10 de março de 2010

Discos Marcantes de Stevie Wonder II






Stevie Wonder - Innervisions(1973)

Origem: Estados Unidos
Produtor: Stevie Wonder, Robert Margouleff e Malcolm Cecil
Formação Principal no Disco: Stevie Wonder - Malcolm Cecil - Dean Parks - David "T" Walker - Clarence Bell - Ralph Hammer - Larry "Nastyee" Latimer - Scott Edwards
Estilo: Funk/Soul
Relacionados: Sly Stone/Marvin Gaye/Curtis Mayfield
Destaque: Living In The City
Melhor Posição na Billboard: 1o


A Motown criou um estilo musical pelos anos 60 afora que foi a sua marca registrada. Porém, por conta do seu indelével sucesso no mercado, foi muito difícil para que o selo abdicasse de seu cânone em favor de experiências musicais de seus intérpretes: a resistência de seus executivos foi enorme — principalmente nos anos 70, quando alguns dos seus principais nomes decidiram ter total controle musical nas suas produções. Assim foi com Marvin Gaye. Ele bateu pé, e levou. O corolário, todos conhecem; a despeito de todos os riscos em matéria de sucesso, ele levou os louros da vitória, mas é natural que a revolução aconteceu porque Gaye tinha peso e visibilidade. Em resumo, ele abriu o caminho. E se foi assim com Marvin, não seria diferente com Stevie Wonder. De um lado, além de canções românticas, ambos passaram a compor letras de temática social. Por outro, do ponto de vista instrumental, Wonder se mostrou um músico de gosto e sensibilidade ímpar, desde o disco Music Of My Mind, onde ele se tornou um desbravador no estúdio de gravação, trabalhando com lavor de joalheiro nos arranjos de suas músicas, principalmente ao que concerne à seção dos teclados. Pois um dos grandes momentos daquele que é chamado o período clássico de Steve, o álbum que melhor sintetiza essa filosofia musical é Innervisions. Para começar, a instrumentação essencialmente calcada nos teclados, tocados todos por ele mesmo (Wonder toca literalmente todos os instrumentos em algumas faixas, como a genial Living In The City) — em especial sintetizadores como TONTO (que era utilizado como contrabaixo), ARP (que percorre todo o álbum, e que se tornaria coqueluche em quase toda a produção posterior no gênero) e a clavineta Hohner (aquela, de teclas pretas) que, juntos, são a moldura dos principais temas do disco, como Golden Lady, Higher Ground ou Too High. Do outro lado, letras que falam de (in) transcendência do ser humano (Higher Gound), visões de uma juventude corompida pela sociedade na América (Living In The City), drogas (Too High, com um groove irresistível). Mas também há o Steve Wonder slow roller, como na comovente All In Love Is Fair, basicamente calcada no piano (e uma das interpretações mais expressivas de Wonder, se não a maior, na gradação simétrica à emoção da letra), e Visions, a única faixa acústica de Innervisions e que Wonder deixa de ser o multi-instrumentista para dar lugar à guitarra clássica de Dean Parks (que era músico de estúdio do Steely Dan) e a elétrica de David Walker. Enfim, Talking Book é muito bom, Music Of My Mind é excelente, mas Innervisions é inefável.

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