24 de dezembro de 2010

Cradle of Filth (Opinião, Porto Alegre, 19/12/10)

Em um ano que muitos artistas da música pesada visitaram a capital gaúcha, o encerramento dos shows internacionais não poderia agradar mais os fãs de metal extremo. Os ingleses do CRADLE OF FILTH, que vieram a Porto Alegre para promover o mais recente “Darkly, Darkly, Venus Aversa” (2010), enfrentaram uma imensa dificuldade para realizar a sua apresentação. O cansaço da sequência de shows pela América do Sul era evidente no rosto do sexteto. De qualquer forma, o público soube aproveitar os noventa minutos de black metal de Dani Filth & Cia.



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Com extrema pontualidade, às 21h subiu no palco do Opinião os gaúchos do FROST DESPAIR, responsáveis pela abertura da noite. A banda, que possui apenas um ano de idade, mostrou muita desenvoltura mesmo ainda em início de carreira. Embora não possua uma sonoridade de fácil rotulação, Odommok (vocal), Flávia Schmith (vocal), Renan (guitarra), Lair Raupp (guitarra), Rodrigo Marques (baixo), Agammenomm (teclado) e Matt (bateria) misturam influências do black metal e da música gótica com arranjos clássicos.
Em um set de quase trinta minutos, o FROST DESPAIR apresentou ao público – que praticamente já ocupava toda a pista do Opinião – as músicas complexas e extremamente bem trabalhadas que irão compor o primeiro EP da banda. No repertório, destaque para abertura com “At the Gates” e a intensa “The Final Breath”, que conquistou aplausos e o reconhecimento da plateia. No entanto, outras como “Dark Bachiana” mostraram que o grupo gaúcho ainda precisa elaborar o instrumental de suas faixas para que possuam soar de maneira mais natural ao vivo. De qualquer modo, o hepteto chamou a atenção de quem aguardava ansiosamente pela atração principal.
Com a mesma pontualidade do grupo de abertura, às 22h entrou em cena uma das mais polêmicas bandas de black metal da atualidade. Dani Filth (vocal), Paul Allender (guitarra), James McIlroy (guitarra), Ashley Ellyllon (teclado), Dave Pybus (baixo) e Martin Skaroupka (bateria) aportaram na capital gaúcha após uma série ininterrupta de quatro shows, em cidades como Caracas, Santiago, Buenos Aires e São Paulo. Na bagagem, o novo (e ótimo) “Darkly, Darkly, Venus Aversa” (2010). Embora viva um dos melhores momentos da sua carreira, era evidente o esforço que o CRADLE FILTH fazia para que o encerramento da turnê sul-americana Creatures From the Black Abyss atendesse a expectativa dos fãs gaúchos.
Na abertura, Dani Filth & Cia. executaram “The Cult of Venus Aversa”, uma das mais imponentes composições de “Darkly, Darkly, Venus Aversa” (2010). Não há dúvidas de que o público recebeu de maneira muitíssimo satisfatória as faixas novas da banda. Entretanto, “Her Ghost in the Fog”, retirada de “Midian” (2000), contou com o suporte incondicional dos presentes, que cantaram em uníssono o refrão. Entre essas duas músicas, o CRADLE OF FILTHapresentou ainda “Honey and Sulphur” e contou para a plateia um pouco sobre a desgastante a turnê sul-americana que se encerrava no Opinião.
Certamente, Dani Filth é uma das maiores figuras do metal no mundo inteiro. O cantor, que além de mostrar muito carisma em cena, possui uma presença de palco invejável e sabe como poucos interagir com o público. No entanto, a potência da sua voz estava extremamente comprometida, sobretudo após a sequência (quase maluca) de quatro shows consecutivos. De qualquer modo, os presentes pareceram se identificar com a recente “Forgive me Father (I Have Sinned)” e com a clássica “The Principle of Evil Made Flesh”. O som da casa, que nitidamente poderia privilegiar mais o peso das duas guitarras, comprometeu um pouco a qualidade sonora do espetáculo.
Na sequência, “Under Huntress Moon” e “Dunsk and Her Embrace” deixaram claro que o repertório do CRADLE OF FILTH iria percorrer todos os dezesseis anos de carreira da banda, sem privilegiar – como costuma acontecer na maioria das vezes – o disco mais novo. Em um momento em que o público parecia se desanimar com a apresentação, que não era mais vibrante como no seu início, “Nymphetamine Fix” apareceu no set para contar com o apoio intenso dos presentes. A música precedeu a nova “Lilith Immaculate” e “The Twisted Nails of Faith”, essa retirada do disco “Cruelty and the Beast” (1998), que encerrou a primeira parte do show com uma hora de espetáculo.
Com a introdutória “Ave Satani”, o CRADLE OF FILTHretornou ao palco para o bis. A plateia, que aguardava com certa expectativa e um perturbador silêncio, não se surpreendeu com as músicas selecionadas para fechar a apresentação. Embora viva um dos melhores momentos da sua carreira,“Cruelty Brought Thee Orchids” e “Ebony Dressed for Sunset” mostraram que as músicas mais antigas do sexteto inglês ainda são as preferidas dos seus fãs. “The Forest Whispers My Name”, do primeiro álbum, “Principle of Evil Made Flesh” (1994), comprovou ainda mais essa teoria. No entanto (e como não poderia ser diferente), o hino “Form the Cradle to Enslave” encerrou com maestria o primeiro show de Dani Filth & Cia. na capital gaúcha, apesar de todos os contratempos acumulados nessa desgastante turnê sul-americana.
Embora tenha sido visivelmente prejudicada pela sequência ininterrupta de shows, não há como não mencionar a vontade e o profissionalismo do CRADLE OF FILTH no encerramento da turnê Creatures From the Black Abyss no nosso país. A banda, que apresentou o melhor espetáculo possível diante das circunstâncias nada favoráveis já mencionadas, teve o reconhecimento do público, que corresponderam aos caras nos momentos de maior intensidade do show. O vocalista Danil Filth era o mais prejudicado. De qualquer modo, a sua banda comprovou porque continua sendo um dos ícones do black metal contemporâneo.
Sites:

Set-list:
01. The Cult of Venus Aversa
02. Honey and Sulphur
03. Her Ghost in the Fog
04. Forgive me Father (I Have Sinned)
05. The Principle of Evil Made Flesh
06. Under Huntress Moon
07. Dusk and Her Embrace
08. Nymphetamine Fix
09. Lilith Immaculate
10. The Twisted Nails of Faith
11. Ave Satani
12. Cruelty Brought Thee Orchids
13. Ebony Dressed for Sunset
14. The Forest Whispers My Name
15. Form the Cradle to Enslave


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