrecido com seus tecladistas, opta por seguir em frente sem a presença deste instrumento. O resultado aparece em 1991 sob o nome "Love Machine", o mais pesado álbum do conjunto que, sabe-se lá o real motivo, foi lançado somente no Canadá, para decepção de muitos dos admiradores conquistados além de suas fronteiras.
Sem tecladista, o conjunto contrata uma segunda guitarra para a próxima e fatigante excursão. De qualquer forma, parece que o Brighton Rock realmente se exauriu ao longo de seus frutíferos anos, pois, assim que encerraram essa longa série de shows, a banda simplesmente anunciou oficialmente o término de suas atividades, notícia que pegou muitos fãs de surpresa.
Mas, como lá pelo final dos anos 1990 o Hard Rock voltou a ser alvo do interesse do grande público, eis que aquela que é considerada a melhor formação – Gerry McGhee, Greg Fraser, Steve Skreebs, Johnny Rogers e Mark Cavarzan – anunciou um reencontro em 2001, para no ano seguinte liberarem o álbum ao vivo "A Room For Five Live". Novo disco chega somente em 2006, com a coletânea "The Essentials". Novo, pero no mucho.

HURRICANE
Over The Edge
(1988 / Enigma Records)

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O Hurricane é mais um destes nomes que possuía mais conteúdo melódico do que muitos dos que estavam em voga na época. A banda é conhecida por ter em suas fileiras o guitarrista Robert Sarzo e o baixista Tony Cavazo, que eram os irmãos mais jovens de Rudy Sarzo e Carlos Cavazo – músicos que fizeram história nos bons tempos do Quiet Riot, isso dois anos antes do início das atividades do próprio Hurricane.
Assim sendo, a dupla começou a trabalhar no Hurricane em 1984 e, após várias trocas de membros, teve sua formação estabilizada com o vocalista Kelly Hansen e o baterista Jay Schellen. E o pessoal teve que batalhar por conta própria, pois as grandes gravadoras não lhes demonstrou grande interesse, independente da provável influência exercida pela parte mais famosa da família Sarzo e Cavazo.
Dispensando as demos em fitas cassete, o quarteto optou por investir no mini-disco “Take What You Want” em 1985. Ainda que independente nos EUA, o disco conseguiu ser lançado na Europa via Roadrunner Records. Esse feito, aliado às constantes excursões a que o Hurricane se propunha, começou a causar boa impressão no circuito musical até que a gravadora Enigma lhes ofereceu a possibilidade de contrato.
O primeiro ato da Enigma foi liberar “Take What You Want” em território norte-americano e depois colocar o Hurricane abrindo para o Stryper. E, aí sim, a banda estava pronta para sua estréia em um disco completo. "Over The Edge" foi produzido por Mike Clink e o lendário Bob Ezrin foi o encarregado de supervisionar todo o projeto.
Lançado em 1988 e tendo como single a canção "I'm On To You", o álbum chega ao Top 40 das paradas de seu país. Porém, mesmo com este ótimo início, o guitarrista Robert Sarzo se demite e é substituído à altura pelo talentoso Doug Aldrich (ex-Lion).
Esta formação gravou “Slave To The Thrill" em 1990 e sua magnífica arte de capa – uma garota numa ‘escandalosa’ posição, com toda a vontade de manter relações sexuais com algum tipo de dispositivo futurista – foi infelizmente removida após a primeira prensagem. Mas o pior estava por vir... Enquanto o Hurricane promovia o novo álbum tocando pelos clubes em 1991, acabou recebendo a desagradável notícia de que sua gravadora havia decretado falência.
A Capitol Records até demonstrou interesse em continuar acompanhando o grupo, mas não houve um acordo que fosse razoável para as partes, infelizmente. Assim sendo, o Hurricane decidiu dar uma pausa em suas atividades, o que foi uma decisão acertada, pois a onda grunge chegou e literalmente arrastou a maioria das bandas na ativa desse período.
De qualquer forma, seus músicos continuaram envolvidos com outros projetos. E como Kelly e Jay sempre mantiveram uma grande amizade ao longo dos anos, o Hurricane acabou sendo ressuscitado como um quinteto que contava com os novos membros Sean Manning (guitarra), Carlos Villalobos (guitarra) e Larry Antonino (baixo), e o fruto desse retorno foi o bom “Liquifury”, que chegou às lojas em 2001 via Frontiers Records.

ALIEN
Alien
(1988 / Virgin Records)

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Apesar de um tanto quanto desconhecido no Brasil, o Alien deixou uma considerável herança para a cena AOR. A banda é natural da cidade sueca de Gothemburgo e foi formada em 1986 pelo guitarrista Tony Borg e o vocalista Hans Gislasson. Mas logo começou aquele que seria o maior calvário do Alien: sua constante troca de músicos.
Em menos de um ano Gislasson deixa seu posto e o guitarrista Borg recruta o vocalista Jim Jidhed. Contando ainda com Ken Sandin (baixo), Jimmy Wandroph (teclados) e Toby Tarrach (bateria), o Alien se torna extremamente famoso em 1988 ao liberar o single “Only One Woman”, escrito originalmente por Graham Bonnet. A faixa permaneceu nada menos do que seis semanas no primeiro lugar das paradas de sucesso da Suécia.
No embalo da fama, o conjunto estréia no mesmo ano com o álbum batizado simplesmente como “Alien”. Naturalmente a tal faixa de sucesso constava no repertório, mas “Brave New Love” e “Tears Don't Put Out The Fire” também contaram pontos para aumentar ainda mais seu prestígio entre os países escandinavos.
Mas, com o sucesso da ocasião já começando a atravessar as fronteiras da Europa, alguns egos se inflam e Jidhed, com sua bela voz, opta por seguir carreira solo. Sua substituição ocorre rapidamente com a entrada de Peter Sandberg (Madison, Von Rosen).
E em 1989 é lançado o mesmo “Alien” no mercado norte-americano, mas com nova capa e um repertório ligeiramente modificado, agora com oito das doze faixas originais (cinco das quais estavam remixadas) e acrescentou-se ainda “Now Love” e "The Air That I Breathe", cantadas pelo novo vocalista.
Assim, o terreno estava preparado para a chegada do segundo álbum. “Shiftin' Gear” é liberado em 1990 e tinha como músicos os já citados Borg (guitarra e baixo) e Sandberg (voz), além do tecladista Bert Andersson e o baterista Imre Duan (Snow Patrol). Mas nem bem o disco chegou às lojas e a formação se alterou novamente. Um inferno!
O Alien recrutou Richard Andre (teclados), Stefan Ridderstrale (bateria, Madison, Riff Raff) e Conny Payne (baixo). Como se não bastasse, Tommy Persson (Red Fun) assumiu as vozes... O motivo? Bem, quem resolveu seguir carreira solo agora foi o vocalista Sandberg – que, aliás, atingiu grande êxito, pois ao longo dos anos também passou a constar em seu currículo as bandas Snakecharmer e Bewarp, o que lhe garantiu o status de cult no meio AOR.
De qualquer forma, o Alien passou a ficar no gelo a partir de 1991, pois agora era o mentor e guitarrista que queria provar o sabor de um trabalho solo. Somente dois anos depois que é o grupo, então com a voz de Daniel Zangger Borch (Shere Kahn), volta com um novo disco, com o nada criativo nome “Alien” (de novo...!) e que passou longe de atingir a repercussão de seus antecessores, principalmente por sua produção ser considerada muito a desejar.
Em 1995, “Crash” surpreendeu por dois motivos: as canções estavam muito mais pesadas do que se poderia esperar em termos de Alien, e a formação oficial não se alterara. Quer dizer, em parte, pois, em função de alguns problemas de ordem pessoal, a bateria do novo álbum fora tocada por Michael Wilkman. Mas Ridderstrale já estava pronto quando o grupo começou a se apresentar ao vivo para a promoção do trabalho.
Ainda que seus músicos aparecessem esporadicamente em alguns projetos, o Alien liberou depois disso apenas uma coletânea e o disco “Live In Stockholm”, cujas canções foram captadas durante um show de 1990, quando a banda contava ainda com a voz de Sandberg. Entre algumas seletas apresentações ao longo dos anos, passou-se muito tempo até que surgisse algum álbum inédito novamente.
E foi com grata surpresa que os fãs receberam a notícia de que o guitarrista Borg estava novamente em parceria com o carismático e primeiro vocalista do Alien, Jim Jidhed. Assim, no final de 2005 os antigos admiradores puderam conferir o saudoso Alien em “Dark Eyes”, que, além da velha dupla, contou ainda com Mats Sandborgh (teclados), Berndt Ek (baixo) e Jan Lundberg (bateria).
Após isso, mais nada. Apesar de o Alien padecer em função do grande rodízio de sua formação, a beleza de suas composições ficou para a história a ponto de, mesmo depois de cerca de duas décadas, seus primeiros discos serem referência entre os amantes do AOR.

ROCK CITY ANGELS
Young Man's Blues
(1999 / Geffen Records)

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Existem rumores um tanto quanto bizarros acerca do Rock City Angels... Sua história remete aos anos 1980, quando o vocalista Bobby Bondage e o baixista Andy Panik's, impressionados após assistirem ao famoso documentário sobre Heavy Metal, "The Decline Of Western Civilization", decidiram montar o grupo The Abusers.
Ainda que inicialmente tocasse Punk Rock, aos poucos a banda vai adotando um visual mais glam e inserindo linhas melódicas típicas do Hard Rock à sujeira de sua proposta. Também passou a se chamar Rock City Angels, que foi firmando uma forte reputação ao sul da Flórida a ponto de sua demo atrair a atenção da New Renaissance Records, que ofereceu um contrato ao pessoal.
Assim sendo, logo em seguida o grupo se mudou para a Flórida, onde começou a conquistar sua nova base de fãs. De Bondage, Bobby passou a ser Durango, e foi nessa época que o precoce Johnny Depp (é, aquele ator!) ingressou no então Rock City Angels, isso antes de conquistar a fama no cinema.
E foi mais ou menos na época em que gravaram seu primeiro disco que as esquisitices começaram a acontecer. Antes do lançamento, a gerente da New Renaissance, Anne Boleyn, passou a receber constantes ameaças contra sua vida e foi informada que a Geffen Records era a mandante. A moça segurou as pontas, mas quando seu carro foi jogado para fora da estrada, ela simplesmente cedeu às pressões.
E assim a ‘vilã’ Geffen comprou o contrato e ofereceu ao Rock City Angels nada menos do que 6,2 milhões de dólares. Considerando que a fase punk em que se abominava o malvado capitalismo era coisa do passado, a banda aceita a oferta. Como Depp foi prontamente recusado pela nova gravadora (ou teria preferido prioridade à carreira de ator?), a banda passou a contar então com Durango (voz), Panik (baixo), Mike Barnette (guitarra), Doug Banx (guitarra) e Jackie D. Jukes (bateria).
O fato é que o Rock City Angels foi despachado para Memphis, Tenesse, onde ficou por dois anos tentando gravar seu (novo) disco de estréia. Mas sem problema, afinal, nada como alguns milhões para passar o tempo, não é mesmo? O motivo desse isolamento um tanto quanto inconveniente gerou vários boatos. O mais conhecido foi o de a Geffen simplesmente isolar o Rock City Angels, pois representava uma séria concorrência ao Guns´n´Roses, que na época estava em estúdio gravando o que viria a ser o famoso “Appetite For Destruction”. É mole?
De qualquer forma, o Rock City Angels estreou, enfim, com “Young Man's Blues” em 1988. Um disco de autêntico rock´n´roll, grudento e emocional, com ótima interpretação das torturadas linhas vocais de Durango. Mas tanto tempo afastado da cena fez com que seus antigos fãs, aparentemente não tão leais assim, acabassem procurando entretenimento em outras bandas – talvez no Guns...?
Abriram para o Jimmy Page, Joan Jett e o The Georgia Satellites; a MTV exibia o vídeo de "Deep Inside My Heart" em sua programação, mas nada os ajudou a conquistar novos interessados. O limite chegou quando o Rock City Angels mostrou as novas canções para os tubarões da Geffen, que as ignorou. O novo disco já tinha até nome, “Lost Generation”, mas nunca viu a luz do dia. E nem a banda, que simplesmente desapareceu.
Mas o leitor lembra-se do outro debut, aquele que o Rock City Angels gravou para a New Renaissance Records, e que nunca chegou ao público? Pois bem, estas gravações surgiram em 1999 e estão em um CD simplesmente conhecido como “Rock City Angels” ou ainda “Glam CD”. E em 2004 a banda surge sabe-se lá de onde com "Use Once & Destroy", que buscava um retorno às raízes punk. Os caras até possuem um myspace, mas disco novo que é bom...

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