28 de janeiro de 2011

Tell Me What Rockers To Swallow - Yeah Yeah Yeahs

Quando Strokes e White Stripes estouraram no já distante ano de 2001 e criaram uma cena que ficou conhecida como novo rock, junto com eles uma penca de novas bandas começaram a surgir ou, pelo menos, a ganhar mais atenção da mídia e do público. Lembre-se que naquela época coisas como Limp Bizkit e Korn eram vistas como maiores expoentes do rock. Porém, de lá para cá, muita coisa mudou.



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Bandas de formação estranha (lembre-se do próprio White Stripes ou do Death From Above 1979, mais recentemente), ou sem um som definido do tipo “punk”, “grunge”, “metal” começaram a dar as cartas e a criar uma cena novamente interessante, onde o que mais chama a atenção é a liberdade criativa dos músicos e a aceitação pelo público de vários gêneros ao mesmo tempo. Assim, grupos sem muita coisa em comum como Libertines e Jet, ou Interpol e Von Bondies, de repente conseguiram juntos dar suporte à uma nova alavancada do rock como há muito não se via. E foi no meio desse balaio de gatos que uma banda nova-iorquina liderada por uma vocalista provocativa, acompanhada por um baterista e um guitarrista de primeira, conseguiu se destacar.

E a história do Yeah Yeah Yeahs começa logo lá na origem de toda essa bagunça do bem chamada novo rock, com o lançamento, em 2002, de um EP que gerou grandes expectativas. “Yeah Yeah Yeahs”, o EP, trazia apenas cinco faixas, todas apontando para caminhos diferentes, mas que ao final se mostravam perfeitamente ligadas ou muito bem costuradas. Assim, Karen O (vocal), Brian Chase (bateria) e Nick Zinner (guitarra) eram uma das boas apostas para marcar definitivamente o seu nome no rock feito nos anos “00”.
Mas, enquanto o álbum de estréia era preparado, a banda lançou o single “Machine”, que nem com muita boa vontade pode-se dizer que se aproximava em termos de criatividade do EP lançado meses antes. Foi o suficiente para acender o sinal de alerta com relação à banda, a qual viveu o seu teste de fogo com o álbum “Fever To Tell” (2003) que, no final das contas, se mostrou bem irregular. Ótimas canções como “Maps”, “Date With The Night”, “Rich” e “Y-Control” estavam ao lado de outras que pareciam ter sido gravadas apenas para preencher espaço no disco, como “Cold Light”, “No No No” e “Modern Romance”. Sem contar que a produção também deixou a desejar. Era como se o trabalho em estúdio tivesse sugado a alma da banda, que em muitos momentos pareceu sem energia ou sem a mesma disposição de quando gravou o primeiro EP.
Porém, isso parecia ser compensado na estrada, com shows que público e crítica consideravam extremamente excitantes, com Karen O pulando como um Iggy Pop de saias, onde nem tudo acabava sempre bem – como quando a vocalista despencou de um palco durante um show na Austrália, indo parar no hospital.
E foi este espírito extremo do rock n’ roll que o Yeah Yeah Yeahs pretendia capturar com o lançamento do DVD “Tell Me What Rockers To Swallow”, já devidamente lançado no Brasil. Gravado na renomada casa de shows Fillmore, em São Francisco (EUA), a apresentação, contudo, fica bem distante dos relatos da imprensa especializada, que ovacionava praticamente tudo o que este trio fazia pela estrada. As conclusões podem ser duas: a) o grupo se sentiu inibido diante da situação de estar fazendo o seu primeiro registro em vídeo; ou b) o Yeah Yeah Yeahs não passa de um engodo.
O show abre com “Y-Control”, com Karen O entrando em ação no exato momento em que deve iniciar os primeiros versos da canção, que foi longamente introduzida enquanto apenas Brian e Nick estavam no palco. Embora a vocalista entre saltitante no palco, o público parece se animar apenas em “Machine”, a sétima canção executada no show. E é justamente quando o público começa a embalar que o Yeah Yeah Yeahs parece ficar um pouco mais à vontade. E também não é para menos, pois é somente após a metade da apresentação que a banda começa a desfilar os seus maiores hits. Nem é preciso dizer que o ápice do show é em “Maps” (“a canção de amor do Yeah Yeah Yeahs”, como anunciou a cantora), sucedida por “Date With The Night” e “Miles Away”. Entrecortando uma série de hits de primeira hora, a banda ainda despeja algumas músicas não presentes no álbum ou EP, como “Down Boy”, “Cheated Hearts” ou “Poor Songs”.
Pouco mais de uma hora de show e alguns poréns com a relação à banda começam a brotar. É inegável que a o Yeah Yeah Yeahs é dono de algumas das boas canções que o novo rock já fez brotar. No entanto, ao vivo o grupo ainda deixa muito a desejar.
Ao invés da atitude rock n’ roll tão propalada, às vezes o que fica evidente na tela é uma preocupação excessiva, principalmente de Karen O, em parecer cool. Ela consegue transformar o simples ato de beber um gole de água ou de cerveja em uma cerimônia sem limites. Isso sem falar do estranho hábito da vocalista de espalhar comida pelo palco. Em alguns momentos, mais espontâneos, Karen O até que soa divertida, como por exemplo, quando fica zoando com os erros do guitarrista. Contudo, o que mais chateia mesmo é quando ela tenta tornar a sua voz mais agressiva, cantando muitos versos de forma gritada que, se parecessem com o urros de Courtney Love, estaria tudo bem. Porém, o mais próximo que ela consegue é soar como uma tigresa acuada. E isso se repete na maioria das músicas do DVD.
Além da apresentação principal, o vídeo ainda vem recheado com dois pequenos documentários sobre a banda, os clipes de “Maps”, “Date With The Night”, “Y-Control” e “Pin”, além da inesquecível participação do Yeah Yeah Yeahs com “Maps” no MTV Movie Awards de 2004. Para fechar o pacote, o DVD ainda conta com outras seis músicas gravadas ao vivo durante a turnê de “Fever To Tell”.
Neste momento, o Yeah Yeah Yeahs está em estúdio preparando o seu novo álbum. Porém, parece que as coisas não estão muito bem. Recentemente, foi divulgado que o grupo teria descartado todas as canções gravadas e começado tudo do zero, por achar que o resultado teria ficado muito parecido com o disco de estréia. O jeito é esperar e dar uma colher de chá para a banda. Por outro lado, não será nenhuma surpresa se, depois de “Maps”, o Yeah Yeah Yeahs não tiver mais nada a dizer.

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