31 de maio de 2010

Heaven and Hell, do Black Sabbath, completa 30 anos

Álbum marcou a reinvenção da banda, que rumou definitivamente para o heavy metal

Em crise após a saída do carismático Ozzy Osbourne, o Black Sabbath deixava dúvidas se conseguiria voltar ao topo do rock ‘n’ roll em 1979. Mas a entrada do cantor americano Ronnie James Dio trouxe uma sonoridade moderna e diferente ao grupo britânico, agora com uma nova postura no cenário musical.

Trinta anos depois do lançamento de Heaven and Hell, o primeiro disco da nova formação (com Dio, o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward), a banda não tem muito o que comemorar: ainda está de luto pela morte de Dio, que sucumbiu a um câncer de estômago no dia 16, aos 67 anos.

Tristeza à parte, Heaven and Hell conquistou novos fãs e levou o Sabbath do heavy rock cadenciado mostrado nos tempos de Ozzy Osbourne ao metal rápido e direto, que crescia com o movimento NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal – Nova Onda do Heavy Metal Britânico) e grupos como Judas Priest, Motörhead, Saxon, Iron Maiden e Def Leppard.

Depois de se consagrar no Rainbow, que o tornou famoso no cenário rock, Dio alterou um pouco a temática do Black Sabbath, trazendo mais fantasia às letras, que também se tornaram mais diretas e explicativas.

A primeira música, Neon Knights, já mostra logo a cara do novo Black Sabbath. São quase quatro minutos sustentados na mesma base, rápida e concentrada nos riffs e solos do guitarrista Tony Iommi, além do próprio Dio, interpretando cada trecho da letra como se cantasse uma ópera.

Tal característica aparece na cadenciada faixa título, o maior clássico dessa formação. O dualismo presente na canção sintetizou a obra do Sabbath com Dio: o início lento e o final rápido, o contraste céu/inferno, a guitarra viajante e a cozinha baixo/bateria repetitiva. Ao vivo, a música se desenvolveria ainda mais.


O resto do disco se mantém em alto nível, principalmente em Die Young, com muito teclado (sem tirar o peso e a velocidade), Lonely is the Word, na qual Dio volta a ser destaque na interpretação das letras, e a quase balada Children of the Sea, primeira faixa composta pela nova formação.

Depois da passagem pelo Black Sabbath, Dio seguiria em carreira solo com uma sonoridade parecida à de Heaven and Hell, que virou referência de seu trabalho e um favorito dos fãs de heavy metal, estilo que atingiria seu topo alguns anos depois.

Órfão

É impossível ir a um show de heavy metal e não ver alguém fazendo o sinal dos chifres, apenas com os dedos indicador e mínimo levantados – uma reverência freqüente a quem está no palco. O simples gesto virou um dos maiores símbolos de gerações que, nos últimos 30 anos, se acostumou a louvar seus ídolos como deuses – ou diabos.

Se essa se tornou uma das principais identificações visuais do heavy metal, muito se deve a Ronnie James Dio, responsável pela popularização dos chifres, que ocorreu justamente nos tempos de Black Sabbath.

Mas o gesto ainda é pouco para explicar por que o estilo musical dependia tanto de Dio, morto aos 67 anos após lutar contra um câncer diagnosticado no ano passado.

Além da rica trajetória, com passagens marcantes por três bandas clássicas (Rainbow, Sabbath e o próprio Dio), Ronald James Padavona elaborou histórias de fantasia repletas de dragões, fadas, bruxas, céu e inferno. Esse apego literário ajudou a tirar o heavy metal do underground e mostrou que os cabeludos também podiam pensar.

Levado mais a sério, o metal expandiu seus horizontes - Dio, por exemplo, se aventuraria em temas mais políticos a partir da década de 1990.

O estilo agora está órfão de um de seus alicerces e dependerá ainda mais de velhos medalhões, como os Iron Maiden, Judas Priest, Motorhead e Ozzy Osbourne, para manter o vivo o interesse das novas gerações pelo heavy metal, até porque este enfrenta dificuldades de renovação.


Fonte:R7.com

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