27 de fevereiro de 2011

Consultoria do Rock: rock progressivo italiano, parte 2


Depois de ter indicado cinco álbuns para se iniciar no rock progressivo italiano, apresento esta segunda parte com mais cinco discos importantes e bastante representativos do estilo. O critério utilizado para a escolha dessas obras será apresentado no decorrer do texto. Porém, com o intuito de adicionar informações contidas na primeira parte serão citadas mais algumas características próprias da cena e das bandas italianas.
A Itália no começo dos anos 70 era um caldeirão efervescente de músicos, idéias e, como comentado anteriormente, de divergências políticas. Os partidos de esquerda estavam se levantando contra os de situação e havia muitas manifestações pelas ruas. Alguns desses partidos organizavam comícios, e uma forma de atrair público, especialmente o público jovem, era o de contar com apresentações musicais. Esses comícios duravam horas, e se pareciam muito com os festivais. A diferença é que no lugar de algumas bandas existiam discursos. Com isso muitos desses músicos acabaram sendo relacionadas à certos partidos, mesmo quando não partilhavam dos mesmos conceitos. A intenção dos grupos era estar presente, e o espaço oferecido não podia ser desprezado.
Bandas de outros países se apresentavam frequentemente na Itália, como o KING CRIMSON, que certa vez literalmente fugiu do palco por causa de manifestantes políticos, e o VAN DER GRAAF GENERATOR. Essa última tinha um sucesso tão grande na Itália que teve o seu disco "Pawn Hearts" (1971) figurando na primeira colocação da parada italiana durante muitas semanas, além do fato de seu líder, Peter Hammil, ser tratado com extrema adoração pelos italianos. É realmente surpreendente conhecermos essas informações, afinal nem mesmo na Inglaterra isso era possível. Algumas bandas faziam mais turnês na Itália do que na Inglaterra ou qualquer outro país simplesmente porque seus shows na península itálica lotavam, diferente do seu país natal.
As bandas italianas tinham o costume de utilizarem mais de um tipo de teclado na mesma música e durante os discos. Além do mellotron, do hammond, do moog e outros, o piano e o órgão também eram empregados a serviço da criatividade dos músicos, muitos deles multiinstrumentistas. Era normal o baterista ir para o teclado, ou para algum instrumento de sopro, e o mesmo acontecia com guitarrista, baixista, etc. As guitarras como são usadas no rock não eram tão evidentes, sendo substituídas pelo violão ou mesmo pela própria guitarra sem efeito algum. Cabe aqui comentar sobre a utilização das flautas. Todas as bandas que utilizam esse instrumento são logo relacionadas com o JETHRO TULL, mesmo que seu som não seja em nada parecido com eles. Depois de ouvir o RPI essa associação acaba. Já que quase todas as bandas fazem uso das flautas, assim como de vários outros instrumentos de sopro.
A cena italiana era tão grande na época que talvez esse seja exatamente o motivo de seu rápido declínio. Com um grande número de bandas lançando material, outras estrangeiras fazendo shows e também lançando discos, os italianos tinham que fazer um esforço enorme para conseguirem um lugar ao sol. O público do país também tinha que fazer um esforço tremendo, principalmente financeiro, para ficar por dentro das novidades. Imagine-se um fã de rock progressivo no começo dos anos setenta com os mesmos interesses que você tem hoje. Ou seja, você gosta de várias bandas inglesas além das italianas, eventualmente algumas alemães e uma francesa. Com todos esses grupos lançando discos uma vez ao ano, imagine a grana que você teria que gastar para adquirir e ouvir tudo isso. Temos que ter em mente que na época nem fitas cassete existiam, então se você fosse escutar algo tinha que ser do LP ou das rádios. Bandas novas dificilmente tocavam nas rádios, e, além do mais, o início da década de 70 foi talvez a época mais prolífica da história do rock em geral. Concluindo, para uma banda nova era muito difícil conseguir gravar um disco, e muito mais difícil ainda conseguir ganhar dinheiro com isso.
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Matéria original: Consultoria do Rock

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