22 de março de 2011

Crest - Axel Rudi Pell

Embora possua um currículo de muita consistência, o guitarrista alemão AXEL RUDI PELL nunca conquistou o verdadeiro prestígio da crítica e do público. Em seu mais recente disco, intitulado “The Crest”, os motivos desse ostracismo se mostram mais do que evidentes. Por mais que busque uma aproximação diferenciada com o hard rock, a empreitada do compositor germânico continua apontando para o que o metal melódico possui de mais cansativo e repetitivo. A consequência é que as músicas rasas se sobrepõem às poucas faixas que conseguem se destacar no álbum.



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Na metade da década de oitenta, AXEL RUDI PELL conquistou certa notoriedade como músico do STEELER, grupo que o guitarrista abandonou quatro anos depois para iniciar a sua carreira independente. O alemão, considerado por muitos como um dos melhores guitarristas da sua geração (e consequentemente do seu país), chega ao décimo quarto disco de uma carreira extremamente produtiva. Porém, essa não é uma empreitada dedicada à música instrumental, mais ou menos como o sueco YNGWIE MALMSTEEN conquistou o seu prestígio ao redor do mundo. Pelo contrário. O artista germânico é acompanhado aqui por uma banda coesa e muito técnica – John Gioeli (vocal, HARDLINE), Volker Krawczak (baixo), Ferdy Doernberg (teclado) e o conhecidíssimo Mike Terrana (bateria, TARJA e ex-RAGE). Entretanto, a excelência técnica dos envolvidos não se reverte obrigatoriamente em um ótimo álbum.
Não há dúvidas de que “The Crest” comete poucos pecados. No entanto, o repertório construído (e produzido) por AXEL RUDI PELL está muito distante de ser o mais indicado, sobretudo para um quarteto de exposição internacional e que investe as suas fichas no que o metal apresenta de mais tradicional e de mais melódico. Em quase uma hora de música, são poucas (ou pouquíssimas) as faixas que verdadeiramente se destacam na obra. De um lado, a impressão que “The Crest” deixa é de que o guitarrista alemão poderia buscar uma sequência de composições mais inspiradoras dentro do gênero. De outro, a ausência de impacto sonora é nítida e compromete qualquer ambição mais comercial de AXEL RUDI PELL. O álbum deve agradar somente os fãs mais insistentes – e pouco críticos – do metal melódico tipicamente germânico.
A faixa de abertura – intitulada “Too Late” – é precedida pela curta e introdutória “Prelude of Doom”. De certo modo, essa composição pode ser apontada como um dos destaques do disco, praticamente por unir as principais virtudes de “The Crest” de uma vez só. Os arranjos de guitarra são diferenciados e podem ser mencionados como uma qualidade à parte (e presente no restante do álbum). As bases de teclado se contrapõem à crueza da voz de Gioeli. Por mais que se encontre com facilidade os pontos positivos da banda, as músicas carecem de arranjos mais inspirados e variações rítmicas. Na sequência, “Devil Zone” e, principalmente “Prisoner of Love”, mostram grandes ideias, mas que precisariam ser mais bem lapidadas para um resultado verdadeiramente satisfatório. As faixas de “The Crest” são monótonas e certamente não resistirão ao tempo.
Embora mostre diversas características interessantes quando une o metal melódico às influências do hard rock – “Prisoner of Love” pode ser justamente apontada a melhor faixa do álbum por isso – o repertório de “The Crest” perde o pouco do seu brilho quando exagera em sonoridades extremamente básicas para o gênero. De um lado, “Dreaming Dead” é demasiadamente reta e não deve impressionar ninguém. De outro, a balada “Glory Night” não comete nenhum deslize, mas está longe de empolgar – até mesmo os menos exigentes. Por outro lado, “Dark Waves of the Sea (Oceans Pt. II The Dark Side)” – com exatos oito minutos – é a primeira faixa a mais densa e complexa do álbum. No entanto, ela se destaca somente (e obviamente) pelos ótimos solos assinados por AXEL RUDI PELL.
Não há dúvidas de que “The Crest” carece de músicas capazes de resumir a obra de AXEL RUDI PELL em faixas de impacto mais imediato. Em razão disso, a sequência final do disco passa em branco sem chamar a atenção de ninguém. De um lado, “Burning Rain” é reta demais e evidencia novamente a ausência de criatividade. A instrumental (e clássica) “Noblesse Oblige (Opus #5 Adagio Contabile)” pode até cair no gosto de quem estuda guitarra. De outro (e por fim), “The End of Our Time” conta com uma intensidade acima da média, sobretudo nas melodias entoadas por John Gioeli. O resultado – mais uma vez – não foge do senso comum que cerca “The Crest” do seu início ao seu fim.
O resultado de “The Crest” pode ser interpretado por dois caminhos. O primeiro aponta para um disco coeso e bem executado. O segundo evidencia a ausência de criatividade e de ousadia, duas características extremamente importantes para as bandas que ainda insistem no metal melódico – gênero que já se encontra esgotado por fórmulas repetidas imensamente. A dicotomia avaliativa do mais recente álbum de AXEL RUDI PELL deve dividir inclusive opiniões e mostrar o porquê da sua carreira ainda não possuir uma abrangência mundial. Não é só com músicos competentes que se constroi um excelente álbum.
Track-list:
01. Prelude of Doom (Intro)
02. Too Late
03. Devil Zone
04. Prisoner of Love
05. Dreaming Dead
06. Glory Night
07. Dark Waves of the Sea (Oceans Pt. II The Dark Side)
08. Burning Rain
09. Noblesse Oblige (Opus #5 Adagio Contabile)
10. The End of Our Time

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