27 de dezembro de 2008

Discos Marcantes dos The Beatles VI







The Beatles - The Beatles (1968)

Origem: Inglaterra
Produtor: George Martin
Formação Principal no Disco: John Lennon - Paul McCartney - George Harrison - Ringo Starr

Estilo: Rock
Relacionados: John Lennon; Paul McCartney; George Harrison
Destaque: While My Guitar Gently Weeps
Melhor Posição na Billboard: 1º


The Beatles é o nono disco oficial dos Beatles, lançado como disco duplo em 22 de novembro de 1968. É popularmente conhecido como “The White Álbum” (Álbum Branco), por não haver nome, e ser apenas um fundo branco com o nome da banda em relevo. A capa foi criada pelo artista pop Richard Hamilton e o título original era para ser “A Doll’s House”, mas uma banda britânica chamada “Family”, já tinha lançado um álbum com nome similar. Foi o primeiro disco lançado após a morte do manager Brian Epstein. Em 1997, “O Álbum Branco” foi nomeado o décimo melhor disco de todos os tempos pela “Music of the Millennium” da Classic FM. Em 1998 a Q magazine colocou como 17° lugar e em 2000 em 7° lugar. A Rolling Stone colocou como o décimo entre 500 álbuns e o canal VH1 como 11° lugar. De acordo com a Associação da Indústria de Discos da América, o disco é 19 vezes disco de platina e o décimo disco mais vendido nos Estados Unidos.


Lista de canções
Todas as faixas compostas por Lennon/McCartney, exceto onde indicado.


Disco 1

Lado A

"Back in the U.S.S.R." – 2:43
"Dear Prudence" – 3:56
"Glass Onion" – 2:17
"Ob-La-Di, Ob-La-Da" – 3:08
"Wild Honey Pie" – 0:52
"The Continuing Story of Bungalow Bill" – 3:13
"While My Guitar Gently Weeps" (George Harrison) – 4:45
"Happiness Is a Warm Gun" – 2:43

Lado B

"Martha My Dear" – 2:28
"I'm So Tired" – 2:03
"Blackbird" – 2:18
"Piggies" (George Harrison) – 2:04
"Rocky Raccoon" – 3:32
"Don't Pass Me By" (Ringo Starr) – 3:50
"Why Don't We Do It in the Road?" – 1:40
"I Will" – 1:45
"Julia" – 2:54

Disco 2

Lado A

"Birthday" – 2:42
"Yer Blues" – 4:00
"Mother Nature's Son" – 2:47
"Everybody's Got Something to Hide Except Me and My Monkey" – 2:24
"Sexy Sadie" – 3:15
"Helter Skelter" – 4:29
"Long, Long, Long" (George Harrison) – 3:03

Lado B

"Revolution 1" – 4:15
"Honey Pie" – 2:40
"Savoy Truffle" (George Harrison) – 2:54
"Cry Baby Cry" – 3:02
"Revolution 9" – 8:13
"Good Night" – 3:11


Concepção das composições

A maioria das canções do disco foi feita durante a meditação transcendental em Rishikesh, na Índia com Maharishi Mahesh Yogi. Embora fosse uma meditação profunda concebida inicialmente para livrar os membros de todas as obrigações e aflições de seu mundo, ambos Lennon e McCartney davam suas escapadas para, clandestinamente, “irem ao quarto um do outro esboçar algumas idéias.” Lennon disse tempos depois: “Eu escrevi minhas melhores músicas lá”. Beirando quase 40 músicas que foram inicialmente arranjadas e gravadas em Kinfauns, na casa de Harrison em Esher. Os Beatles deixaram Rishikesh antes do tempo, com Ringo indo primeiro (que tentou ficar mais tempo pressionado pelos companheiros, mas acabou partindo, se sentindo muito mal pelo tédio e pelo tempero forte da comida, já que tinha problemas de estômago) seguido por Paul. John e George foram embora juntos, algumas semanas depois. O motivo da partida de John foi o seu desapontamento com Maharishi, devido aos rumores do possível assédio dele para com Mia Farrow. Detalhes dessa história pode ser visto na música escrita por Lennon, "Sexy Sadie".


Sessões de gravação

O Álbum Branco foi gravado entre 30 de maio a 14 de outubro de 1968, com maior volume no estúdio “Abbey Road” e algumas sessões no “Trident Studios”. Apesar de produtivo, foram sessões indisciplinadas, e às vezes relapsas, com tensões crescentes entre os membros. Conciliando as gravações com a nova empresa Apple Corps, os companheiros de banda acabaram se tornando homens de negócios, o que desgastou e muito a relação entre eles. As gravações também foram marcadas pela presença da nova namorada de John, Yoko Ono, que criou mais uma tensão entre a banda já que nunca, nem mesmo Brian Epstein ou por vez George Martin, ficavam no estúdio quando os Beatles estavam compondo e gravando. Segundo Harrison: “John apresentou as instalações de Abbey uma vez, e ela nunca mais foi embora... Aparecia todo santo dia.” O autor Mark Lewisohn relata que o disco contou com a primeira seção de gravações há durar 24 horas, com Lennon, McCartney e Martin fazendo os últimos ajustes e a seqüência final de mixagem em um único dia.


Discordância e atritos do disco

Apesar do nome oficial do álbum ser apenas “The Beatles”, esse disco captura uma grande individualidade de seus integrantes. Os padrões de trabalho nele exercidos são drasticamente modificados com relação aquela sinergia e dinamismo de seus discos anteriores. Algumas vezes era possível encontrar McCartney trabalhando por horas em um estúdio, enquanto Lennon gravava em outro e Harrison e Ringo em um 3° estúdio ambos os quatro com engenheiros diferentes. “Pela primeira vez eu precisei ser 3 produtores” dizia Martin, que em uma ocasião com sua autoridade quase que ignorada pelos Beatles, deixou Chris Thomas na produção enquanto viajou num feriado. Durante uma dessas sessões com a gravação de "Helter Skelter" Harrison confessou ter sido um caos e se lembra de ter corrido pelo estúdio com os nervos a flor da pele. O produtor George Martin disse em entrevistas posteriormente, que trabalhar com os Beatles estava quase se tornando impossível, e que a relação com a banda mudou nesse período com suas maiores qualidades parecendo desfocadas e seus objetivos sem inspiração. Em 16 de Julho o engenheiro Geoff Emerick que trabalhou com os Beatles desde “Revolver”, anunciou que não trabalharia mais com a banda, por causa do desgosto e deterioração do ambiente de trabalho. Em 22 de agosto o baterista Ringo Starr sai abruptalmente explicando mais tarde que fez aquilo porque sentiu sua participação minimizada perante aos outros membros e que estava cansado do trabalho contínuo e demorado do disco. Os outros três imploraram para Ringo retornar o que aconteceu 2 semanas depois com flores lhe esperando, espalhadas por toda bateria (Cortesia de George Harrison). Mas a reconciliação foi só o começo do fim e segundo Ringo: “meses e anos de miséria.” Durante esse tempo Paul McCartney, multiinstrumentista, tocou bateria em "Back in the U.S.S.R." e "Dear Prudence".


Outros músicos

Eric Clapton, através de um convite de George Harrison, tocou a guitarra solo em "While My Guitar Gently Weeps". Harrison tão logo retribuiu colaborando na canção “Badge” para o último disco do Cream, “Goodbye Cream”. Harrison disse anos depois: “A presença de Clapton no estúdio serviu para desanuviar as tensões entre o grupo e eles tiveram uma melhora em seu comportamento na sua presença.” Nicky Hopkins também participa do disco tocando piano em “Revolution 1” e "Savoy Truffle" que também contou com uma seção de sopros. Jack Fallon, um violinista foi recrutado para "Don't Pass Me By" e uma orquestra de música clássica e alguns vocais de apoio contribuíram para a canção de ninar, "Good Night". Apesar da presença de todos e de Yoko Ono na música "Revolution 9", nenhum deles ganharam créditos no encarte do disco.


Avanços técnicos

O principal avanço na gravação desse disco, sem duvida, foi passar de 4 para 8 canais. Os estúdios de Abbey Road contavam com mesas de 4 canais mas também tinham mesas de 8 canais em estoque, compradas pela EMI e paradas por meses, esperando que alguém testasse. Os Beatles gravaram "Hey Jude" e "Dear Prudence" no Trident Studios em 8 canais, e quando descobriram que Abbey também tinha um desses, insistiram em usar e pediram para os engenheiros Ken Scott e Dave Harries que instalassem a máquina (sem a autorização dos chefes do estúdio) no estúdio n° 2, para o uso do grupo.


Composições não inclusas

Muitas músicas foram gravadas como DEMO, mas não fizeram parte desse álbum. Algumas delas: "Mean Mr. Mustard" e "Polythene Pam" (Ambas presentes no disco Abbey Road), “Child of Nature” que mais tarde se transformou em “Jealous Guy” do disco “Imagine” de John Lennon, e “What’s the New Mary Jane”. “The Long and Winding Road” de McCartney presente no disco Let It Be, “Jubille” que se tornou “Junk” no primeiro LP solo de Paul McCartney, “Etcetera” de McCartney gravada por Black Dyke Mills Band como “Thingumybob”, “Circles” e “Not Guilty” de George Harrison que só foi grava-la em 1982 no disco “Gone Troppo”, "Something" mais tarde em Abbey Road e “Sour Milk Sea” que Harrison deu a um amigo que era artista da Apple na época, Jackie Lomax, para o seu primeiro LP, “Is This What You Want”.


Edição final e Lançamento

O “Álbum Branco” foi o primeiro disco dos Beatles lançado pela Apple Records assim como foi o primeiro e único, disco duplo da carreira. O produtor George Martin era contra a idéia de se lançar o álbum duplo, e sugeriu que se pegassem as melhores canções e fizessem um disco só, com um trabalho mais forte, mas a banda não concordou. Em entrevista para o “The Beatles Anthology”, Starr diz que deveria ter sido lançado como 2 discos separados. Harrison reflete sobre a possibilidade de ter lançado muitas delas como Lado B, “mas havia uma batalha de egos em jogo”. Na época ele apoiou a idéia de um disco duplo para mostrar mais seu trabalho e “limpar” todo o catálogo de músicas naquele período. McCartney em contraste, diz que o disco saiu do jeito certo e que “a ampla variedade de músicas só serve para mostrar o seu charme”. “O Álbum Branco” foi lançado na mesma data que o segundo disco dos Beatles, “With the Beatles”.


Versão Mono

“O Álbum Branco” foi o último disco deles lançado com a mixagem alternativa mono, porém somente no Reino Unido. 29 canções do disco (exceto "Revolution 9") são encontradas versões de mixagem mono. Nos EUA, as versões mono já estavam passadas, então os discos só eram lançados em estéreo. Esse disco foi o primeiro a ser lançado lá somente em estéreo.


Singles

Embora "Hey Jude" nunca tenha tido a intenção de ser inclusa em nenhum LP, foi gravada durante “O Álbum Branco” e foi lançado como single antes do disco. O lado B, "Revolution" foi uma versão alternativa de "Revolution 1" presente no disco (que Lennon queria ter lançado no single mas os outros 3 disseram que era muito lenta). Então foi gravada essa nova versão, mais rápida, mais distorcida, quase uma canção precursora do que viria ser o Punk, e um solo de teclados inspirado de Nicky Hopkins foi gravado e colocado como Lado B de “Hey Jude”. Foi o primeiro compacto lançado pela Apple Records e o mais vendido da carreira dos Beatles. Em 1976 foi lançado 4 músicas desse disco como singles e parte da coletânea “Rock ‘n’ Roll Music”: "Back in the U.S.S.R.", "Ob-La-Di, Ob-La-Da", "Julia" e "Helter Skelter".


Capa

A capa foi elaborada pelo artista pop Richard Hamilton e uma de suas principais características foi o contraste com a capa vívida e cheia de cores do disco anterior, “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band” elaborado por Peter Blake, criando assim, apenas uma capa branca, com o nome da banda em relevo. Além disso, o disco trazia uma espécie de número de série, para criar nas palavras de Hamilton: “a situação irônica de uma edição numerada de algo que tenha mais de 5 milhões de cópias.” Os lançamentos no EUA continha o nome do disco na cor cinza, enquanto que mais tarde nos lançamentos para CD o nome é na cor preta. Dentro do encarte, continha um mini-pôster, as letras das canções e fotos de familiares (Paul trabalhou como assistente de Hamilton, coletando essas fotos que trazia também um foto dele e outra de John ambos nús, porém essas fotos não foram parar no encarte para evitar confusão) e dos Beatles, tiradas por John Kelley. É o único disco dos Beatles que não traz eles estampados na capa. Muitos fãs na época ficaram tentando descobrir mensagens ocultas na capa simples de fundo branco.


Sobre as músicas

"Back in the U.S.S.R." de Paul McCartney foi gravada na época em que Ringo largou o grupo. Paul assumiu a bateria. A música é no estilo [[surf music]] dos Beach Boys e uma paródia à música de Chuck Berry, "Back In The U.S.A.".

A canção "Dear Prudence" foi composta na Índia por John Lennon, para animar Prudence, irmã de Mia Farrow, que fazia parte da troupe que por lá excursionava.

"Glass Onion" é uma música de John falando sobre fãs que tentavam descobrir mensagens subliminares nas músicas dos Beatles.

"Ob-La-Di, Ob-La-Da" é de Paul. John, George e Ringo ficaram cansados de tanto gravar esta música, que tomou cerca de 60 takes, a ponto de John declarar que odiava a canção. Se tornou primeiro lugar nas paradas de sucesso inglesas em uma regravação com o grupo Marmelade.

"Wild Honey Pie" foi composta e gravada somente por Paul.

"The Continuing Story Of Bungalow Bill" de John, trouxe a participação de Yoko Ono (mulher de John), de Pattie Boyd (mulher de George) e de Maureen Cox (mulher de Ringo) na vocalização.

Esse álbum tem participação especial (rara para os Beatles) do guitarrista Eric Clapton, em "While My Guitar Gently Weeps". A canção é uma composição de George Harrison, amigo íntimo de Eric. Embora Eric tenha feito o solo de guitarra da música, seu nome não foi creditado no álbum.

"Hapiness Is A Warm Gun", de John, foi banida da rádio BBC devido ao seu apelo sexual.

"Martha My Dear", de Paul, foi feita em homenagem à sua cachorra. Contou com a participação de músicos de estúdio e de George Harrison no contra-baixo e John na guitarra.

"I'm So Tired", escrita na Índia por John, se refere ao cansaço causado pela meditação.

"Blackbird", balada de Paul, gravada somente por ele.

"Piggies", outra música de George Harrison, não contou com a participação de John na gravação.

"Rocky Racoon", de Paul, contou com a participação de George Martin no piano ao estilo de velhos salões do oeste americano.

"Don't Pass Me By" primeira composição de Ringo Starr a ser gravada pelos Beatles, tendo este composto apenas mais uma música enquanto membro da banda: "Octopus's Garden", que aparece no álbum "Abbey Road".

"Why Don't We Do It In The Road?" de Paul, só foi gravada por Paul e Ringo. Foi a primeira música a ser gravada que não contou com a participação de todos os membros do grupo.

"I Will" de Paul, escrita para Linda Eastman, que mais tarde se tornaria sua mulher. Foi a primeira música que Paul dedicou a ela. A música não contou com a participação de John e George.

"Julia" de John, dedicada a sua mãe. Somente John participou da gravação. Em 2001, Sean Lennon, filho de John, cantou a música no especial em homenagem a John, Come Together.

"Birthday" uma das últimas músicas que John e Paul colaboram juntos para a composição. Contou com a participação de Yoko Ono e Pattie Boyd (mulher de George) na vocalização.

"Yer Blues" de John. John cantou a música no [[Rock and Roll Circus]] dos Rolling Stones junto a Eric Clapton e Keith Richards em 1968. Foi a única música dos Beatles que John cantou ao vivo no Festival de Toronto em 1969.

"Mother Nature's Song" composta e gravada somente por Paul.

"Everybody's Got Something to Hide Except Me and My Monkey" de John.

"Sexy Sadie", fala sobre a desilusão de John pelo fato do guru Maharishi ter supostamente tentado seduzir Mia Farrow.

"Helter Skelter" foi uma tentativa de Paul gravar a música mais barulhenta que ele pudesse fazer depois de saber que o grupo The Who havia feito algo semelhante em "I Can See For Miles". Especula-se que há uma versão de 27 minutos que não entrou no álbum e continua inédita até hoje. Em 1987, o grupo irlandês U2 regravou a música.

"Long, Long, Long" de George Harrison.

"Revolution 1" é praticamente uma versão acústica da música "Revolution", que apareceu em um compacto lançado anteriormente, junto com "Hey Jude".

"Savoy Truffle" George se inspirou em uma caixa de bombons, especialmente para seu amigo Eric Clapton, doido por doces.

"Cry Baby Cry" Por John que se baseou em histórias que ouvia quando era criança

"Revolution 9". A música é uma colagem de sons que posteriormente se tornaria o estilo dos três primeiros álbuns experimentais de John e Yoko. Paul foi o único beatle a não participar das gravações, chegando mais tarde a dizer que "aquilo não era música Beatle".

"Good Night", escrita por John para seu filho, Julian. Foi cantada por Ringo acompanhado em estúdio por uma orquestra e encerra o álbum.

Curiosidades

Charles Manson baseou-se em algumas canções do álbum para justificar uma série de assassinatos que praticou. Ele e seus seguidores invadiram casas de pessoas ricas em
Los Angeles e cometeram chacinas escrevendo com sangue das vítimas o nome das músicas "Helter Skelter", "Piggies" e "Blackbird". Segundo ele, estas músicas previam o apocalipse e uma iminente guerra racial.

Na época da meditação transcedental, Paul dizia que queria que o próximo disco se chamasse "Umbrella", ou seja "um guarda-chuva que cobrisse tudo", mas George já cansado das ideias de Paul para discos temáticos não concordou dizendo: "Viemos aqui para meditar ou pensar em disco novo?!"

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