28 de dezembro de 2009

Discos Marcantes do Neu!






Neu! - Neu! '75 (1975)

Origem: Alemanha

Produtor: Conny Plank, Neu

Formação Principal no Disco: Ross Konrad "Conny" Plank – Michael Rother – Klaus
Dinger - Thomas Dinger – Hans Lampe

Estilo: German Rock

Relacionados: Faust/Kraftwerk/Can

Destaque: Leb' Wohl

Melhor Posição na Billboard: Não encontrado


Quando John Peel começou a divulgar o novo som que vinha dos porões e dos estúdios de gravação da Alemanha Ocidental, nos fins dos anos 60, alguém logo se apressou em rotular aquele misto de rock de compasso quadrado e frenético, e com largo uso de phasing na percussão e instrumentos eletrônicos viajandões de baixo contínuo de Krautrock. Muitos músicos ficaram magoadíssimos — achavam que fosse algo depreciativo. Afinal, "kraut" era a forma "degenerativa" com que os britânicos se referiam aos soldados da Alemanha do III Reich. Mais ou menos como os nossos pracinhas da FEB os apelidavam, também de maneira jocosa, de "tedescos". Enfim, seria algo como "Rock Tedesco". Porém, antes que pudessem se dar conta que era apenas um rótulo simpático, a música deles já estava fazendo a cabeça de um monte de gente — isso numa época em que o rock queria atingir um ideal sinfônico, com as megra-produções de gente como Emerson, Lake And Palmer, King Crimson, Jethro Tull, Pink Floyd. Enquanto o progressivo emergente rejeitava o sonho da psicodelia, o Krautrock queria diluir esse estilo dentro da estética do free jazz, porém mantendo a base do 4/4 do rock. A trajetória do Neu veio do começo do Kraftwerk do tempo em que surgiramos primeiros festivais de "rock tedesco", em Essen, em 68, quando eles se chamavam Organisation. Nesse período, o Kfraftwerk era basicamente Florian Schneider e Ralf Hütter com outros músicos aleatoriamente destacados para suas produções. Dois deles, o guitarista Michael Rother e o baterista Klaus Dinger, iriam deixar a banda para formar o Neu, em 1971. O primeiro disco, lançado no mesmo ano, vendeu mais ou menos dentro da expectativa de um grupo que transava com um tipo de música essencialmente alternativo, mas a boa aceitação de público fez com que eles se sentissem estimulados a lançar uma seqüência. O problema foi de dinheiro: como o primeiro elepê não vendeu, a gravadora não quis liberar o porquinho para outra viagem. Com o orçamento pela metade, conseguiram gravar material só para um lado do disco; o outro virou uma espécie de variação sobre o mesmo tema: eles pagaram uma canção obscura, lançada originalmente em single, e fizeram diversas faixas como remixes, mudando a rotação dos tapes e acrescentando instrumentação através de overdubs. Poderia ser considerado uma grande besteira, se não se tornasse procursor de algo que, décadas depois, virasse algo comum — o remix. O terceiro disco, Neu! '75, porém, só viria à lume três anos depois e era fruto da intransponível discórdia entre Michael e Klaus: o primeiro queria investir numa sonoridade Motorik, uma viagem melódica mas com a base no bate-estaca "analógico" 4/4, com uma atitude mais rock; Dinger estava mais a fimde fazer algo mais próximo da música ambiente — aquilo que Brian Eno, que inicialmente também foi um dos que bebeu na fonte do krautrock do Neu!, estava começando a desenvolver na sua carreira-solo. O resultado dessa disensão bizantina é o Neu!'75. O lado A, mais agressivo, para agradar a Rother e o B, mais onírico, para Dinger. A primeira parte passa a limpo a música dos dois primeiros trabalhos da banda e pode ser entendido como o movimento rápido da suíte; o segundo, evocativo, amalgamando música concreta e improvisações nos teclados e nos vocais, é um belo contraponto ao Lado A. A singularidade do álbum, com efeito, se faz pela compeltitude das duas partes que, á sua maneira, iriam influenciar boa parte do que foi feito dentro desse paradigma musical, ou seja, é um disco mais cultuado por músicos do que por ouvintes em geral. Depois de mudar o som de Brian Eno, ele iria fazer o mesmo com gente como Bowie, John Lydon, PiL, Joy Division (nem seria preciso citá-los) e toda aquela onda techno que surgiria nos estertores dos anos 80. Coincidentemente ou não, logo após o lançamento do elepê, o Neu! encerraria as suas atividades, ensaiando um retorno, cerca de uma década depois.

Faixas

Lado um
  1. "Isi" — 5:06
  2. "Seeland" — 6:54
  3. "Leb' Wohl" — 8:50
Lado dois
  1. "Hero" — 7:11
  2. "E-Musik" — 9:57
  3. "After Eight" — 4:44

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