28 de dezembro de 2010

Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 14


aqui temos a 14ª parte da série – haja banda perdida neste mundo! – onde, seja com alguns discos ‘mezzo’ cultuados ou realmente obscuros para o grande público, o certo é que os mesmos sempre apresentarão aquelas composições que garantirão bons momentos aos amantes do gênero.

LONDON
Don´t Cry Wolf
1986 - Metalhead Records

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‘Lendas nos velhos tempos da Sunset Strip!’ Esta frase geralmente é atribuída ao London, mesmo que a repercussão de seus discos nunca tenha ultrapassado as fronteiras dos Estados Unidos. Mas, curiosamente, muitos dos músicos que tocaram no grupo posteriormente integraram bandas que se tornaram referência no cenário Hard Metal.
O London se formou na Los Angeles de 1978, tendo como guitarristas fundadores Lizzie Gray e Blackie Lawless. Gray vinha do Tear Garden, enquanto Lawless já era uma figura conhecida na área, tendo sido o guitarrista e vocalista do Sister e até mesmo passado alguns meses no insano New York Dolls. Os próximos membros que completaram o time foram o baixista Nikki Sixx, o baterista Dane Rage e o vocalista Michael White.
Mas os problemas surgem de forma mais rápida do que a música propriamente dita... A insistência de White em achar que era o Robert Plant (Led Zeppelin) fez com que o mesmo fosse demitido de seu posto rapidamente, e logo a seguir o próprio Blackie Lawless partiu para formar o então sanguinolento W.A.S.P.
Sobraram para Gray, Sixx e Rage levar o London adiante. No ano seguinte contatam o tecladista John St. John e o vocalista Henry Valentine – que foi rapidamente substituído pelo inglês Nigel Benjamin. Tantas mudanças em tão pouco tempo fez com que Nikki Sixx tomasse a sábia decisão de pegar suas fitas-demo e montar um projeto que fosse mais estável. O resultado é conhecido por todos, pois surgiu outro nome de peso para o Hard Rock mundial, o consagrado Mötley Crüe.
Grey continuou insistindo em seu grupo. E adivinhem quem voltou para assumir o contrabaixo? Blackie Lawless! E nem é preciso dizer que não durou muito, correto? Com isso Lizzy Grey enfim perdeu a paciência e encerrou as conturbadas atividades do London.
Mas entra a década de 1980 com a ascensão do Glam Rock norte-americano. Com toda a badalação em torno do estilo, Lizzie Gray, depois de tocar em outras bandas, decide reativar o London em 1984. A nova formação contava com Gray novamente na guitarra, outro vocalista inglês chamado John Ward, Donny Cameron no baixo e Nigel Itson nas baquetas. Por algumas semanas, o London também contou com a guitarra do desconhecido SLASH (é, ‘aquele’ Slash!), que logo foi substituído por Izzy Stradlin (sim, ‘aquele’ Izzy Stradlin!!!). Desnecessário dizer o que aconteceu com estes dois guitarristas, certo?
O fato é que a situação do London continuou neste ‘entra-e-sai’ até que em 1985 gravaram seu primeiro disco, “Non Stop Rock”, contando com Grey na guitarra, o novo vocalista Nadir D'Priest, o novo baterista Fred Coury, o novo tecladista Peter Szucs e o novo baixista Brian West. Quase tudo novo!
O disco de estréia seguia a linha musical da época, pesada e direta, mas foi um total fiasco comercial. Para honrar a tradição (ou maldição?), Fred Coury se mandou e fez história no multi-platinado Cinderella. Quanto à Szucs? Não tenho a menor idéia! Simplesmente sumiu do mapa...
A vida segue com “Don't Cry Wolf”, que foi produzido por Kim Fowley e chegou ao mercado em 1986. Detalhe para o lobo siberiano da capa do disco e demais fotos promocionais: eram modelos reais, e não animais empalhados! Seu Hard Rock agora estava muito, mas muito mais consistente se comparado com o que seu fracassado antecessor apresentou, e com certeza isso se deve ao fato de a formação do London enfim se manter relativamente estável, optando por ficar sem tecladista e tendo como único novo integrante J. Morgan a ocupar o kit de bateria.
Infelizmente não houve uma distribuição decente do álbum, e nem mesmo a considerável exposição que o London obteve ao ser incluso no famoso documentário “The Decline Of Western Civilization: The Metal Years” conseguiu alavancar as vendas de “Don't Cry Wolf”. O mentor Lizzie Gray novamente se cansou e, depois de mais de uma década, dois discos, 19 músicos diferentes (!!!) integrando sua banda e uma repercussão tão minúscula que nem vale a pena comentar, bom, o guitarrista simplesmente abandonou sua criação em 1988 e montou o Ultra Pop (que posteriormente tornar-se-ia o Spiders & Snakes).
A última chance para o London agora estava nas mãos de seu carismático vocalista Nadir D'Priest, que passou uns tempos no Arizona, mas em 1990 entrou em contato com o sobrevivente baixista Brian West e decidiram gravar um terceiro registro. Assim sendo, com Sean Lewis (guitarra), Vince Gilbert (teclados) e Krigger (bateria) surge o muito bom “Playa Del Rock”. Mas sem jeito… O London enfim sucumbiu de vez no final do ano seguinte.
O fato de tantos músicos alcançarem o estrelato após passar pelo London é algo que perseguirá eternamente esta problemática banda, que realmente tinha grandes chances de fazer um maior sucesso se tivesse conseguido assinar com uma gravadora que se empenhasse em divulgar corretamente seu trabalho. De qualquer forma, conquistaram o status de cult por aqueles que adquiriram seu discos, principalmente este ótimo “Don't Cry Wolf” – em vinil, é claro! Pois esta obra nunca conseguiu ser liberada no formato CD.
Desde 2006 há rumores de uma volta do grupo sob o nome ‘D'Priest's New London’, agora com o guitarrista Eddie St. James (ex-Jon Dunmore, Richard Grieco Band), mas nem sequer os nomes dos demais envolvidos foram mencionados. Então...
A propósito! Muitos dos leitores já devem ter ouvido falar do Steel Prophet... Adivinhe quem já cantou nessa banda, mais precisamente no álbum “Beware”, de 2004?

XYZ
XYZ
1989 - Enigma Records

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O XYZ foi outra dessas bandas que saiu das ruas e conseguiu executar sua música por estádios de países espalhados por vários continentes. Norte-americano, o grupo começou a tocar em 1984 tendo em suas fileiras Terry Ilous (voz), Bobby Pieper (guitarra), Patt Fontaine (baixo) e Joey Pafumi (bateria). O quarteto nem precisou ralar muito pelos bares e pequenos clubes de Hollywood até aparecer a oportunidade de gravar seu primeiro álbum.
E a almejada oportunidade apareceu rapidamente, mas a coisa toda não poderia dar mais errado... Assinaram com a Atlantic Records e gravaram seu primeiro álbum, mas sabe-se lá o que aconteceu, o fato é que a bolachinha ficou na geladeira, pois a Atlantic simplesmente se recusava a liberar o disco para o mercado!
A frustração bateu forte e o XYZ ficou desfalcado de seu guitarrista e baterista. Mas Terry e Patt insistem e preenchem os respectivos postos com Marc Diglio e Paul Monroe. E aí, sim, é que a banda precisou suar para enfim chegar a um disco concreto. Assim sendo, desde o início de suas atividades, passaram-se quatro anos até que surgisse outra oportunidade para a banda.
Todo esse tempo não passou em branco. Com inúmeras demos espalhadas por aí e já um reconhecido veterano dos clubes de Los Angeles, o XYZ enfim assinou com o respeitável selo Enigma Records, que realmente apostou no pessoal a ponto de contratar como produtor ninguém menos do que Don Dokken, do então extinto Dokken.
Com um título realmente simples, “XYZ” chegou ao público com toda a força das bandas iniciantes que querem vencer. Com peso e melodias na medida correta, o quarteto exibia talento de sobra em faixas incríveis como "Maggy" e "Inside Out", além de amenidades em "Come On N'Love Me" e "After The Rain", alcançando o 99º da Billboard, um bom número para qualquer um que esteja estreando em disco.
Tal recepção numa das melhores fases da história do Hard Rock fez com que aparecessem oportunidades imperdíveis para o conjunto. Turnês com Ted Nugent, OZZY OSBOURNE, Foreigner e Alice In Chains lhes garantiram um natural e maior domínio sobre os grandes palcos, dando-lhes ânimo inclusive para montarem sua própria tour como atração principal enquanto iam surgindo os esboços das composições que fariam parte de seu próximo álbum.
“Hungry” foi produzido por George Tutko, chegou ao público em 1991 e arrebatou disco duplo de ouro após darem um giro tocando pelo globo. Mas era uma nova década, e com novos rumos para os negócios envolvendo o rock´n´roll... Os empresários disseram que era a vez do Grunge, o público acreditou e o final da história já é conhecido de todos: o Hard Rock foi esquecido do dia para a noite, independente dos esforços que as bandas fizessem para divulgar sua música.
Como não poderia deixar de ser, o XYZ também caiu no limbo, liberando apenas “Take What You Can Live” em 1995. Mas o vocalista Terry Ilous não ficou parado nesta fase negra, gravando com membros de diversas bandas e dos mais variados estilos, como Ozzy Osbourne, BLACK SABBATH, Peter Gabriel, Sting, entre outros.
Somente com a entrada do novo milênio é que Terry decide liberar outro registro com o nome XYZ. Mas “Letter To God” nasceu sob circunstâncias trágicas, pois o filho do vocalista faleceu pouco antes de se iniciarem as gravações, tanto que sua faixa-título é uma clara homenagem ao garoto. Este disco foi liberado em 2003 e contou com o antigo guitarrista Marc Diglio dando uma força nas composições, e tendo em sua formação o antigo baterista Paul Monroe, o guitarrista JK Nothrup (Foreigner, King Kobra) e o baixista Sean Macnabb (Quiet Riot e Great White).
Mesmo com algumas composições hards soando mais atualizadas, várias outras faixas poderiam tranquilamente constar nos antigos álbuns do XYZ, em especial a excelente "What's On Your Mind" e "Touch The Sky", além das semi-acústicas "Asking" e "Deny". Em suma, um retorno memorável!
Apenas finalizando, lembram-se do já citado álbum que estava arquivado na geladeira da Atlantic, desde o início das atividades do XYZ? Pois bem, em 2005 estas obscuras canções enfim vêem a luz do dia sob o título “Rainy Days”, e neste mesmo ano também chega ao mercado “Forbidden Demos 1985/1991”.
E, neste esquema de resgatar o que foi feito no passado, Terry Ilous está soltando “Here And Gone”, uma compilação com mais (!!!) material raro do XYZ e algumas pérolas dos projetos-solo do vocalista. Se o leitor achar que isso é caçar níqueis, provavelmente estará correto...

TRIXTER
Trixter
1990 - Mechanic / MCA Records

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O Trixter vem de New Hersey, tendo iniciado sua trajetória em 1983 com os amigos Steve Brown (guitarra) e Peter Loran (voz). As coisas aconteceram de forma lenta para a nova banda, pois seu baterista Mark ‘Gus’ Scott, apareceu somente um ano depois e enfim começaram a tocar pelos bares e clubes de New Jersey e New York.
Acontece que o aspecto de ‘bons garotos’ (adolescentes ainda) do quarteto, aliado a um Hard Rock tão inofensivo, começou a chamar a atenção a ponto de até mesmo os pais de quem ia a seus shows começassem a gostar do Trixter. Assim sendo, com o passar dos anos, todos já conheciam a banda pela região.
Em 1988 o conjunto passa a contar com os serviços do baixista PJ Farley e, como o Trixter sempre conseguia uma resposta bastante positiva de seu público, naturalmente os olheiros das gravadoras começaram a sondar a banda.
Um esperado contrato surge no ano seguinte através da Mechanic / MCA Records. Bill Wray cuidou da produção de seu disco de estréia, que foi lançado em 1990 sob o nome “Trixter”. Sua música era, como foi dito, tão acessível que até mesmo a geração mais velha a apreciava. Então não houve grandes surpresas quando suas canções foram lentamente escalando as paradas de sucesso... Mas a surpresa chegou quando alcançaram o primeiro lugar na Z-ROCKS Top 100!
Com um resultado desses, o Trixter sai encabeçando uma turnê pelo seu país por duas semanas e, logo depois, passou a abrir para o Stryper. Ou seja, inicialmente havia todo um cuidado em manter as boas aparências, colocando-o ao lado de outros grupos que passassem longe do estereótipo ‘sexo e drogas’. Todo o alto-astral de suas apresentações fez com que as vendas de seu debut aumentassem dia a dia. Seus vídeos-clip conseguiam ótimas posições e ainda gravaram uma canção chamada “One More Time”, com a participação do fantasmagórico Edgar Winter no saxofone, para o filme “If Looks Could Kill”.
As excursões em grandes arenas com o Poison e com o veterano SCORPIONS fizeram com que a faixa “One In A Million” atingisse a 50º na disputada Billboard. E as boas notícias não pararam por aí, pois logo no comecinho de 1992 o Trixter é informado de que seu primeiro álbum atingiu disco de ouro ao vender nada menos do que 500.000 cópias. O prêmio foi recebido logo depois de uma grande apresentação no Meadowlands Arena, em sua própria cidade, para grande orgulho de todos.
A sucessão de shows bem-sucedidos, aparição freqüente na MTV e revistas especializadas elegendo-os como a melhor banda do ano fez com que as vendas atingissem a marca de 750.000 cópias pouco antes de entrarem em estúdio para gravarem seu novo álbum. Assim, com poder-de-fogo mais do que suficiente, o Trixter renegocia seu contrato ao assinar diretamente com a MCA Records.
O produtor escolhido para o sucessor de “Trixter” é ninguém menos do que ‘Jimbo’ Barton (Rush e Queensrche) e a gravação se estendeu de abril a agosto de 1992. “Hear” chega com vontade de superar os méritos do primeiro disco, e o grupo parte em turnê com o KISS pelos EUA, mas... É até cansativo repetir a mesma ladainha, mas o Grunge – sempre o Grunge! – não deixou muito espaço para que a recepção do novo álbum fosse marcante.
A saída foi mostrar sua música onde o Hard Rock ainda era realmente importante, e um dos poucos países que não o abandonou foi o Japão, consumidor voraz do gênero e que adorava o Trixter – o que se mostrou claro pelas apresentações muito bem sucedidas em terras nipônicas. Mas os tempos mudaram rapidamente e a MCA simplesmente dispensa a banda assim que ela retorna aos Estados Unidos.
A situação toda é desagradável, mas em 1994 o quarteto ainda grava e libera pelo selo Backstreet um terceiro registro chamado “Undercover” e cai na estrada no intuito de tocar por todo seu país novamente. Apesar de toda a suposta diversão, Scott abandonou o Trixter no meio da turnê, que prosseguiu com um baterista contratado.
A única coisa certa nisso tudo é que a maneira norte-americana de se fazer e vender o Hard Rock estava esgotada... A banda se separa de vez e cada músico segue seu caminho, com o vocalista Loran partindo em uma carreira solo que não deu em nada, enquanto Farley e Brown tiveram alguma repercussão com seu 40 Ft.
Como há alguns anos o Hard Rock vem voltando com certa força, agora em 2008 o Trixter anunciou seu retorno aos palcos com a mesma formação. Mas não há divulgação de novos álbuns ou maiores detalhes sobre esta volta. Então o jeito é aguardar o desenrolar dos acontecimentos...

TREAT
Dreamhunter
1987 - Polygram Records

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Ainda hoje o Treat é considerado como um dos grandes conjuntos da Suécia. O vocalista Robert Ernlund e os guitarristas Anders ‘Gary’ Wikstrom e Leif ‘Lillen’ Liljegren, naturais de Estocolmo, já vinham desde 1980 tocando música pop no The Boys, mas foi em 1983 que, já se chamando Treat, contatam o baterista Mats ‘Dalton’ Dahlberg (ex-Highbrow, Power) e as coisas começaram realmente a acontecer. Dalton tinha contatos na gravadora Polygram sueca, que, na esteira do crescente sucesso do Hard Rock norte-americano, também procurava por bandas do gênero em seu país.
Com a entrada do baixista Tomas Lind, o time estava completo e o Treat começa a gravar algumas canções no estúdio da Polygram. Assim que Lind é substituído por Kenneth Sivertsson, o Treat libera o single "Too Wild", que se tornou rapidamente um grande sucesso e provou que o EUROPE não era mais o grande nome do estilo na Suécia. Toda a repercussão possibilitou que abrissem para o W.A.S.P. e Lita Ford, para então entrarem novamente em estúdio e iniciar as gravações de seu primeiro álbum.
“Scratch And Bite” é liberado em 1985 e, mesmo claramente influenciado pelo “Pyromania” do Def Leppard, vai muito bem e possui ótimas composições como "No Room For Strangers", "Get You On The Run" e a balada "We Are One". O resultado foi além das expectativas e o Treat é considerado a melhor banda de Hard Rock sueca do ano.
Mas, apesar de todo o sucesso, Mats ‘Dalton’ simplesmente deixou o Treat e foi substituído por Dahlberg Leif Sundin, que fez bonito logo no começo de 1986, quando o Treat lançou “The Pleasure Principle". O novo álbum foi gravado em apenas dois meses e mostrava a ótima fase de seus músicos, que estavam deixando para trás muito da influência do já citado Def Leppard e incrementando suas composições com mais teclados. Tudo estava mais maduro e muito melódico, tanto que faixas como "Rev It Up", "Love Stroke", "Eyes On Fire" e "Strike Without A Warning" possibilitaram que o disco alcançasse o top 15 na Suécia.
“The Pleasure Principle" somente não fez mais sucesso pelo fato de este ser o ano de “The Final Countdown” (com certeza o EUROPE deu o troco ao Treat!) explodir nas paradas de sucesso de todo o mundo... Mas a fama do Treat já ia bem além das fronteiras de seu país, tanto que, agora com as baquetas de Jamie Borger (Six Feet Under e Capricorn), tocou no famoso festival inglês Monsters Of Rock ao lado de David Lee Roth e Kiss.
Em 1987 chega a vez do comentado “Dreamhunter”, considerado por muitos como a obra-prima do conjunto, contando com o baixista Kenneth Siwertsson e resultando na melhor produção da discografia da banda até então. Canções como "World Of Promises", "You’re The One I Want" e "Best Of Me" se tornaram clássicos do Hard Rock sueco, mas, dizem as más-línguas que o Treat tinha tanto ciúme do conterrâneoEUROPE e seu “The Final Countdown”, que decidiu deixar a Suécia e investir pesado em outros territórios.
Estabeleceram-se na Alemanha e contataram o manager Uwe Block, que lhes prometeu grandes excursões pela Europa e contratos com o forte mercado norte-americano. Mas na realidade nada disso acabou acontecendo! A única coisa boa que ocorreu foi tocarem no espaço alemão "Monsters Of Rock" em 1988... As almejadas ‘grandes tours’ pela Europa se limitaram a apenas uma semana num clube de turismo da própria Alemanha Ocidental.
Obviamente tudo isso deixou o pessoal do Treat inconformado, tanto que o guitarrista e fundador Leif ‘Lillen’ Liljegren foi demitido em dezembro deste mesmo ano (Feliz Natal, cara!). Pouco depois o baixista Siwertsson também cai fora para dedicar mais tempo a seu estúdio. De qualquer forma, Ernlund, Wikström e Borger voltam à Suécia com o rabo entre as pernas e à procura de novos músicos... Borger chama seu velho amigo do Six Feet Under, Joakim ‘Joe’ Larsson para o contrabaixo e, ao invés de preencher a vaga do guitarrista demitido, optam por um tecladista fixo, que veio sob o nome de Patrick "Green" Appelgren.
Com esta formação gravam na Alemanha as novas composições que fariam parte de “Organized Crime”, lançado em 1989 pela gravadora Vertigo. O bem-intencionado manager Uwe Block novamente promete mil maravilhas para o futuro do Treat, mas infelizmente as vendas não foram bem e as tais ‘mil maravilhas’ se resumiram a quatro apresentações lotadas no Japão, mas nada que realmente mudasse positivamente a situação do conjunto.
Não seria errado dizer que agora começaria o fim do Treat... Além de romperem com a Polygram, o bom, velho e agora desiludido vocalista Robert Ernlund também pede as contas. Todos achavam que sua saída seria o último prego no caixão do Treat, mas o único membro original, o guitarrista Anders Wikstrom e o que sobrou do grupo encontram um substituto à altura na pessoa de Mats Levén (Swedish Erotica e Capricorn) e novamente tentam levar a banda adiante em busca da fama.
O resultado é um quinto disco, auto-intitulado, que sai em 1992. Mas a banda parecia estar em uma espécie de crise de identidade, tocando por alguns poucos países europeus. Embora não comentassem com ninguém, seus músicos já sabiam que esta seria sua turnê de despedida.
E o fim realmente aconteceu depois de um ano. A partir daí, os suecos partiram para outros projetos, com Jamie Borger tocando no Talisman ao lado do mestre Marcel Jacob; o talentoso Levén cantou para vários nomes, como YNGWIE MALMSTEEN e Therion; Wikström formou o Mental Hippie Blood e, por fim, Appelgren se juntou ao State Of Mind.
O retorno do Treat somente se tornou oficial em 2005, tendo o baterista Jamie Borger como elemento importante para esta reunião, pois começou a insistir na volta da banda. Robert Ernlund e o primeiro vocalista Anders Wikström topam, e a partir daí começa a busca por um baixista, com Nalle Påhlsson assumindo o posto. O primeiro fruto dessa reunião é a canção “I Burn For You” e, posteriormente, a compilação “Weapons Of Choice 1984-2006” que, além dos óbvios clássicos, também traz algumas novidades do Treat até então.

TALL STORIES
Tall Stories
1991 - Epic Records

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Oriundo de New York, o Tall Stories surgiu bem no início dos anos 1990. Steve Augeri era um vocalista que já vinha tocando desde 1987 no Maestro, com outros três músicos brasileiros que, curiosamente, foram abandonando o grupo, um de cada vez (... estariam sendo deportados?).
Querendo continuar na carreira musical, Augeri decidiu procurar novos membros e o primeiro convocado foi o guitarrista Jack Morer, encontrado na Manny's Music Store quando o próprio vocalista foi comprar uma guitarra. Contatou ainda Anthony Esposito (baixo), que durou bem pouco tempo no Maestro, pois logo em seguida optou por tocar no Lynch Mob.
A partir daí, como tudo era novo, nada mais natural para Augeri do que realmente recomeçar do zero, batizando a futura nova banda com o definitivo Tall Stories. Kevin Totoian (que já havia tocado com o famoso Edgar Winter) foi o baixista recrutado para o novo projeto, que se completou com as baquetas de Michael Cartellone – por um curto espaço de tempo, pois o baterista escolheu tocar com o Damn Yankees de Ted Nugent.
A procura terminou somente quando encontraram o baterista Tom DeFaria (Etta James, Company Of Wolves) e, agora sim, o Tall Stories estava completo e pronto para encarar os palcos. E pelo jeito os músicos tinham lá seus contatos no circuito musical, pois rapidamente assinam com a gravadora Epic e mais rapidamente ainda liberam “Tall Stories”, produzido por Frank Filipetti, que já havia trabalhado com o Foreigner, KISS, Barbara Streisand, entre muitos outros.
O ano era 1991 e todos os envolvidos estavam confiantes neste disco de estréia, pois seu Hard Rock extremamente melódico e de fácil assimilação tinha tudo para cair nas graças do grande público. Mas não caiu... E é inegável que o repertório é de bom gosto e, como tal, muito linear, com faixas bem bacanas como “Wild On The Run” ou “World Inside You”.
Ainda que o Tall Stories tenha participado de uma turnê pelos Estados Unidos com o Mr Big, a recepção obtida com seu disco foi nula. Assim, como tantas outras bandas desse período, o Tall Stories simplesmente encerrou suas atividades sem grandes méritos. Mas Steve Augeri conquistou muita simpatia, tanto que posteriormente cantou em “Shine”, álbum do Tyketto liberado em 1995.
Talvez decepcionado com o mundo do rock´n´roll, Augeri já havia aposentado seu microfone e estava trabalhando em uma loja quando entrou porta adentro ninguém menos do que Neal Schon (guitarrista do Journey), com uma fita-demo de Steve, pedindo para ele substituir o então ex-vocalista Steve Perry. Mesmo não acreditando no que estava acontecendo, é óbvio que Augeri aceitou no ato ser um membro efetivo de uma banda tão importante como o Journey! E conseguiu grande visibilidade ao colocar sua bonita voz nos registros “Arrival” (2001), no EP “Red 13” (2002) e “Generations” (2005).
Mas o sonho durou somente até 2006, quando Augieri teve problemas na garganta e teve que deixar o Journey procurar outro cantor...

LOVERBOY
Get Lucky
1981 - Columbia Records

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Mesmo nunca levado muito a sério pelos críticos, o canadense Loverboy fez muito sucesso na década de 1980. Suas atividades começaram quando o guitarrista Paul Dean e o baterista Matt Frennette deixaram o Streetheart e se mudaram para a costa oeste de seu país, onde rapidamente contatam em Vancouver Mike Reno (voz), Doug Johnson (teclados) e Scott Smith (baixo).
A partir daí, já sob o nome Loverboy, passam a tocar pelo circuito de sua região, e a abordagem simples e extremamente acessível de seu Hard Rock foi tão bem recebida pelo público que, mesmo devidamente rejeitados pelas grandes gravadoras norte-americanas, assinam rapidamente com a Columbia Records canadense e estréiam com um disco auto-intitulado no verão de 1980.
As rádios gostam tanto que o Loverboy não sai de sua programação. "The Kid Is Hot Tonight", "Turn Me Loose", "Lady Of The 80's" e "DOA" possibilitam que vendam o expressivo número de 700.000 cópias somente em seu país. Somente aí é que a Columbia dos EUA percebe o potencial (de lucro, é claro!) e assina com a banda, colocando-os para tocar ao lado de Cheap Trick, ZZ Top, Kansas e Def Leppard. O resultado é que o Loverboy conquista a platina dupla.
Mas foi “Get Lucky” e sua capa de gosto pra lá de duvidoso que cimentou de vez as fundações de sua música perante o público. Lançado em 1981 e tendo como carros-chefe “Working For The Weekend" e "When It's Over", este tornou-se seu álbum mais vendido na terra do Tio Sam, atingindo a 7ª posição na Billboard e vendendo absurdas quatro milhões de cópias. Nesse mesmo ano o Loverboy recebeu cinco Juno Awards, o maior prêmio musical do Canadá; e posteriormente recebeu mais três, número imbatível ainda nos dias de hoje.
“Keep It Up” chega às prateleiras dois anos depois e, mesmo não atingindo o estrondoso sucesso de seu antecessor, a força de faixas como "Queen Of The Broken Hearts" e "Hot Girls In Love", cujos vídeos não saíam da MTV, faz com que as vendas alcancem platina dupla. A recepção vinha sendo tão boa que já era hora de serem os headliners, o que efetivamente acontece pela Europa, Japão e obviamente em todos os cantos dos EUA e Canadá.
A boa fase se mantém com “Lovin' Every Minute Of It”, de 1985, que apresenta alguns dos riffs mais pesados (para o padrão do Loverboy, naturalmente...) e também conquista platina dupla. Mas perceberam que algo começou a mudar, e esta percepção se tornou um fato concreto com “Wildside” (87). O público já não reagia com tanta empolgação e, mesmo com as vendas caindo consideravelmente, ainda conseguem atingir o disco de ouro graças ao hit "Notorious", co-escrito por Richie Sambora e Jon Bon Jovi.
E, quando a situação não é mais favorável, começam os conflitos, certo? Pois bem. Decepcionados pelas vendas, o Loverboy acaba em crise no ano seguinte, devido à partida do tecladista Johnson e diferenças criativas e pessoais entre Dean e Reno. “Big Ones” foi um disco inócuo lançado em 1989 apenas para cumprir o contrato com a Columbia Records e no final de 1989 partem para promovê-lo em uma curta turnê pelo Canadá, tendo Geraldo Valentino Dominelli nos teclados.
Os próximos anos são preenchidos com discos solos do vocalista Mike Reno e do guitarrista Paul Dean, que não atingiram grandes vendas. Com exceção de ocasionais apresentações beneficentes e compilações, foi somente em 1996 que o Loverboy mostra realmente as caras com “VI”, tendo como tecladista Richie Sera. Este disco mostra uma banda extremamente madura ao acrescentar novas dimensões às composições, como os cellos em “Secrets”, ou a bonita acústica "Maybe Someday".
O mundo do rock´n´roll gira devagar para os veteranos, e é somente em 2 de dezembro de 2000 que o Loverboy aparece na mídia, e da pior forma possível. O baixista Scott Smith teve um fim trágico ao cair de uma embarcação na costa da Califórnia e nunca mais foi encontrado. Apesar de naturalmente abalados, a vida continua e o Loverboy libera seu primeiro registro ao vivo em 2001, “Live, Loud And Loose”, com as canções capturadas de suas apresentações entre os anos 1982/1986. Novamente partem para novas e extensas turnês, dedicadas ao falecido companheiro.
E os canadenses amam sua música e são insistentes! Em 2007 liberaram, depois de tanto tempo, um belo álbum de inéditas batizado “Just Getting Started”, mantendo intacta sua formação original, com exceção do já mencionado e finado baixista, cuja vaga foi preenchida por Ken "Spider" Sinnaeve. E mesmo com muitos fãs espalhados por aí, agora até mesmo a apática mídia especializada parece dar o merecido crédito ao conjunto. Já era sem tempo...

ZEBRA
Zebra
1983 - Atlantic Records

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Aqueles que viveram os anos 1980 sem abrir mão de um rock´n´roll mais elaborado sempre tiveram grande estima pelo Zebra. Natural de New Orleans, sua carreira começou em 1975 contando com Randy Jackson (voz e guitarra), Felix Hanneman (baixo e teclado) e Guy Celso (bateria). O power trio ralou pela segunda metade desta década tocando por todos os clubes e ginásios da vizinhança e aos poucos foi se tornando conhecido pela região.
A estranha denominação ‘Zebra’ surgiu depois de verem uma antiga capa da revista Vogue, onde uma garota cavalgava sobre uma zebra. Gostaram da foto e adotaram o nome... E todo o suor de suas apresentações rendeu frutos logo no comecinho da década seguinte, quando assinaram com a Atlantic Records.
O produtor Jack Douglas (Aerosmith, Cheap Trick) soube como conduzir a proposta do grupo, e sua estréia se deu com um disco auto-intitulado no ano de 1983. Para completo espanto de sua gravadora, “Zebra” vendeu incríveis 75.000 cópias já na primeira semana – o álbum de rock que vendeu mais rápido na história da Atlantic – atingindo rapidamente a 29º posição da Billboard e, consequentemente, reconhecimento nacional.
Ok, o Zebra tinha lá suas influências de LED ZEPPELIN, em especial pela aproximação do timbre de Jackson com o do lendário Robert Plant, mas graças à excelentes composições como “Who's Behind The Door?” e "Tell Me What You Want", este debut tornou-se um dos discos mais executados pelas rádios-rock num período de oito meses. O resultado, como não poderia deixar de ser, foram apresentações freqüentemente lotadas pelos EUA.
Mas, apesar de toda a badalação em cima do álbum “Zebra”, a seqüência “No Tellin’ Lies”, liberado em 1984, foi recebido de forma mais fria por parte da crítica e público. A musicalidade do novo álbum não se distanciava tanto de seu antecessor, mas apresentava alguns sintetizadores confusos que afastou parte dos fãs. Ainda assim, houve grandes canções como "Wait Until The Summer's Gone" e a balada "Lullabye", claramente dedicada aos Beatles.
Sabendo que precisavam provar algo perante o público e crítica, o Zebra capricha para o próximo disco. Com a produção ao encardo dos próprios músicos, "3.V" chega às prateleiras em 1986 e mostrou toda a coesão musical do trio até então, que procurou criar seu próprio estilo, resultando em algo mais moderno – mas sem se distanciar do rock clássico – e acessível do que muitos dos antigos fãs gostariam.
A Atlantic já não apostava suas fichas na banda, não promove o disco como poderia e o resultado é um grande fiasco comercial, ainda que "3.V" venda mais que “No Tellin Lies” e seja considerado por boa parte do público como um de seus melhores álbuns, tendo em "Time", "Better Not Call" e "Hard Living Without You" finos exemplos dessa fase.
Obviamente o interesse da gravadora estava deteriorado a ponto de não haver mais nenhum esforço em prol do Zebra. Nos anos seguintes o grupo ainda mantém o indiscutível status de ‘melhor banda de rock ao vivo da Louisiana’, tanto que em 1990 chega ao mercado “Live”, gravado em Long Island em novembro de 1989 e mostrando toda a força que o trio sempre esbanjou sobre os palcos, apresentando inclusive as faixas-bônus "Last Time" e "The Ocean", do Led Zeppelin.
A partir daí cada um dos músicos seguiu seu próprio rumo, tendo Randy indo tocar no China Rain e em seguida no Jefferson Airplane, enquanto Hanneman e Celso uniram seus esforços para ajudar o baixista Felix Hanemann a finalizar o infeliz “Rock Candy”.
Somente em 1997 o Zebra se reúne para uma turnê, enquanto a Atlantic soltava ”The Best Of Zebra: In Black And White”, excelente aquisição para quem não conhece o grupo. O tempo passa rápido para o pessoal, que só se anima em 2003 ao lançar um novo álbum de inéditas chamado “IV”, que mostra que, mesmo depois de tanto tempo no anonimato, ainda transpira muito da energia e paixão dos velhos tempos em boas composições como “Arabian Nights”, "Waiting To Die” e "Why".
A partir de então, mais nenhum álbum desta ótima banda... Mas fica a sugestão de o leitor conferir algumas de suas canções em www.myspace.com/zebrathedoor

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