“Tá comercial demais esse negócio, pasteurizado”
“IVETE SANGALO? CLÁUDIA LEITE? E ainda têm a cara de pau de chamar de Rock in Rio?”
“IVETE SANGALO? CLÁUDIA LEITE? E ainda têm a cara de pau de chamar de Rock in Rio?”
E dessas mesmas bocas, saem alguns comentários que, ao meu ver, são apenas a outra face da moeda acima citada.
“MOTÖRHEAD deu uma aula de Rock, sem enrolação, sem frufru”.
O que é novo está morno, salvo uma ou outra excessão. O GLORIA, por exemplo, é uma boa banda, mas mingua ao dividir espaço com aqueles que originalmente fazem o som que eles fazem. O MATANZA, outra banda muito competente, viu as bandas glorificadas oferecerem ao público tudo aquilo que eles têm para oferecer em sua forma original, à excessão da língua. Olha que esses são os melhores, pois acho que nem preciso mais gastar palavras para caracterizar o movimento indie e neo-regionalista. Ao menos, no segundo caso, a matriz original estava lá, o NAÇÃO ZUMBI, mesmo que numa parceria ao meu ver bastante inoportuna.
O público ficou em chamas, a grandiosidade da audiência espantava cada um dos músicos que subia no tablado. Público este sedento por Rock, não resta a menor sombra de dúvida. Então, o que está acontecendo? Se o Rock realmente estivesse morrendo, estas pessoas não estariam fazendo o que fazem, este público não estaria agindo com tem agido. Mesmo que os quarentões, cinquentões e até os 64 anos de LEMMY KILMISTER tenham sido as atrações principais (de rock, naturalmente), o público jovem expressou com toda sua força a sede de rolar na pedra.
Alex Ross, em seu mais novo livro, faz uma interessante comparação entre as fases da música erudita/clássica e o jazz, como que insinuando o destino de todos os estilos que marcaram uma era e ensinaram uma geração a se perder na música. Basicamente, uma dialética artística, onde a revolução inicial se transforma em solenidade, esta se tornando esnobe e sendo combatida por uma contra-cultura, esta contra-cultura sendo combatida por um resgate ao estado originário, por sua vez seguido de uma limitação criativa. Limitação esta não relativa à criatividade individual do músico, mas às possibilidades de originalidade dentro do estilo. Em suma, seu argumento é: “Ao fim, toda música se torna clássica”.
Se comparássemos este modelo ao Rock, eu diria que estamos numa fase onde as pessoas têm pouca paciência para invenções de moda, para os rebentos mais recentes da sua evolução estilística. Old school é a palavra de ordem, ao ponto do estilo vigente na mídia ter como pressuposto estético o retorno aos “tempos de ouro”. Não há horizonte revolucionário, a atitude revolucionária do Rock tem como seus ícones coroas da idade de nossos pais. Emula-se a rebeldia e ruptura de outras guerras, de outras revoluções. Diz-se que falta “atitude” nos rockeiros atuais, e vangloria-se esta mesma “atitude” naqueles que fazem o que já foi feito, naqueles que se privam de mudar as coisas e botam o pé no chão, ou melhor, no chão dos anos 60, 70, 80. O público é sincero, e a energia que eles buscam no Rock é uma energia que, agora, só conseguem enxergar no passado. Não adianta criticar esta postura, pois não é derivada de nenhuma falta de caráter, investimento ou talento artísco.
Ainda há milhões de corações e ouvidos junto ao Rock’n Roll, mas há pouco a se fazer por sua evolução. Ele não está morrendo, de forma alguma. Está apenas se tornando clássico.
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