Henrique Vivi: Salve Ben Ami e leitores! Obrigado mesmo pelo feedback. Resumindo bem nossa trajetória – eu e o outro Henrique (Bertol) começamos a tocar juntos em 2001, como uma banda tributo, então tocávamos de tudo no rock. Depois de fincar o pé nas bandas de Thrash, fomos nos sentindo à vontade para compor. Entre alguns integrantes que tocaram conosco, em 2005 fixamos a formação atual, como um trio. A partir daí começamos a dar mais a cara a tapa, gravar demos e EPs, tocar muito em Curitiba e fora, gravamos um álbum em 2007 e trabalhamos duro pra fazer um som ainda melhor. Agora em 2011, mais que nunca estamos colhendo os frutos deste trabalho, e ainda há muito a se fazer!
Vivi: O bom de tocar com este trio é que temos uma mente aberta quanto a o que ouvimos e o que podemos usar como influências na hora de compor. Eu não ouço e não toco só Metal, assim como os outros dois também não; volta e meia a gente se envereda por diversos projetos musicais. Isso é legal no sentido de saber o que soa bem e ter várias cartas na manga na hora de fazer o Necropsya fugir dos clichês.
Vivi: Há também o lado ruim... A linha que divide o original do esquisito é tênue, especialmente no Heavy Metal, um estilo de música tão particular, então há de se fazer com cuidado. O que me influencia no Necropsya é uma pergunta difícil... Com certeza vai de Carcass à Seu Jorge!
Henrique Bertol: Realmente, a lista de influências é bem longa e abrangente, o desafio é fazer as composições soar da maneira “Necropsya” sempre, ou seja, porrada e direto.
Celso Costa: As influências que temos em comum são calcadas no Rock em geral, este sendo um gênero musical bastante extenso. Sempre ouvi muito Rock, mas em toda minha vida como ‘rocker’ tive um carinho especial por bandas como Pantera, Slayer e Sepultura. A música brasileira em geral também sempre fez parte da minha vida, e com certeza foi determinante para minha formação como músico.
Whiplash!: Em 2007 vocês estrearam com “Roars”. Mas, para o “Distorted”, vocês tinham algo diferente em mente e que quisessem por em prática? Assim como as canções do EP “Bandas Fora da Garagem”, parece claro que sua música está um pouco menos extrema...
Vivi: Verdade. Do “Roars” para cá pudemos modelar melhor nossa identidade sonora. A intenção no “Distorted”, desde sempre, foi fazer um álbum versátil com o que temos de melhor, e sem cansar o ouvinte com músicas parecidas entre si. Ficamos muito contentes com o resultado no tracklist. As músicas do EP “Bandas...” são as que tocávamos há muito tempo, em antigas formações da banda. Lógico, nós reformamos todas para soar como tocamos hoje, enfim... Pudemos lapidar bem antes de gravar. Talvez no próximo trabalho a gente queira soar mais extremo, só o tempo irá dizer!
Bertol: Creio que a maneira como esses álbuns soaram tem muito a ver com a estética e a situação do momento. Na época do “Roars” ouvíamos bastante som extremo e também estávamos reduzindo a formação da banda de quarteto para um trio; a coisa toda soava mais encorpada naquela ocasião, e escutando esse álbum hoje em dia, me soa quase Death Metal. Já no “Distorted” tínhamos a proposta de fazer um álbum bem mais abrangente, e isso exigiu certo pé no freio em relação ao peso dos arranjos, mas não encaro isso como uma tendência, só como uma vontade do momento mesmo.
Bertol: É verdade, essa faixa nasceu de forma bastante espontânea, é tão espontânea que ao vivo a gente costuma fazer uma sessão de improvisos no meio dela. È legal ver que ela tem repercutido bem e funcionado muito bem ao vivo também.
Celso: A “What The Hell?” Foi uma experimentação muito bacana e quando vimos, a música estava pronta! Particularmente, o que me deixa muito satisfeito é o fato de ela soar diferente, mas mesmo assim ter a cara do Necropsya. Algo que considero interessante do “Distorted” é essa variação de uma música pra outra, mas sem perdermos a nossa identidade.
Whiplash!: Qual a ideia por trás da concepção do projeto gráfico de “Distorted”? Há muitos detalhes, e algo tão ‘branco’ sempre gerará curiosidades em se tratando de Heavy Metal, certo?
Vivi: Com certeza. Queríamos um conceito muito ‘clean’ para a arte do CD, algo diferente dos tons escuros e imagens intimidantes. Talvez o fato de que queremos fugir dos clichês dentro do Thrash Metal refletiu também a arte do CD como um todo. Tivemos a sorte de trabalhar com um grande amigo, o Allan Deangeles, que captou a idéia e nos trouxe essa tremenda arte. Espero que o pessoal também goste!
Bertol: Tivemos uma idéia primária de fazer uma cidade sobreposta a uma onda sonora. Logo surgiu o conceito de que a cidade refletida numa espécie de espelho d’água formasse a onda sonora. Então veio mais uma idéia de fazer com que o reflexo da cidade estivesse diferente da imagem original, no caso, que estivesse destruído. Essa evolução do conceito foi bem rápida e natural, o Allan é um ótimo artista. No final das contas a capa ficou bem afinada com o conceito de distorção que a gente tinha imaginado na letra da música que dá nome ao álbum.
Celso: Foi um prazer trabalhar com alguém tão talentoso e competente quanto o Allan Deangeles. Ele é um profundo conhecedor de Rock, e isso facilitou nossa comunicação. Sobre o conceito gráfico do disco, ele é limpo e agressivo ao mesmo tempo. Aquele céu com um clima meio caótico, o reflexo dos prédios que formam a onda sonora refletem a distorção de tudo o que vivemos: sociedade, política, relações humanas e a necessidade que as pessoas têm de manter as aparências perante tudo isso. É uma arte em que você fica analisando por um bom tempo.
Whiplash!: Assim que lançaram “Distorted”, vocês saíram tocando pela região sul e Argentina. Como foi a repercussão entre ‘los hermanos’? Os argentinos construíram a reputação de serem muito emocionais durante as apresentações que ocorrem por lá...
Vivi: Putz, só de lembrar dá vontade de voltar o mais rápido possível para lá! Foi uma tremenda experiência, os nossos vizinhos são, com certeza, muito receptivos e hospitaleiros. Fomos muito bem tratados lá, o pessoal que viu o show também nos deu ótimo feedback e pudemos conhecer muita gente, fazer muitos bons contatos, os caras fazem umas rodas de pogo nervosas!
Celso: Os argentinos foram incríveis conosco. Eles têm uma grande admiração pela cultura brasileira, gostam muito de conversar. Para nós, foi uma experiência sem precedentes. Os shows foram intensos, e o underground de lá não difere muito do nosso, estamos todos no mesmo barco! Pretendemos voltar para lá o quanto antes, e também conhecer os demais países da América do Sul.
Whiplash!: Em 2010, o 1º Prêmio Ivo Rodrigues prestigiou vários nomes de Curitiba, e vocês foram agraciados como a melhor banda de Rock e Metal da região. Parabéns! Até onde este reconhecimento abriu novas portas para o Necropsya, em um círculo que tende a ser tão fechado como o Heavy Metal?
Vivi: Valeu mesmo! Olha, primeiro de tudo, o reconhecimento de ter sido nomeado e escolhido já nos deixa imensamente gratos à cena curitibana e a todos envolvidos no prêmio Ivo Rodrigues. Logo após este prêmio, tivemos nossas parcerias fechadas com os apoios artísticos, incluindo a BeWear Clothes que está fazendo as camisetas da banda, estúdio de ensaio Áudio Nose, escola de música Edi Tolloti, a KR Drums, a Hank Bier que fez uma cerveja comemorativa da banda, etc.
Vivi: Além disso, surgiram várias oportunidades do Necropsya mostrar sua música, muita gente está querendo nos conhecer aqui e fora do Brasil. Temos uma assessoria de imprensa trabalhando conosco – Metal Media Management – que tem feito um ótimo trabalho. A turnê na Argentina aconteceu, e tudo o que está rolando este ano é motivação para trabalharmos ainda mais e melhor.
Whiplash!: E os próximos passos para a divulgação de “Distorted”?
Vivi: Tocar muito! Precisamos dar a cara a tapa na divulgação, nos palcos e onde mais der. Pretendemos melhorar ainda mais nossas vias de comunicação, especialmente as onlines, além de levar nosso álbum novo para ser ouvido em tudo quanto é canto! Então, estamos já planejando uma nova turnê. Claro, como somos uma banda independente, é necessário planejar bem e executar as coisas com calma. Mas em 2011 ainda pretendemos alavancar nosso trabalho em várias maneiras!
Whiplash!: Cara, uma curiosidade final: vocês afirmam categoricamente que tocam Thrash Metal. Considerando a peculiaridade de sua proposta, esse rótulo não poderia limitar a compreensão de sua música e até mesmo a abrangência do público?
Vivi: (risos)... Boa pergunta! Veja, acredito que o nosso som esteja muito colado ao Thrash. Concordo que o rótulo, independente do estilo ‘Heavy Metal’, tende a limitar, mas creio que a intenção não seja limitar, mas sim dar ao ouvinte (especialmente o leigo) uma indicação, um norte, de onde nosso som vem.
Bertol: O Thrash sempre foi o que norteou nossa música, tanto por influência pessoal como por gosto mesmo. A gente tem muita influência de outros gêneros musicais, se algo não delimitar nosso som vai virar um ‘samba do crioulo doido’! Nós nos esforçamos para trazer uma uniformidade ao som do Necropsya, e calcar as nossas influências pessoais na estética do Thrash Metal ajuda muito Acho que esse paradoxo torna a nossa forma de Thrash Metal um tanto peculiar.
Celso: Consideramos o gênero Thrash Metal muito abrangente, mas conforme apresentamos nossos novos trabalhos, temos sentido mais dificuldade de as pessoas que nos acompanham em rotular nossa música.
Whiplash!: Ok pessoal! O Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte ao Necropsya. Fiquem a vontade para os comentários finais...
Bertol: Obrigado ao Whiplash! pelo espaço cedido e obrigado aos leitores e público pelo apoio e paciência. Não se esqueçam de conferir nosso som na internet!
Vivi: Para conhecer nosso trabalho, a melhor maneira é entrar em http://soundcloud.com/necropsya - há músicas do novo álbum e também do nosso EP. Nosso perfil de facebook é constantemente atualizado com fotos, vídeos e informações, além de respondermos sempre quaisquer dúvidas ou quem quiser encomendar nosso material – o link é http://tinyurl.com/3on49pb. Obrigado ao Whiplash! por ceder o espaço, e nos vemos em breve!
Celso: Temos trabalhado muito para divulgar o novo disco, e até o momento estamos felizes com o feedback de todos. Não podemos nos esquecer de agradecer nossos apoios artísticos, que são fundamentais para mantermos a crescente de nosso trabalho. Somos muito gratos ao público, aos veículos de comunicação que trabalham de forma séria e pelas bandas que se empenham para mostrar seu som. Tem muita música boa rolando por aí, a nossa torcida é que a música independente seja cada vez mais difundida e principalmente consumida (ir a shows, adquirir material das bandas) pelo nosso próprio público. Desejo todo o sucesso ao Whiplash! e deixo um grande abraço a todas as pessoas que nos apoiaram a continuar até os dias de hoje.
Necropsya é apoiado artisticamente por (em ordem alfabética):
- Audionose Estúdio de ensaios
- BeWear Camisetas
- Escola de Bateria Edi Tolotti
- Hank Bier
- KR Custom Drums
- Metal Media Management
- BeWear Camisetas
- Escola de Bateria Edi Tolotti
- Hank Bier
- KR Custom Drums
- Metal Media Management
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