Publicado originalmente no Blog Overdose Intuitiva.
O
que um diretor de cinema e uma banda de rock progressivo teriam em
comum? Seria difícil de imaginar se fosse qualquer diretor e/ou qualquer
banda. Mas tratam-se de mentes geniais que marcaram pra sempre suas
áreas de atuação.
Mas, a relação entre os dois vai além do puro
fato de suas genialidades e importância para o cinema e a música.
Stanley Kubrick foi um diretor revolucionário, criou filmes que com
certeza, pelo menos um, está na lista dos 10 melhores de todos os tempos
de qualquer cinéfilo. Pink Floyd,
foi uma mega banda de rock progressivo admirada por todos amantes de
rock progressivo. É o carro-chefe do estilo e a primeira a ser
mencionada nesse assunto. O que veremos aqui são características em
comum entre os métodos de criação de um marco no cinema e na música.
A exaustiva busca da perfeição
Ainda
criança, Kubrick ganhou de seu pai um tabuleiro de Xadrez. Com certeza o
pai não fazia idéia da importância disso. Esse simples presente
ajudaria criar um espírito perfeccionista em seu filho. Perfeição sempre
almejada nas formas, planos de filmagem e fotografias de seus filmes.
Onde mais se pode ser notada é no filme Barry Lyndon, seu filme mais
visualmente perfeito. Enquadramento, luz e também as atuações. Os atores
tiveram que repetir exaustivamente as cenas para finalmente sair como
Kubrick queria. É tido também como um marco na fotografia
cinematográfica.
A busca da perfeição é uma característica de todo
rock progressivo. Mas como o Floyd é a locomotiva desse estilo, cabe a
ela o maior reconhecimento. O perfeccionismo do Pink Floyd
poderia se resumir a um nome: Roger Waters. O britânico é conhecido
como rabugento e excessivamente metódico na composição de suas músicas.
Mas não, não se resume a apenas ele. Existem outros três com o mesmo
espírito sempre inquieto. David Gilmour, Rick Wright e Nick Mason. Cada
um em seus instrumentos. Cada acorde ou solo, letras ou capas é
meticulosamente criado para o conceito dos álbuns. Nada é por acaso,
tudo está lá porque tem um devido propósito.
O espaço e o tempo
O quesito primário para se assistir um filme de Kubrick. Ter tempo sobrando. Os filmes facilmente ultrapassam as 2 horas. Já o Pink Floyd
tem uma discografia regrada de músicas com mais de 10, 12, 15 minutos,
algumas com mais de 20. A banda além de ser rotulada como “progressiva”,
está inserida em um estilo visivelmente comparável aos filmes de
Stanley Kubick, trata-se do Space Rock. Esse estilo é marcado pelas
longas passagens de instrumentos, como sintetizadores e uso experimental
de guitarras. Kubrick esbanja tal característica. Seus filmes são
marcados por longas cenas e, principalmente diálogos. Diálogos que fazem
o espectador penetrar profundamente na mente do personagem. O que
Kubrick e Floyd magistralmente fazem com isso é prender seu público
mostrando o conteúdo denso e, mutas vezes, enigmático, que de suas
obras. Embora para muitos não familiarizados com o tempo das músicas e
filmes se trata de uma bela provação de paciência.
Megalomania
É
difícil imaginar a produção de 2001: Uma Odisséia no Espaço em 1968.
Não é um filme pra essa época, não existiam recursos para uma produção
tão gigantesca. São efeitos especiais que até para hoje podem ser
considerados de alto nível. Kubrick sempre pensa a frente de seu tempo,
mas para a produção desse filme ele parece ter se teleportado para o
futuro.
Mais difícil ainda era imaginar uma banda na década de 80,
em pleno fervor punk, levantar um muro de dezenas de metros no palco
pra depois simplesmente destruí-lo, bonecos infláveis gigantescos. Esse
era o Pink Floyd em sua megalomaníaca turnê The Wall. O show The Wall Live in Berlin, que não era com o Pink Floyd
mas apenas com Roger Waters foi considerado um dos maiores espetáculos
da história da música. Destaque também para a turnê Division Bell com o
famoso espetáculo de luzes.
A banda era conhecida por seu
experimentalismo com instrumentos eletrônicos como sintetizadores e
teclados. Era a banda que tinha, na época, o mais impressionante
equipamento musical de todo mundo. Eram caminhões que seguiam viagem em
suas turnês e postas no palco. Era também uma banda adepta do sistema de
gravação quadrifônica. De tão complexos eram a sua complexidade técnica
para instalação e alto custo de implantação o sistema foi um fracasso.
Conceito e conteúdo. O ser humano e seus conflitos
Dr.
Fantástico, um fictício desfecho da Guerra Fria caso um cientista com
problemas mentais fosse ouvido; Laranja Mecânica, um jovem líder de uma
gangue que se diverte estuprando e promovendo a ultra violência que é
submetido a um tratamento de choque para curar sua loucura; O Iluminado,
uma pessoa aparentemente normal que de tanto ficar isolada enlouquece a
ponto de querer matar sua esposa e próprio filho.
Dark Side Of
The Moon traz músicas que refletem diferentes fases da vida humana, seus
elementos mundanos e fúteis, e a sempre presente ameaça de loucura; The
Wall, um rapaz que constrói um muro em sua consciência para isolá-lo da
sociedade, e, através das drogas, refugia-se num mundo de fantasia que criou para si.
Nada
tão complexo e denso como a mente humana e, mais precisamente, sua
loucura. O tema foi tão explorado por Floyd e Kubrick que acabou se
tornando características fundamentais de suas obras.
2001 e Echoes
Strauss que me perdoe, mas Echoes nasceu para ser trilha sonora de 2001: Uma Odisséia no Espaço.
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