Grupo fechou a turnê brasileira Cocked, Locked, Ready to Rock para 38 mil pessoas
Existem dois Aerosmiths. Um formado por senhores que beiram os 60 anos, um vocalista que traja sobretudo de lantejoulas e calça de zebrinha e que recheiam o show com músicas de mais de três décadas atrás. E outro Aerosmith que consegue fazer aos 40 anos de grupo um estádio inteiro cantar durante duas horas seguidas cada uma das 19 músicas do repertório. As 38 mil pessoas que lotaram o Parque Antárctica, na zona oeste de São Paulo, neste sábado (29), no segundo e último show brasileiro da turnê Cocked, Locked, Ready to Rock, elegeram por esmagadora maioria o segundo.
Tanto que o conjunto norte-americano não precisou economizar sucessos – mudou algumas músicas do repertório do show que realizou na quinta-feira (27), em Porto Alegre, e ainda assim deixou o palco após 120 minutos sob a impressão de que caberia com folga mais uma volta do ponteiro pequeno do relógio na apresentação.
Jogavam contra o Aerosmith os preços salgados dos ingressos (entre R$ 150 e R$ 500), todo o pacote que envolve o programa (estacionamento no shopping ao lado do estádio cobrava R$ 120 por veículo) e o fato de a banda ter tocado no Brasil há apenas três anos.
Além disso, a situação dos músicos nos bastidores não passava perto da ideal. No ano passado, o vocalista Steven Tyler passou período internado para se livrar de dependência de analgésicos e o grupo cogitou chamar um substituto. No palco não houve pálida sombra de ressentimento.
O grupo traça, assim, a equação perfeita de sucesso – amparado em boas e grudentas composições, dá de ombros para os problemas fora do palco, onde, ao subir, entrega exatamente o que o público quer.
Foi assim, com cinco minutos de atraso em relação às 21h30 prometidas para o início do show, que a enorme bandeira com o nome da banda desceu e eles tocaram o primeiro hit da noite, Eat the Rich, do disco Get a Grip, de 1993.
Nessa primeira canção do show, a fórmula que o grupo desenhou para o pop do final dos 1980 em diante – refrão, refrão, um pouco de canção e tome refrão.
Esse período da carreira foi mais prestigiado no show. Apesar disso, músicas das quatro décadas compuseram o repertório. Pulam de 1976 (Back in the Saddle) para 1989 (Love in Elevator) e para 1997 (Falling in Love) na sequência sem que a apresentação vire um Frankenstein.
Antes da baladona Crying, o vocalista Steven Tyler caça um sutiã jogado por uma fã no palco e pendura no microfone do guitarrista Joe Perry – os dois egos gigantescos que duelam pelos holofotes. Mas durante o show (mais uma vez a lição de palco) se abraçam e ao final o vocalista elogia o guitarrista que devolve a seda rasgada conclamando-o “melhor do planeta”.
Perry ainda convoca um tradutor e duela com ele próprio em versão game Guitar Hero no telão antes de tocar Stop Messing Around.
E após uma hora e 50 minutos o grupo tem fôlego pra voltar para o bis e encerrar com a famosa Walk This Way e a nem tanto para as rádios (mas das preferidas dos fãs) Toys in the Attic.
Dá até vontade de comprar uma camiseta de recordação. Mas os R$ 70 pedidos pela peça oficial são um tapa da realidade de volta.
Repertório
Eat the Rich
Back in the Saddle
Love in Elevator
Falling in Love
Pink
Dream On
Living on the Edge
Jaded
Kings and Queens
Crazy
Crying
Solo de bateria
Lord of the Thighs
Stop Messing Around
What it Takes
Sweet Emotion
Baby Please Don’t Go
Draw the Line
Walk This Way
Toys in the Attic
Fonte:R7.com
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