4 de abril de 2011

In Paradisum - Symfonia

Por Carlúcio Baima

O que podemos esperar de Andre Matos (vocais), Timo Tolkki (guitarra), Jari Kainulainen (baixo), Mikko Härkin (teclados) e Uli Kusch (bateria)??? Para aqueles que gostam do Heavy Metal Melódico, o que imaginamos é que um grande álbum será lançado, visto que todos os integrantes têm qualidade suficiente para isso e já são consagrados no meio. Porém, não é isso que podemos comprovar no tão aguardado trabalho da banda: Symfonia. Pelo menos não da minha parte. Lamento, mas foi um dos álbuns mais decepcionantes que já ouvi nos últimos tempos. O que encontramos no Symfonia é tudo soando perfeito, contudo, apenas tecnicamente - como já se espera pelo nome da banda. Com pouquíssimos momentos de empolgação, faltou àquela dose de criatividade e ousadia, o que tornou o CD repetitivo e chato.



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O nome do CD faz menção ao versículo cantado por um coro ou celebrante da Igreja Católica Romana (ofertório litúrgico) antes e/ou depois de um salmo. Em suma, é o momento em que os anjos acolhem o corpo que será levado para o paraíso: “In paradisum deducant te Angeli; in tuo adventu suscipiant te martyres, et perducant te in civitatem sanctam Ierusalem. Chorus angelorum te suscipiat, et cum Lazaro quondam paupere æternam habeas requiem.”
Adentrando ao álbum, a primeira música “Fields Of Avalon” inicia com aquele tradicional riff ao estilo Stratovarius, mais precisamente da música “Will The Sun Rise” (“Episode”). Para ser sincero, ao longo de todo o CD parece Stratovarius  ou qualquer outra banda finlandesa que não merece tanta visibilidade dada pela mídia especializada. Existem bandasbrasileiras com qualidade muito superior do que tais bandas escandinavas.
Pois bem, deixando de lado essa falta de reconhecimento, apoio estrutural e propagandístico aos brasileiros, duas músicas me chamaram atenção dentre as dez compostas: “Forevermore” e “Pilgrim Road”. A primeira não deixa de ser uma música batida no Heavy Metal Melódico, mas ao menos tem uma participação melhor de Andre Matos e um bom solo, já a segunda possui boas passagens de teclados que lembram folk. Vale destacar ainda a música "Santiago" que possui uma passagem idêntica a instrumental "Stratosphere" ("Episode"). É incrível como Timo Tolkki não consegue inovar e se desligar do Stratovarius, já que no Revolution Renaissance ele também não faz lá grande coisa. Quanto às letras do álbum é perceptível questões como liberdade, companhia, pertencimento a uma terra ("Avalon"), típico de algumas passagens do mito arturiano, e algumas referências ao título do álbum.
No geral, fico bem triste com esse material inicial lançado pela banda. Não sei até que ponto, mas acredito que Timo Tolkki tenha monopolizado demais as composições, limitando assim o desempenho dos outros músicos. Raros os momentos em que percebemos as passagens de teclados e arranjos criativos do Mikko Härkin que lhe deu destaque no Sonata Arctica; Uli Kusch não consegue encaixar sua pegada que o consagrou no HelloweenGamma RayMasterplan e em um álbum lançado com o Ride The Sky; Jari Kainulainen fica somente com um baixo tradicional e sem expressão; Andre Matos, por sua vez, figura que destaco na banda, apresenta uma atuação muito abaixo da média. É evidente que ele faz toda a parte técnica de forma correta e segura, porém com um vocal irritante, agudos exacerbados e sem aquela virtuosidade do AngraShaman e de tantos outros projetos que participou e obteve excelentes atuações.
Toda aquela apreensão e curiosidade quanto a esse trabalho não passaram de mais uma ilusão, de tantas que venho tendo. Criatividade e inovação musical passaram longe em "In Paradisum". Competência para isso os integrantes da banda tem de sobra, mas faltou ousadia para ao menos bater na porta do céu...
Tracklist:
1. Fields of Avalon 05:09
2. Come by the Hills 05:01
3. Santiago 05:54
4. Alayna 06:17
5. Forevermore 05:31
6. Pilgrim Road 03:37
7. In Paradisum 09:36
8. Rhapsody in Black 04:37
9. I Walk in Neon 05:45
10. Don't Let me Go 03:57

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