Início da banda e Life in a Day
O álbum de estréia do Simple Minds,
Life in a Day, foi influenciado por outros antecessores do
pós-punk, como
Magazine, e era derivado, de maneira um tanto consciente, do
boom do punk ocorrido no fim da
década de 1970, quando surgiram diversas bandas com um potencial de
crossover com o chamado
album-oriented rock (como
The Cars). Neste contexto,
Life in a Day representou exatamente o que a gravadora da banda,
Arista, desejava promover.
Experimentação com o new wave
Embora ainda tenha sido categorizado como '
rock', o segundo lançamento do Simple Minds,
Real to Real Cacophony, tinha um clima mais sombrio, e anunciava algumas das experimentações
new wave que se tornariam a marca registrada do som da banda pelos próximos dois álbuns. Entre estas inovações estavam o uso de
fórmulas de compasso pouco convencionais e estruturas
minimalistas baseadas na seção rítmica de Forbes e McGee.
O álbum seguinte,
Empires and Dance, simbolizou uma mudança muito mais radical, marcada pela influência de artistas
europeus como
Kraftwerk e
Neu!. Muitas das faixas no álbum eram extremamente minimalistas, com o uso de
sequenciadores; os teclados de MacNeil e o baixo de Forbes se tornaram os principais elementos melódicos, e a guitarra de Burchill passou a contar com muitos efeitos. Com este álbum, Kerr começou a experimentar com letras que não eram narrativas. Embora de maneira inconsciente,
Empires and Dance era essencialmente
industrial em sua estética, antecedendo por alguns anos o
crossover pop-industrial do álbum
The Crackdown, do
Cabaret Voltaire. A gravadora da banda, no entanto, demonstrou pouco entusiasmo com estas interpretações, e em
1981 o Simple Minds trocou a Arista pela
Virgin.
O primeiro lançamento do Simple Minds pela Virgin foi composto na realidade por dois álbuns -
Sons and Fascination e
Sister Feelings Call, produzidos por
Steve Hillage. O último havia sido incluído inicialmente como um disco-bônus incluindo com as primeiras 10.000 cópias de
vinil de
Sons And Fascination, porém foi relançado posteriormente como álbum independente.
Sons and Fascination aperfeiçoou a fórmula que havia sido iniciada com
Empires and Dance, e mostra a habilidade musical da banda durante o seu período mais prolífico, a tal ponto que este virtuosismo ditou sua orientação rumo ao terreno do
rock progressivo, distanciando-os da frivolidade de muitos outros músicos new wave. O álbum impressionou
Peter Gabriel, que escolheu o Simple Minds como banda de abertura para sua turnê
européia, o que aumentou a visibilidade da banda. "Love Song" foi um sucesso internacional, alcançando o Top 20 no
Canadá e na
Austrália, e a instrumental "Theme For Great Cities" se provou uma composição tão duradoura que foi regravada posteriormente, em 1991, como lado B do single "See the Lights".
Os "Novos Românticos"
O sexto álbum de estúdio do Simple Minds,
New Gold Dream (81-82-83-84), lançado em
1982, representou uma mudança significante para a banda. Com um som mais sofisticado, graças ao produtor
Peter Walsh, o grupo logo foi categorizado como parte do subgrupo do
new wave conhecido como
New Romantic ("Novos Românticos"), juntamente com
Duran Duran e outras bandas de sucesso na época. O disco produziu uma série de singles nas paradas de sucesso, entre eles "Promised You a Miracle" e "Glittering Prize", que atingiram o Top 20 do
Reino Unido e o Top 10 da
Austrália. Além disso, o
tecladista de
jazz Herbie Hancock executou um solo de
sintetizador na faixa "Hunter and the Hunted."
Apesar do sucesso do álbum, alguns dos fãs mais antigos da banda passaram a criticar o que viam como uma orientação mais comercial do grupo. Enquanto algumas faixas ("Promised You a Miracle", "Colours Fly and Catherine Wheel") continuavam com a fórmula aperfeiçoada em
Sons and Fascination, outras ("Someone Somewhere in Summertime", "Glittering Prize") eram pura
música pop. A direção do álbum foi influenciada, sem dúvida, pela partida do
baterista Brian McGee, que alegou estar cansado de fazer
turnês. O álbum tem três bateristas diferentes,
Kenny Hyslop,
Mike Ogletree, e
Mel Gaynor, que se tornaria a partir de então o baterista permanente da banda.
A fórmula que definiu o período 'new wave' do Simple Minds havia se esgotado, e o próximo álbum,
Sparkle in the Rain, marcou o abandono completo do estilo por parte da banda. Produzido por
Steve Lillywhite, que também havia produzido os primeiros três álbuns do
U2,
Sparkle in the Rain é um disco agressivo e de uma orientação mais
rock, na mesma veia do álbum
War, do mesmo U2; o próprio
Bono, vocalista do U2, é citado na biografia oficial do Simple Minds,
The Race is the Prize, como tendo dito que a sensação e o som do "barulho glorioso" que havia sido atingido neste álbum era o que ele e a sua banda aspiravam. O resultado eventual desta mudança na direção musical foi uma série de singles de grande sucesso, como "Waterfront" - que atingiu a primeira posição em diversos países europeus e até hoje é uma das marcas registradas da banda - além de "
Speed Your Love to Me" e "
Up on the Catwalk."
1985-1986: The Breakfast Club e o sucesso mundial
Apesar da recém-descoberta popularidade da banda no
Reino Unido e na
Europa, o Simple Minds continuava essencialmente desconhecido nos
Estados Unidos. O
filme The Breakfast Club, lançado no início de
1985, mudaria isso: este
drama, dirigido por
John Hughes e estrelado pelos atores do chamado
Brat Pack, foi um sucesso de bilheterias e consagrou como estrelas de
Hollywood muitas de suas jovens estrelas, como
Molly Ringwald,
Judd Nelson,
Anthony Michael Hall,
Ally Sheedy e
Emilio Estevez. O filme também catapultou a banda para dentro do mercado americano quase que da noite para o dia, fazendo com que a banda alcançasse seu único número um no mercado pop americano com a faixa-tema do filme, "
Don't You (Forget About Me)". Ironicamente, a canção nem mesmo havia sido escrita pela banda, mas por
Keith Forsey, que a ofereceu a
Billy Idol e
Bryan Ferry antes que o Simple Minds aceitasse gravá-la. "Don't You (Forget About Me)" foi um sucesso nas paradas de sucesso de diversos países ao redor do mundo.
Aproveitando-se de sua nova popularidade, o Simple Minds lançou seu disco mais admitidamente comercial,
Once Upon a Time, que foi feito especialmente para agradar às sensibilidades
stadium rock ("rock de
estádio") do público americano. Desprezado pelos fãs mais antigos, porém acolhido por milhões de novos ouvintes, e bem-recebido pela crítica, o álbum atingiu o primeiro lugar na Grá-Bretanha e o décimo nos Estados Unidos, ainda que "Don't You (Forget About Me)" não constasse do disco. A banda deixou claro em entrevistas antes do lançamento do álbum que não a incluiriam, acreditando que ela poderia desvalorizar as outras canções, que eles acreditavam ter capacidade de sustentar o disco por seus próprios méritos.
Once Upon a Time acabaria gerando quatro
singles de sucesso mundial: "Alive & Kicking", "Sanctify Yourself", "Ghostdancing" e "All The Things She Said", das quais a última contava com um
videoclipe de última linha, dirigido por
Zbigniew Rybczyński e que usava técnicas desenvolvidas para bandas como
Pet Shop Boys e
Art of Noise. Devido à poderosa presença de palco do Simple Minds e às letras que transitavam pelo
simbolismo cristão, a banda foi criticada por alguns críticos musicais como uma versão menor do
U2, apesar do fato de que as duas bandas estavam caminhando para direções musicais totalmente diferentes. Os integrantes dos dois grupos, no entanto, mantinham um bom relacionamento; Bono subiu ao palco do Simple Minds no festival de
Barrowlands, em
Glasgow (
1985) para uma versão ao vivo de "New Gold Dream." Para o álbum
Once Upon A Time e sua turnê subsequente, a banda também contou com a
cantora Robin Clark, que fez vocais adicionais e apareceu com algum destaque nos clipes da banda na época.
Fim dos anos 80: ativismo político
Para documentar a turnê de muitos sucesso do álbum
Once Upon a Time Tour, o Simple Minds lançou a caixa
Live in the City of Light, em
1987, gravado majoritariamente durante duas noites em
Paris no ano anterior. Um
disco de vinilduplo com o logotipo da banda em dourado sobre uma capa preta faz que este
LP se destaque entre o resto do catálogo da banda; o disco também veio com um grande livreto com fotografias artísticas da performance da banda e de uma sessão de
autógrafos ao ar livre.
A turnê também promoveu o trabalho da
Anistia Internacional. Inspirados por
Peter Gabriel, com quem haviam feito alguns shows no início da
década de 1980, o Simple Minds encabeçou uma série de concertos nos
Estados Unidos e
Europa, em
1988, juntamente com diversos outros artistas politicamente engajados (como o próprio Gabriel), que ficaram conhecidos como
Freedomfest, e tinham como intenção apontar os males do
apartheid na
África do Sul. A banda escreveu a canção "
Mandela Day" especificamente para esta série de shows, e a gravou em seu próximo álbum.
Depois deste longo período de turnês, o Simple Minds voltou ao estúdio e gravou um álbum politicamente carregado,
Street Fighting Years, lançado em
1989. O primeiro
single do álbum, a canção "
Belfast Child", de seis minutos, baseada na canção tradicional
celta "
She Moved Through the Fair", primeiro
single da banda a atingir a primeira posição nas paradas do
Reino Unido; o
single também foi uma expressão da banda de seu apoio à campanha pela libertação do refém irlandês
Brian Keenan, seqüestrado pela
Jihad Islâmica. O álbum chegou à primeira posição e recebeu elogios da crítica, incluindo as raras cinco estrelas da
Q Magazine.
Street Fighting Years recebeu uma crítica menos positiva da
Rolling Stone, que não viu com bons olhos o
refrão positivo da letra de "Mandela Day". Segundo o crítico Mark Coleman:
"...ao cantar "Mandela's free, Mandela's free" ("Mandela está livre, Mandela está livre"), repetidamente, no refrão celebratório da canção, Kerr cria a impressão tragicamente errônea de que Nelson Mandela já foi libertado da prisão - exatamente o que as autoridades em Pretória gostariam que acreditássemos. Quando ele finalmente canta "Set Mandela free" ("Libertem Mandela!"), já próximo ao fim da música, a frase chega três minutos atrasada." "This is Your Land" foi escolhida como o principal
single para os Estados Unidos, porém mesmo com a participação especial nos vocais do ídolo da banda,
Lou Reed, o
single não conseguiu deixar alguma marca nas paradas pop. Após um show em
Brisbane,
Austrália, no fim de
1989, o tecladista
Mick MacNeil abandonou a banda, citando preocupações com sua saúde. Aquele ano também marcou a primeira e única que vez que o grupo foi a principal atração num show no
Estádio de Wembley, onde tiveram como banda de apoio outras bandas
escocesas como
The Silencers,
Texas e
Gun.
Anos 90: declínio e reinvenção
Em
1991 o Simple Minds voltou, com uma coleção de canções que abordavam suas preocupações políticas de uma maneira muito mais palatável às rádios:
Real Life. O
pop rock altamente trabalhado da banda era agora considerado ultrapassado por boa parte do público consumidor; "
See the Lights" foi o último single a atingir o Top 40 nos
Estados Unidos.
À medida que a
década de 1990 avançou, Jim Kerr e Charlie Burchill tornaram-se os únicos membros ativos do Simple Minds. A banda contratou Keith Forsey, a força por trás de "
Don't You (Forget About Me)", para produzir seu próximo álbum, que voltou a banda ao
rock de arena de seus dias de
Once Upon a Time. Kerr deixou o cabelo crescer novamente, e a banda lançou
Good News from the Next World, em 1995, obtendo boas críticas. Embora as vendas tenham sido fracas nos Estados Unidos, o público da
Europa e do
Reino Unido respondeu de maneira muito mais positiva, e o álbum obteve dois sucessos, "She's a River" e "Hypnotised."
Três anos mais tarde, depois terem seu contrato com a
Virgin Records rescindido, o Simple Minds decidiu se reinventar musicalmente mais uma vez, desta vez voltando para os seus dias de pop eletrônico, quando eram inspirados por bandas como
Kraftwerk.
Derek Forbes retornou à banda, após uma ausência de 16 anos, juntamente com Mel Gaynor, que se tornou um membro integrante a partir de então; o álbum resultante,
Neapolis, no entanto, não foi bem nas paradas e não recebeu boas críticas. Destacou-se, no entanto, por ter sido o único álbum da banda lançado pela
Chrysalis Records, que se recusou a lançá-lo nos Estados Unidos, alegando falta de interesse. O
videoclipe de "
Glitterball," principal single da banda, foi a primeira produção a ser filmada no
Museu Guggenheim de
Bilbao, na
Espanha.
Após a reação frustrante do público ao álbum
Neapolis, as coisas se tornaram ainda mais difíceis para a banda. O próximo álbum de estúdio do Simple Minds,
Our Secrets Are The Same, estava originalmente programado para ser lançado no fim de
1999; porém a
EMI acabou se recusando a lançá-lo, e o álbum só acabou saindo em
2000, e mesmo assim quando suas músicas já haviam vazado para a
Internet. A banda lançou o álbum de
covers Neon Lights em
2001, reinventando canções de artistas como
Patti Smith,
Roxy Music e
Kraftwerk. Uma compilação de dois
CDs,
The Best Of Simple Minds, foi lançada pouco tempo depois.
Século XXI: renascimento criativo
O Simple Minds tentou mais uma vez voltar à cena principal com seu álbum de
2002,
Cry. Embora as vendas não tenham sido grandes nos Estados Unidos, a banda se sentiu confiante para tocar algumas datas no país durante sua turnê
Floating World Tour, a primeira em sete anos. Embora os locais onde se apresentaram sejam menores do que as casas de show maiores que conseguiram lotar consistentemente na Europa, os shows tiveram um público consistente. Como uma forma de citar a influência recente do
trance e do
techno, a banda se utilizou destes estilos para repaginar algumas de suas primeiras faixas, incluindo "New Gold Dream," "The American," e "I Travel".
O último álbum da banda,
Black & White 050505, lançado em
2005, foi mostrado no site oficial da banda algumas semanas antes de seu lançamento; posteriormente, a banda realizou shows pela Argentina, Europa, Oriente Médio, Austrália e Nova Zelândia. Embora o álbum tenha gerado algumas das melhores críticas que o Simple Minds recebeu em muitos anos, e o primeiro single lançado, "Home", tenha sido muito tocado nas estações de rádio que tocam
rock alternativonos Estados Unidos, não houve qualquer impacto significante em naquele lado do
Atlântico - e o álbum ainda nem mesmo foi lançado oficialmente na América do Norte, na Europa entretanto o álbum chegou ao TOP 5 Alemão e Italiano e figurou em 12o lugar no Hot 100 Europe Chart da Billboard. Apesar das respostas positivas de algums sites e outros poucos
tablóides britânicos, a maior parte da mídia
mainstream acabou fazendo-lhe críticas indiferentes.
O Simple Minds comemorou o 30º aniversário com uma turnê curta porém bem-sucedida da
Austrália e
Nova Zelândia, em
2007, como convidados da banda local
INXS. Também fez uma turnê de grandes arenas no Reino Unido no final de 2009, como a Wembley Arena e ao final do ano havia se apresentado para mais de 250.000 pessoas. O site da banda lança periodicamente faixas para
download, tanto de áudio como vídeo, e até mesmo
documentários mostrando os bastidores das turnês. A banda também participou do show em comemoração ao aniversário de 90 anos de
Nelson Mandela, realizado em
27 de junho daquele ano no
Hyde Park, em
Londres. Em
27 de maio de
2008 a banda anunciou que os membros originais do Simple Minds voltariam a trabalhar novamente pela primeira vez em 27 anos, começando a gravar em junho do mesmo ano. Foi lancado em
25 de Maio de
2009 o novo álbum da banda, intitulado "Graffiti Soul".. Este álbum foi o primeiro em 15 anos a voltar ao Top 10 do Reino Unido, em seguida o Simple Minds voltou a realizar turnê pela Europa e Asia que se prorrogou por 2010. Em Agosto de 2010 a bando retornou ao Brasil depois de 15 anos. 2011 ja tem turnê marcada no verao europeu a lancamento de novo álbum mesclando sucessos, raridades e algumas músicas novas. Álbum inteiramente novo deve acontecer somente em 2012.
Formações
Formação atual
Músicos adicionais
- Mark Taylor - teclado
- Andy Gillespie - teclado (estúdio)
Ex-integrantes
- Brian McGee - bateria (1977-1981)
- Derek Forbes - baixo (1978-1985 e 1997-1998)
- Mick MacNeil - teclado (1978-1989)
- John Giblin - baixo (1985-1988)
- Eddie Duffy - baixo (1999-2010)
Músicos contratados para turnês e sessões de estúdio
- Jim McDermott - bateria (2006)
- Mark Schulman - bateria - turnê Good News from The Next World (1994-1995)
- Malcolm Foster - baixo (1989-1995)
- Peter-John Vettese - teclado (1990)
- Lisa Germano - violino - turnê Street Fighting Years (1989)
- Robin Clark - vocais - turnê Once Upon A Time (1985-1986)
- Sue Hadjopolous - percussão - turnê Once Upon A Time (1985-1986)
- Mike Ogletree - bateria (1982)
- Kenny Hyslop - bateria (1981-1982)
- Paul Barnsley - guitarra (1985-1986)
Discografia