4 de maio de 2011

Pink Dolls: entrevista com a banda paulistana


Integrantes experientes, visual chamativo e competência de sobra. Os paulistas do Pink Dolls estão arrebentando e a repercussão de seu som é mais do que merecida. Confira uma entrevista com a banda, conduzida pelo blog Van do Halen.
Antes, conheça o trabalho do Pink Dolls em:
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Roadrunner Records:

Email: contato@pinkdollsweb.com
Van do Halen: Primeiramente, gostaria que os integrantes apresentassem a banda.
Ti Glam: Sou Ti Glam, guitarra do Pink Dolls. A banda existe desde 2003. Conheci nosso vocalista Welder Shane no antigo bar de rock Black Jack. Ficamos amigos e ele me convidou pra entrar na banda. Depois de muitas mudanças de formação encontramos o T-Böne 8 através de um anúncio na internet. Alguns anos depois, conhecemos o Rikke Galla da mesma maneira.
Rikke Galla: Entrei na banda no começo de 2010, vinha de um tempo parado, pois o Broken Smile, uma banda grunge de Guarulhos que eu tocava, havia acabado. Então entrei em uma banda cover de Nirvanaapenas pra não ficar parado, mas sentia a necessidade de tocar em uma banda de som próprio, foi quando coloquei um anúncio no Cifraclub e acabei achando o Pink Dolls, eles me chamaram para um teste e acabou rolando. Apesar de estarem juntos e se conhecerem há bastante tempo, nos damos muito bem e me sinto bem a vontade na banda, era justamente o que eu procurava, estou ansioso para gravar meu primeiro trabalho com a banda.
T-Böne 8: Fui recrutado para o Pink Dolls em 2006, após ter tocado em diversas bandas desde 1993, e vi na rapaziada a mesma vontade de conquistar algo fazendo música. Após todo esse tempo, podemos afirmar sem demagogia que é a melhor e mais estável formação da banda. O Pink Dolls vem realizando inúmeros shows desde sua formação. Graças a Deus temos um público fiel que sempre acompanha a banda. Em 2009 lançamos nosso primeiro EP, chamado "Dirty Jewels", logo após lançarmos a primeira demo "Sleaze, Drunk & Rock n' Roll". Também gravamos um cover do Pretty Boy Floyd com aval do próprio Steve Summers. Também participamos de um documentário sobre o Hard Rock, junto com o Exxótica e o Bastardz. Além de várias entrevistas em revistas, blogs, rádios, sites, fanzines e canais de TV de internet, no Brasil e no exterior.
Van do Halen: A banda lançou, no final de 2009, um EP intitulado "Dirty Jewels". Como foi o processo de composição e gravação?
Ti Glam: Sempre estamos compondo, cada um apresenta para a banda suas idéias, e partir daí tentamos aproveitar o que tem de melhor. A gravação foi demorada pois bancamos tudo. Mas é muito bom estar no estúdio gravando, passando a madrugada. É uma overdose de música no melhor sentido, além do quê, alguns detalhes e mudanças acontecem nesse estágio do processo. Não vejo a hora de voltar para o estúdio e gravar.
T-Böne 8: Gravamos o EP com o produtor Henrique Baboom que também trabalhou com o Bastardz, Betty 57, Salário Mínimo, Richie Kotzen e Eric Martin. E tivemos na engenharia de som o Pardal Chimello, baixista do Anthares. Acredito que chegamos próximo ao que buscávamos em termos de timbres e mixagem. E uma coisa legal de citar é que contamos nas gravações com a participação de músicos de bandas de Hard, Thrash e Death Metal. Isso se deve ao respeito que nós estamos conseguindo frente aos outros seguimentos, apesar de termos "Bonecas Rosas" no nome da banda (risos).
Van do Halen: O primeiro EP da banda, "Dirty Jewels", foi gravado sem um baixista fixo. Como foi a experiência? Até que ponto a ausência de um integrante fixo ajudou ou atrapalhou o conjunto?
Ti Glam: Quem gravou o baixo foi o Kexo, guitarrista do Infamous Glory, banda de Death Metal, amigo meu de infância e ótimo baixista. Já havíamos tocado juntos desde adolescentes então acredito que já havia muita química. Mas realmente um baixista fixo, participando das composições faria diferença, ainda bem que encontramos o Rikke Galla. Ele se encaixou perfeitamente na banda.
Van do Halen: Vocês praticamente criaram um estilo para enquadrar o som da banda (RRR - Rock N' Roll Raw), tendo em vista a grande gama de influências do grupo. A diversidade de influências foi inserida de forma natural nas composições ou houve essa preocupação desde o início? E há uma preocupação para que, mesmo com tantas influências, as músicas permaneçam lineares?
Ti Glam: Todos da banda têm suas próprias influências. Ouvimos de tudo, gostamos de vários estilos diferentes, mas nunca pensamos em nos rotular num estilo único. Veja bandas como o Faith No More, não tem como rotular o som deles, e isso que faz com que você alcance o público pela música e não pelo estilo.
Rikke Galla: Isso acontece naturalmente, apesar de todos nós gostarmos de Sleaze e Hard Rock, cada um traz um pouco de suas influências para o som da banda. Falando por mim, eu curto bastante Grunge, um lance meio pesado e sujo, e dentro do Hard Rock, curto aquele lance meio cowboy. Aquele com vertentes no country. Ouço muito, caras como Garth Brooks e Alan Jackson, acho essa fusão incrível. O Böne eu sei que curte algo mais pesado, já o Ti e o Shane curtem bastante Sleaze, então na hora de compor cada um se guia por esse norte, e depois que sentamos juntos no estúdio, mudamos ou acrescentamos algo pra enquadrar o som mais ao estilo da banda como um todo, mas sem perder a identidade daquilo que foi feito no inicio. Quanto à linearidade das músicas, isso se deve ao fato do vocal do Shane, segundo o jornalista Ricardo Batalha na resenha que ele fez do EP "Dirty Jewels". Concordo com isso, pois por mais que busquemos um instrumental com outra pegada, o vocal dele coloca as coisas nos eixos novamente, sendo assim, temos total liberdade para trabalhar no instrumental das músicas sem nos preocuparmos quanto a isso.
T-Böne 8: Na verdade nossa única preocupação na hora de compor é não nos sentirmos presos a uma fórmula ou estilo. E apesar das pessoas nos rotularem como uma banda de Sleaze Glam e acredito que seja por causa do vocal do Shane, a gente tenta criar algo novo dentro desse estilo que, em minha opinião, num geral é bem simplório. Não pretendemos ser "apenas mais um", queremos ter esse diferencial. No nosso som você encontra influência de tudo, Thrash, Punk, Gótico, Hard Rock, mas admito que temos uma raiz dentro do Sleaze Glam. Afinal, nossas primeiras influências quando a banda foi formada vieram de bandas como Pretty Boy Floyd, Shameless, Peppermint Creeps e Big Bang Babies. Mas o legal nisso tudo é que todos têm a mente aberta e ouvimos de tudo e também nos damos a liberdade de experimentar criando algo novo.
Van do Halen: Como está a banda atualmente? Há planos para o futuro? Qual deles está mais próximo de se concretizar?
Ti Glam: Finalizar nossas composições, gravar nosso álbum, gravar o videoclipe, divulgar nosso trabalho em todo lugar, arranjar uma tour pelo exterior, conquistar novos fãs.
Rikke Galla: Há planos para um videoclipe e um projeto paralelo envolvendo os membros da banda, além da gravação de um full-length. Acredito que o projeto paralelo sairá primeiro, se realmente acontecer, mas as composições para o novo cd estão bem encaminhadas e acredito que logo entraremos em estúdio.
T-Böne 8: Além disso tudo a gente tem a intenção de dar o primeiro passo no sentido de organizar mais as coisas entre as bandas. Penso que seria importante que as bandas se unissem e buscassem novas alternativas em termos de oportunidades. Em relação ao nosso novo CD, teremos a participação do guitarrista Kristy Krash Majors do Pretty Boy Floyd. Temos novos projetos musicais pintando por aí. Em breve daremos as novidades.
Van do Halen: Apesar de produzirem o próprio som, acredito que vocês também sejam platéia e estejam atentos ás bandas de Rock que aparecem. O que vocês acham sobre a cena musical na região em que vocês residem e no Brasil como um todo?
Ti Glam: Existe uma cena bem forte em São Paulo para o Rock n’ Roll em geral, como disse acima, por não estarmos em nenhum rótulo de estilo podemos transitar pelos diversos cenários e isso ajuda a banda criar uma solidez. Mas existe público, casas, promotores, canais de comunicação, a batalha mesmo é de cada banda se ajudar e se infiltrar nesses meios.
Rikke Galla: Isso é algo complicado. Existem bandas muito boas que dão a cara à tapa por aí fazendo seu som, mas devido a falta de incentivo por parte do público e de casas em geral, gera uma desestimulação, ter banda independente é mais perder do que ganhar, tem que gostar mesmo do que faz. Sendo assim, o pessoal tem mais vontade de fazer uma banda cover do que escrever suas próprias músicas, pelo fato de terem mais espaço e as pessoas darem mais valor. Eu não tenho nada contra bandas covers, toco em uma até, e seria hipocrisia da minha parte sair metendo o pau, acredito que o maior problema quanto a cena se deva a mentalidade das pessoas e das casas, que dão mais valor a um cover do que alguem que propõe algo novo, sei que nenhuma banda já começa com um repertório próprio pra duas horas de show, e os covers são naturais, o problema é ficar a vida inteira naquilo. Tá na hora de tirar a bandana e a cartola da cabeça e tentar fazer algo seu, e não se esconder sobre a sombra de alguém pra sempre.
Procuramos sempre em nossas redes sociais, interagir e indicar bandas novas que descobrimos e curtimos, já são poucas as que realmente se preocupam em fazer o próprio som, se rolar ciúme então, aí fode tudo. Por isso, respeitamos e ajudamos a divulgar na medida do possível outras bandas, o legal é que elas têm a mesma mentalidade, e é assim que tem que ser. Como diz o Böne, "uma cena forte é uma cena unida", e infelizmente não rola fazer um festival só com essas bandas pela falta de apoio do público e dos bares, é necessário uma reeducação do público e das casas, mas isso já é outro assunto.
T- Böne 8: Cara, essa pergunta é difícil, pois eu sempre acho que há muito para melhorar em termos de cenário. Sou um profundo conhecedor do cenário nacional, independente do estilo, pois sou verdadeiro fã do rock e do metal que sempre existiu no Brasil. Mas infelizmente, temos sempre vivido no underground, sem muito apoio, suando a camisa mesmo. O que me entristece é o analfabetismo musical que permeia a cultura do povo e também a cretinice por parte da maioria dos bares, que tem a pachorra de pedir jabá para, por exemplo, te colocar como banda de abertura de algum gringo. Ou então fecham a porta na sua cara pelo fato de você fazer suas próprias músicas. Parafraseando o Tiririca: "Pior que tá num fica".
Van do Halen: Como é a relação do Pink Dolls com a Internet? Vocês acreditam que seja uma ferramenta poderosa para os músicos independentes ou preferem o "modo antigo"?
Ti Glam: A internet é uma ferramenta muito poderosa sim. Alcançamos países como Austrália, Canadá, EUA, México e Chile graças à Internet, estamos sempre envolvidos nas redes sociais e distribuindo nosso trabalho para todos os meios online, sites, rádios, blogs. Vendemos muitos cds e camisetas dessa maneira e acho isso maravilhoso. Mas posso lhe dizer que ir aos correios e enviar camiseta e CD para a Austrália é um "modo antigo" muito prazeroso (risos).
Rikke Galla: É uma ferramente incrível para músicos independentes caso bem utilizada, como já citado na pergunta anterior, permite uma interação com bandas que compartilham do mesmo estilo e do mesmo pensamento, além de ser uma boa rede de contatos, conseguimos colocar a música "Sleaze, Drunk & Rock n' Roll" em rádios gringas graças ao Twittter, pessoas de países como Austrália, Chile e Canadá entram em contato através das redes sociais para adquirir CDs e camisetas, e por aí vai.
Mas existem os contras também. Qualquer coisa pode ser compartilhada na rede, sem filtro nenhum, então a gente vê muita coisa ruim por aí, o que pode fazer alguém perder o interesse em procurar algo novo generalizando com aquilo que ouviu de primeira, mas isso é o de menos, o que eu acho também que é um tiro pela culatra é a facilidade de divulgação, o que a torna maciça, no meu perfil do Orkut, por exemplo, as vezes deixo de responder recados direcionados exclusivamente a mim pelo fato deles estarem perdidos no meio de tanta propaganda, acho que isso irrita um pouco. Ás vezes a banda é muito boa, mas você acaba pegando raiva de tanto ver a mesma coisa nos seus recados todo dia e nem para para escutar o som.
Eu sou meio saudosista, embora sei que isso nunca mais vai acontecer, achava bacana aquele lance do engravatado da gravadora ir até os pubs e bares procurando bandas.
T-Böne 8: Antigo ou moderno, o importante é que hoje temos esse monstro maravilhoso chamado Internet, pra fazermos nossa parte em termo de divulgação. Quando olho para trás e lembro da época que eu trocava fitas pelo correio para conhecer algo novo, fico pasmo. Tinha que aguardar uns dois anos após os discos serem lançados lá fora para adquirí-los. A evolução foi assustadora, mas também muito bem vinda. Mas ao mesmo tempo há algo que me assusta. Lembrar que as bandas de antigamente não tinham essa ferramenta em mãos, mas mesmo assim, eram muito mais respeitadas e deixavam seu nome na história, coisa que hoje, tendo essa alternativa, só valoriza-se o genérico, mais conhecido como Cover Bands. Nada contra, apenas acho injusto.
Van do Halen: Obrigado pela entrevista. Que mensagem vocês gostariam de deixar para os leitores e fãs?
Ti Glam: Vida longa ao Rock n' Roll e não deixem de conferir as novidades do Pink Dolls!
Rikke Galla: Gostaria de agradecer o apoio, pois não é fácil manter uma banda independente, e isso é fundamental para sempre continuarmos seguindo em frente.
T-Böne 8: Muito obrigado pelo espaço que nos foi possibilitado. Um recado que deixo pra galera, é para que todos busquem valorizar um trabalho autoral. Conheçam novas bandas, há muita coisa boa a ser garimpada. Acredito que o Rock e o Metal Nacional não perde em nada pros gringos. E a mulecada que está começando a tocar, a pegar aula musical, acreditem no seu talento, e "criem" sua arte. Pode ter certeza que se o sucesso não vier, com certeza sempre haverá alguém que valorizará a sua criação. E isso não tem preço!
Matéria original: Blog Van do Halen

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