4 de abril de 2011

Girlschool: entrevista exclusiva com a veterana banda

As garotas do Girlschool são ícones da NWOBHM e estão na estrada há mais de trinta anos, o que as categoriza como a banda feminina com maior tempo na ativa. Recentemente, a banda passou pelo Brasil para fazer uma (ótima) apresentação em Rio Claro, em São Paulo, no IX Festival de Rock Feminino. Elas concederam uma coletiva à imprensa, mas o Whiplash! Foi mais longe: conseguimos uma exclusiva com Kim McAuliffe, membro fundadora do grupo. Nessa curta, porém satisfatória, entrevista, ela nos conta sobre o início da banda, sobre a amizade com o Lemmy e sobre a regravação de seu álbum clássico “Hit and Run”.


Nós vamos fazer essa entrevista para o site especializado mais acessado do Brasil!
Kim McAuliffe: Um site, ótimo! Assim eu não tenho que me preocupar em não estar feia, a gente vai só falar! (risos)
Vocês formaram a banda lá atrás, em 1978. Como vocês, naquela época, decidiram montar uma banda só de meninas?
Kim: Na verdade, era bem simples: nós não tínhamos escolha! Os caras que nós conhecíamos e que tinham uma banda, simplesmente não queriam ter garotas em suas bandas. Simples assim! Então, a única maneira que tínhamos era juntar as meninas que queriam fazer música em uma banda só. Na verdade, no começo, nem pensei algo do tipo “Legal, vou montar uma banda só de meninas”, mas isso acabou acontecendo naturalmente, uma vez que o que eu queria era apenas achar pessoas que quisessem tocar comigo.
Mas vocês já se conheciam quando montaram o Girlschool?
Kim: Sim, nós morávamos na mesma rua em Londres... Na verdade, ainda moramos! Eu e Enid (Williams, baixista) nos conhecemos desde que éramos bebês e por isso crescemos juntas. Mais pra frente, conhecemos outra garota na escola, a Tina, que também gostava de música e era baterista. Tocamos com ela por um tempo, mas, quando decidimos levar o grupo mais a sério, pouco tempo depois, chamamos a Denise (Dufort, baterista), que parecia ser mais focada, assim como nós, e foi assim que tudo começou!
Desde o início, então, vocês já tratavam a banda com um pensamento mais profissional?
Kim: Sim, mas na verdade foi algo gradual. Com o tempo fomos dando a atenção que a banda demandava, pois ela crescia rapidamente.
Eu já fiz parte de uma banda só de mulheres e sei que não é fácil lidar com personalidades fortes diferentes. Havia sempre algumas brigas e...
Kim: Eu te entendo, é super normal mesmo! Mulheres são difíceis! (risos)
Mas, mesmo assim, vocês são a banda feminina que está há mais tempo na ativa: mais de trinta anos juntas e praticamente com a mesma formação! Qual o truque?
Kim: Bom, nós devemos ser loucas! (risos) Mas é engraçado, porque antes eu costumava discutir bastante com a baterista. Mas, hoje eu vejo que passamos por muita coisa juntas, ela sempre esteve lá, desde os anos oitenta. Sem contar que hoje em dia temos preguiça de brigar! (risos) Mas, falando sério, é claro que sempre vai haver pequenas discussõezinhas, mas nos acostumamos umas com as outras porque, no fundo, somos todas muito parecidas, temos os mesmos gostos. Eu, Enid, Denise e a Jackie saímos de vez em quando pros mesmos lugares, esse tipo de coisa, entende? Porém, todo mundo sabe que quando passamos muito tempo com as mesmas pessoas, começamos a meio que encher o saco umas das outras... Então, quando isso acontece, ficamos um tempo sem nos ver, e quando nos encontramos novamente, reparamos que estávamos com saudade, e se torna legal conviver de novo!
Falando um pouco sobre composições agora, vocês têm covers memoráveis como a famosa “Please Don’t Touch” do Stray Cats, “Fox on the Run” do Sweet e “Tush” do ZZ Top...
Kim: Nós fizemos esse cover porque achamos que seria engraçado meninas falando sobre ‘tush’ (N. da R. “Tush” é uma gíria da língua inglesa usada para definir uma mulher como ‘presa’ ou como tradução para a palavra ‘bunda’). Não ligamos para a repercussão de que isso poderia causar, por isso fizemos a versão. Seria engraçado!
Mas naquela época vocês eram fãs do ZZ Top e gostavam da música ou só escolheram por causa da letra?
Kim: Nós sempre amamos ZZ Top, especialmente aquele álbum “Eliminator”, que foi um grande sucesso na época. Todos piraram nesse disco e nós não ficamos de fora! Nós inclusive chegamos a tocar com o ZZ Top no Wembley Arena! Esse dia foi incrível e nós ficamos, no começo, meio apavoradas de tocar em um show tão enorme como esse. Mas tudo acabou sendo ótimo!
Já que você citou uma das bandas que você costumava ouvir, gostaria de já perguntar quais eram as suas influências quando começaram a tocar.
Kim: Nos realmente amávamos e ouvíamos muito Deep Purpe, Black Sabbath e Led Zeppelin! Aprendemos a tocar ouvindo-os e tentando imitar o que eles faziam.
No documentário de Sam Dunn, “Metal: A Headbanger’s Journey”, seu amigo Lemmy, doMotorhead, diz que vocês alem de tocarem como homens, festejam como homens! Como vocês se sentem sendo mulheres em um mundo que, inicialmente, era só de homens?
Kim: No começo era muito mais estranho para nos do que é hoje. Mas acabamos nos acostumando com o decorrer do tempo, porque quando excursionávamos com outras bandas, os caras não nos tratavam de forma diferente só porque éramos mulheres. Alias, eles passaram a nos respeitar muito com o tempo. Eu não sei se eles comentavam algo por trás de nossas costas (risos), mas na nossa frente, nos tratavam como mais uma banda com a qual estavam dividindo o palco. Por isso nunca chegamos a nos sentir desconfortáveis. Quanto ao comentário do Lemmy, foi uma surpresa para nos quando assistimos ao filme! Não vou negar que gostamos de uma festa, mas o que eu posso afirmar é que ninguém supera o Lemmy nesse quesito! Ele é insuperável!
Vocês recentemente regravaram o clássico disco “Hit and Run”. Por que ele foi o escolhido dentre os outros ótimos que também integram sua discografia?
Kim: Bem, depois de "Legacy", nós não achamos que estávamos preparadas para compor uma nova série de músicas para integrar um álbum inédito com músicas originais tão brevemente, porque esse foi um disco que deu muito trabalho, pois contou com diversas participações... Foi um projeto grande. Como está na época do aniversário de trinta anos do “Hit and Run” decidimos regrava-lo para celebrar esta marca e também para ver como as músicas soariam com uma nova roupagem, depois de tanto tempo desde que foram gravadas pela primeira vez.
Ainda há tempo para uma última pergunta e eu sei que ela vai ser difícil para você. Qual álbum você acha que melhor define a carreira do Girlschool?
Kim: Você acertou! Que pergunta difícil! Bom, assim, de primeira, acho que eu diria que é o "Hit and Run", basicamente porque ele foi nosso álbum que fez mais sucesso e porque foi com ele que ganhamos uma maior visibilidade e reconhecimento na cena. Porém, não posso descartar o mais recente “Legacy”, que para nós é um marco e resultado de todo o nosso trabalho. Sempre demos duro e estamos aqui, tanto tempo depois, ainda vivendo nosso sonho, tocando e gravando um álbum tão especial como ele.

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