Frank Zappa reservou algumas páginas de sua autobiografia a uma idéia
 que anteciparia a reinvenção da indústria musical em pelo menos 15 
anos. Na visão dele, a tecnologia dos anos 1980 já possibilitava o 
compartilhamento remoto de arquivos - não entre usuários, mas a partir 
de uma central de distribuição.
O gênio revolucionário queria pôr fim à troca de fitas caseiras entre
 os fãs de música, ou "consumidores". Ironicamente ignorado, o sistema 
parecia ser o sonho de qualquer gravadora: só elas fornecem, o público 
compra sem sair de casa e a cobrança é automática.
Com a palavra, Frank Zappa:

"Nossa proposta é  aproveitar os aspectos 
positivos de um sistema de troca nocivo que vem afligindo a indústria 
hoje: gravações caseiras, em fita cassete, de material lançado em vinil…
Em
 primeiro lugar, é preciso perceber que a gravação de álbuns [em fita] 
não é motivada somente pela 'pão-durice'… Hoje em dia, as pessoas curtem
 música mais do que nunca, e gostam de levá-la consigo para onde forem. 
Elas conseguem ouvir a diferença entre áudio bom e ruim… elas se 
importam com essa diferença, e estão dispostas a enfrentar certas 
complicações e arcar com determinados custos para ter 'áudio  portátil' de alta qualidade e 
usá-lo como 'papel-de-parede de seus estilos de vida'.
Propomos 
adquirir os direitos de duplicação e armazenamento digital do catálogo 
de cada gravadora, juntar tudo num centro de processamento e tornar esse
 material acessível por telefone ou TV a cabo, que podem ser diretamente
 acoplados aos aparelhos de gravação do usuário. As opções seriam: 
transferência digital direta para o F-1 (codificador de fita digital da 
Sony de uso doméstico), Beta Hi-Fi, ou fita cassete analógica comum 
(necessário instalar um conversor no aparelho telefônico… o chip custa 
cerca de 12 dólares).
Toda a contabilidade do pagamento de royalties, cobrança ao cliente, 
etc. seria automática, embutida no software inicial do sistema.
O 
consumidor tem a opção de assinar uma ou mais Categorias de Interesse,  pagando uma taxa mensal, 
independente da quantidade de músicas que ele ou ela decidir gravar.
Fornecer
 essa quantidade de material com custo reduzido poderia diminuir o 
intuito de duplicar e armazenar, já que tudo estaria disponível a 
qualquer hora do dia ou da noite.
A vantagem da TV a cabo é que 
uma visualização da arte da capa, incluindo letras das músicas, ficha 
técnica etc., poderia ser exibida durante a transmissão, conferindo ao 
projeto ares do merchandising original agregado ao álbum, já que muitos 
consumidores têm o fetiche de manipular carinhosamente a embalagem 
enquanto a música toca. Dessa forma, o Potencial de Manipulação 
Carinhosa e Fetichista é preenchido, sem o custo de transportar 
toneladas de papelão por aí.
Requisitamos uma grande quantidade de
 dinheiro e os serviços de uma equipe de mega-hackers para desenvolver o
 software para este sistema. A maioria dos equipamentos está, mesmo 
enquanto você lê isto, disponível prontamente, só esperando para serem 
plugados uns aos outros para que possam pôr fim à indústria de discos 
como conhecemos hoje".
Fonte:Whiplash 
 
 
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