O artigo de hoje fala de uma banda de Folk Metal de Campinas, SP. A banda Lóchrann foi formada em 2007, e vem trazendo fantasia, cultura antiga, e melodias tradicionais provenientes da antiga Irlanda, Gália, Escócia e outros povos celtas.
A banda tem se apresentado em importantes festivais de Folk Metal, fizeram a abertura do show do Eluveitie, Folk Metal suíço que tocou em Curitiba; tocaram no Medievil em São Paulo e no festival Thorhammerfest III: The Heathen Folk Alliance, que aconteceu em São Paulo dia 24 de julho.
Depois de três anos de estrada, Lóchrann dá início à gravação de seu primeiro CD, que traz o nome de uma de suas músicas: Moonlight Dance.
Fazendo o uso de
instrumentos tradicionais, tais como gaita de fole, bandolim, tin whistle, flautas, violino e bodhrann, a banda promove uma retomada da musicalidade da era pagã mesclando-a com o peso doHeavy Metal.
O lançamento do álbum está previsto para 2011, e a arte da capa está sendo feita pelo lendário ilustrador do card game Magic, The Gathering, John Avon.
A banda conta com os integrantes:
Gordo "Elfo" - Vocal, Baixo, Tin Whistle, Bödhrann, Gaita de fole, Flautas;
Lüi “Bjorn” Marestoni - Guitarra, Backing Vocals;
Yuri Rissetti - Guitarra, Backing Vocals;
Kátia "Jaka" Akemi - Violino;
Bruno "Flying-leg" - Bandolim, Backing Vocals, Tin Whistle;
Crom - Teclado, Tin Whistle, Flauta, Vocal;
O colunista e apresentador do Programa Folk Metal da Radio Metal, Lucas Pirani, entrou em contato com a banda e traz aos leitores esta entrevista:
Lucas – Olá. Gostaria de começar perguntado como surgiu o interesse dos integrantes em formar uma banda de Folk Metal que expressa a cultura da Irlanda, Gália e outros povos de tradição Celta.
Gordo - Olá! Essa é grande hein? Vou resumir!
Apesar de, desde pequeno, já ser apaixonado por powermetal/melodic, não me passava na cabeça a idéia de um estilo se aproximasse tanto daquilo que eu gostava, que era fantasia, mitologia e todo o acervo que se misturava nos jogos de RPG que eu era viciado. Por algum tempo eu achava que tudo isso era resumido pelo som de bandas como
Blind Guardian,
Helloween,
Rhapsody, e para mim, isso já era bom o bastante. Nessa época já havia ouvido
Tuatha de Danann, mas acho que eu ainda era muito jovem pra assimilar a diferença entre esses sons, portanto juntei tudo e ouvia achando que era tudo igual!
Foi lá pelos 17 anos quando eu conheci mais a fundo Tuatha e ouvi os sons mais tradicionais, e foi aí que me apaixonei. Depois de Tuatha fui apresentado ao Blackmore’s Night, e por acidente encontrei Ensiferum. Quando ouvi o som do Ensiferum meio que parei pra pensar em como que podiam ser tão diferentes as bandas que eu tinha conhecido, porém tão igualmente cativantes. Pensei e cheguei a conclusão que o tema que elas tratavam era o que me fascinava. Encontrei meu vício! Eu queria fazer aquele tipo de som, precisava fazer!
Comprei uma tin whistle e aprendi a tocar, foi aí que eu larguei as baquetas e entrei de vez no mundo do Folkmetal. Olhei pro nosso grupo de RPG e vi que todo mundo tocava algum instrumento. Após disseminar o som, eles gostaram e embarcaram na aventura de fazer a Lóchrann!
Lucas – Fundir o Folk com o Heavy-Metal não é tarefa fácil, porém a banda desempenha bem esse papel. Quais as principais dificuldades enfrentadas desde o início para trazer uma banda de Folk Metal até o atual ponto da carreira?
Gordo - Bom. A primeira dificuldade é conseguir os
instrumentos! Infelizmente nós vivemos em um país que não bebeu, nesse aspecto, da mesma cultura dos povos europeus, portanto a tin whistle teve que ser importada, e os outros
instrumentos tiveram que ser feitos por luthier, o que tem um valor agregado maior, no caso da gaita de fole e do bodhrann.
Superadas essas dificuldades, o segundo problema que sempre atrapalhou um pouco é a infra-estrutura dos palcos. Uma banda de folk depende de
instrumentos com microfonação muito delicada, e possui uma massa sonora muito grande devido a quantidade de
instrumentos sendo executados, o que muitas vezes “embola” e prejudica a qualidade do show, ou pior, gera aquela microfonia irritante forçando as bandas a mudarem a timbragem dos
instrumentos ou simplesmente diminuindo o volume, causando aqueles comentários do tipo “o violino estava baixo”, “não ouvi o bandolim”, etc.
Lucas – Como vocês enxergam a abertura de portas para o Folk Metal no cenário nacional? Sentem que o gênero vem ganhando espaço?
Gordo - Nós vivemos um momento excelente para o Folk Metal no Brasil!
Além da nossa safra de bandas estar com altíssima qualidade, as bandas de fora voltaram os olhos para o nosso público. Parece que conseguimos definitivamente trazer o estilo para a nossa terra, e, com certeza, as bandas grandes estão gostando de tocar por aqui. O público brasileiro é sensacional.
Lucas – A banda possui uma grande gama instrumental que considero ideal para a sonoridade de um bom Folk Metal. Quais os benefícios e quais as dificuldades em se ter tais instrumentos no grupo?
Gordo - Acredito que para conseguirmos colocar em prática as nossas idéias, necessitamos desses
instrumentos. É uma forma de nos mantermos fiéis à tradição e mostrarmos o nosso respeito e admiração.
Além de gostarmos da música, somos apreciadores da cultura antiga, portanto nos preocupamos para que nem na estrutura instrumental e nem em nossas letras ocorram imprecisões.
Lucas – Quais bandas servem de influência para o Lóchrann?
Gordo - Para falar disso vou tentar colocar minhas influências pessoais de lado, embora seja difícil.
As principais influências da Lóchrann, na minha opinião, são: Schandmaul, The Dubliners, Ensiferum, Suidakra, Elvenking, Great Big Sea,
Blind Guardian e muitas outras.
Lucas – Conte-nos como foi a experiência de ter tocado no mesmo show que a banda Eluveitie.
Gordo - Foi uma experiência valiosa!
Tivemos a chance de mostrar nosso som para o pessoal do sul, e conhecemos o pessoal do Eluveitie, que foi muito atencioso e simpático. Acredito que fizemos um bom show e conseguimos cativar o pessoal que nos viu.
Lucas – Quais as expectativas para os próximos shows da banda?
Gordo - Pretendemos levar o nosso som para todas as partes do nosso país, pois sabemos que em qualquer lugar, sempre vai ter alguém para nos ouvir e se interessar pelo nosso trabalho. Já estamos terminando as musicas para um segundo álbum e pretendemos inseri-las no setlist com o tempo.
Lucas – Bandas de Folk Metal acabam desempenhando um papel de propagar a cultura histórica, a literatura e o folclore de várias regiões para um público novo, muitas vezes essa difusão de material cultural tem uma abrangência internacional e leva uma cultura, que antes era mais isolada, aos ouvidos de muitos. Como se sentem espalhando esse tipo de cultura?
Gordo - Lisonjeados. Foi uma escolha particular seguir o caminho da música. Com o tempo percebi que se você não possuir vocação a desistência é tida como certa, portanto descobri em mim uma vontade enorme de me manter firme nessa estrada e fui entendendo certas coisas que começaram a fundamentar os meus passos. Sou grande admirador da cultura dos bardos históricos/mitológicos e procuro dedicar minha vida como eles, contando as histórias e não deixando aquilo que era valioso morrer.
Lucas – Pude notar que em algumas letras a banda faz referência aos deuses, como em Moonlight Dance e Pagan Pride. À qual mitologia estão se referindo ao citar tais deuses? (http://letras.terra.com.br/Lóchrann/)
Gordo - Divido as letras da Lóchrann em dois tipo distintos. Hora tratamos de mitologia. Quando narramos um mito, ou simplesmente narramos uma historia usando referências mitológicas. Hora tratamos de fantasia. Quando falamos sobre um mundo inventado e não fazemos referência direta à nenhum deus.
Em algumas somos bem diretos, por exemplo: Lughnasadh trata-se da comemoração do início do período das colheitas. Os irlandeses dedicavam para o deus Lugh. Em outras usamos referência a Thor.
Cantamos também sobre seres da cultura nórdica e celta quando nos referimos aos anões, fadas e elfos.
Nas que tratam de temas da fantasia, inventamos lugares e personagens, assim como acontece nos RPG’s; por exemplo a música Eyeless Monkey Inn.
Além dos temas nórdicos e celtas, tratamos também, em duas novas canções do próximo álbum, sobre mitologia grega.
Lucas – Como vocês vêem o amadurecimento da sonoridade do Lóchrann com o passar desses anos? O que os fãs podem esperar para o álbum que será lançado?
Gordo - Esses anos foram importantíssimos para o aperfeiçoamento técnico da banda. Aprendemos muito da cultura antiga e estamos, cada vez mais, conseguindo compor letras ricas em conteúdo histórico e melodias muito próximas com as tradicionais. Acredito que com essas músicas que compõem o nosso álbum, todos vão poder captar a essência da banda e ainda perceber a nossa identidade sonora.
Lucas – Obrigado por responderem esta entrevista à Radio Metal e Folk Metal Society. Espero vê-los tocando novamente em breve. Gostariam de deixar uma mensagem para os leitores?
Gordo - Nós que agradecemos a oportunidade de entrarmos em contato com vocês da Radio Metal e da Folk Metal Society, e através de vocês, com o nosso público. Peço para que fiquem ligados nas notícias sobre a banda. E fiquem de olho, pois em breve estaremos lançando nosso álbum. Obrigado!
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