Na véspera de mais uma viagem rumo ao nosso país, o HELLOWEEN ainda colhe os frutos deixados por “7 Sinners”, o seu mais recente álbum. A banda, que pode ser apontada como o principal expoente do power metal melódico, vivia um período de ostracismo entre os medianos “Rabbits Don’t Come Easy” (2003) e “Gambling with the Devil” (2007). Entretanto, o novo disco do quinteto pode ser apontado como a maior novidade na carreira do grupo desde o obscuro “The Dark Ride” (2000). As melodias características assinadas por Michael Weikath & Cia. permanecem aqui, mas ganham o contorno de um repertório acima da média.
Não há dúvidas de que o HELLOWEEN se deparou com uma encruzilhada após o fim da turnê de “The Dark Ride” (2000). O excelente disco, que possuía um quê de agressividade incomum em comparação com os seus antecessores, mostrava que o power metal melódico ainda possuía certo fôlego, sobretudo a partir de uma vertente ainda pouco explorada. Entretanto, a banda optou por retornar às suas origens melódicas e vibrantes a partir do álbum seguinte. O resultado se mostrou inadequado para o quinteto alemão – acostumado com o carinho e a receptividade do seu público. Para quebrar o estigma de grupo ultrapassado, “7 Sinners” retoma o que o HELLOWEEN compôs de mais pesado na sua carreira. Embora não possua a obscuridade da sua maior referência, o novo álbum claramente se baseia muito mais na agressividade do que nas melodias de outrora. Nada mais recomendado (e adequado) para a volta por cima do quinteto.
Por mais que a banda invista em criatividade e em elementos extremamente atuais, não existe maneira de recuperar a áurea dourada de discos como “Keeper of the Seven Keys Part II” (1988) e até mesmo “The Time of the Oath” (1996). Embora não possa ser comparado com os clássicos do HELLOWEEN, “7 Sinners” é claramente o melhor registro recente da banda. A melódica “World of Fantasy” – que possui um dos melhores refrãos da obra – juntamente com “You Stupid Mankind” mostram bem o fôlego que o novo repertório possui. Pode até ser que algumas músicas causem certa estranheza – como a balada “The Smile of the Sun” – mas a grandiosidade do registro é que acaba se sobressaindo às possíveis falhas.
Outras músicas ainda podem conquistar prestígio e reconhecimento dentro de “7 Sinners”. Entre elas, “If a Mountain Could Talk” recupera um pouco da sonoridade alegre da década de oitenta, mas sem se distanciar dos riffs extremamente pesados que contornam o álbum do início ao seu fim. Do mesmo modo, os aspectos mais pesados de “My Sacrifice” chegam a impressionar e podem – por que não – proporcionar aqui outro momento de destaque dentro da obra. Por fim, a épica “Far in the Future” é que mais destoa do repertório (e a única). A faixa não é ruim – apenas se distancia da proposta satisfatória apresentada em “7 Sinners”.
O HELLOWEEN não é mais a banda que foi na década de oitenta. No entanto, “7 Sinners” é o registro mais qualificado da sua recente carreira. Por mais que a banda não possua o mesmo impacto do passado, o seu novo álbum merece muita atenção, sobretudo dos fãs mais céticos. A nova sonoridade do grupo – se é que se pode chamar assim – evidencia uma agressividade esquecida desde o fim da era “The Dark Ride” (2000). A retomada do power metal melódico a partir dessa perspectiva pode recolocar o quinteto germânico entre os principais nomes do gênero. Michael Weikath & Cia. só precisam manter a boa média atingida em “7 Sinners” daqui para frente.
Track-list:
01. Where the Sinners Go
02. Are You Metal?
03. Who is Mr. Madman?
04. Raise the Noise
05. World of Fantasy
06. Long Live the King
07. The Smile of the Sun
08. You Stupid Mankind
09. If a Mountain Could Talk
10. The Sage, The Foll, The Sinner
11. My Sacrifice
12. Not Yet Today
13. Far in the Future
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