Bastam os 10 primeiros segundos da faixa-título, que abre o álbum, para responder essa pergunta. A introdução, que beira o grindcore, logo cede espaço para os tradicionais riffs grudentos do grande guitarrista Dimebag Darrel. No final, a sessão de solos, em nada lembra a agressividade do início da faixa que, em seu título, faz alusão a origem sulista da banda e a vontade em "destruir" o que estava na moda, na música, naquela época. A letra dessa faixa é pura agressão e ela, por si só, poderia ser responsável pelo boicote que o álbum sofreu nos meios de comunicação na época - claro que a banda ajudou muito: se negando a dar entrevistas, por exemplo - pois ataca as revistas especializadas e a própria MTV.
"War Nerve" logo nos primeiros riffs mostra o porquê de Dimebag ser considerado uma grande influência no metal moderno: a baixa afinação aliada a dissonâncias tornaram-se a marca registrado do guitarrista. Isso claro, somado ao peso - e que peso - do baixo de Rex Brown e a incrível interação de Dimebag com o seu irmão, o baterista Vinnie Paul. Aqui há a segunda participação - a primeira ocorreu na faixa-título e a segunda durante "Suicide Note Part. II" -, do hoje finado, vocalista do "ANAL CUNT" Seth Puntnan - que ajudou Anselmo com alguns gritos.
Um Phil Anselmo, gritando como nunca e ainda mais insano, dá a alma em letras ainda mais tortuosas e soturnas que qualquer coisa que a banda já tenha feito. Paralelamente ao lançamento do álbum o "Pantera" não vivia uma fase harmoniosa, principalmente por parte de Phil Anselmo que estava no ápice de sua dependência química. A situação chegou em níveis tão extremos que para que "The Great Southern Trendkill" visse a luz do dia, a banda precisou separar-se do vocalista - que gravou o disco sozinho no estúdio do músico Trent Rezno ("Nine Inch Nails"). Some o fato do vocalista estar envolvido com inúmeros projetos musicais, sendo um deles o "DOWN" - com o baixista Rex Brown - que tomou rumos maiores que o inicialmente previsto.
Mesmo com toda a acidez da banda com a mídia, esse álbum ainda rendeu um clipe: "Drag the Waters" foi a música escolhida. Trata-se de uma composição boa e marcante baseada num riff realmente interessante. Todavia, sua repetição tornam tal canção uma das mais fracas do disco.
Surpreendendo o ouvinte, na quarta faixa, surge a primeira balada do disco. "'10's" é uma das melhores - e mais injustiçadas - composições presentes no álbum. A letra, claramente, trata da questão do vício de Anselmo e o solo... o que falar do solo? Apenas ouça. Possui uma classe e pegada única. Um dos melhores solos de Dimebag e que compete diretamente com "Floods" (nona canção) para o melhor do álbum.
Bem... O que falar de "Floods"? Considero essa faixa uma das mais únicas na carreira da banda e do metal. Assim como a "10's" é uma balada, porém possui mais variações e "climas" durante seu decorrer, mas é claro tenho que destacar o riff pesado, baseado em alavancadas, e o grande solo que surge quase no fim da música. Sendo este solo muito lembrado em inúmeras votações como o melhor já criado pelo guitarrista. Recomendo o ouvinte que preste atenção na conclusão da música, pois é um grande momento de inspiração. A maneira como Rex Brown completa a guitarra nessa música também merece ser citada.
Voltando às faixas mais pesadas, temos "13 Steps to Nowhere" - que riffs, que bateria! - e "Living Through Me (Hells' Wrath)".
Logo na sexta faixa temos a primeira sequência de "faixa-gêmeas" com Suicide Note Part I. Essa primeira parte é calma, possui algumas dobras de vocais em harmonias e Dimebag troca sua guitarra por um violão de 12 cordas. Incrível como os efeitos passam nessa balada, que possui uma certa influência do southern rock/country, um clima de desespero que sincroniza com a letra.
A banda conseguiu criar um disco ótimo, anti-comercial, pesadíssimo e completo. "The Great Southern Trendkill" é um disco difícil de digerir, mas que tem uma tendência forte a te cativar mais a cada audição. Mesmo não sendo um dos álbuns mais indicados para se conhecer o "Pantera", - e podendo assustar nas primeiras audições, principalmente em quem é ligado na fase mais antiga do grupo, por conta da agressividade - esse álbum não merece ser esquecido.
"The Underground In America" e "(Reprise) Sandblasted Skin" - que é uma espécie de continuação da faixa anterior - encerram com o mesmo nível de violência dos segundos iniciais desse disco que é um dos mais brutais e agressivos já lançados no metal. Sim, mais brutal e agressivo que muito black/death metal por aí, e num contexto histórico desfavorável, visto que se o "Pantera" lançasse algo mais comercial poderia ter crescido no mercado, ao invés de seguir na direção oposta. Tente pensar no rumo que as bandas similares, de thrash e heavy metal, tomaram nessa época...
Formação:
Phil Anselmo - vocal
Dimebag Darrel - guitarras
Rex Brown - baixo
Vinnie Paul - bateria
Phil Anselmo - vocal
Dimebag Darrel - guitarras
Rex Brown - baixo
Vinnie Paul - bateria
Tracklist:
1. The Great Southern Trendkill 03:46
2. War Nerve 04:53
3. Drag the Waters 04:55
4. 10's 04:49
5. 13 Steps to Nowhere 03:37
6. Suicide Note, Pt. I 04:44
7. Suicide Note, Pt. II 04:19
8. Living Through Me (Hell's Wrath) 04:50
9. Floods 06:59
10. The Underground in America 04:33
11. (Reprise) Sandblasted Skin 05:39
1. The Great Southern Trendkill 03:46
2. War Nerve 04:53
3. Drag the Waters 04:55
4. 10's 04:49
5. 13 Steps to Nowhere 03:37
6. Suicide Note, Pt. I 04:44
7. Suicide Note, Pt. II 04:19
8. Living Through Me (Hell's Wrath) 04:50
9. Floods 06:59
10. The Underground in America 04:33
11. (Reprise) Sandblasted Skin 05:39
Tempo total: 53:04
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