por Diogo Gregório
Roberto foi de extrema importância para que o nosso amado Rock se difundisse no Brasil. E não é só isso, foi extremamente importante para que se começasse a escrever rock em português. Antes dele, os artistas se resumiam a fazer traduções de letras simples de sucessos enlatados.
Roberto não. Como se dizia na época, ele queria era colocar o povo pra balançar o esqueleto. Mas com letras feitas aqui. Tratou de se juntar a grandes músicos (O também excelente Erasmo, e na época, a sex símbol Vanderleia) e tratou de fundar um movimento super contestado chamado Jovem Guarda. A critica e veículos da época, queriam a exaltação pacifica e poética da Bossa Nova. Enquanto aqueles meninos queriam botar casacos de couro, brilhantina em seus topetes para tentar conquistar o coração das moçoilas em seus vestidos de bolinha nas festas.
Roberto era a figuração deste movimento. Um ícone que, aos poucos, passava a agradar a aqueles que torciam o nariz. Suas letras de amor, seus odes juvenis tomavam as rádios e programas de tv de forma impressionante, em fenômeno semelhante ao eterno rei Elvis Presley.
Em tempos complicados de censura, Roberto abusava de letras recheadas de sensualidade de duplo sentido (leia a letra, Côncavo e Convexo) e se preocupava em ser um antídoto de entretenimento para um país em plena guerra civil. E essa “omissao” que tanto é criticada até hoje, não se trata de se esconder por trás de nada. Se trata na verdade de capacidades. Nem todo artista tem obrigação de fazer da sua obra um arsenal anti-sistema. Arte está um patamar acima de qualquer questão governamental. Não se faz arte obrigado, se faz arte por necessidade interior. E se a necessidade do rei era embalar o povo no meio do turbilhão de acontecimentos políticos que transformariam para sempre o nosso país, vá lá!
Ainda haveriam diversos acontecimentos na vida do Rei, e todos estes resultando em ciclos profundos de universo de composição. A fase religiosa após o acidente que o fez perder a perna, a fase de analista do comportamento feminino (sempre feita entre um casamento e outro) e etc...
Portanto, fica a dica da coluna: bota o preconceito pra descansar pelo menos um dia e tenta ouvir os discos certos do Rei. Nada de se impressionar com os especiais de fim de ano globais que há muitos anos estão sem sal. Comece pelos primeiros, contextualize os álbuns em cada período e se prepare para no final dessa excursão musical riquíssima achar que o Rei, é uma brasa bicho.
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