24 de julho de 2011

Aliterasom: Amy Winehouse, talento não cura a dor


Em um final de semana trágico, onde o massacre na Noruega deixa mais uma vez o mundo de cabeça para baixo, onde mais uma vez uma mãe teve seu filho sequestrado de seus braços em um dos hospitais aqui no Rio de Janeiro (e ele já foi encontrado pela polícia), a morte de Amy Winehouse é tratada por mim como alguém que alcançou seu objetivo.
O talento não é maior que o juízo. Fiquei espantado como as pessoas se relacionam com as outras através dos seus ‘poderes’ e muito pouco sobre o olhar de quem os artistas realmente são. Não são vistos como mortais que sentem dores tão intensas quanto as nossas e que procuram remédios não tão recomendáveis, ou, que cumprem prescrições antagônicas ao desejo para qual foram ingeridos.
Winehouse buscou a morte desde ‘sempre’. Ao menos desde a fama arrebatadora conquistada com seu disco mais vendido, “Back to Black”. De lá pra cá, junto com as críticas que elogiavam sua potente voz e sua escolha por um soul contemporâneo, o que se lia era do seu enorme esforço em viajar para onde, no dia 23 de julho, conseguiu ir. A polícia não confirma as causas da morte e, de certa forma, uma vida tão maltratada pelo consumo de drogas, deveria ter ali uma sobra de esperança e espírito de vida, não mais que isso.
A genialidade (assim como a chamam e nem acho que é pra tanto) não é capaz de suprir as fragilidades e carências da alma humana, em nenhum aspecto. Acaba sendo uma dependência ao contrário: você dá o que de mais precioso possui (dom e talento) para receber a glória que não cura nenhuma das suas dúvidas, anseios, preocupações, ansiedades e tudo mais que couber no buraco existencial que se aflige.
Agora o silêncio e a reverência.
Depois algumas conclusões sobre que é inconclusivo: de que vale o mundo conquistar e perder sua própria vida?
(Contagem regressiva para o primeiro aproveitador que irá regravar “Rehab”. 10, 9, 8…)
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