21 de agosto de 2011

Stay Heavy: cinco perguntas para Vinicius Neves


1) Direto e reto: onde você ainda pretende chegar com o Stay Heavy? Você acha que existe espaço para crescer de maneira ainda mais expressiva na TV por assinatura - ou, quem sabe, ganhar espaço até mesmo nos grandes canais de TV aberta?
Minha missão com o programa é leva-lo para o maior número de pessoas possível, não importa o meio ou veículo de comunicação, pode ser internet, TV, emissoras menores ou grandes redes. Eu quero ver o Heavy Metal ter o espaço que merece! Recentemente acertamos com a PlayTv que é uma grande rede de TV, bem conhecida e que vem para somar à nossa rede própria de transmissão que hoje conta com mais de 45 emissoras espalhadas por todo Brasil. Aliás, nossa transmissão atual conta uma abrangência bem legal, em praticamente todos os estados do país, e estamos sempre buscando mais. Valorizamos muito as emissoras locais e comunitárias que fazem um ótimo trabalho em suas localidades e abrem espaço para produções como Stay Heavy. Lógico que gostaria de passar em uma grande rede à qual todos tivessem acesso para assistir. Uma das coisas que mais me anima é quando alguém entra em contato informando que não consegue ver o SH na cidade, e isso acaba virando uma nova meta: conseguir uma TV naquela cidade. Para ser sincero, não precisamos passar na Globo ou na MTV para ter nosso espaço na TV... Criamos uma fórmula de negócio onde conseguimos passar em várias emissoras por todo país. O público é nosso combustível e nos ajuda e muito nessa missão, através da indicação de emissoras locais. Para você ter uma idéia, das 45 emissoras de TV que passamos hoje, pelo menos 10 foram através de indicação uma emissora local pelos headbangers, e somos muito gratos! Quero que o Stay Heavy seja lembrado como maior programa independente de TV, sempre dedicado ao Heavy Metal, sem nunca ter mudado sua linha editorial. Somos 100% Heavy Metal, seja na TV, internet ou revista.
2) Aliás: os saudosistas vivem reclamando que não existe mais espaço para o heavy metal na TV brasileira, que bons eram os tempos do "Fúria" na MTV, coisa e tal. O que você acha? Com o advento da internet e da quantidade de fontes de informação disponíveis, você acha que os fãs brasileiros de heavy metal têm de fato motivo para reclamar?
A comunicação evoluiu muito nas últimas décadas e hoje a realidade do mundo é muito diferente de 20 anos atrás. A velocidade e quantidade de informações que chegam até nós hoje em dia são insanas! Com ao advento da internet a informação se disseminou de tal maneira que em determinados momentos ela se torna até banal. Hoje a relevância da informação se dá pela credibilidade da sua fonte e é nisso que acreditamos no potencial do Stay Heavy para o Heavy Metal na TV, gente que vive a cena de verdade, e fala de igual para igual com o público. Por muitas vezes fiquei chateado lendo entrevistas onde músicos ficam reclamando por não ter um programa de TV em uma grande emissora, e com a desculpa de que se tivéssemos esse espaço na grande mídia nossa vida seria outra, e blá blá blá, tudo isso é um monte besteira! O headbanger de verdade vive a cena pela música e não pela moda ou porque passa na emissora A ou B. O maior exemplo disso é o Krisiun, que hoje é a maior banda de Death Metal do mundo e eu nunca vi eles na TV Globo ou na MTV. Hoje temos uma mídia especializada de primeiríssima linha, temos programas na TV - Stay Heavy, TV Corsário e mais um monte de iniciativas de WebTV, na rádio - Backstage e Rádio Corsário, mais inúmeras rádios online com grandes trabalhos, revista - Roadie Crew, Rock Brigade, Comando Rock e vários ótimos fanzines, além dos blogs e sites que nos suportam na internet. Dito isso, será que precisamos mesmo da Rede Globo? MTV? Se tivermos, ótimo, teremos mais espaço, senão, vamos valorizar o que temos e lutar para estes cresçam mais. Resumindo, é raro você ver agradecimentos a essa galera que realmente apóia a cena (revistas, programas, blogs, rádio e etc), mas é recorrente você vê-las lamentando não estar na emissora A, B ou C. Tem gente que vive assim, só reclamando! Fazer o que?! É uma escolha...
3) Por falar nos fãs brasileiros: alguns músicos do segmento costumam reclamar, que os fãs não dão mais apoio às bandas nacionais, que só querem saber dos artistas gringos, etc. Você concorda? Existiria alguma forma de resgatar e/ou incrementar este interesse?
Penso que muito desse discurso é superficial, temos que entender qual é nossa realidade. Será mesmo que nossa cena está tão ruim assim? Tenho minhas dúvidas... Nunca tivemos tantas bandas tocando no exterior, temos uma mídia especializada sólida e que nunca foi tão grande como é hoje, contando com programas de TV e Rádio, e na internet nem se fala! Recentemente participei de seletivas do Wacken Metal Battle Brasil que contou com shows por todo Brasil, e eu tive a oportunidade de acompanhar parte delas. Nunca vi o Brasil tão Metal! Shows lotados para acompanhar as bandas nacionais, organização bacana e muita banda de qualidade. Aliás, a banda vencedora foi de Manaus, não é fantástico?! Mas realmente não é fácil. Os bares têm mais interesse em abrir suas portas para bandas covers do que bandas de som próprio. E ainda tem a concorrência dos shows internacionais. Com certeza tem público para todos, mas é necessário que as bandas persistam nas apresentações ao vivo. O Brasil é um país de dimensões continentais, de cultura diversificada, temos que entender que o Heavy Metal é uma delas e continuar trabalhando. Acho apenas que as coisas que acontecem neste segmento precisam ser mais profissionais. Acredito muito nas nossas bandas e na nossa cena, senão já teria desistido do Stay Heavy. Nosso trabalho é justamente pra manter essa chama viva.
4) Existe alguma coisa da sua época na Bolsa de Valores que você trouxe para o seu trabalho atual, no Stay Heavy?
Muita coisa! Inclusive eu acompanho a Bolsa até hoje! As principais coisas são o profissionalismo e o comprometimento, sem dúvida alguma. Sem isso nenhum negócio vai para frente, e no mercado financeiro isso é latente. Vejo muitas iniciativas nascerem e morrerem dentro do Metal, agora com a internet então tudo ficou mais fácil, criar não é o problema, é fácil ter uma ideia (ou melhorar a de alguém), o problema é manter, ser sério, tratar com profissionalismo. Trato os negócios do Stay Heavy de uma maneira muito profissional, a gestão do negócio é totalmente baseada em práticas administrativas e de marketing que trago da minha experiência do mundo corporativo. Ele é um negócio com custos muito altos e que tem que sobreviver! Nesse aspecto acho que somos vencedores, vamos completar 8 anos esse ano sem nunca ter saído um dia se quer do ar, e olha que TV é um negócio bem complicado. Lógico que não posso de deixar de ter o lado “visionário”, sonhador, senão o negócio morre. Sempre quero mais e é essencial nos divertirmos com ele!
5) Em algum momento da sua vida, você já chegou a pensar em fazer algum outro produto televisivo, que não estivesse necessariamente ligado ao heavy metal? Ou, na sua carreira, as duas coisas têm que necessariamente caminhar juntas?
Eu cheguei a gravar um piloto de programa para uma grande emissora, relacionado ao Rock, mas acabou não rolando, e para ser sincero foi meio estranho. Não criei um programa para ser famoso ou para aparecer na TV, faço-o porque é divertido demais! Eu e a Cintia criamos o Stay Heavy para suprir uma necessidade que era a nossa como fã do estilo, de ter alguém falando de Heavy Metal na TV que realmente vive a cena, que vai a shows, que bate cabeça com a galera, que curte o som e vive a cena! Isso somos nós, isso é o Stay Heavy! Quero que o headbanger que assiste ao Stay Heavy se identifique, que bata cabeça, que xingue, dê palpite, enfim, que ele se divirta! Ele é quem faz o programa e é a razão pela qual estamos na luta até hoje. Essa é a intenção do programa, levar a cultura do Heavy Metal para o máximo de pessoas possíveis, senão nem estaríamos na TV.

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