4 de agosto de 2011

MTV: fazendo 30 anos com poucos motivos para festa


A Mtv americana fez 30 anos ontem e parece que ninguém soprou velinhas. Principalmente porque nos últimos anos, a aniversariante perdeu seu papel de relevância quando resolveu de vez se entregar à onda de realitys e séries, esquecendo um pouco o motivo do seu nome.
A mudança de postura da matriz se refletiu aqui no Brasil. Se na década de 90 a emissora paulistana ganhou plena identificação com uma geração que hoje passa dos 30, o efêmero virou a marca maior da Music Television.
Manteve, com alta qualidade, a postura politicamente correta de apontar para seu próprio umbigo (já que fala para um nicho muito particular) a responsabilidade de falar de política, aids e comportamento social, com alguma elegância, conhecimento e inteligência. Suas iniciativas merecem louvor. Os efeitos só o tempo irá dizer.
Engolida pelo Youtube há quase 5 anos e ‘esquecida’ por sua tentativa suicída de ser mais do que pode, a Mtv mundial vive um momento de ostracismo, muito longe da contribuição fundamental ao levar a imagem de ídolos aos fanáticos seguidores. Ao menos aqui no Brasil, que há 30 anos não era rota de passagem de alguns artistas de calibre, só o fato de assistí-los em video-clip, servia de alento. O desconhecimento da face de alguns músicos gerava lendas urbanas inacreditáveis nos bate-papos dos amantes das músicas. Tinha cada coisa…
Ver uma banda dublando uma canção era tão importante quanto a própria canção. As revistas no Brasil chegavam com muitos meses de atraso e quem não fosse ao exterior dificilmente saberia das ‘últimas’ de seu artista favorita. A literatura musical no Brasil resumia-se ao movimento de Bossa Nova ou mesmo a Tropicália. O rock era renegado ao lugar de maldito (que ele mesmo fez questão de cultivar) e ninguém conhecia a história de cantores, músicos, discos, gravadoras, produtores e etc.
Aqui no Brasil, embora não tenha sido a primeira (tínhamos os programas Fm TV, na Manchete e o Clip Clip, na Globo), o canal consolidou o poder de bandas como Guns N´Roses, Faith No More, Bon Jovi e Aerosmith; acostumou os novos ouvidos ao formato Acústico Mtv (de muito sucesso já nos EUA), fez grandes reportagens e entrevistas (as de Renato Russo e Axl Rose são históricas) e levou-nos a conhecer figuras mitológicas como Luiz Thunderbird, Fábio Massari, Gastão, Penélope Nova, Astrid, Chris Nicklas, Soninha e tantos outros.
O rock perdeu seu espaço. A medida que o movimento no Brasil perdeu seus maiores representantes, o espaço foi diluído e impregnado de gordura. Vieram os movimentos. Se tudo ficou um pouco mais democrático (porque afinal de contas todo mundo merece um espaço), todo mundo ganhou status de estrela. Um ledo engano. Movimentos e modas passam e essa volatilidade levou a emissora a mesclar sua programação com “de tudo um pouco”. Os vjs mais legais e inteligentes deram lugar a rostos bonitos e desinformados, para alegria dos soldados alistados na ditadura da beleza. Música que é bom, neca.
Para não ficar apenas na crítica, fica a esperança de que nos próximos 30 anos, tanto a daqui como a de lá, tenhm fôlego suficiente para mudar um pouco as nossas vidas, como fizeram no passado.
twitter do blog: @aliterasom

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