O critério objetivo escolhido foi o número de canções de Berry que ganharam versões de outros artistas reconhecidamente importantes. Quando pensamos em Rock, nos vêm de imediato à cabeça nomes comoElvis Presley nos anos 1950, The Beatles e Rolling Stones nos 60, Led Zeppelin e Deep Purple nos 70. E o que todos esses artistas têm em comum: todos são declaradamente influenciados por Chuck Berry.
Isso fica ainda mais claro quando pesquisamos que todos esses artistas, em algum momento da carreira, regravaram músicas de Berry.
Elvis apareceu como o artista que deveria tirar o Rock dos becos e levá-lo ao público branco em geral. Antes de Elvis, o Rock era encarado como uma música essencialmente negra. Presley começou a aparecer tocando versões de músicos negros como Little Richards, Fat Domino e, obviamente, Chuck Berry. Apesar de não ter gravado nenhuma versão de Berry nos seus primeiros discos, era comum que o “Rei do Rock” executasse canções como “Brown Eyed Handsome Man” e “Johnny B. Goode”. Já no final de carreira, no “Aloha From Hawaii”, Elvis transmitiu o maior clássico de Berry para todo o mundo, através da primeira transmissão via satélite da história. Outros astros do “rock branco” dos anos 50 também regravaram canções de Berry, como Buddy Holly, Jerry Lee Lewis e Roy Orbison.
Os anos 60 foram marcados pela “invasão britânica” no Rock. Mas as influências dos ingleses vinham de “além-mar”, mas especificamente de St. Louis. Bandas como The Animals, The Kinks, The Yardbirds, TheBeatles e The Rolling Stones gravaram canções de Berry em seus discos. Essa influencia fez com que o músico americano lançasse, em 1964, um disco chamado “St. Louis to Liverpool”, em alusão ao sucesso de suas composições no velho continente.
Os Beatles eram os britânicos que mais colocaram Chuck Berry no pedestal dos ícones do Rock. Além de gravarem “Roll Over Beethoven” e “Rock and Roll Music” logo nos seus primeiros discos, músicas como “Carol”, “I’m Talking About You”, “Little Quennie”, “Memphis, Tennessee” e “Sweet Little Sixteen” apareciam com muita freqüência nas apresentações ao vivo da banda, e são facilmente encontradas nas compilações de raridades do quarteto de Liverpool.
Mesmo com o fim da banda, em 1970, Lennon e McCartney continuaram demonstrando sua admiração por Berry. Em seu penúltimo disco, “Rock ‘n’ Roll”, de 1975, John fez uma homenagem aos seus ídolos e adivinha qual foi o único compositor que teve duas canções regravadas? Acertou, Chuck Berry! Ele fez versões de “You Can't Catch Me” e “Sweet Little Sixteen”.
Paul fez o mesmo que John, em 1999, no álbum “Run Devil Run”, que continha algumas composições do ex-Beatles inspiradas no Rock dos anos 50, além de um punhado de covers da época, dentre elas “Brown Eyed Handsome Man”, de Berry. Nesse disco, McCartney teve a ajuda de grandes admiradores de Berry: David Gilmour (Pink Floyd) e Ian Paice (Deep Purple).
Outra grande banda da invasão britânica, os Stones, também executavam canções de Berry em suas apresentações, tais quais “Around Around”, “Down The Road Apiece” (lançada no disco “No. 2”, de 1965), “Let It Rock”, “Carol” e “Little Quennie”, essas duas últimas ficaram registradas em um dos mais memoráveis discos ao vivo da história, o “Get Yer Ya-Ya’s Out”, de 1970.
Para encerrar as bandas dos anos 60, não podemos esquecer do Yardbirds, banda que contou guitarristas como Eric Clapton, Jimmy Page e Jeff Beck. Em seu primeiro disco, ainda com Clapton nas guitarras, eles regravaram “Too Much Monkey Business”. Quando Clapton e Beck, já faziam parte do passado, Page idealizava o “New Yardbirds”, que com a entrada de Robert Plant e John Bonham, acabaria virando o Led Zeppelin.
Se você acha que Zeppelin não tinha muito a ver com Chuck Berry, está muito enganado. Nas sessões das gravações dos primeiros discos do Led, a banda registrou algumas versões de canções de Berry, como: “Around Around”, “Reelin’ and Rockin’” e “Shools Days”. Essas versões podem ser encontradas na compilação de raridades da banda, lançada como bootleg, chamada “Cabala”, especificamente no volume 6.
Em fins dos anos 60 e começo dos 70, além do Zep, algumas outras bandas regravaram Chuck Berry como Mountain, Ten Years After, The Doors, e o grande Jimi Hendrix, que não poupava elogios ao seu conterrâneo precursor do Rock. Até mesmo bandas como o MC5, consideradas ovelhas-negras do rock da época, gravaram Berry (MC5 é considerado, junto com os Stooges, precursores do punk).
Outra combinação que não tão evidente do som de Chuck Berry com o som feito nos anos 70 (mais especificamente o hard rock de meados da década) é o AC/DC. Talvez um ouvinte mais desarpecebido não encontre ligação entre o som desses artistas, mas só a atitude do principal guitarrista dessa banda nos remete a presença de palco de Berry. As dancinhas feitas por Angus Young são declaradamente inspiradas no “Duck Walk” de Chuck, mas as influências não ficam só nisso. No primeiro disco do AC/DC (lançado na Austrália, em 1975, como “TNT”), há uma música de Berry, que os mais desavisados nem perceberiam que se trata de um cover. Estou falando de “School Days”, que é impressionantemente parecida com o estilo de músicas feito pela banda durante todos esses anos. “School Days” poderia ter sido creditada a Young se já não fosse um grande sucesso de Berry. O mérito de Young foi colocar distorção nos riffs de Berry e seguir essa linha durante toda a sua carreira.
O AC/DC é a prova da importância de Chuck Berry para a história do Rock ‘n’ Roll. De Elvis a MC5, passando por Beatles e Led Zeppelin, todos têm um quê de Berry em seu som.
Vitor Bemvindo
MOFODEU
O Programa que tira o MOFO do ROCK
Gostei do que vi por aqui! Fizemos uma versão de Johnny B. Goode em rítmo de maracatu. Se puder dê uma conferida: http://absintomuitorock.blogspot.com
ResponderExcluirum forte abraço! O ROCK PREVALECE!