Não há dúvidas de que diversas tendências dentro do rock já se encontram saturadas. O metal melódico viu o seu ápice e encontrou a sua queda. Do mesmo modo, a galinha de ovos de ouro de nomes como EVANESCENCE chegou ao seu fim. Entretanto, ainda existem bandas que conseguem aproveitar o que muitas outras exploraram à exaustão. Os mineiros da 4TH FRONTIER chegam ao seu primeiro disco unindo o rock com um quê de metal melódico e música pop. A sonoridade dos caras mostra bons momentos em “A Quarta Fronteira”.
Com mais de quatro anos de estrada, a 4TH FRONTIER consolidou o seu primeiro álbum, intitulado “A Quarta Fronteira”, que chegou recentemente às lojas. A banda, que investe em uma sonoridade verdadeiramente rock n’ roll, mas com um contorno forte da música pop (e consequentemente um apelo mais comercial), deve enfrentar certa resistência por parte do público. Não porque a banda não mostre qualidade técnica no seu registro. De certo modo, a ausência mais determinante na obra do quarteto é o impacto das suas músicas. A maioria das composições é rasteira, por mais que Mila Amorim (vocal), Daniel Christian (guitarra), Eder Monteiro (baixo) e Fabio Lebran (bateria) se esforcem para proporcionar uma boa impressão. Por mais que queiram andar pela mesma estrada que bandas como EVANESCENCE e PARAMORE construíram no passado, o caminho do 4TH FRONTIER deverá ser um pouco mais longo.
No entanto, certas características de “A Quarta Fronteira” chamam a atenção de imediato. A primeira delas (e mais evidente) é o uso do português como idioma. O grupo, que possui o mesmo repertório em inglês que será lançado em breve, mostra uma nítida preocupação em se diferenciar das suas duas maiores referências, sobretudo no mercado brasileiro. Por outro lado, acredito que a insistência em aproveitar as referências do pop/rock prejudicou a qualidade final do disco. A música de abertura, “Algemas”, possui melodias que a aproximam dessa tendência, mas não consegue se sobressair, como muitas outras faixas do disco. No entanto, “Insanidade”, com guitarras mais usadas pelo heavy metal, dá uma interessante roupagem pesada à proposta do quarteto mineiro.
A cadenciada “Em Busca do Amor” mostra muito bem que as referências do pop/rock funcionam a partir do momento em que a 4TH FRONTIER investe em intensidade emotiva. Do lado oposto, “A Quarta Fronteira” e “Fim da Estação” até possuem execuções impecáveis, mas estão distantes dos principais destaques do álbum. O disco, que iniciou com faixas interessantíssimas, perde um pouco do pique na sua continuidade. Na sequência, “Visão Digital” e “Veloz” novamente caem no senso comum do gênero mais íntimo ao pop/rock, sobretudo pela ausência do que a banda mostra com uma competência acima da média – o peso do heavy metal. Por mais que Mila Amorim possua uma voz incrível, “Destino” é outra faixa que deve passar em branco.
Do mesmo modo, não há como apontar “Mentiras” como um provável destaque de “A Quarta Fronteira”. Em compensação, a intensidade e as características do metal retornam muito bem em “Fantasmas”, que comprova de uma vez por todas que Mila Amorim é uma das cantoras mais competentes do underground brasileiro. O trabalho do 4TH FRONTIER se recupera na reta final do disco e a introdução com um quê deFOO FIGHTERS inicia uma das faixas mais bacanas do repertório. “Domínio” varia momentos mais cadenciados com outros mais intensos, com direito a muitos riffs metálicos e pesados. Por fim, “Novo Começo” é uma bonita balada construída a partir de violões, mas suspeito que a fórmula não proporcione um resultado de impacto.
Track-list:
01. Algemas
02. Insanidade
03. Em Busca do Amor
04. A Quarta Fronteira
05. Fim da Estação
06. Visão Digital
07. Veloz
08. Destino
09. Mentiras
10. Fantasmas
11. Domínio
12. Novo Começo
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