A faixa de abertura é uma “porrada”. Nos primeiros instantes já se percebe que o álbum foi bem trabalhado e preenchido com arranjos e detalhes de muito bom gosto. Os riffs de guitarra são bem montados e as linhas de baixo se encaixam bem, na maioria das vezes controladas e, quando precisam, bastante técnicas. Talvez ao longo do texto se torne (muito) repetitivo mencionar o vocalista, mas, desculpem, não há outro jeito. Logo no verso inicial já se nota que as linhas de voz são muito boas, mas é no refrão que você entende o tamanho do “problema”. Além de melodia e arranjo excelentes, o refrão termina com um agudo assombroso, muito alto e com muita pegada. A seguir, surge uma passagem de piano e voz, muito bem composta, dando sequência a um solo de guitarra na medida exata. Em suma, a música alterna passagens médio-tempo, rápidas e de piano, intercalando-se, funcionando incrivelmente bem. Certamente, está entre as melhores músicas da bolacha.
Na sequencia, vem uma vinheta acústica, muito bonita, com várias vozes sobrepostas, que, na verdade, é uma preparação para a próxima canção, “Wheel of Fortune”. Esta é um pouco mais cadenciada, com diversos riffs bem pesados e linhas de baixo de mesma forma. O refrão nos proporciona uma melodia de voz sem agudos absurdos, mas que você fica cantarolando durante uma semana só por ouvir uma vez. Em certo ponto, ela retorna à música passada, à vinheta, mostrando que o trabalho de composição não foi feito às pressas, um dos pontos marcantes do disco.
A quarta música se chama “Mimicking Death”. É a mais Hard Rock do álbum. Muito bem produzida, rica em detalhes, você pode escutar violões bem ao fundo, várias vezes, se prestar atenção. Mais um show nas vozes. Além das melodias, sempre surpreendentes, Michelle mostra diversos timbres de voz, dando uma aula de impostação e interpretação.
A seguir, “The Danger Zone”, que lembra bastante a época do vocalista no VISION DIVINE. É a mais rápida entre as canções, com o clássico refrão “torado” nos bumbos, como não poderia faltar. As vozes aqui são umas das melhores passagens do álbum. O solo de guitarra é bem técnico e com as notas escolhidas “a dedo”. Mais um momento de piano e voz, repetindo o refrão para emocionar até o mais “coração de gelo” ou metaleiro com barba e cara de mau. Uma passagem Hard Rock de novo, outro solo magistral e mais refrão até o final da música.
A faixa título é a balada. Destaque, além da voz, que já é óbvia a este ponto, para o baixo, com linhas muito bem feitas e um solo curto e direto depois do refrão, com um timbre perfeito, parecendo um instrumento fretless as vezes, porém não o é. Mais uma vez, a passagem piano/voz. A verdade é que isso é muito recorrente no disco, podendo ser enjoativo para alguns, mas são tão bonitas que, por mim, poderiam ser feitas até mais vezes. E só para não esquecerem: as vozes arrebentam tudo, como sempre.
“Tommy’s Cane” é rápida e com um toque Dream Theater na bateria do último refrão. Boa canção, com um instrumental diferenciado em relação ao que já se viu até aqui, mas sem inovar deveras, verdade seja dita. Agudos sem miséria e milhares de notas nos solos, sem perder a linha do sensato. A próxima é um instrumental de piano, curta. Bonita, mas sem nada surpreendente.
“Walls Of Symphathy” começa com um two hands de baixo bem composto. Bons riffs de guitarra e com alguns agudos bem altos. Um pouco mais cadenciada, veja, entre 2:20 e 2:43, a influência de Dream Theater. Não poderia ser uma passagem no meio de “The Glass Prision”? Solo bem PETRUCCI: mecânica complicada e muitíssimo rápido. “Falling Away” é mais um ponto alto. Com riffs que variam do Hard Rock ao Heavy Metal bem pesado, tem um refrão “alegre” e pegajoso. Excelentes mixagens e arranjos de voz. Backing vocals no ponto certo.
“Justify” é a mais “arrastada” de todas. Belo arranjo de violão, piano e voz no meio. O timbre de baixo ideal, com boas frases espalhadas ao longo da canção. O álbum encerra com “Thy Will Be Done”. É a música que tem um clima diferente do disco, mas é um bom encerramento. Um tanto experimental ou progressiva, como você quiser rotular. Vozes macabras, alternadas com passagens acústicas muito bonitas, permeiam a composição. Também mostra a influência prog “a la” Dream Theater, mais uma vez.
Esse é o resumo, de maneira simplista, do álbum. Se você é fã de Heavy Metal Melódico não perca a chance de escutá-lo. O destaque é, sem dúvidas, para a voz, pelos motivos já explanados. Dr. Viossy se mostra um excelente guitarrista, com bons riffs e solos. O baixo não fica atrás e faz o que é muito difícil de encontrar no metal melódico: linhas que não sejam cópia da guitarra ou cópia do bumbo. Nota 10, já que esse é o máximo.
Antes de encerrar, algumas constatações: FÁBIO LIONE terá que fazer muito tempo de aula de canto para cantar aquilo que Michelle gravou no VISION DIVINE. TOBIAS SAMMET podia convocar o rapaz para uma participação no próximo Avantasia. O KILLING TOUCH deveria ter maior exposição na mídia especializada. Luppi esta à altura dos grandes vocalistas no estilo.
Comentários? andre.senra.baixista@gmail.com. Todos serão lidos e respondidos, mesmo que demore.
PS: Se você gostou, procure ouvir o que Michelle gravou no VISION DIVINE, sua carreira solo, a banda NEVERLAND e sua participação com o TRICK OR TREAT (já que está lá, veja também a participação de MICHAEL KISKE, vale a pena). E, para dar risada, assista no YouTube ele cantando, em italiano, a abertura do desenho “Hello Kitty”.
Killing Touch – The Touch – 2009
1 – The Touch
2 – Black Ice
3 - Wheel Of Fortune
4 – Mimicking Death
5 – The Danger Zone
6 – One Of A Kind
7 – Tommy’s Cane
8 – Still Walking
9 – Walls Of Sympathy
10 – Falling Away
11 – Justify
12 – Thy Will Be Done
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