Não calcado no Hard Rock ou AOR, THE SKY é uma banda que se considera “indie” e tem uma mescla de canções de amor com hinos que falam de política e liberdade. O rebento do grupo chega depois de mais de um ano de gravações que foram acompanhadas pelos fãs de Fleischman nervosa e especialmente pelo Facebook, onde deposita novidades regulares sobre o trabalho. Nas redes sociais, alías, o cantor descobriu que é muito mais admirado do que jamais imaginou e tem curtido os paparicos dos fãs.
O disco sucede seu último lançamento solo, “Look At The Dream”, de 2007, e é considerado pelo artista como “o melhor rock já feito por aí em algum tempo”. Nesta entrevista exclusiva, ele promete um disco com paixão, energia, rock n roll alto e uma banda bem entrosada, mas apenas para aqueles que não cultivam seus ouvidos “mortos”. Além disso, promete estar no Brasil tão logo tenha oportunidade. “Eu sei que vocês amam o rock”.
Os fãs têm notado que, em seus últimos discos, você não usa mais o estilo de voz imensamente agudo que o marcou no passado. Estas notas impressionantes que apareceram nos discos “Perfect Stranger” (solo), “Channel” (da banda homônima, clássico cult do AOR) e “Invasion” (na banda solo de Vinnie Vincente, ex-KISS) foram substituídas por um tom médio, o que transformou sua música também. Você não consegue mais cantar naquele tom ou foi uma opção mudar de estilo?
ROBERT FLEISCHMAN – Bem, eu fiz três álbuns naquele estilo. Digamos que no álbum “Invasion” eu fiz isso bem no “nível 11”. Depois disso, para onde se vai? Atualmente, tudo é mais orientado para a minha forma de ver a música. Para mim, foi como pintar em preto e branco. Agora eu pinto em cores, pois há contraste, vales e morros, não só uma dimensão. Na minha nova banda, THE SKY, há um pouco de tudo. Então ele (o tom alto) não foi completamente abandonado. Ainda acho que alcanço uns pontos altos na atitude, então quando o disco sair, confira o resultado. Sairá por volta de abril ou maio. Ele é muito bom.
O que veio antes para sua vida: mudar-se para a cidade de Richmond, na Virginia (Fleischman é natural da California, onde sempre baseou seu trabalho) ou formar o SKY? Caso o primeiro tenha vindo antes, por que ir à Virginia se, teoricamente, na Califórnia há melhores e mais gabaritados músicos para fazer uma nova banda?
Robert – Eu me mudei para Richmond para juntar o SKY com o (baterista) Andre Labelle, a quem eu conheci por meio de Vinnie Vincent (ambos tocaram na demo nunca lançada “Guitars From Hell”, do guitarrista). Ele se tornou um grande amigo e, além disso, é um grande baterista. Tentei achar pessoas em Los Angeles. Eles são bons empunhando uma guitarra. Mas era tudo... Eu queria musicalidade de verdade e Andre disse que conhecia gente boa e conhecia mesmo. Eu nunca quis estar de novo em uma banda outra vez por causa de todo o drama envolvido. Mas uns anos atrás (2001) eu fui convidado a me juntar ao Journey no palco depois da cerimônia de recebimento da estrela na Calçada da Fama de Hollywood, na noite em que a banda tocou no House of Blues. Me pediram para subir e cantar “Wheel In The Sky”. E aí eu estava lá vendo todas aquelas pessoas e percebendo o quanto eu sentia falta daquilo e foi assim que tudo aconteceu. Levou algum tempo para juntar tudo, mas agora estou na melhor banda que já tive. É como uma família. Acho que é isso que você precisa para se tornar uma grande banda.
THE SKY se considera uma banda “indie”, mas nas amostras de canções que temos disponíveis podemos ver algumas passagens pesadas e até mesmo de improvisação, mais complexas, que são bem mais próximas ao rock clássico, especialmente considerando o passado musical seu e de Andre Labelle. Que tipo de indie o SKY toca?
Robert – Gosto de ouvir muita coisa. Muse, Radiohead, White Stripes, Arcade Fire, Foo Fighters, John Lennon, Bob Dylan, The Killers, World Party, Oasis, Beatles, The Kinks, Rolling Stones, The Who, David Bowie, Chuck Berry, The Shins, Peter Gabriel, Muddy Waters, The Hives, Nirvana, Weezer, Coldplay, Cold War Kids, The Dead Weather, Jet, Mellowdrone, Fiona Apple, Donovan, música clássica, eletrônica eambiente.
É bem difícil achar referências sobre seu trabalho ao vivo, seja solo ou com o próprio THE SKY. Não tocar ao vivo é uma opção, você não consegue juntar a banda para se apresentar ou nenhum dos dois?
Robert: Vá ao Youtube e digite “Robert Fleischman and The Sky”. Lá tem o primeiro vídeo da banda. Fizemos dois shows e depois entramos direto no estúdio. Em breve vamos começar os ensaios e então sairemos para fazer mais shows.
É bom ou ruim passar mais de um ano gravando o disco de uma banda nova, ainda que seja a banda nova de Robert Fleischman?
Robert – Não dá pra começar uma cosia assim em dois dias. Leva tempo juntar todas as peças e fazer tudo funcionar. Eu compus 20 músicas, ensaiamos todas elas e depois decidimos juntos em quais trabalhar. Fizemos alguns shows para ver como o material funcionava e depois escolhemos quais delas gravaríamos. Então vem o processo de gravação, mixagem, tem os encontros com diferentes gravadoras, o processo legal envolvido. Então, depois de tudo isso, o produto sai. Então dá pra ver que leva algum tempo para fazer tudo dar certo. O tempo está envolvido (no processo).
Que tipo de som você quer alcançar com o SKY? O que seus fãs podem esperar do novo disco?
Robert – Acho que as pessoas podem esperar para ver o melhor rock n’ roll feito por aí em algum tempo. Cada uma das músicas tem muito da nossa alma. Ele detona. É a primeira vez em que estou em uma banda que tem duas guitarras, então ao vivo ele (o som) fica bem grande e alto. Acho que as pessoas vão gostar de verdade, se os ouvidos delas não estiverem mortos.
Robert – “Wheel In The Sky” não estará no album do THE SKY. Tocamos a canção nos shows somente no momento do bis. É bem mais pesada do que você está acostumado a ouvir. Até hoje, ela teve uma resposta muito boa dos fãs. Então as pessoas meio que esperam que eu faça isso (cante a música). Afinal, eu tenho um pouco a ver com ela (Robert compôs a música, um dos grandes sucessos do Journey, em parceria com Neal Schon e Diane Valory).
Como é a relação com o restante da banda? Seus músicos te vêem como uma espécie de rockstar ou estão tranqüilos quanto ao seu passado mais conhecido?
No passado, deixar o Channel para você não foi um problema porque, logo depois, surgiu no seu caminho uma proposta atraente de Vinnie Vincent. Agora, se você conseguisse outra chance assim de novo, deixaria o SKY?
Robert – O Channel acabou bem antes de Vinnie Vincent, então nunca cheguei a deixar a banda para trabalhar com ele. E também não me vejo trabalhando com ele de novo. Então, que grande chance seria essa? Eu não quero fazer parte de uma banda que já exista. Todos esses caras que entram em bandas para substituir seus antigos cantores. Pra mim, isso é como karaokê. Eu não costumo cantar músicas dos outros e nunca vou deixar o SKY.
Te entedia responder perguntas sobre o Journey mesmo depois de já ter deixado a banda há mais de 30 anos?
Robert – Sim e Não. Depende mesmo é da pergunta.
O THE SKY sairá em turnê algum dia? Quais são os planos para isto? Algo que envolva a América do Sul, em especial o Brasil?
Robert – Sim, definitivamente nós planejamos sair em turnê. Mal posso esperar. E por causa do Facebook eu tenho entrado em contato com muita gente do Brasil e da América do Sul. Eu acho que isso é demais! Vocês daí são grandes fãs e realmente apaixonados, eu sei que vocês amam o rock. Então, se tivermos uma chance de ir ao Brasil, estaremos aí, vamos ver vocês!
Existe algum plano de sua parte de se juntar à turnê do Journey? Recentemente eles fizeram um “combo” com Styx e Foreigner e em março estarão no Brasil.
Robert – Discutimos sobre isso com a banda e os empresários deles. Há uma possibilidade, mas só o tempo vai dizer.
Nos conte um pouco sobre sua vida pessoal. Sabemos que você é casado e tem agora uma linda menina chamada Violet, além de seu filho mais velho. O que mais podemos saber sobre você?
Robert – tenho feito arte a minha vida inteira. Sou pintor e também faço colagens, no que sinto que sou mais forte ainda. Fiz alguns dos trabalhos de arte dos meus CDs. Então eu sou bem visual. Às vezes, chamo isso de “arte silenciosa”. É quando eu fico sem escrever música por dois meses, então dá vontade de pegar um pincel ou começar a cortar papel. Então junto os dois e faço uma coisa híbrida. Já fiz exposições em Los Angeles. Uma vez fiz uma com Jerry Garcia, do Grateful Dead, só nós dois. E também sou um colecionador de memorabilia dos Beatles, além de robôs.
Confira abaixo vídeos de duas faixas já liberadas do disco que está para sair.
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