A História e as informações que você sempre quis saber sobre seu Artista/Banda preferidos, Curiosidades, Seleção de grandes sucessos e dos melhores discos de cada banda ou artista citado, comentários dos albúns, Rock Brasileiro e internacional, a melhor reunião de artistas do rock em geral em um só lugar.
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Sábado (16/07) foi a vez do Angra de subir no palco principal do Kazebre Rock Bar, casa de rock já bem conhecida na zona leste de São Paulo. Muita música e muita espera em pé para ver a banda em lugar privilegiado.
Por volta das 22hrs a casa abre as portas para a fila de fãs que já se formava lá fora. Um dia quente, porém uma noite que eu diria “geladinha”, pra ser generoso.
Fim do frio, a galera instalada aguarda ansiosamente a banda de abertura Rock Jam, que entrou somente após à meia noite.
A banda de abertura contou com um repertório de “covers” um tanto ecléticos que incluía desde RUSH atéLINKIN PARK e RAGE AGAINST THE MACHINE. Não ouso dizer que era uma banda de clássicos do rock. Agradou bem o público, mas da pista ouvi alguns comentários do tipo: - Cadê o Angra? Será que eles tocam ainda? Tá ficando tarde, heim?
A ansiedade continuava. Em menos de meia hora, pista lotada de gente quase até a fogueira na frente do palco. A galera cantando, gastando energia e esperando em pé a entrada da atração principal.
Quando o show de abertura termina, começa a desmontagem de batera da banda, e acertos finais para a entrada do Angra, enfim.
Note-se, já transcorreram algumas horas e a banda com certeza estava impaciente para entrar. Até dei umas cabeçadas no camarim e vi o Ricardo (Confessori) na porta, esperando a chance de entrar lá pelas 2:30 da manhã.
Pela entrada tardia da banda de abertura, e o show extenso (mais de uma hora de show), 3:20 da manhã, finalmente!
Começa a introdução: "Vinderunt te Aquae" e logo em seguida a poderosa abertura de "Arising Thunder".
Aparelhagens perfeitas, som cristalino da voz e instrumentos. Faço questão de dar os parabéns ao baixo muito bem timbrado e volume regulado. Não é sempre que eu vejo tal coisa no Kazebre.
Após a ótima execução da banda para sua música de trabalho do disco Aqua, vem então a saudosista "Angels Cry", do seu primeiro álbum (homônimo), que não falta no show deles. Essa é de lei. O público canta bastante e levanta as mãos para prestigiar essa música que já esta na tradição da banda, e funciona muito bem ao vivo.
Mais saudosismo? "Nothing to Say", na seqüencia, leva o público ao ápice até então. Muita gente gritando os refrãos e relembrando os velhos tempos. Depois a execução de "Heroes of Sand", do álbum “Rebirth”, pra dar uma acalmada na galera se espremendo um pouco lá na frente.
Execução de guitarra invejável de Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt. Sem problemas quanto ao vocal de Edu Falaschi também.
Chega a vez de "Lease of Life", essa é perigosa. Executada a baixo do tom, algo em torno de 1 tom abaixo. Depois de algumas músicas, frio e alguns engraçadinhos fumando lá na frente. Senti que o Edu teve um pouco de dificuldade pra desempenha-la. Essa que é uma das mais difíceis do álbum “Aqua”, em minha opinião. Tudo tranqüilo, duas músicas lentas pra galera apaixonada, porém não acabou ai.
O metal começa a rolar solto com "The Voice Comanding You", que com certeza foi de uma execução muito boa tanto vocal quanto instrumental.
Como se não bastasse, vem a introdução "Deus Le Volt!" e o power de "Spread Your Fire" encerrando com chave de ouro as músicas do álbum Temple of Shadows. Porém, já nesse ponto, não senti uma interação proporcional do pessoal. Quando era pra pegar fogo, só senti uma faísca do público.
No intervalo Edu pergunta pra toda a galera: - E aí, estão desanimados?
Claro, toda galera diz que não, porém na próxima música "Carolina IV", do álbum “Holy Land”, a galera continua fria.
Edu reitera: - Falaram que não estavam desanimados? Estão sim! Quase 4 horas da manhã, né?
É verdade, o público se mostrava muito cansado de ficar em pé esperando a banda de abertura tocar, desmontar tudo e os responsáveis da casa liberarem para o Angra tocar. Já estava tarde pra uma banda principal entrar.
Mais uma do “Aqua“ se inicia poderosa: "Awake From Darkness", a melhor execução da banda na noite. Vocal perfeito, instrumentos e passagens progressivas em prefeita execução. Quero destacar a pegada da bateria de Ricardo Confessori nessa música. Achei que ele não teria cacife pra se adequar as composições de Aquiles Priester (ex-baterista do Angra), porém venho me surpreendendo a cada show. Com certeza quero ver essa no youtube depois.
Fora o público que não estava muito animado mesmo com tanta guitarra e bateria na orelha. A banda faz uma passagem no disco Fireworks, tocando a música "LISBON" do último disco de André Matos. Alguns cantam juntos, alguns assistem.
Na passagem dessa música Edu faz um alerta a casa. Diz que isso não é horário para eles liberarem o show deles e que se fosse banda gringa não esperaria e ia embora. Eles ficaram esperando no camarim. Atitude louvável da banda. Realmente, para nós, o público, 'tava cansativo mesmo. Apesar do show seguir fantástico.
Como sempre, não podia faltar a música "Rebirth" do disco homônimo, que fez muito sucesso na passagem da formação do Angra em meados de 2001.
Esperei, e atendendo aos pedidos da platéia, começa a introdução: "Unfinished Allegro" para o encerramento com "Carry On" emendado em "Nova Era". O público dessa vez respondeu à altura, cantou bastante e levantou as mãos pro alto pra prestigiar esse clássico power da banda. Encerrando com a “Gate XII”, a instrumental sinfônica de “Temple of Shadows” no playback pra despedir da galera e deixar aquele ar de “quero mais”.
Resumindo um pouco a história. Esperei mesmo que o Angra entrasse à meia noite no máximo, já estava cansado. Porém, a banda fez por onde, tirando a atuação de Edu na “Lease of Life”, que faltou um pouco. Independente disso eu achei que foi um show muito bom. Solos de guitarra bem encaixados e um entrosamento da banda que deu gosto. Me fez esperar um outro disco e turnê deles.
SETLIST
1. Vinderunt te Aquae / Arising Thunder 2. Angels Cry 3. Nothing to Say 4. Heroes of Sand 5. Lease of Life 6. The Voice Comanding You 7. Carolina IV 8. Deus Le Volt! / Spread Your Fire 9. Awake From Darkness 10. Lisbon 11. Rebirth 12. Unfinished Allegro / Carry On / 13. Nova Era 14. Gate XII
Uma das maiores decepções para uma banda, é quando o público não sabe ou não conhece a letra da música. Foi o que aconteceu com o DRAGONFORCE, em um show realizado em Columbus, Ohio, durante o Lifestyle Communities Pavilion, em 2007.
O vocalista da banda, ZP Theart na época, aponta o microfone para o público, para que os fãs terminassem a letra. Quando ele faz isso, a platéia apenas aplaude, pensando que a música tivesse terminado. A banda então, passa a insultar o público dizendo que eles são um fracasso por não saberem o resto da letra.
Após os xingamentos, o vocalista retoma o refrão de "Operation Ground And Pound".
Não entendeu o que aquele crítico quis dizer no review de seus discos preferidos? Aqui vai a tradução.
- Tal banda faz um som honesto. (Ninguém roubou nenhum dos instrumentos utilizados na gravação. Afirmação bunda-mole que sai do nada e leva a lugar nenhum, tipicamente chapa branca. Coisa de quem não quer se comprometer, o popular CAGÃO.)
- Um bom disco, mas não se compara aos clássicos. (Já partiu com uma idéia pré-concebida. Se bobear, já sabia até que nota ia dar antes mesmo de ouvir.)
- Apesar de não ser um disco tão inspirado, os fãs irão aprovar. (Banda famosa cometeu uma terrível merda. Mas o crítico não quer entrar em rota de colisão com os fãs que prestigiam a publicação e, obviamente, vão consumir qualquer coisa que o grupo em questão lance.)
- O álbum tem alguns defeitos, mas por ser o primeiro, a banda ainda tem muito a crescer. (Crítico amigo dos músicos, não quis condenar definitivamente a carreira da parceria, que não vai dar em nada, é claro.)
- É uma ótima banda no que se propõe. (O crítico não gosta do estilo. Mas ganhou o CD de graça e o pessoal da gravadora foi gente boa, então tá valendo.)
- Fazendo um som totalmente clichê... (Resenha totalmente clichê.)
- O grupo investe em uma sonoridade old-school. (Lembra os anos 1980 da maneira mais genérica possível.)
- Esse é um dos trabalhos mais fracos da carreira da banda. Mas a história deve ser respeitada. Nota 9,5. (Disco do Iron Maiden.)
Natural de Portugal, o Head:Stoned está estreando com “I Am All”, um disco que funde Thrash e Heavy Metal Tradicional e que vem recebendo boas críticas pela crítica especializada da Europa. O Whiplash! conduziu uma entrevista com o baterista Augusto Peixoto e o vocalista Vítor Franco para conhecer sua história e um pouco da cena underground lusitana.
Whiplash!: Olá pessoal. O Head:Stoned é uma banda com pouco tempo de estrada e ainda desconhecida entre o público brasileiro. Que tal começarmos com um pouco de sua história?
Augusto Peixoto: Inicialmente o nome era Headstone, que foi formado em 2006 na cidade de Porto (Portugal), por mim, Augusto Peixoto (bateria – Cycles, ex-Dove), depois de Pedro Gouveia (voz – ex-Dove, ex-Pitch Black) me ter ‘convencido’ a formar uma nova banda. Entretanto, foram convidados a fazer parte do projeto Carlos Barbosa (guitarra – ex-Cycles, ex-Fears Tomb), Pedro Vieira (guitarra – ex-Withering) e Henrique Loureiro (baixo – ex-Cycles).
Peixoto: O Headstone deu o primeiro concerto no Porto Rio Bar em 04 de novembro de 2006. Depois deste grande evento, o vocalista Pedro e o baixista Henrique deixaram a banda, mas foram rapidamente substituídos pelo vocalista Vítor Franco (ex-Stillness In Chaos) e pela baixista Vera Sá (Cycles). Após variadíssimos concertos em vários pontos do país, e inclusive abrindo concertos para bandas importantes como o britânico Onslaught, conseguimos criar um feedback bastante sólido no underground português. Assim, resolvemos preparar a gravação do EP "Within The Dark", lançado em abril de 2009 e que conseguiu surpreender vários quadrantes da cena nacional e o público em particular, fazendo com que o EP se encontre praticamente esgotado.
Peixoto: Após termos composto o primeiro álbum da banda, "I Am All", em maio 2010 e já com o Nuno Silva como novo guitarrista, entramos novamente nos Estúdios Soundvision e com o produtor Paulo Lopes gravamos o sucessor do aclamado EP. O álbum "I Am All" foi lançado pelo selo nacional Major Label Industries em março de 2011. E, por questões legais, tivemos que alterar o nome e passamos a nos chamar HEAD:STONED.
Whiplash!: Após o EP “Within The Dark” e a alteração do nome da banda, o ‘novo’ Head:Stoned tinham algo musicalmente diferente e que quisessem por em prática no debut "I Am All"?
Vítor Franco: Acho que a diferença existe mais ao nível da produção. O som em “I Am All” está mais orgânico, ou sujo, se preferirem. Musicalmente, há sempre uma progressão natural de um trabalho para o outro, mas sem haver, propriamente, uma ruptura.
Peixoto: Aliás, o álbum contém temas mais antigos que os que foram editados no EP. Melhor continuidade que esta é praticamente impossível. Ainda para mais, não somos uma banda de grandes aventuras sonoras, tocamos o que sabemos e, principalmente, o que queremos.
Whiplash!: Ainda que tenha sua raiz no Thrash, "I Am All" apresenta elementos do Heavy Metal Tradicional e uma melancolia que o posiciona em um patamar relativamente diferente das outras bandas. Como equilibrar essa química musical no processo de composição do Head:Stoned, afinal?
Vítor: A banda começou justamente com a intenção de tocar Thrash Metal. Essas influências não se perderam, apesar de o nosso som se fundir cada vez mais com esses elementos heavy. No entanto, a forma como construímos as músicas é mais intuitiva do que intencional. Não temos nenhuma direção específica por onde queiramos levar o nosso som.
Peixoto: Certo, somos uma banda que sabe o que quer e por onde poderemos ir. Temos plena consciência das nossas capacidades, sejam musicais, sejam humanas, que, como é lógico, se vão complementar nos temas que compomos.
Whiplash!: Além de a seção instrumental convencer, Vítor Franco oferece uma performance bem dramática e se revela parte importante no resultado final de "I Am All". Quais as influências deste vocalista?
Vítor: As influências mais imediatas, segundo as críticas que temos tido, serão Warrel Dane (Nevermore) e Matt Barlow (Iced Earth). Não o nego, mas vozes como as de Faith No More, Fates Warning, Morgana Lefay e Dio, por exemplo, também estão presentes, mais ou menos conscientemente, em tudo o que canto.
Whiplash!: Vocês transmitem um forte pessimismo sobre o rumo que a humanidade vem tomando... Qual a inspiração para o conteúdo lírico de "I Am All"? Aliás, o baterista Augusto Peixoto fez um belo trabalho ao retratar este sentimento pelo projeto gráfico do disco, parabéns!
Vítor: A inspiração para as letras vem de experiências e reflexões pessoais e estas (as letras) não costumam ser as mais alegres, realmente, apesar de eu até ser um tipo brincalhão. Mas é a minha forma de escrever e de exteriorizar sentimentos menos fáceis e simples de manifestar.
Peixoto: Conjugando tudo isto à minha interpretação do que é a Arte, conseguiu-se atingir também um patamar bastante sujo com o aspecto gráfico, e existe realmente uma forte relação da temática lírica do álbum com a visual e, principalmente, musical.
Whiplash!: Com o advento da internet, a venda de CDs não possui tanto impacto para a carreira de uma banda. Quais as vantagens em se trabalhar com selos de pequeno e médio porte hoje em dia, e como rolou o contato com a Major Label Industries?
Vítor: Sentimos o ‘impacto’ que a venda dos nossos CDs tem apenas com aqueles que nós próprios distribuímos, porque essa receita fica logo com a banda. Os que são distribuídos pela Major Label têm a vantagem de poder chegar a locais fora do nosso alcance. Quanto à internet, não me causa confusão que o nosso disco já ‘circule’ por aí. Eu próprio tomo conhecimento de novas bandas através de mp3 e, ficando a gostar, é uma questão de tempo (e dinheiro!) até comprar o original. Gosto de ter o suporte físico, com o artwork, etc, e certamente que ainda há muitos consumidores de música por aí.
Peixoto: A Major Label Industries já nos conhecia do tempo do EP e só não assinaram conosco na época por uma questão de timming... A partir do momento que ouviram o álbum, assinamos um contrato e podemos afirmar que até ao momento tem corrido tudo bem. Isto também se deve ao respeito de ambas as partes em acreditar no trabalho que fazemos.
Whiplash!: Ainda que o Brasil esteja repleto de excelentes bandas e algumas distribuidoras cuidando de seus lançamentos, persiste a dificuldade em conseguir espaço para tocar. Como é a cena musical de Portugal e quais as expectativas do Head:Stoned perante o público da nova geração?
Vítor: Por aqui a situação certamente não é melhor, até porque somos um país com uma área bem menor. Há três ou quatro grandes festivais do gênero, mas onde, no que diz respeito às bandas nacionais, só entram aquelas com certo reconhecimento ou carreira. Quanto a bares ou salas para tocar, há algumas dezenas por todo o país, mas, mesmo que se consiga ir a todas, cedo se volta ao ponto de partida. Por exemplo, na nossa cidade (Porto), é comum ter a mesma meia dúzia de bandas a tocar no mesmo local, de três em três meses.
Vítor: A nova geração parece apreciar sonoridades mais extremas, pelo menos por aqui. Daí que uma banda com um som mais tradicional como o nosso possa soar... diferente! No bom e no mau sentido, conforme os gostos, claro. Mas preferimos isso a ser apenas ‘mais uma banda’.
Peixoto: Exatamente, e por não sermos mais uma banda é que a MLI assinou conosco! Preferimos ter uma atitude digna e mantermos a nossa identidade do que mudar a sonoridade para agradar a gregos e troianos!
Whiplash!: Até que ponto ser uma banda de Portugal dificulta seu trabalho em termos de divulgação, e como está sendo a recepção de "I Am All" perante as outras nações?
Vítor: No contexto europeu, Portugal sofre por ser um país periférico. Por exemplo, em países como a Alemanha, França ou Polônia, há concertos todos os anos e em várias cidades, de bandas que talvez visitem Portugal uma vez em cada cinco anos (com sorte!) e em uma cidade apenas. Para uma banda portuguesa, sair para a Europa é ainda mais difícil. O disco vai chegando a um ou outro ponto, aos poucos, até porque já tivemos algumas críticas do estrangeiro. Mas sair para tocar é outra história, começando mesmo pela nossa disponibilidade, que não é muita, devido à vida de cada um.
Peixoto: E depois é tudo uma questão de sorte... Quantas bandas há no mundo com uma qualidade fora do normal e praticamente ninguém as conhece? E depois existem aquelas que nem são nada atrativas e ainda assim conseguem grandes contratos e até um enorme reconhecimento! Como referi anteriormente, queremos manter a nossa identidade e compor música com feeling e com total noção de liberdade. Tudo o que vier a mais a partir daí será excelente. E, juntando às críticas internacionais que recebemos (não são muitas), são importantes na sua grande maioria, apontando o "I Am All" com um ótimo trabalho, o que nos deixa bastante satisfeitos.
Whiplash!: Considerando que acabou de estrear em disco, qual o principal foco do Head:Stoned para 2011?
Vítor: Para já, tentar rodar o disco ao vivo pelo nosso país. Depois, logo se verá. Não costumamos apontar metas muito distantes. Vamos fazendo pequenos progressos e desfrutando de cada um.
Peixoto: Além de que já começamos a preparar o novo disco, portanto, continuamos a proceder da mesma forma, tal como desde o primeiro dia.
Whiplash!: Ok, o Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte ao Head:Stoned. Fiquem à vontade para os comentários finais...
Vítor: Nós é que agradecemos pelo interesse e pela divulgação. Tudo de bom para vocês!
Peixoto: Esta entrevista é a prova que vamos conseguindo ultrapassar fronteiras e é um enorme prazer ter podido responder para uma publicação de um país-irmão. Falando praticamente a mesma língua, será mais fácil nos compreenderem. Obrigado pela oportunidade e até uma próxima vez. E um especial agradecimento ao Ben pela abordagem aos HEAD:STONED.
Os noruegueses do Ragnarok se preparam para mais uma turnê pelo Brasil, desta vez ao lado do Belphegor, que também está de volta ao país após dois anos. A turnê sul-americana desta vez será mais extensa, para alegria dos fãs de Black Metal abrangerá mais estados além dos tradicionais que compõe o circuito São Paulo/Rio de Janeiro.
Até o momento já estão confirmadas as seguintes datas no mês de Setembro: Belém/PA (02/09), Fortaleza/CE (03/09), Salvador/BA (04/09), Curitiba/PR (06/09), Porto Alegre/RS (07/09), Goiânia/GO (08/09), Rio de Janeiro/RJ (09/09), Belo Horizonte/MG (10/09) e São Paulo/SP (11/09). As duas últimas contando também com a participação do Morbid Angel.
O Ragnarok é atualmente formado por Jontho Panthera (Bateria), DezeptiCunt (Baixo), HansFyrste (Vocal) e Bolverk (Guitarra).
Para falar um pouco sobre essa recente turnê dentre outras coisas, o Metal Revolution conversou com obaixista DeceptiCunt, do Ragnarok, sobre suas expectativas e mais algumas coisas como vocês podem conferir na entrevista abaixo.
Metal Revolution - Essa é a segunda vez que você vem ao Brasil, à primeira foi no ano passado, em novembro, onde vocês se apresentaram ao lado do Vader. Quais lembranças você tem da última vez em que esteve aqui?
DezeptiCunt - Brasil foi ótimo e exótico em muitas formas. É um privilégio para nós podermos tocar longe de casa. Ver os fãs ficarem loucos em um diferente continente nos enche de admiração. Ficamos verdadeiramente honrados pela admiração dos fãs e isso nos deixou mais famintos para voltar esse ano.
MR - A turnê sulamericana deste ano será mais extensa, vocês irão tocar em locais que normalmente as bandas internacionais não tocam como o norte do país, para os fãs de música extrema, esse será um grande presente. Quais suas expectativas para essas apresentações?
DezeptiCunt - Como eu não sou conheço esses lugares, eu realmente não sei o que esperar, mas se eles são apenas tão hard ‘n’ heavy como seus irmãos no Sul, espero que eles fiquem loucos e nos mostrem do que metalheads brasileiros são feitos!
MR - A primeira parte da turnê brasileira será feita pelo Ragnarok e Belphegor, vocês já se conheciam antes de tocarem juntos por aqui? Os dois últimos shows contam com a presença de mais um nome de peso dentro do Black Metal mundial, o Morbid Angel, e o último será no maior festival de música extrema que temos no país, o Setembro Negro. Ansioso para esse que será senão o maior show dessa turnê?
DezeptiCunt - Nós nunca tocamos com Belphegor antes, mas estamos ansiosos para a turnê com eles e juntos temos um grande poder de destruição. As pessoas que forem ao nosso show terão uma sólida dose de Black Metal de ambas as bandas, terá sangue, adoração ao Satan, cerveja e headbanging! E nós também tocaremos uma música nova do novo albúm, então fiquem atentos!
Sobre Setembro Negro, estamos muito ansiosos. É uma verdadeira honra dividir o palco com o Morbid Angel, uma verdadeira lenda do death metal. Eles são a minha banda favorita dentre todos os generos do Heavy Metal e são uma grande inspiração na minha carreira. Recentemente, assisti ao show deles em Copenhague e verei eles novamente no Wacken Festival. Posso assegurar aos fãs brasileiros, vocês tem algo para ficarem ansiosos! “Scream for more, nevermore, nevermoooore!!!”
MR - Apesar da Noruega ser conhecida como o reduto de bandas de Black Metal mundiais, existem muitas que vem de outras partes do mundo. O que você tem ouvido recentemente?
DezeptiCunt - Honestamente, eu não tenho escutado muito black metal. Não existem muitas boas bandas atualmente, mas, por outro lado, ouço diferentes gêneros para ter inspiração. Isso não é dado a músicos Black Metal ouviam só Black Metal. Uma das minhas recentes descobertas é a banda suíça Sybreed. Estou viciado nesses caras. Outras que eu ouço são Opeth, Ulver, DHG (Dødheimsgard), The Faceless, Thule (progrock noruegues).
MR - Você conhece alguma banda brasileira de Black Metal ou de algum outro gênero extremo? Mas você não pode me responder o Nervo Chaos, porque eu sei que vocês estavam juntos em turnê pela Europa no começo deste ano. (risos)
DezeptiCunt - Bem, ninguém que nunca tenha ouvido sobre Sepultura não é intitulado pra chamar a si mesmo de metalhead! Krisiun é também uma que vale ser mencionada, Torture Squad, Sarcófago e Angra. Tenho que admitir que não conheço mais bandas.
MR - Por sinal, como foi à turnê europeia? Como foi a recepção dos fãs por lá? Sabendo que o Ragnarok ainda trabalha com seu último cd, Collectors Of The King.
DezeptiCunt - A turnê europeia com Nervo Chaos foi ótima! Foi uma turnê exaustiva, sem folgas, 31 dias seguidos. Não tivemos grandes problemas, exceto um cancelamento na Bélgica. Quando tocamos todos os dias, nós não esperamos lugares cheios às segundas-feiras, terças-feiras e quartas-feiras são sempre difícieis, mas ainda tiveram sempre algumas pessoas assistindo. Nossa impressão é que o público ficou muito satisfeito e esperando pelo nosso retorno no próximo ano.
MR - Falando em Collectors Of The King, último e mais recente trabalho de vocês em estúdio, que foi lançado em 2009. Como anda o processo de composição? Já existem algumas músicas finalizadas?
DezeptiCunt - A turnê sulamericana será nossa última com esse álbum. Se queremos estar no topo, precisamos lançar um álbum novo e continuar excursionando. Nós já temos prontos os esboços desse novo álbum e já começamos a ensaiar algumas novas músicas. O processo é muito simples: o guitarrista traz a ideia e trabalha com o baterista para fazer a música mais completa. Então, eu me junto para ensaiar e nós fazemos alguns ajustes finais. Os vocais serão arranjados bem no final do processo e ajustes menores serão feitos durante as gravações no estúdio.
MR - Nós podemos esperar por algo semelhante ao Collectors Of The King, ou mais pesado, levando em consideração que o line up permanece o mesmo?
DezeptiCunt - O line up tem mudado desde a última gravação e o som será levemente diferente. O novo álbum ainda soará como Ragnarok, mas nós teremos uma abordagem diferente dessa vez. É ainda um pouco cedo para dizer como será desde que nós estamos no começo do processo, mas nós temos pegado influencias dos álbuns anteriores. Como isso ficará, será uma surpresa para os fãs.
MR - Há previsão para o lançamento desse sétimo álbum do Ragnarok?
DezeptiCunt - Nós esperamos lançar o novo álbum no começo de 2012.
MR - Ainda falando sobre o processo de composição. Normalmente quem se encarrega disso dentro da banda? Todos contribuem ou já existe uma pré-divisão?
DezeptiCunt - Como eu mencionei, o guitarrista é o principal compositor. Eu tenho minhas idéias, mas eu estou mais dentro dos arranjos musicais e dos vocais. Depois fazendo os arranjos, a música ganha forma com a bateria e acertos durante o ensaio. De um modo, nós fazemos as músicas juntos.
MR - Eu sei que você tem outros projetos paralelos além do Ragnarok como banda principal. Eu gostaria que você falasse um pouco sobre essas outras bandas, em especial a Nebular Mystic, a qual você tem se dedicado mais ultimamente.
DezeptiCunt - Está certo, eu tenho muitas bandas realmente (risos)! Você está certa sobre Nebular Mystic. Nós temos passado por alguns problemas com o lineup e nós tínhamos um show no primeiro final de semana de Julho. Então, para fazê-lo, contratamos o baterista da Nocturnal Breed para esse show. Além disso, estamos escrevendo novas músicas e tentando achar um baterista novo para se juntar a banda.
Eu também tenho outras bandas que estão paradas esses dias. O guitarrista da minha banda de progmetal Fragment machucou o braço no meio da gravação do nosso primeiro álbum. Merdas acontecem, então precisamos esperar ele ficar melhor. Vidsyn é uma outra banda que estou tocando, nós trabalharemos com novas músicas e gravaremos no final desse ano, eu espero. O mesmo com Quadrivium, durante outono/inverno o álbum será gravado. Existem mais alguns projetos nos quais eu estou trabalhando e minha banda tributo do Iron Maiden é algo que eu vou precisar de mais tempo.
MR - Para encerrar eu gostaria de agradecer você e pedir para que deixe um recado para os fãs brasileiros, que logo mais poderão conferir o Ragnarok no palco.
DezeptiCunt - Seja verdadeiro com você mesmo, coloque seus demônios para fora e o mundo é seu. Mantenha o fogo aceso.
Entrevista realizada por Juliana Lorencini para o Portal Metal Revolution. Agradecimento a Costábile Salzano Junior (The Ultimate Music) pela revisão.
Radio Metal entrevistou o líder do Megadeth, Dave Mustaine durante a edição francesa do festivalSonisphere. Alguns trechos da entrevista podem ser conferidos abaixo:
Radio Metal: O novo álbum vai se chamar "TH1RT3EN". Você teve alguma má sorte durante a gravação do álbum? Ou, pelo contrário, você acha que trará boa sorte?
Mustaine: Tem trazido sorte. Nós gravamos esse álbum em... tempo recorde - nunca gravamos um álbum tão rápido assim, Bem, quando fizemos o "Peace Sells... but Who's Buying?" foi bem rápido, mas as coisa eram diferentes naquela época, tinha todo o tempo do mundo para gravar. Para esse álbum, tive que começar do zero, sem música nenhuma quando começamos. Nós tinhamos algumas músicas e algumas ideias que já tinhamos trabalhado antes mas que nunca haviam sido finalizadas.
Radio Metal: Recentemente você disse em uma entrevista que esse álbum soa diferente de tudo que já fizeram, que soa super moderno, antes de adicionar que é uma mescla do antigo BLACK SABBATH com um pouco da modernidade do QUEENS OF THE STONE AGE. Essas bandas não são super modernas, por assim dizer, especialmente o BLACK SABBATH. Você pode explicar o que quis dizer?
Mustaine: É, foi uma citação infeliz ali. O que eu disse é que tem um som super moderno, porque esse é o estilo do Johnny (K, produtor). Os sons em si lembram o velho SABBATH! Certo? Mas isso não quer dizer que as músicas se pareçam. Só o som. Algumas guitarras. Mas quando você junta o som das guitarras juntos, e o do baixo, o da bateria e adiciona os vocais não soa o mesmo. E o que eu disse sobre o QUEENS OF THE STONE AGE, estava falando sobre o timbre de guitarra. Eu nem mesmo conheço essa banda! Só conheço uma música (Mustaine canta o riff de "No One Knows").
Radio Metal: Sim, essa é a "No One Knows".
Mustaine: Isso mesmo! Quer dizer, Deus abençoe esses caras, eles não precisam da minha publicidade para ajudá-los. Sei que são bem sucedidos e são uma ótima banda, mas a citação foi um erro meu.
Radio Metal: Os últimos álbuns tem uma pegada thrash que é marca do MEGADETH, mas de acordo com algumas declarações você queria fazer algo diferente dessa vez...
Mustaine: Não. Estamos seguindo nossas raízes agora. Estamos onde queriamos estar, o últimos álbum foi assim também. Esse álbum é onde eu quero estar, voltar a fazer o que sabemos. Sabe, quando o "Risk" foi finalizado, eu disse ao Marty (Friedman), "Temos que voltar as nossas raízes," e ele não queria fazer isso. Ele queria tocar algo mais pop, então seguimos caminhos diferentes. Então desde o "Risk" até agora, cada álbum contêm um pouco do que tem dentro de mim. Sabe, quando se aprende todas as coisas sobre como compor uma música, algo acontece com você quando você escreve outra música, isso ainda está lá. Dependendo de quem o ensinou, o quão bem sucedido seja, as vezes você luta para não querer ouvir aquilo porque se fizer essas coisas, provavelmente terá um álbum de sucesso mas será que ps fãs gostarão? Então seguimos nossos corações de novo, porque quando tocamos as músicas sozinhos, isso é o que me faz sentir bem em cima do palco. E eu sei, que as músicas que tocamos ao vico, se eu não me sentir tipo "Ai, meu Deus, eu amo essa música, amo tocá-la, essa é a melhor de todas" os fãs saberão, porque eles reagem junto com você também.
Radio Metal: Dave Ellefson disse que era algo engraçado que há 20 atrás vocês lançaram o "Rust In Peace" e depois foram gravar o "Countdown To Extinction" e para ele esse álbum soa como ele. Você também acha isso?
Mustaine: Bem, tenho que lhe dizer que para mim esse álbum tem o maior potencial de tudo que já fizemos desde então, porque o "Countdown" foi o nosso maior álbum, e está perto de se tornar disco de platina tripla na América, o que é algo grande. Esse álbum, estou muito orgulhoso dele. Com todos os outros álbum você sempre diz "Ei, é um ótimo álbum, é isso, é aquilo." E eu não quero enfeitar minhas respostas, eu só digo "É o que é, você tem que ouvi-lo." Eu adoro esse álbum! Acho que é o máximo. Acho que é o melhor álbum que escrevo em muito tempo. Mas você tem que ser o juíz. E você já ouviu as músicas, já ouviu "Sudden Death". Já ouviu "Never Dead", a faixa do jogo de video game. Já ouviu… bem, não sei se já ouviu a "Public Enemy" ,mas eu sei que você já ouviu essas músicas, entende?!
Radio Metal: TH1RT3EN será o primeiro álbum com Dave Ellefson desde que retornou à banda. Esse fato mudou alguma coisa no processo de composição e gravação comparado com os últimos álbuns que tinham James Lomenzo como baixista?
Mustaine: Sim. Dave é um baixista exemplar. Quando nos separamos, ele era bom, mas agora ele se tornou melhor ainda. O lado bom de se estar tocando com alguém que é familiar, que você já levou um tempo tocando junto: não leva tanto tempo assim dentro do estúdio. Então nos beneficiamos fazendo tudo um pouco mais rapidamente, e ele também sabia minhas influências muito bem. Então quando uma parte vinha, ele sugeriria coisas como durante a gravação de Sudden Death. Parado na porta da sala de controle ele disse: ¨É, eu acho que eu vou fazer uma parte tipo como Budgie faria¨. E eu meio que tive uma ereção! e ele disse ¨E aqui eu vou tocar uma parte parecida com Diamond Head¨. E eu... eu fiquei meio ¨Meu Deus! eu vou gozar!¨ Você sabe, você ouve a linha de baixo, e é tipo ¨Obrigado, obrigado, obrigado!!¨ Quando eu o perdoei pelo que tinha acontecido durante todo o problema com os processos, você sabe, eu realmente perdoei, não tem anda estranho. Infelizmente, um cara na Suécia tentou começar alguma coisa comigo outro dia, trazendo à tona coisas que Dave disse no futuro, e você sabe, eu perguntei a Dave, que disse ¨absolutamente não¨, o cara estava tentando começar uns problemas. E assim que ele começou a falar com Dave depois de mim, ele tentou fazer a mesma coisa, ele tentou começar a criar problemas com Dave. Algo que ele disse que eu disse. E eu não tenho nada de mal a dizer sobre Ellefson, você sabe. Quando voltamos a tocar, eu o perdoei completamente. Ele pediu desculpas, o abracei, e aqui estamos fazendo música juntos.
Radio Metal: Dave Ellefson e você tocaram juntos durante muitos anos. Você acha que essa pausa na amizade por alguns anos beneficiou a situação no final?
Mustaine: Eu acho que sim. E eu sei que foi bom para o Dave, que começou a tocar em várias bandas, ele tinha um bom trabalho, ele aprendeu muitas coisas, voltou pra faculdade, e suas habilidades no baixo melhoraram. Pediram a ele pra tocar baixo na igreja dele. Pense nisso, cara, você vai pra igreja no fim de semana e você vê David Ellefson lá em cima tocando baixo. Ele certamente não mudava as músicas, claro, e ele não esta tocando qualquer que não seja apropriado para ser tocado na casa do Senhor, mas eu achei bem legal. E depois ele me disse que era um ¨ancião¨ em sua igreja, e isso faz todo o sentido, porque Dave é muito bem fundamentado e espiritual. É uma influência maravilhosa para mim, e um exemplo também porque mesmo eu sendo o líder da banda, eu coloquei pessoas maravilhosas ao meu redor. E ter Dave de volta é algo que eu sempre tive saudade. Foi triste aquilo sobre o processo. Aconteceu, e durante tudo aquilo, eu mantive os mesmos sentimentos: Eu amo ele, eu perdôo ele, eu não quero que isso aconteça, e não quero que nada aconteça para sua mulher e filhos. E isso acabou, e agora é tudo maravilhoso.
Radio Metal: Ontem Megadeth, Metallica, Slayer e Anthrax tocaram a música ¨Am I Evil?¨ do Diamond Head com o Diamond Head. Como foi isso? Isto está começando a ter bastante músicos no palco!
Mustaine: Noite passada teve muita gente, mas honestamente era apenas mais um cara. Eu não acho que qualquer outra pessoa da banda estava lá. As vezes, nem todos das três bandas vem, você sabe. Eu estive lá toda noite, porque eu gosto de tocar com a minha antiga banda, e há algo bem catártico sobre tudo isso. Indo lá, abraçando James (Hetfield), ele me abraçando também, deixando todos saberem e verem que isso é real, que nós somos amigos de novo. Quero dizer, estou vendo o dia chegar quando James me chama e diz: ¨Ei, cara, eu quero gravar algo com você e David Ellefson, eu e Lars!¨ você sabe, coisas estranhas podem acontecer. Eu acho que seria bem legal.
Radio Metal: Você falou com ele sobre algo do tipo?
Mustaine: Falei com ele sobre isso depois da tragédia japonesa acontecer, e eu meio que levantei a questão, ¨hey, nós deveríamos fazer isso¨, e ele diz ¨Bom, não podemos fazer isso agora¨. Ele não disse não, ele apenas disse que agora não dá.
Radio Metal: Esse é o começo de uma notícia talvez...
Mustaine: Não inventa!
Radio Metal: (rindo) Você sabe, amanhã em todos os sites você verá ¨Dave Mustaine e James Hetfield tem falado sobre...¨
Mustaine: (Rosto sério) Essa é a forma mais rápida de arruinar tudo. Você pode dizer que eu estava brincando, mas por favor não diga que eu disse isso. Era só uma brincadeira.
Radio Metal: Lars Ulrich e James Hetfield sempre falam da importância de Diamond Head e sua música para eles. Mas e para você? Essa banda é tão importante pra você também?
Mustaine: Eles são muito importantes. Você está falando da banda que nos influenciou enquanto éramos crianças. Haviam várias bandas, mas Diamond Head foi a banda importante para mim e James aprendermos riffs. Você sabe, nós ultrapassamos Brian (Tatler, guitarrista do Diamond Head) obviamente, mas ele tem um estilo próprio. Você sabe, down-picking, duas cordas ao mesmo tempo, uma corda, duas cordas... você sabe, um estilo incrível e simples de tocar, quase como os B-52s, mas pesado, e legal. E sim, realmente nos impactou, até mesmo a mim. Porque nós tocávamos quase todo o álbum ¨Lightning Of the Nations¨ quando eu ainda estava no Metallica. Tocávamos ¨The Prince¨, tocávamos ¨Sucking My Love¨, tocávamos ¨Helpless¨, tocávamos ¨Am I Evil?¨, o único que eu acho que não tocávamos era ¨Lightnign to the Nations¨. Provavelmente porque era muito simples... eu acho, não sei...
No dia mundial do rock a banda KIARA ROCKS, formada por CADU PELEGRINI (vocal e guitarra), ANSELMO (guitarra), JUNINHO (baixo) e IVAN (bateria), fez uma festa pra roqueiro nenhum botar defeito, com a participação de MATT SORUM, que já tocou bateria em bandas como THE CULT, GUNS N’ ROSES e VELVET REVOLVER. MATT está produzindo o novo CD do KIARA ROCKS e participou ao lado de TRACII GUNS em algumas faixas do álbum.
Antes de subir ao palco, CADU, IVAN e MATT conversaram com a GASOLINA FILMES / DYNAMITE sobre o processo de gravação do novo álbum da banda.
Natural do Rio de Janeiro, o Sodomizer é um produto do underground em sua forma mais pura. Os caras liberam inúmeros registros por pequenos selos nacionais e gringos, e vão construindo uma sólida reputação entre seu público. Aproveitando que estão lançando o excelente “Jesus Is Not Here Today” – e muitas outras coisas! – o Whiplash! conversou com o baixista e fundador Leatherface sobre o atual estágio do grupo. Confiram aí!
Whiplash!: Saudações, pessoal. Que balanço vocês fazem de sua trajetória, considerando que o Sodomizer já esteja na ativa desde 1999 e com vários registros lançados oficialmente?
Leatherface: Salve e obrigado pelo espaço e oportunidade, meu caro amigo Ben. Se eu colocar numa balança o saldo é positivo. Passamos por dificuldades como baixas na formação, atrasos de lançamentos, pouco orçamento para gravações de ensaios, álbuns e sempre há gastos com manutenção deinstrumentos, ensaios e etc, mas estamos aqui, firmes e fortes.
Leatherface: São três álbuns oficiais: dois splits, uma compilação e duas tapes. Então, olhando toda essa estrada percorrida, foi tudo muito árduo, porém, colhemos agora os frutos do que plantamos. Não existe outra resposta senão paciência e perseverança. Se você joga limpo e faz um trabalho honesto, uma hora sua vez chega.
Whiplash!: Ainda que a imensa maioria dos grupos atue em nível underground, poucos hasteiam essa bandeira com tanto orgulho como o Sodomizer. Em dias em que o consumismo está mais forte do que nunca, como vocês definiriam o termo ‘underground’ para a nova geração?
Leatherface: Sou de uma geração que cresceu comprando tapes, LPs e depois CDs... Hoje tudo é mais fácil e tudo está mais à mão. O underground está aí, firme e forte e sempre vai permanecer vivo e forte. Fiquei surpreso e feliz ao saber que o Autopsy vendeu 600 mil cópias de seu novo álbum, em tempos que o download esta cada vez mais freqüente. Isso foi uma vitória para banda e para a indústria fonográfica.
Leatherface: A verdade é que você não pode forçar a barra para ser cult e underground. Isso é um status que sua banda possui naquele momento, que está fazendo determinado trabalho naquele meio em que vive. É ridículo ver bandas UNDERGROUNDS colocando uma coroa na cabeça e se proclamando os melhores disso ou daquilo, quando na verdade não passam nem das melhores bandas de suas ruas. Como disse antes, o underground está aí e temos mais ferramentas para ajudar as bandas undergrounds, e sim, eu me refiro à internet, e-mails, youtube, myspace. Tudo se trata de exorcizar a preguiça e trabalhar sério.
Whiplash!: Seu novo álbum, “Jesus Is Not Here Today”, novamente resgata muito do espírito oitentista, e o considero como o que possui o melhor acabamento de sua discografia. Como você o compararia com os antecessores "Tales Of The Reaper" (04) e “The Dead Shall Rise To Kill” (07)?
Leatherface: “Tales Of The Reaper” foi nosso primeiro trabalho, e a voz de Ripper remete mais ao Tim Baker do Cirith Ungol e UDO do Accept, a produção foi corrida e a mixagem não ficou como nós queríamos. Há excelentes músicas que estamos regravando aos poucos e as novas versões estão muito melhores e mais dinâmicas do que o oferecido neste álbum de estréia.
Leatherface: Já o “The Dead Shall Rise To Kill” foi um divisor de águas. Eu e Warlock cuidamos de todas as músicas, arranjos e produção, e mostramos que não estávamos brincando. É pesado, rápido e sem perder nossa essência, porque quem nos acompanha desde nossa demo-tape sabe que sempre estivemos dentro do verdadeiro Metal, com nossas influências de Exorcist, Piledriver, Sarcófago, Deceased, Black Sabbath, etc... E do verdadeiro Horror. Muitas bandas mudaram sua sonoridade quando essa onda retrô Bay Area explodiu (um punhado de bandas inofensivas). Eles faziam algo bem pula-pula nos seus primórdios, e se você pedir suas demos eles vão inventar mil desculpas para nunca vender ou mostrar isso em qualquer veículo de comunicação ou internet.
Leatherface: “The Dead Shall Rise To Kill” é um monstro descontrolado, é o nosso Frankenstein. Mas “Jesus Is Not Here Today” é mais Speed Metal e bem obscuro, os samples de filmes de horror estão neste álbum e ele segue a linha do “The Dead Shall Rise To Kill”, porém a produção está melhor, as músicas estão melhor executadas e tem faixas marcantes como “Lucio Fulci’, “Amityville” e “Jesus is Not Here Today”, que vão perturbar a mente dos hellbangers die hards. Estou orgulhoso desse álbum e acredito que os que vem acompanhando o Sodomizer por todos esses anos não ficarão desapontados.
Whiplash!: Supõe-se que o mundo evoluiu desde o surgimento do Heavy Metal... Você acha que as pessoas estariam agora mais preparadas para subversões como zumbis, pornografia e ocultismo, que é a abordagem clássica do Sodomizer? Ou o estigma do Heavy Metal ser mera ‘música do diabo’ permanecerá forte por muito tempo ainda?
Leatherface: Não, jamais. As pessoas ainda têm medo do diabo, do demônio, e mesmo o cristianismoperdendo forças você não pode subestimar o terror que as pessoas têm do inferno. Uma religião sem um purgatório e um vilão ia dar uma grande merda. É hilário bandas de Black Metal tentando atingir o mainstream falando do DIABO. Vejo uma legião de pessoas deslumbradas quando lançam um CD e tocam num bar sujo para quase cem pessoas e muitas vezes meia dúzia, largando empregos e fazendo tudo em nome do ‘SUCESSO’ e ‘FAMA’. Essas bandas têm um sonho, viver de Metal, de um tipo de música totalmente fora da lei dentro do Brasil; e eu tenho um sonho de comer sardinhas e arrotar diamantes. A diferença é que meu sonho tem chances de se tornar real, e o deles NÃO.
Leatherface: Nosso objetivo é lançar álbuns sempre dentro de nossas raízes de metal e horror, fazemos isso por puro ímpeto, porque temos de fazer. Simplesmente isso.
Whiplash!: A estética do Sodomizer está muito bem posicionada por todo o encarte, e o fato de ‘zumbificarem’ o próprio diretor de cinema Lucio Fulci na capa de “Jesus Is Not Here Today” foi uma ótima sacada. Até onde vocês se envolvem nos detalhes do projeto gráfico, afinal?
Leatherface: Eu fiquei responsável pela capa do “The Dead Shall Rise To Kill” (versão em CD e tape), “More Horror And Death Again...” (versão do CD) e do “Jesus Is Not Here Today” (também da versão do CD). Eu tive a idéia de transformar Lucio Fulci (lendário diretor italiano de filmes de terror) em um zumbi. Ele é uma fonte sem fim de inspiração e nada mais justo do que nós o homenagearmos na capa e na faixa homônima.
Leatherface: Sempre fico responsável pelas capas e o layout dos encartes com os designers, e dessa vez trabalhei com o talentoso Marcelo Vascus, grande designer e amigo. A versão em LP do desenho foi feita pelo artista americano Mike Riddick e traz Lucio Fulci também como um zumbi, e personagens nascendo do seu corpo como a Emily (do “Exorcismo de Emily Rose”), Ronald DeFeo Jr (que ainda cumpre pena por ter assassinado toda a sua família no episódio de Amityville), zumbis e mortos vivos... Gostaria que ele estivesse vivo para ver sua reação à homenagem, mas acredito que, onde esteja agora, está feliz com nosso humilde tributo. Espero que mais pessoas procurem seus filmes, como “Zombie”, “House By The Cemetery” e outros.
Whiplash!: Aliás, algo realmente satisfatório é que, desde o primeiro álbum, o Sodomizer sempre fez questão em liberar versões no formato vinil. O que podemos esperar para o “Jesus Is Not Here Today”?
Leatherface: Três versões como foi com o “The Dead Shall Rise To Kill”, em vinil preto, colorido e picture. Já lançávamos nossos pesadelos sonoros em vinil, mesmo antes de todo esse revival do LP, e “Tales Of The Reaper” teve sua primeira edição em LP e depois em CD. Amamos o formato LP, a possibilidade de o trabalho de arte ser mais bem apreciado e o som mais grave é sempre melhor aos nossos ouvidos...
Whiplash!: “Jesus Is Not Here Today” é mais um exemplo de como está tornando comum nossas bandas terem seus discos lançados somente no exterior... A que você atribui esse fato? E, considerando toda a diferença cultural, como rolou a negociação com o selo japonês Deathrash Armageddon?
Leatherface: Eles entraram em contato conosco e primeiro lançaram a compilação “More Horror And Death Again...”, depois veio o “Jesus Is Not Here Today”. Acredito que o Metal quebre barreiras e, no caso da diferença cultural que você citou, nunca foi um problema entre nós, pois o Heavy Metal une as pessoas e no final todas as diferenças entre os povos caem. Pode parecer clichê, mas é a pura verdade. O famoso choque cultural não existe.
Whiplash!: Já falamos sobre a tendência em as novas bandas seguirem uma linha mais retrô... Sendo um veterano, como o Sodomizer avalia essa cena de uma forma geral? Até que ponto poderia existir um desgaste da proposta original?
Leatherface: Bom, parece que esta tendência de bandas inofensivas de Bay Area deu uma parada e o Metal Punk é a nova moda. Agora todos são punks e anarquistas vegetarianos, marchando em prol de alguma causa que nunca vai dar em nada, pessoas contraditórias em movimentos contraditórios. Quando começamos com esse som ninguém queria tocar Black, Thrash, Death Metal... Lembro de poucas bandas fazendo isso por aqui, como o Farscape. O desgaste vem rápido e prejudica muitas bandas boas e poucas sobrevivem (o tempo mostra a verdade) como o próprio Farscape que está aí até hoje.
Leatherface: As bandas tendenciosas se vão tão rápido quanto surgiram, e infelizmente algumas poucas boas se vão também. Já não existe uma procura tão grande no exterior (Europa, EUA, Ásia) por toda banda que esteja tocando ‘retro thrash’. Ainda bem, mas os ventos vão trazer novas tendências (sabe-se lá o quê???), e com elas uma legião de posers que gostam de se fantasiar. Estávamos aqui antes e vamos continuar vendo essas bandas e punhado de oportunistas surgindo e sumindo.
Whiplash!: Vocês estão com vários outros lançamentos agendados... Qual a história de “Making The Devil Work”, o split com sua banda paralela, Hellkommander? E aproveite para falar também dos splits com os italianos do Hands Of Orlac e Sign Of Evil...
Leatherface: “Making The Devil Work” foi lançado pela gravadora Morbid Tales. Estamos muito satisfeitos com esse trabalho e todas as nove faixas são inéditas, das duas bandas (quatro faixas do Sodomizer e cinco do Hellkommander). A capa foi feita pelo artista Sickness 666 (grande desenhista que já assinou a capa dos maníacos do Impiety também). Uma edição em LP deve sair na Alemanha em breve e os splits que você citou saíram apenas em vinil 7’ EP, pela gravadora Cult Horror Rec (Dinamarca), que é responsável pelo lançamento do “The Dead Shall Rise To Kill” em vinil e, futuramente, nosso terceiro álbum.
Leatherface: No momento, o Hellkommander também relançou pela gravadora mexicana EBM Records o seu primeiro álbum, “Death To My Enemies”, que vem com uma nova capa e três músicas bônus (um ensaio cru, porém violento e visceral). Devemos gravar no final do ano ou início do próximo nosso segundo álbum, o título é “Hell Is More Beautiful Than Heaven, que será lançado pelo selo escocês Bestial Invasion Records. Um split entre o Farscape e Hellkommander deve sair na Europa pelos selos Heavy Steel (Portugal) e Dying Victms Productions (Alemanha), com o título “I Piss On Your Grave”. O formato desse lançamento será apenas em 7’ EP (vinil).
Whiplash!: Em termos de Brasil, quais suas expectativas em um cenário cada vez mais insustentável, cuja cultura nega e inferioriza nossas bandas e, consequentemente, os shows autorais vão cada vez mais cedendo espaço às bandas covers?
Leatherface: A solução é simples, as bandas têm que se dar o valor, não ficarem tocando em qualquer lugar a troco de NADA, para esse ‘produtores’ de shows que não passam de PARASITAS. Todos enchem a boca para falar de organizar seus próprios eventos, mas ninguém mete a mão na massa. A casa ganha com a bilheteria, o bar da casa lucra e o cretino que organiza esses ‘eventos’ e ‘festas’ LUCRA. Uma banda tem gastos e muitos gastos, eu compro muitos LPs, CDs e sempre que posso vou a shows de bandas que gosto.
Leatherface: Quando compro um CD, LP ou tape fico feliz não apenas em adquirir o material, mas também em apoiar aquela banda, sabendo que aquele dinheiro que gastei vai manter a banda viva para produzir mais e mais. Se uma banda que gosto tem recursos vindos da venda se seus merchandises e shows para produzir discos e etc, eu que saio ganhando, pois em breve eles vão estar lançado mais álbuns. Então, o público precisa tomar vergonha na cara e, quando gostar de uma banda, sempre que puder comprar seu material e ir aos shows. Depois que as bandas acabam não adianta ficar se lamentando, tal banda era tão legal, pena que acabou e blá, blá, blá...
Leatherface: Não gosto de bandas covers, respeito os músicos que estão ali suando e ganhando seu dinheiro, é um fenômeno e tanto, pois muitas vezes eles arrastam multidões e são tratados como se fossem o verdadeiro Iron Maiden (e na verdade é o cover). Quando você está em um bar bebendo uma cerveja e tem uma banda cover do Lynyrd Skynyrd tocando, Metallica, ou seja o que for, é uma coisa, mas quando esses eventos acontecem com várias bandas autorais e eles infiltram meia dúzia de bandas cover para ter lucro certo é lamentável.
Whiplash!: Ok, Leatherface, o Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte ao Sodomizer! Fique a vontade para os comentários finais.
Leatherface: Obrigado Ben e Whiplash!, pelo espaço cedido e oportunidade. Devemos em breve entrar no estúdio para registrar as músicas desses splits e a versão em LP do “Jesus Is Not Here Today” devem estar saindo da fábrica dentro de alguns meses. Temos camisas para venda e o split está à venda conosco e com a Morbid Tales (www.morbidtalesrecords.com). Estamos nos preparando para alguns shows na Europa e, depois deste giro, vamos trabalhar pesado no nosso quarto álbum de estúdio. O Sodomizer é uma banda underground que trabalha duro e faz o melhor com o pouco que tem para espalhar sua trilha sonora de pesadelos para todos os maníacos Die Hards Hellbangers. Sem vocês não seríamos nada. Novamente muito obrigado e aguardem novidades muito em breve.
Por Paul Resnikoff, traduzido por Nacho Belgrande.
Era pra ser o contrário. Mas anos adentro da revolução digital, a indústria da música parece lembrar um país de terceiro mundo. Estou falando sobre os enormes abismos entre os ricos e os pobres, um grupo deprimentemente enorme na pobreza, corrupção endêmica, declínio prolongado, e a presença de idéias perversas, religiosas que têm pouca ou nenhuma conexão com a realidade.
Esta indústria se tornou tão bi-polar que eu não tenho nem certeza de por onde começar. Bem, vamos às paradas – qualquer parada. Seja a Ultimate Chart da Big Champagne, Billboard’s Top 100, os as canções mais baixadas no Grooveshark, os artistas mais solicitados são os mesmos. É Lady Gaga, Pitbull, Justin Bieber e o Black Eyed Peas, semana após semana, e depois tudo de novo mais uma vez. É claro, histórias de sucesso de artistas independentes estão acontecendo com certeza, mas por que eles não estão invadindo as paradas e ficando ao lado das prioridades das grandes gravadoras, dos artistas do esquemão?
Os ricos são um quadro pequeno, de elite, e eles estão tirando vantagem de uma teta preferencial que ainda faz a diferença. Na verdade, os canais principais como rádio terrestre e a TV não só ainda têm importância, como têm uma influência dominante sobre a cultura musical. Mas tais canais também são controlados por um grupo pequeno – em sua maioria, as grandes gravadoras. Sintonize seu rádio numa FM convencional, e são os mesmos artistas tocados ad nauseum (na verdade, é o que parece), enquanto as massas definham na obscuridade.
E quanto à estrada? Talvez os festivais sejam a bola da vez, mas os grandes cachês para artistas pertencem a Bon Jovi, U2 e Lady Gaga, que estão fazendo milhões toda noite. É um grupo seleto, mas como isso pode ser relacionado com os artistas que estão ralando para pagar a gasolina de seu ônibus de turnê? Por exemplo, Imogen Heap, e a massa de outros artistas se matando para cobrir custos de turnê?
E daí temos os obscenos –e questionáveis – salários para uma elitizada gama de executivos. Nós acabamos de saber que o presidente da RIAA (Associação Americana da Indústria Fonográfica), Cary Sherman recebeu 3.2 milhões de dólares em 2009, e Mitch Bainwol outros 1.6 milhões. E temos testemunhado um saque ao Warner Music Group por anos a fio, com um seleto grupo de operadores se safando com dezenas de milhões em dinheiro. Ainda assim, toda semana eu ouço falar se demissões em massa, ou recebo emails de pessoas lutando para achar emprego na indústria. É quase impossível achar um bom emprego, parece – mesmo para pessoas realmente qualificadas. É por isso que as pessoas estão migrando para outras indústrias, assim como as pessoas migram de situações econômicas desesperadoras.
E quanto aos artistas que empobrecem? Ao invés de uma revolta igualitarista, a absoluta maioria dos artistas mal consegue sobreviver. Esqueça da discussão em torno do preço do TuneCore ou da CD Baby por um momento - porque em ambas as plataformas, o lucro médio anual é de US$ 175 por artista – antes dos custos (calculamos ambos). Ainda assim a idéia é que os canais diretos com os fãs possam tornar os artistas vencedores por seus próprios méritos, que os intermediários não importam, que a rádio morreu, que as gravadoras são redundantes, e que a solução é simplesmente responder a todos tweets e emails.
E quem nos fornece essa inspiração desorientadora? O extremamente raro ganhador da loteria, ou artistas que já foram promovidos pela máquina dos grandes selos (como Amanda Palmer ou o Radiohead). Como se, de alguma forma, essas histórias de sucesso pós-grandes gravadoras fossem um exemplo para os outros seguirem.
Eu diria que nada mudou em relação àqueles ‘dias das antigas’, mas parece que também tudo piorou.