8 de agosto de 2011

Kings of Leon: mais publicidade mórbida do que música


Uma das marcas do presente século é a supervalorização de alguns astros em detrimento de algumas VERDADEIRAS estrelas do passado. E sinceramente, nem estou aferindo juízo de valor para cometer alguma tolice defendendo O PASSADO x O PRESENTE. Bobagem. Reconheço que tudo tem sua época, medida e grandeza. Agora, eu não posso deixar de opinar que, qualquer músico que consiga alguma notoriedade (esteja ela ligada à música ou não) ganha um status, que muita gente teve que lutar para alcançar.
E tento novamente explicar: não é o suor que avaliza o talento, mas, também não é a superexposição que credencia “este” ou “aquele” a condição de astro ou coisa parecida.
Pois se não vejamos, o Kings of Leon, banda meia-boca ("tem talento sim Daniel, mas não é essa Coca-Cola toda") que começou a carreira no início da década passada, passou a ser motivo de ti-ti-ti nos meios de comunicação por conta de:
a) Vendeu 1 milhão de discos de “Come Around Sundown”;
b) Foi indicado 7 vezes ao Grammy, edição 2012;
c) Esteve em Uganda pedindo ao governo local melhores cuidados com a população;
d) Seu vocalista teve um piripaque no palco e agora todo mundo quer mandar ele pro Rehab. – resposta certa
Tudo bem mas qual é a relação com superexposição, supervalorização, superqualquercoisa. Primeiro, vamos por partes. Lógico, se isso é um fato, tem que ser noticiado, fazer o quê? Dito isso – e agora o motivo da meu questionamento – por que as bandas de hoje são conhecidas mas por seus trimiliques do que por sua própria música e arte?
Eu mesmo respondo:
PORQUE A MÚSICA QUE PRODUZEM É PIOR DO QUE AS SUAS PRÓPRIAS VIDAS!
Não, isso não é um recado pra ex-banda caipira (com todo respeito). Se um disco não causa sensação, se a música não tá na boca do povo (com raras exceções), se a turnê mundial não supera U2Metallica, Britney ou qualquer outro produto da indústria mega poderosa, sempre o que se fala e debate é o comportamento das estrelinhas.
Eu sei que não é de hoje todo mundo acompanha a vida do seu ídolo, mas isso andava em paralelo à carreira fonográfica do mesmo. Agora não. A babaquice do reflexo da vida que estes idiotas levam tornou-se mais relevante do que o que eles mesmo produzem por meses dentro de estúdio. Ora bolas, se o boçal não tá em condições de subir no palco para cumprir sua agenda, porque, depois que ficou famosinho achou que a vida é uma droga, que o mundo é injusto e outros pensamentos, fica em casa, lavando uma louça, escrevendo poesia e comendo que nem um porco.
Não dá para admitir que um camarada (ou uma camarada) porque alcançou uma notoriedade ilusória vomite seus problemas pra banda, pro público e isso acabe tomando o lugar da sua arte. Onde estão seus amigos? Onde está sua família? De fato, onde está o coração que inspirou a criatura a fazer música?
E antes que peguem uma pedra (ou um monte delas) para jogarem no monitor do PC, repito: as pessoas que tem problema de qualquer natureza, que tratem suas vidas com decência. Não adianta achar que conseguirão vencer suas batalhas pessoais apenas com guitarra e sala de discos de ouro. Neguinho (e branquinho) acham glamuroso e lindo a postura suicida e demente de algumas personas que estão em momentos conturbados. Não acho lindo, não fico triste e nem absolvo. Tudo acaba virando (mesmo que inconscientemente) uma grande publicidade mórbida.
Lembro-me de ter lido ou visto Lennon falando de quando escreveu “Help”, título do disco homônimo lançado em 1965. O músico confessou que por trás do clima alegre da canção estava “alguém” pedindo socorro e completamente perdido. Lennon, embora maluco-beleza (e genial) jamais subiu ao palco e socou a cara da audiência com seus dilemas. Lennon, um ícone fora da estratosfera, um beatle, autor de um hino mundial chamado Imagine, daí eu pergunto: porque o Caleb (filho de evangélicos) não dá um tempo com o comportamento-eu-quero-viver-um-mundo-rock-and-roll e vai ler a Bíblia, seguramente um caminho muito mais confiável e certeiro do que manifestar suas angústias com péssimas apresentações como fez em Dallas no dia 29 de julho.
E pra terminar: você e eu, meros plebeus, se não completarmos a nossa lida com trabalho, estudo e personalidade, perdemos emprego, mulher, namorada, oportunidades, dinheiro e o que couber na vida. Não justifica a vida “artística” abonar as patologias psicossomáticas ou não de um bando de barbados, que até 10 anos atrás não eram nada. Talvez felizes.

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