12 de dezembro de 2010

The Cult: singles, álbuns e EPs são do século passado



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O site Detroit Rock Blog conduziu recentemente uma entrevista com o frontman do THE CULT, IAN ASTBURY. Alguns trechos da entrevista podem ser lidos abaixo.
Detroit Rock Blog: O advento do formato cápsula significa um fim para os discos do THE CULT? No futuro, o THE CULT só lançará singles?
Astbury:  Eu acho que esses formatos, esses termos – single, álbum, EP – de fato pertencem ao século 20. Eles descrevem um formato arcaico em específico, e a indústria ainda está se atendo um pouco a essa comunicação pré-internet do século 20, um jeito realmente tradicional de fazer as coisas. Há de se discutir se ainda há um público que fique feliz em se aventurar nestes formatos. Mas tendo dito isso, a ideia da capsula como um formato do século 21... essencialmente, com a cápsula, você pode fazer seja lá o que você queira fazer. Você pode fazer 20 músicas, você pode fazer uma canção e um filme, podemos fazer quatro músicas e um livro... quero dizer, vamos ver a aplicação da cápsula como o novo formato para o lançamento da massa de um trabalho. Talvez a palavra álbum vá extinguir-se e a gente vai dizer apenas, “Você tem o novo aplicativo do fulano e tal?” Os aplicativos estão chegando, sem dúvida, e os artistas irão [eventualmente] lançar sua música através de um formato aplicativo. A Apple está empurrando esse formato aplicativo em peso. E quem sabe onde isso vai dar? Um módulo de assinaturas? Talvez você compre o aplicativo da banda e daí você o atualiza com novo material ou novos produtos. Eu acho que os websites provavelmente irão desaparecer ou provavelmente migrar pra aplicativos de novo, pelos quais você faz a assinatura. Você tem que pagar uma taxa apenas pra ser um membro do fã-clube. Ou pelo menos você tem que dar seu endereço de e-mail. É nisso que as pessoas estão interessadas na verdade, pegar seu e-mail, dados pessoais. De modo que eles possam inundar você com pedidos para comprar as coisas maravilhosas que nós produzimos.
Detroit Rock Blog: Quando você escuta a arenga leva-e-traz entre Keith [Richards] e Mick [Jagger, dos ROLLING STONES], depois de todos esses anos juntos, isso lhe dá uma sensação boa em relação ao tipo de relacionamento que você tem com Billy [Duffy, guitarrista do THE CULT]?
Astbury: Bem, no fim das contas, somos pessoas bem diferentes, mas nós temos um respeito mútuo. Há um respeito latente e conseguimos viajar e trabalhar no mesmo ambiente. Se temos algo a dizer um pro outro, nós dizemos. Mesmo que tenhamos perspectivas completamente diferentes, sob o manto do THE CULT, nós resolvemos. Algumas vezes pode ficar muito desconfortável, pode ficar muito acalorado, mas não há falta de paixão ali. Nos últimos anos temos feito a melhor música possível que podemos fazer e se não estamos fazendo isso, é definitivamente nossa intenção. É disso que corremos atrás, e algumas vezes, você acaba lavando roupa suja em public. Mas eu gostaria de achar que somos ambos maduros o suficiente para termos culhões de entrar numa sala e falar abertamente um com o outro. Não é o ensino médio O ensino médio acabou faz muito tempo para nós. Essa é nossa vida, eu digo, pra sempre, e estamos completamente investidos nisso. Não tenho a ilusão de que somos uma marca como o ROLLING STONES ou mesmo o U2. Nós viemos de uma ética, aonde no fim das contas é punk rock para a classe operária. Há uma fundação legítima nisso. Não estamos sob a ilusão de que alguém vá nos dar algo, vamos ter que lutar. Não somos o tipo de banda que vai procurar por elogios, e não somos muito bons em nos promovermos. Nós geralmente descrevemos o que vemos e assim é a geração da qual viemos. Eu acho que talvez quando éramos mais jovens e passamos pelo período de “Sonic Temple”, era um período intensamente comercial, acabou virando aquilo.
Astbury: Era como, continuamos fazendo escolhas até que estivéssemos num beco sem saída, e daí saímos disso de novo. Saímos disso com o álbum autointitulado em 1994...Quando você assina com uma grande gravadora e há sempre um bando de condições que se movem em torno disso. Foi um investimento alto e uma expectativa alta e um retorno alto. Então acabamos no estúdio com...há sempre a influência externa do cara da publicidade e do marketing que está monitorando seu progresso e realmente afeta o ecossistema de uma banda. Eu acho que nós também crescemos além de uma coisa diferente. Crescemos vindo de uma orientação a singles ao invés de orientação para discos completos. Crescemos com o compacto de sete polegadas como o produto residente do mercado. Porque não tínhamos ideia alguma que há alguma longevidade nisso. É sobre fazer uma música de cada vez, mas daí você entra no mercado de fazer discos, adquirindo aquele elemento mais comercial. Isso se torna um animal muito diferente com o qual lidar num cotidiano, quando é pra sair e tocar 200 shows por ano e lançar um disco. Sair da estrada, e daí voltar pro estúdio. Se você faz isso por 12 anos e você só enterrou cinco ou seis pessoas, você se deu muito bem.
Detroit Rock Blog: o THE CULT foi rotulado no meio do movimento ‘hair metal’ [nos anos 80]...
Astbury: Eu acho que todo mundo tinha cabelo comprido, mas o lance é que eu tinha o melhor cabelo comprido. Ninguém tinha cabelo melhor que o meu. E todos tentavam imitá-lo. Quero dizer, AXL ROSE estava usando a MINHA bandana que minha namorada na época botou nele. Ele alisou o cabelo, pôs minha bandana para uma sessão de fotos do QUEEN. Aquele era o MEU visual.
Leia a entrevista na íntegra – em inglês – no site Detroit Rock Blog.
Fonte desta matéria (em inglês): Blog Detroit Rock

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