27 de julho de 2011

Deicide: Metal Revolution entrevista baterista Steve Asheim


Deicide acaba de lançar mais um excelente álbum, “To Hell with God”, que tem sido considerado um dos melhores de sua carreira. Para falar um pouco mais sobre este novo trabalho, dentre outras coisas, o Metal Revolution conversou com o baterista STEVE ASHEIM.
Em uma entrevista bem humorada, o músico comentou sobre o atual status de uma das mais respeitadas do cenário do metal extremo mundial.
Além de Steve Asheim, a atual formação do Deicide é composta por Glen Benton (vocal/baixo), Ralph Santolla (guitarrista, Deicide/Obtuary) e Jack Owen (guitarrista).
Metal Revolution - No final anos 80, a cena Death Metal era muito forte nos Estados Unidos, como você vê esta cena hoje por ai? Quais foram as principais mudanças?
Bem, o final dos anos 80 foi há muito tempo. Muitas daquelas bandas e os caras que faziam parte delas nem estão mais na ativa ou deixaram de existir. A cena era ótima, mas nós éramos os únicos que sabiam disso. Death Metal era uma espécie de paria nessa época, nós tínhamos fãs, mas não muito respeito do resto da cena. No entanto, hoje parecem ter um pouco mais apreço pelo que aconteceu no passado.
Você e Glen são os principais compositores da banda, explique um pouco como foi o processo de composição para The Hell With God já que grande parte das faixas foi composta por você? (NR: Oito das dez faixas que compõe o CD foram compostas por Steve)
Eu faço a demo de algumas canções e entrego para os caras comentarem. Com isso, mudamos algumas coisas ou apenas esperar para entrar no estúdio e alterarmos isso durante a gravação. Uma vez que temos a base musical definida, Glen e Ralf vão entrar e fazer ligações e vocais. Muito curto e seco realmente.
Benton é autor de todas as faixas de The Hell With God que conta com você como principal compositor. Como funciona normalmente o processo de composição entre vocês? Jack Owen e Ralph Santolla costumam também contribuir?
É principalmente Glen e eu fazemos a maioria da letras. Jacko tinha algumas músicas desta vez e nós precisávamos de um tempo extra, por isso, ficamos felizes em usar alguns dos seus riffs. Ele também tem ótimas canções. "Conviction" é uma delas. Ralph apenas adere e conduz neste ponto. Se ele tem alguns riffs utilizáveis, nós vamos usá-los.
The Hell With God, foi produzido por você ao lado de Glen e Mark Lewis. Como foi trabalhar com eles na produção de mais um álbum?
Foi tudo bem. Eu gostei, porque foi menos trabalho para mim, menos responsabilidade. Eu estou cada vez menos interessado ​​nos detalhes do processo de gravação. Eu gosto de ficar, principalmente com o aspecto criativo como timbres de guitarra, os níveis, etc. Eu só quero ter certeza de que as faixas vão bem e que a mixagem é pesada, deixo pros outros caras produzirem os outros aspectos.
As capas do Deicide sempre são trabalhos fortes e chocantes para pessoas desavisadas e não foi diferente no The Hell With God, como surgiu a idéia para arte da capa?
Eu acho que Glen encontrou alguma arte online e então ele e The Label tinham um artista para refinar o trabalho, tornar mais sinistro e parecendo mal. Eu acho que isso funcionou muito bem para o conceito. E é claro que tentamos ter capas legais. Qualquer coisa que não pareça desenho animado, eu odeio isso.
The Hell With God em minha opinião um dos melhores disco já lançados pela banda nos últimos 11 anos, nos remetendo aos primórdios como Legion, Deicide e Once Upon the Cross, esta retomada foi intencional?
Sim, nós sempre tentamos colocar o nosso melhor, as coisas boas. Dessa vez não foi diferente. Mas, pessoalmente, eu tentei recapturar a velha vibração. Peguei aquela técnica de compor de volta, mas também que mantenha isso na linha com nosso novo estilo. Acho que isso acabou como uma grande mistura dos dois.
O vocal do Glen esta menos grave e mais claro comparado com outros trabalhos mais recentes e com seu antecessor Till Death Do Us Part. De quem veio a idéia de deixá-lo assim e porquê?
Isso foi um esforço real para Glen voltar aos vocais da era do “Serpents...” Um pouco mais claro e leve. Mark ajudou com isso também, com ter as melhores performances dele em relação ao tom e clareza e até mesmo alguns padrões. Eles fizeram um ótimo trabalho, isso ficou realmente bom.
As guitarras neste trabalho estão bem rápidas, com riffs fortes e solos muito bem trabalhados. Como é trabalhar ao lado de dois exímios guitarristas como Jack Owen e Ralph Santolla?
É realmente ótimo tê-los na banda, eles são músicos do melhor calibre. Ou pelo menos do melhor calibre que nós já trabalhamos. E ambos contribuem muito para produção obviamente. O ritmo de trabalho de Jack é direto e extremamente articulado e Ralph conduz de uma forma enlouquecedora. Eu ouço as coisas apenas por ouvir às vezes.
Eu sei que você não é satanista, mas que considera o Deicide uma forma de alerta contra o fanatismo que as religiões podem causar. E como é ter na banda Ralph Santolla um cristão, que até certo ponto contradiz a temática do Deicide?
É, Ralph é livre para acreditar no que ele quiser, nós não somos tiranos ideológicos, nós somos uma banda, e nós precisamos de um grande guitarrista e músico. Ele pode trabalhar suas próprias questões no seu próprio tempo. Ele parece não ter problema tocando conosco a gastando seu dinheiro então, um ponto para o Satan, eu acho.
Como você se sente em relação a The Hell With God e Como esta sendo a aceitação por parte dos fãs e da critica mundial?
Foi realmente muito boa até agora. Pessoas tem curtido bastante o álbum, nós temos tocado as músicas ao vivo e as pessoas gostam do material. Elas sabem disso e querem ouvir isso. Isso é uma coisa rara nesses dias, apenas pergunte ao Morbid Angel. (risos) Eu estou brincando.
A banda já se apresentou por duas vezes no Brasil, sendo a última delas a mais de um ano atrás. Como você se lembra dessas apresentações e o que achou do público?
Sim, cara! Foi ótimo tocar no Brasil. Eu tive realmente um bom momento. Foi meu aniversário, eu me lembro disso. E quatro garotinhas me jogaram em uma festa particular no meu quarto de hotel, isso foi ótimo. Os shows foram incríveis também, muitos fãs e uma ótima resposta. Foi realmente um ótimo momento para nós. Eu estou ansioso para o nosso retorno.
Sei que ainda é um pouco cedo para essa pergunta, sabendo que provavelmente muitas datas ainda estão sendo acertadas. Mas há algum plano para uma turnê de The Hell With God que passe pela América do Sul, em especial pelo Brasil?
Eu espero que possamos fazer alguns shows no Brasil antes do final do ano em Outubro ou Novembro. Se não então talvez depois do Ano Novo, Janeiro ou Fevereiro. Eu gosto de ir ao Brasil quando ainda é verão lá e inverno aqui. É legal jogar as estações umas contra as outras assim.
Uma curiosidade que tenho é, como pudemos ver no DVD do Deicide "When London Burns", você há algum tempo coleciona armas de fogo, mesmo com algumas manifestações anti porte de arma que vem ocorrendo nos EUA nos últimos meses em especial, por conta do ocorrido com a congressista norte-americana Gabrielle Giffords que foi atingida durante um encontro da deputada com eleitores no Estado do Arizona em Janeiro deste ano. Como você tem feito para manter sua coleção? Após esse fato algo mudou em relação a colecionadores tentarem obter novas armas?
Não, não muito tem mudado. Sempre houve violência e armas nos Estados Unidos. Diferentes partes do país têm leis diferentes. As leis do Arizona são muito liberais em relação a armas, o mesmo na Flórida onde eu moro. Não, ninguém tomará nossas armas tão cedo.
Agradecimento especial a Shinigami Records (www.shinigamirecords.com.br), a Leandro Cherutti pela colaboração direta na pauta desta entrevista e a Costábile Salzano Jr (The Ultimate Music - Press) pela revisão.
Entrevista realizada por Juliana Lorencini para o Portal Metal Revolution.

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