Natural de Brasília e na ativa desde 2004, o Dynahead não abre mão de elaborar um Heavy Metal intrincado e, assim, vem conquistando a fatia do público que tem aversão às tendências musicais e que prefere música cuja assimilação tende a ser mais lenta. Com o lançamento de seu segundo álbum, “Youniverse”, o Whiplash! foi conversar com o vocalista Caio Duarte, que deu uma geral na atual situação da banda:
Whiplash!: Olá Caio, como vai? Passou-se cerca de dois anos desde “Antigen”, um debut que tinha como ponto a favor sua qualidade musical, mas cuja abordagem não convencional confundiu muita gente por aí. Que balanço você faria da trajetória do Dynahead desde então?
Whiplash!: Agora o Dynahead está lançando “Youniverse”, uma extensão natural, porém ainda mais madura do que foi oferecido por seu antecessor. Considerando a imprevisibilidade que já é característica de sua música, quais as metas que tinham em mente quando começaram a compor este disco?
Whiplash!: A forma como inseriram sons captados no espaço na abertura “Ylem” e em “Onset” apenas reforça a conexão com essa temática. Como surgiu a ideia de utilizar estes samples nos arranjos?
Caio: Ouvi esses sons no site da NASA e fiquei surpreso, achei muito legal! Estes samples são o que surge quando você pega padrões de tempestades eletromagnéticas em Júpiter ou Saturno, e converte estes dados em freqüências sonoras. No final do CD também rolam alguns sinais provenientes de estrelas de nêutrons. É bem adequado, já que estrelas de nêutrons possivelmente são o que vai restar quando o universo tiver se resfriado por completo e chegado ao fim.
Caio Duarte: Olá Ben Ami, muito obrigado por nos receber! Para ser sincero, a reação ao “Antigen” foi melhor do que eu esperava. Apesar de ser um trabalho experimental, pessoas de gostos muito diferentes conseguiram se conectar ao som, o que é muito bacana para uma banda que deseja trilhar um caminho próprio. Esse caminho que escolhemos é bem pedregoso, mas o reconhecimento vai surgindo e é o que nos faz querer continuar com essa proposta.
Caio: Queríamos só fazer o melhor disco possível, do qual pudéssemos nos orgulhar independente de ‘vender’ ou não. Ficamos confiantes com a repercussão do “Antigen”, e por isso fomos mais ousados e experimentamos mais. No “Antigen” ainda estávamos meio que descobrindo o que é o Dynahead, e agora no “Youniverse” já temos uma idéia boa dos nossos pontos fortes e caímos matando. Até por isso as composições saíram com mais naturalidade.
Whiplash!: Assim como “Antigen”, o tema do novo álbum novamente envolve o ser humano, mas agora o relacionando ao Universo. Poderia dar mais detalhes sobre o conceito?
Caio: O conceito foi o fruto natural de alguns anos de estudo de astronomia. Este álbum reconta um pouco da história do universo e da raça humana, fazendo um paralelo com as nossas próprias experiências enquanto indivíduos. O álbum começa com um nascimento, passa por um despertar, uma infância, adolescência, até a morte. As letras começam sombrias e terminam otimistas, pois relata todo um processo de amadurecimento.
Whiplash!: O baterista Rafael Dantas fez um ótimo trabalho em "Antigen" e "Youniverse", mas anunciou sua saída do grupo e atualmente vocês contam com Deth Santos. Considerando a proposta do Dynahead, já deu para sacar o quanto este baterista pode vir a acrescentar à sua música?
Caio: A contribuição está sendo enorme! O Deth é um baterista técnico e experiente, além de ter uma formação muito eclética. Isso é importante, pois gostamos de manter nossas mentes abertas, e é empolgante saber que vamos poder pegar mais pesado do que nunca nas doideiras, que o batera dá conta! (risos)
Whiplash!: Caio, há algum tempo você assumiu oficialmente seu papel como produtor musical, e inclusive vem contando com a confiança de músicos de outros países. O que a BroadBand Productions pode oferecer aos interessados por seus serviços?
Caio: Tudo começou há alguns anos atrás, gravando a primeira demo do Dynahead, e com o tempo tive o privilégio de trabalhar com muitas bandas excelentes do Brasil e do exterior. Além do estúdio, no qual produzo CDs de ponta a ponta, também faço serviços de mixagem e masterização para bandas de qualquer parte do mundo. O leitor pode obter informações sobre o estúdio, meu trabalho e discografia no site www.myspace.com/broadbandprod.
Whiplash!: Aliás, você também tem atuado em outra outra área... Quais suas impressões após a experiência com o curta-metragem inspirado na canção "Circles", do novo disco? O resultado final ficou muito bacana!
Caio: Muito obrigado mesmo! Também trabalho com cinema e vídeo, inclusive já dirigi e participei de alguns videoclipes. Este ano estou dando meus primeiros passos com uma produtora de cinema, e queria fazer um curta experimental com orçamento zero, sem recurso mesmo, para ver o que sairia. Como ainda não tinha equipamento de captação de áudio em campo, veio a idéia de basear em cima de uma música, aí pensei, por que não uma música do Dynahead? A “Circles” é uma canção bem diferente e tem uma letra bem legal, então escrevi uma história inspirada nela. O filme foi inscrito em alguns festivais, vamos ficar na torcida para que seja bem recebido!
Whiplash!: Há alguns meses Thiago Bianchi (Shaman) veio com a proposta de reunir um milhão e trezentos mil nomes assinados de próprio punho para oficializar o ‘Dia do Heavy Metal Brasileiro’. Ainda que toda proposta possa vir a ser válida, até onde você acha que medidas deste tipo poderiam ser eficazes para fortalecer o underground de um Brasil que tem a apatia como forte característica em seu povo?
Caio: Uma proposta formal como essa é válida, pois pode servir como evidência da popularidade do Heavy Metal ou algo assim, mas o problema da apatia é bem enraizado. É impossível apontar um único ponto para melhorar, e vale frisar que a cena metal está difícil no mundo todo - com exceção das modinhas, que são o pão-com-manteiga da indústria.
Caio: O brasileiro adora Rock e Metal, mas somente quando vem de fora. Por que isso? Em parte é porque toda uma geração começou a ouvir esse som através de uma mídia especializada que foi formadora de opinião, e usou isso para criar monopólio ao redor de pouquíssimos artistas brasileiros. Isso alienou o público e desintegrou o underground, com um clima de elitismo e ‘guerrinha de tribos’ totalmente incoerente.
Caio: Aí veio a crise da indústria fonográfica e, sem um circuito independente forte para segurar, a cena implodiu. Hoje há alguma esperança por que a internet é a nova referência, e zines como o Whiplash! representam uma nova geração de veículos que não descriminam artistas baseados em estilo, grana ou cunhadismo. Na internet você pode conhecer banda nordestina sem gravadora, de Prog Rock ou Death Metal, ninguém é boicotado, é o público que escolhe. Aqui todos podem conhecer o patrimônio nacional, e é esse conhecimento e carinho que leva as pessoas aos shows.
Whiplash!: Sempre há muito trabalho após o lançamento de um novo álbum. Neste sentido, quais as metas do Dynahead para os próximos meses?
Caio: Pretendemos lançar um novo clipe até o final do ano, além de um documentário sobre a gravação do álbum, que já está pronto. Também estamos procurando marcar o máximo de giros possíveis pelo país, o que não é fácil levando-se em conta as distâncias e o estado da cena brasileira, mas estamos trabalhando! Estamos vendo as possibilidades de fazer um giro pela Europa ou América Latina em 2012, mas gostamos de fazer as coisas com calma. De resto, vamos continuar produzindo, tocando, nos divertindo e levando nossa música para os fãs, que são os melhores do universo!
Whiplash!: Ok, Caio, o Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte na divulgação de “Youniverse”. O espaço é do Dynahead para as considerações finais.
Caio: Muito obrigado novamente pelo interesse no nosso trabalho e pelo bate-papo! Para quem ainda não conhece, você pode conhecer, baixar nosso primeiro álbum gratuitamente, adquirir o novo e muitas coisas legais no nosso website – www.dynahead.com.br – e falar conosco nos canais oficiais da banda no Facebook – www.facebook.com/dynahead e MySpace - www.myspace.com/dynahead . Nos vemos em breve, e muita força a todos!
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