Por Eduardo Tavares
Sua morte foi anunciada, pela primeira vez, em 24 de março de 1958, com o alistamento e a reclusão de Elvis. Quase um ano depois, a perda prematura de Buddy Holly, Richie Valens e Big Bopper num acidente aéreo, parecia ter decretado o fim daquele gênero musical recém criado. Ele estava fadado a não completar sequer uma década de existência. Mas ele sobreviveu!
Entre os anos de 69 e 70, se despediam para sempre Brian Jones, Hendrix, Joplin e Morrison, ídolos de toda uma geração, que deixaram milhares de órfãos. Estas mortes explodiram como uma bomba atômica na cabeça dos jovens da época. Seus ídolos falharam, culminando, ainda em 1970, com o anúncio oficial do fim dos Beatles. Como nas próprias palavras de Lennon, “o sonho havia acabado?” Não!
Novos ventos sopraram em meio a este clima de revolta e frustração. O Rock virou a década com peso e uma postura bombástica jamais vista, Zeppelin, Sabbath, Purple, ELP. O Rock entrava na sua maioridade, mais maduro, longe da inocência da década passada. Eram tempos em que a música não era feita apenas para diversão e entretenimento, era muito mais que isso, uma ferramenta para expandir idéias e sérias contestações sociais.
Mas o que se temia ou nos remetia à suposições que só residiam na imaginação dos mais pessimistas vem assombrando e se tornando uma realidade. O Rock está agonizando como uma paciente terminal!!
Ele está sendo sepultado pela própria indústria fonográfica, agora, mais voraz que nunca, diante da ameaça da pirataria e do mp3. Produtos cada vez mais digeríveis, ocos e virtuais. Indústria que ao mesmo tempo em que sofre a profunda e galopante punhalada dos downloads, nos enfia goela abaixo uma leva de bandas inglesas como The Klaxons, The Subways e Coldplay. Reparem bem! Não utilizo aqui o termo “Bandas de Rock”, pois seria uma blasfêmia incluí-las numa categoria por onde desfilaram monstros sagrados como Who, Aerosmith, Van Halen, entre outros.
Não exijo nada de quem realmente não possa dar, apenas analiso e concluo! Que mal havia em perceber nos antigos Rock Stars toda mitificação, diferenciação e destaque visual, posturas e atitudes comuns as divindades que pareciam terem vindo de outra galáxia. Eram realmente hipnóticos e exóticos. O que vemos hoje, são integrantes patéticos, “estrelas”???? Apagadas, sem luz própria. Acreditam ser emblemática a sua recusa em agir e se mostrarem como os ídolos do passado. Fazem sim, questão de agir e se apresentarem como meros mortais, descontentes, desinteressados e pálidos (emos) despretensiosos. Mas na verdade, eles são realmente, simples mortais e desinteressantes!! São um desrespeito a toda a mitologia do Rock!
Há como imaginar Robert Plant ou Roger Daltrey ao lado de Chris Martin (Coldplay) ou Pete Doherty (Babyshambles) no palco? Não há como ocuparem o mesmo espaço, jamais! Não haveria um disparate maior do que este, e nada agrediria tanto aos olhos e ouvidos daqueles que respiram honestamente e apaixonadamente o verdadeiro som pesado.
A extravagância sempre foi o combustível do Rock, desde sua gênese, vide Chuck Berry, Jagger e Bowie. Podem me questionar, dizendo “esqueça a atitude”! Vamos à sonoridade?? E eu pergunto, qual?? Das guitarras adolescentes, ou melhor, infantis sem o vigor masculino dos anos 70?
Há seis anos atrás, já havia presenciado um dos maiores impactos e a confirmação do que redijo hoje. Era a terceira edição do festival Rock in Rio, em 2001, quando entre os 125 mil presentes assisti Neil Young subir ao palco numa sexta-feira, 19 de janeiro, a 1h20 da madrugada. Testemunhei algo impressionante. Apenas velas sobre os amps marshalls. Nas mãos, uma coleção de guitarras Gibson Les Paul tão clássica quanto o dono. E um senhor canadense arrancando as cordas do seu instrumento emitindo um som semelhante à trovoadas em uma noite de verão sem que seu aneurisma cerebral o atrapalhasse.
Quando Young deixou o palco quase às 4 da madrugada, o público presente sabia que havia assistido uma apresentação antológica. O velho caubói nos mostrou que é possível fazer Rock e dizer a verdade ao mesmo tempo. Conduziu-nos a um universo paralelo, onde música, alma e realidade podem se fundir na mesma coisa. O tempo voltou ao normal quando as luzes acenderam após o show, mas a lição havia sido profetizada. Indiscutivelmente um dos melhores shows já vistos no país. Três dias depois, no encerramento do festiva, assisti ao que até então seria a sensação do momento, os californianos do Red Hot Chili Peppers. O que não só eu, mas muitos com o mínimo de noção musical e lucidez concluíram, foi que algo já estava errado. No palco, a sensação do momento parecia um grupo de crianças birrentas se divertindo num parque dominical, cover de si próprio. Não havia nada sólido, nenhuma essência ali. Som magro, integrantes posando de rebeldes suando muito para provar aos seus fãs teens, que carregavam mochilas com todinho preparadas pelas mães, que caíram na estrada do Rock porque são vorazes problemáticos em sua origem. “Brabos” como as estrelas do passado. Patético!
Reflito. Onde foram parar os grandes riffs de guitarra? Smoke on the Water, Paranoid, Cat Scratch Fever…
Não! Tal instrumento não foi inventado para ser tocado como se faz hoje. Ele ri, debocha e ironiza nas mãos destes supostos e tímidos músicos. Não é mais domado e dominado com a fúria e autoridade de antes.
Saudosos ingleses, Paul Kossoff, Keith Moon, David Byron e John Bonham devem estar envergonhados pelo que seus conterrâneos nos apresentam hoje. Um som tétrico, sem inspiração, sem alma e despido de atitude, elemento básico do Rock `n´Roll. A recente perda de Ronnie James Dio é mais um duro golpe, já que os dinossauros do Rock estão em extinção e sem chances de surgimento de novas gerações.
Surge então uma dúvida!!
O que os ingleses estão fazendo será pior do que conviver com o massacre que o mercado norte-americano nos impõe hoje? Uma avalanche de Hip Hop, Raps e R&Bs sem sentido algum??
Os americanos talvez prefiram se omitir, tiram o time de campo. Ah!! citam os Strokes?? Mas, são americanos?? Imaginei que fossem ingleses!!!!
O mais estarrecedor é a imensa massa consumidora branca atraída pelo som gangsta negro dos guetos. Traindo assim suas origens seminais saxônicas, já que os rappers ecoam letras, que em muitos casos, incitam o preconceito contra os próprios brancos yankees que jogam o boné para trás e contorcem os dedinhos com a simbologia negra das ruas. E o que dizer da classificação de R & B para rotular alguns hip hops contemporâneos? Som produzido por tipos como Ja Rule e seus clones.
R & B é Ray Charles e Aretha Franklin!!! Não supostos cantores negros, ou melhor, “locutores” que destilam 100 palavras por segundo dialogando para sua própria imagem refletida no espelho. Sem swing, ritmo ou mínimo de melodia e musicalidade, somente um monólogo marcado por um metrônomo barato. Execrado pelo mundo do Rock em meados para o final da década de 70, a Disco Music hoje merece o respeito que lhe foi renegado no passado. Como comparar a musicalidade de The Tramps e The Commodores com o lixo da Black Music atual e sua overdose de samplers?
A figura do Rock Star, do Guitar Hero foi aniquilada. Teremos que nos contentar com isto que está aí?? Eu sei, caça níqueis ou não, alguns dinossauros; Stones, Floyd, Skynyrd e companhia ainda tentam sobreviver, mas a fábrica parou e a torneira se fechou.
Fazendo um retrospecto podemos dizer que Guns N Roses e Nirvana, com os movimentos Hair Metal de Los Angeles e o grunge de Seattle respectivamente, foram os últimos suspiros de um doente terminal que ainda agoniza no leito. Lá, ainda existiam chamas ardentes e a tal atitude contraventora dentro e fora dos palcos, diante ou por trás dos holofotes.
Onde foi parar o verdadeiro Rock ´n´Roll??
Sua morte foi anunciada, pela primeira vez, em 24 de março de 1958, com o alistamento e a reclusão de Elvis. Quase um ano depois, a perda prematura de Buddy Holly, Richie Valens e Big Bopper num acidente aéreo, parecia ter decretado o fim daquele gênero musical recém criado. Ele estava fadado a não completar sequer uma década de existência. Mas ele sobreviveu!
Entre os anos de 69 e 70, se despediam para sempre Brian Jones, Hendrix, Joplin e Morrison, ídolos de toda uma geração, que deixaram milhares de órfãos. Estas mortes explodiram como uma bomba atômica na cabeça dos jovens da época. Seus ídolos falharam, culminando, ainda em 1970, com o anúncio oficial do fim dos Beatles. Como nas próprias palavras de Lennon, “o sonho havia acabado?” Não!
Novos ventos sopraram em meio a este clima de revolta e frustração. O Rock virou a década com peso e uma postura bombástica jamais vista, Zeppelin, Sabbath, Purple, ELP. O Rock entrava na sua maioridade, mais maduro, longe da inocência da década passada. Eram tempos em que a música não era feita apenas para diversão e entretenimento, era muito mais que isso, uma ferramenta para expandir idéias e sérias contestações sociais.
Mas o que se temia ou nos remetia à suposições que só residiam na imaginação dos mais pessimistas vem assombrando e se tornando uma realidade. O Rock está agonizando como uma paciente terminal!!
Ele está sendo sepultado pela própria indústria fonográfica, agora, mais voraz que nunca, diante da ameaça da pirataria e do mp3. Produtos cada vez mais digeríveis, ocos e virtuais. Indústria que ao mesmo tempo em que sofre a profunda e galopante punhalada dos downloads, nos enfia goela abaixo uma leva de bandas inglesas como The Klaxons, The Subways e Coldplay. Reparem bem! Não utilizo aqui o termo “Bandas de Rock”, pois seria uma blasfêmia incluí-las numa categoria por onde desfilaram monstros sagrados como Who, Aerosmith, Van Halen, entre outros.
Não exijo nada de quem realmente não possa dar, apenas analiso e concluo! Que mal havia em perceber nos antigos Rock Stars toda mitificação, diferenciação e destaque visual, posturas e atitudes comuns as divindades que pareciam terem vindo de outra galáxia. Eram realmente hipnóticos e exóticos. O que vemos hoje, são integrantes patéticos, “estrelas”???? Apagadas, sem luz própria. Acreditam ser emblemática a sua recusa em agir e se mostrarem como os ídolos do passado. Fazem sim, questão de agir e se apresentarem como meros mortais, descontentes, desinteressados e pálidos (emos) despretensiosos. Mas na verdade, eles são realmente, simples mortais e desinteressantes!! São um desrespeito a toda a mitologia do Rock!
Há como imaginar Robert Plant ou Roger Daltrey ao lado de Chris Martin (Coldplay) ou Pete Doherty (Babyshambles) no palco? Não há como ocuparem o mesmo espaço, jamais! Não haveria um disparate maior do que este, e nada agrediria tanto aos olhos e ouvidos daqueles que respiram honestamente e apaixonadamente o verdadeiro som pesado.
A extravagância sempre foi o combustível do Rock, desde sua gênese, vide Chuck Berry, Jagger e Bowie. Podem me questionar, dizendo “esqueça a atitude”! Vamos à sonoridade?? E eu pergunto, qual?? Das guitarras adolescentes, ou melhor, infantis sem o vigor masculino dos anos 70?
Há seis anos atrás, já havia presenciado um dos maiores impactos e a confirmação do que redijo hoje. Era a terceira edição do festival Rock in Rio, em 2001, quando entre os 125 mil presentes assisti Neil Young subir ao palco numa sexta-feira, 19 de janeiro, a 1h20 da madrugada. Testemunhei algo impressionante. Apenas velas sobre os amps marshalls. Nas mãos, uma coleção de guitarras Gibson Les Paul tão clássica quanto o dono. E um senhor canadense arrancando as cordas do seu instrumento emitindo um som semelhante à trovoadas em uma noite de verão sem que seu aneurisma cerebral o atrapalhasse.
Quando Young deixou o palco quase às 4 da madrugada, o público presente sabia que havia assistido uma apresentação antológica. O velho caubói nos mostrou que é possível fazer Rock e dizer a verdade ao mesmo tempo. Conduziu-nos a um universo paralelo, onde música, alma e realidade podem se fundir na mesma coisa. O tempo voltou ao normal quando as luzes acenderam após o show, mas a lição havia sido profetizada. Indiscutivelmente um dos melhores shows já vistos no país. Três dias depois, no encerramento do festiva, assisti ao que até então seria a sensação do momento, os californianos do Red Hot Chili Peppers. O que não só eu, mas muitos com o mínimo de noção musical e lucidez concluíram, foi que algo já estava errado. No palco, a sensação do momento parecia um grupo de crianças birrentas se divertindo num parque dominical, cover de si próprio. Não havia nada sólido, nenhuma essência ali. Som magro, integrantes posando de rebeldes suando muito para provar aos seus fãs teens, que carregavam mochilas com todinho preparadas pelas mães, que caíram na estrada do Rock porque são vorazes problemáticos em sua origem. “Brabos” como as estrelas do passado. Patético!
Reflito. Onde foram parar os grandes riffs de guitarra? Smoke on the Water, Paranoid, Cat Scratch Fever…
Não! Tal instrumento não foi inventado para ser tocado como se faz hoje. Ele ri, debocha e ironiza nas mãos destes supostos e tímidos músicos. Não é mais domado e dominado com a fúria e autoridade de antes.
Saudosos ingleses, Paul Kossoff, Keith Moon, David Byron e John Bonham devem estar envergonhados pelo que seus conterrâneos nos apresentam hoje. Um som tétrico, sem inspiração, sem alma e despido de atitude, elemento básico do Rock `n´Roll. A recente perda de Ronnie James Dio é mais um duro golpe, já que os dinossauros do Rock estão em extinção e sem chances de surgimento de novas gerações.
Surge então uma dúvida!!
O que os ingleses estão fazendo será pior do que conviver com o massacre que o mercado norte-americano nos impõe hoje? Uma avalanche de Hip Hop, Raps e R&Bs sem sentido algum??
Os americanos talvez prefiram se omitir, tiram o time de campo. Ah!! citam os Strokes?? Mas, são americanos?? Imaginei que fossem ingleses!!!!
O mais estarrecedor é a imensa massa consumidora branca atraída pelo som gangsta negro dos guetos. Traindo assim suas origens seminais saxônicas, já que os rappers ecoam letras, que em muitos casos, incitam o preconceito contra os próprios brancos yankees que jogam o boné para trás e contorcem os dedinhos com a simbologia negra das ruas. E o que dizer da classificação de R & B para rotular alguns hip hops contemporâneos? Som produzido por tipos como Ja Rule e seus clones.
R & B é Ray Charles e Aretha Franklin!!! Não supostos cantores negros, ou melhor, “locutores” que destilam 100 palavras por segundo dialogando para sua própria imagem refletida no espelho. Sem swing, ritmo ou mínimo de melodia e musicalidade, somente um monólogo marcado por um metrônomo barato. Execrado pelo mundo do Rock em meados para o final da década de 70, a Disco Music hoje merece o respeito que lhe foi renegado no passado. Como comparar a musicalidade de The Tramps e The Commodores com o lixo da Black Music atual e sua overdose de samplers?
A figura do Rock Star, do Guitar Hero foi aniquilada. Teremos que nos contentar com isto que está aí?? Eu sei, caça níqueis ou não, alguns dinossauros; Stones, Floyd, Skynyrd e companhia ainda tentam sobreviver, mas a fábrica parou e a torneira se fechou.
Fazendo um retrospecto podemos dizer que Guns N Roses e Nirvana, com os movimentos Hair Metal de Los Angeles e o grunge de Seattle respectivamente, foram os últimos suspiros de um doente terminal que ainda agoniza no leito. Lá, ainda existiam chamas ardentes e a tal atitude contraventora dentro e fora dos palcos, diante ou por trás dos holofotes.
Onde foi parar o verdadeiro Rock ´n´Roll??
Quando iremos despertar desse pesadelo??
Fonte:Whiplash
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