Sua singular capa nada mais é do que o letreiro luminoso do referido estabelecimento comercial, mas é quando botamos o disquinho para rodar que percebemos a revolução promovida pelo grupo. Mesclando arranjos vocais influenciados abertamente pelos Beach Boys, o requinte instrumental dos Beatles e o peso dos riffs dos Kinks, o Big Star estava bem longe das sofisticações de grupos como Pink Floyd ou Led Zeppelin. E era justamente aí que residia o seu grande mérito, pois pouquíssimos grupos conseguiram encontrar o ponto certo entre a fusão da crueza/complexidade do Rock e a sofisticação/simplicidade inerente a melhor música pop.
A singela despedida “ST100/6” fecha o disco com maestria, mas é a dupla matadora formadas pelas baladas “The Ballad Of El Goodo”/ “Thirteen” que nos faz querer ouvir o disco um número infindável de vezes. A primeira tem simplesmente um dos melhores refrãos já gravados por uma banda de Rock, enquanto a segunda é de um lirismo cativante como atesta o trecho "Won't you let me walk you home from school. ... Won't you tell your dad, ‘Get off my back’. Tell him what we said about 'Paint It Black'. Rock 'n Roll is here to stay", Cat Stevens deve ter roído as unhas de inveja ao ouvir esta canção.
Longe de ser apenas flores, a estória do Big Star foi marcada por uma série de problemas em especial a rivalidade entre Bell e Chilton e o respectivo envolvimentos de ambos com drogas pesadas, além das baixas vendas de “#1 Record” graças a má distribuição da Stax mais chegada em artistas de R&B. O álbum marca o início e fim de uma das mais prodigiosas parcerias no Rock, pois Bell logo pularia fora do barco e se lançaria em carreira solo deixando o maravilhoso disco “I Am The Cosmos” lançado postumamente em 1992.
O segundo disco da banda de 1974 “Radio City” também é igualmente genial, porém soa mais pesado e bem menos polido do que seu debute. Um terceiro e obscuro álbum foi gravado em 1975 (embora lançado em 1978) com o nome de “Third/Sisters Lovers” e apesar de soar menos inspirado que os trabalhos anteriores trazia uma das melhores canções já gravadas nos anos 70 a comovente “Stroke It Noel”.
Em resumo: “#1 Record” bem como os outros discos do Big Star são discografia básica não apenas para fãs de Rock, mas de música em geral. Recomendadíssimos.
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