21 de julho de 2011

Não Revolução: grandes gravadoras ainda mandam em TUDO



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Por Paul Resnikoff, traduzido por Nacho Belgrande.
Era pra ser o contrário. Mas anos adentro da revolução digital, a indústria da música parece lembrar um país de terceiro mundo. Estou falando sobre os enormes abismos entre os ricos e os pobres, um grupo deprimentemente enorme na pobreza, corrupção endêmica, declínio prolongado, e a presença de idéias perversas, religiosas que têm pouca ou nenhuma conexão com a realidade.
Esta indústria se tornou tão bi-polar que eu não tenho nem certeza de por onde começar. Bem, vamos às paradas – qualquer parada. Seja a Ultimate Chart da Big Champagne, Billboard’s Top 100, os as canções mais baixadas no Grooveshark, os artistas mais solicitados são os mesmos. É Lady Gaga, Pitbull, Justin Bieber e o Black Eyed Peas, semana após semana, e depois tudo de novo mais uma vez. É claro, histórias de sucesso de artistas independentes estão acontecendo com certeza, mas por que eles não estão invadindo as paradas e ficando ao lado das prioridades das grandes gravadoras, dos artistas do esquemão?
Os ricos são um quadro pequeno, de elite, e eles estão tirando vantagem de uma teta preferencial que ainda faz a diferença. Na verdade, os canais principais como rádio terrestre e a TV não só ainda têm importância, como têm uma influência dominante sobre a cultura musical. Mas tais canais também são controlados por um grupo pequeno – em sua maioria, as grandes gravadoras. Sintonize seu rádio numa FM convencional, e são os mesmos artistas tocados ad nauseum (na verdade, é o que parece), enquanto as massas definham na obscuridade.
E quanto à estrada? Talvez os festivais sejam a bola da vez, mas os grandes cachês para artistas pertencem a Bon JoviU2 e Lady Gaga, que estão fazendo milhões toda noite. É um grupo seleto, mas como isso pode ser relacionado com os artistas que estão ralando para pagar a gasolina de seu ônibus de turnê? Por exemplo, Imogen Heap, e a massa de outros artistas se matando para cobrir custos de turnê?
E daí temos os obscenos –e questionáveis – salários para uma elitizada gama de executivos. Nós acabamos de saber que o presidente da RIAA (Associação Americana da Indústria Fonográfica), Cary Sherman recebeu 3.2 milhões de dólares em 2009, e Mitch Bainwol outros 1.6 milhões. E temos testemunhado um saque ao Warner Music Group por anos a fio, com um seleto grupo de operadores se safando com dezenas de milhões em dinheiro. Ainda assim, toda semana eu ouço falar se demissões em massa, ou recebo emails de pessoas lutando para achar emprego na indústria. É quase impossível achar um bom emprego, parece – mesmo para pessoas realmente qualificadas. É por isso que as pessoas estão migrando para outras indústrias, assim como as pessoas migram de situações econômicas desesperadoras.
E quanto aos artistas que empobrecem? Ao invés de uma revolta igualitarista, a absoluta maioria dos artistas mal consegue sobreviver. Esqueça da discussão em torno do preço do TuneCore ou da CD Baby por um momento - porque em ambas as plataformas, o lucro médio anual é de US$ 175 por artista – antes dos custos (calculamos ambos). Ainda assim a idéia é que os canais diretos com os fãs possam tornar os artistas vencedores por seus próprios méritos, que os intermediários não importam, que a rádio morreu, que as gravadoras são redundantes, e que a solução é simplesmente responder a todos tweets e emails.
E quem nos fornece essa inspiração desorientadora? O extremamente raro ganhador da loteria, ou artistas que já foram promovidos pela máquina dos grandes selos (como Amanda Palmer ou o Radiohead). Como se, de alguma forma, essas histórias de sucesso pós-grandes gravadoras fossem um exemplo para os outros seguirem.
Eu diria que nada mudou em relação àqueles ‘dias das antigas’, mas parece que também tudo piorou.


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