17 de janeiro de 2010

A jubilosa estréia do Moby Grape





A idéia inicial do Moby Grape era unir as raízes da música norte-americana com a emergente onda psicodélica que vinha surgindo. Sorte eles já tinham, pois os cinco integrantes do grupo[bb] sabiam compor e cantar muito bem. Isso está latente na estréia homônima dos rapazes, cunhada na raça por cinco lendas do underground californiano: o guitarrista rítmico e frontman Skip Spence, que até tinha sido baterista do Jefferson Airplane, Jerry Miller na guitarra, Don Stevenson na bateria (ambos fundadores do Frantics), o guitarra base Peter Lewis (ex-The Cornells e filho da atriz Loretta Young) e o baixista Bob Mosley.




A jubilosa estréia, talvez o único momento puro de triunfo da trajetória do desafortunado grupo, pode ser considerada a mais brilhante da cena de São Francisco. Aqui, ninguém queria transpor para o vinil uma estúpida viagem de ácido. Um fato louvável se compararmos o Grape com seus conterrâneos. Longas jams desnecessárias e auto-indulgência não faziam a cabeça do pessoal do Moby Grape, apesar dessa última ser uma constante na gravadora dos caras.


Somente uma exacerbada auto-indulgência pode explicar o fato da Columbia lançar no mercado, de uma única vez, cinco singles extraídos desta estréia. A atitude soou demasiadamente exagerada na época, fazendo com que a crítica caísse matando, ao taxar o grupo de pretensiosos ao extremo. Para piorar, nenhum dos compactos emplacou nas paradas, apesar do grupo apresentar alguns desses temas nos mais conceituados programas de TV.


Na festa de lançamento do disco, a Columbia voltou a exagerar: contrataram dez lindas garotas que jogaram 30.000 orquídeas importadas nos convidados, serviram centenas de garrafas de vinho contendo um rótulo personalizado do grupo e distribuiram luxuosos cases de veludo para a imprensa, contendo o álbum e os cinco compactos. Na seqüência, três integrantes do Grape foram detidos pela polícia por porte de maconha e foram acusados também de andarem com garotas menores de idade.

Mais problemas pelo caminho: a capa da estréia teve que ser re-impressa, pois na foto, Stevenson parecia ofender os ouvintes com o seu dedo médio. Isso deixava o tão almejado sucesso cada vez mais distante.

O relacionamento interno do pessoal só deteriorou quando Spence começou a tomar LSD como água e entrou em parafuso, querendo inclusive executar seus companheiros de banda com um machado. O líder do Moby Grape passou um tempo internado num hospital até fugir de motocicleta (vestindo um pijama) para Nashville, onde registrou seu magnífico álbum solo, “OAR”, mas é melhor deixar isso para outra ocasião.




Fonte desta matéria: poeira Zine

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